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Abordagens terapêuticas

No documento TESE SAF DINA TINOCO (páginas 47-49)

Parte I: FUNDAMENTOS CONCETUAIS E TEÓRICOS

Capítulo 2: INTERVENÇÃO

2. Abordagens terapêuticas

Não é possível um tratamento ou uma cura de indivíduos com SAF/PEAF direcionado para a origem do problema, pois o álcool pode, em princípio, prejudicar todos os órgãos e aparelhos orgânicos. Não há nenhum medicamento, nenhuma dieta que constitua a cura: a SAF influencia a pessoa para toda a sua vida.

Co tudo,àsegu doàO’Malle àeà“t eissguthà ,àai daà aàfaseàp -natal, há abordagens que podem/devem ser feitas e que poderão vir a ter um efeito minimizador dos efeitos teratogénicos do álcool23:

1) Programas abrangentes de tratamento clínico para gestantes dependentes do álcool; 2) Identificação de bebés de risco, através do uso de biomarcadores de sangue materno e fetal de consumo ou de testes de triagem (como o T-ACE ou o TWEAK);

3) Administração de agentes neuroprotetores para resguardar o desenvolvimento do feto já exposto ao álcool, como por exemplo a indometacina, que inibe os altos níveis de prostaglandina induzidos pelo álcool no tecido uterino e embrionário, reduzindo a mortalidade perinatal e a ocorrência de malformações congénitas relacionadas com o álcool. Além disso, uma vez que o álcool reduz a absorção de vitaminas e minerais como a vitamina A, a vitamina D, o magnésio e o zinco, entre outros, poderá ser providenciada a ingestão de suplementos vitamínicos que supram as necessidades diárias da grávida. No período neonatal, uma ecografia cranioencefálica pode revelar quais as mudanças no corpo caloso que terão sido provocadas pela exposição pré- atalàaoà l ool.à“egu doàO’Malle àeà Streissguth (2003), o aleitamento materno pode ser uma mais- aliaàpa aà i i iza àosàefeitos:à Oà aleitamento materno aumenta a ingestão de Ácidos Graxos Essenciais (AGE)24 cruciais para o dese ol i e toà doà e o à op.à it.,à p.à .à Nesteà pe íodo,à h à t i asà espe ializadas para alimentação de bebés, utilizadas para lidar com problemas relacionados com o baixo nível de sucção a par de um longo período de lactência apresentados por bebés com PEAF. Como tal, é necessário que sejam ensinadas aos pais essas técnicas específicas, que farão com que os mesmos se sintam mais orientados e o bebé possa beneficiar de intervenção logo desde início. Ainda segundo os mesmos autores (op. cit.), outras questões a que se deve esta atento é a ocorrência deà T a sto oàdeàEst esseàP s-Traumáti o àe/ouà Pe tu aç oàReati aàdaàVi ulaç o ,à ueàest à associado, muitas vezes, às situações de institucionalização e à inexistência de vínculo com os pais iol gi os.à“egu doàO’Malle à op.à it. ,àestasàpe tu aç esàt àu aà eaç oàpositi aà àludote apiaà

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Para uma descrição mais detalhada dos possíveis efeitos teratogénicos do álcool durante a gravidez, consultar Anexo J.

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ou à terapia diádica mãe-criança, o que pressupõe o reconhecimento de uma abordagem transgeracional da(s) SAF/PEAF.

Em qualquer fase do crescimento, no caso de se registarem deficiências cardíacas, deverá aferir-se se estas podem ser tratadas através de intervenções cirúrgicas; os problemas ao nível da visão e da audição devem ser seguidos por especialistas da área; questões do foro emocional, mesmo que envolvam a família, devem ser acompanhadas por psicólogos ou pedopsiquiatras.

Na última década têm sido estudadas diversas abordagens terapêuticas à(s) SAF/PEAF, embora ainda não tenha sido encontrada nenhuma que se defina como garantida. Uma das terapias conhecidas, desenvolvida com sucesso nos EUA no tratamento de crianças e adultos com SAF, chama-seà eu ofeed a k .àOut aài te e ç oàaoà í elà o po ta e talàfoiàsuge idaà o oà se doàútilàpo àRile ,àe à à itadoàpo àCha d ase aàetàal.,à àfoiàaà oo de aç oà i a ual ,à que se pretende que aumente a conetividade entre as áreas do cérebro através do corpo caloso. Os autores alertam, contudo, para o facto de este tipo de intervenção ser idealmente iniciada durante a primeira infância. Na Alemanha há estudos sobre a eficácia da hipoterapia sobre os comprometimentos ao nível do comportamento revelados por portadores de SAF/PEAF: 80% dos pais/cuidadores inquiridos confirmam uma melhoria significativa da autoestima. Além disso, 40% das crianças testadas, sendo a maioria do sexo feminino, revelaram menos impulsividade e melhoria na capacidade de concentração (Feldmann & Pellengahr, citados por Feldmann et al., 2012, p. 109). Ainda uma outra abordagem com resultados positivos tem sido baseada na terapia psicodinâmica.

No que diz respeito à intervenção nutricional, fomos informados em comunicações pessoais, num grupo fechado de uma rede social, que os alimentos sem glúten e/ou caseína têm obtido louvores por parte dos pais e cuidadores de crianças e jovens com problemas intestinais derivados da SAF.

Uma outra abordagem terapêutica tem sido feita com recurso a suplementos alimentares e medicamentos. Quanto aos primeiros, Chandrasena e colaboradores sugerem que a colina, um suplemento/componente do complexo B capaz de proteger o cérebro de variações da alimentação diária e que atua diretamente nas células cerebrais como elemento constituinte de um neurotransmissor importante para a memória, poderá, teoricamente levar a uma melhoria da aprendizagem, da memória e das funções celulares. Soubemos, também através das mesmas fontes, que o enzogenol e o pycnogenol (ambos retirados do pinheiro neozelandês) têm obtido um feedback positivo relativamente ao tratamento do défice de atenção/concentração por parte dos cuidadores neozelandeses e que o dimetilaminoetanol (DMAE) tem uma avaliação positiva nos grupos de cuidadores britânicos no que concerne a problemas cognitivos. Quanto ao

tratamento medicamentoso, já referimos que por vezes se recorre a psicoestimulantes habitualmente administrados a portadores de Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção (PHDA). Acerca disto, gostaríamos de acrescentar aqui a explicação utilizada por Nanson e O’Malle à àpa aàu aàe e tualà eduzidaàefi iaàdesteàtipoàdeà edi aç oàe à ia çasà o à “áF/PEáF:à i di idualsà ithàFá“Dàha eàdistu edà ai à eu o he ist àa dàalte atio sài à ai à structu e,à a el ài àtheà o pusà allosu 25

(Chandrasena et. al., 2009, p. 164).

Em jeito de conclusão, gostaríamos de aproveitar as considerações apresentadas por Lockhart, 2001 (mencionadas por Chandrasena et. al., 2009), para sublinhar que a medicação por si só não irá controlar as características associadas à hiperatividade em crianças/jovens com SAF/PEAF, uma vez que lhe estão subjacentes dificuldades cognitivas e problemas neuropsiquiátricos. Assim, a medicação, quando usada, deverá ser apenas uma parte de um plano de tratamento multifocal que incluirá intervenções ao nível da psicologia e da educação.

No documento TESE SAF DINA TINOCO (páginas 47-49)