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4. Actividades de natureza Científico-Pedagógica

4.2. Acção Científico – Pedagógica Colectiva

Com este trabalho, denominado “Prevalência do excesso de peso e obesidade na EB23 de São Roque”, aspiramos sensibilizar as pessoas para a necessidade de adoptar algumas medidas que possam auxiliar no combate ao excesso de peso e obesidade.

Neste trabalho, conferimos o Índice de Massa Corporal (IMC) e o Perímetro da Cintura (PC) dos alunos, avaliámos o nível de aptidão aeróbia e muscular e confrontámos os dados do nível da aptidão física dos alunos com peso normal, excesso de peso e obesidade.

Contudo, apesar do excesso de peso e obesidade estarem relacionados com o acréscimo de peso corporal dos indivíduos, estes não são pareceres iguais. O excesso de peso é o aumento excessivo do peso corporal, decorrente de alterações em apenas um dos componentes ou no seu conjunto (gordura, músculo, água e osso), enquanto que a obesidade é o acúmulo excessivo de gordura corporal em todo o corpo ou em regiões específicas (Guedes 1998 citado por Santos, 2008).

A obesidade é considerada um problema de proporção mundial pela Organização Mundial de Saúde (OMS), porque atinge um número elevado de pessoas e predispõe o organismo a várias doenças e morte prematura (Nahas, 1999). Este é um dos problemas inerentes às escolas, pois têm vindo a aumentar devido ao estilo de vida adoptado. A obesidade, em todas as faixas etárias, é um problema digno na sociedade actual, estando referida com uma série de outras doenças graves, como doenças cardiovasculares, hipertensão arterial, enfarte do miocárdio, doenças ósteoarticulares degenerativas, distúrbios metabólicos (diabetes mellitus tipo 2, dislipidémias, gota), a apneia do sono, a lítiase vesicular, a esteatose hepática, a infertilidade e alguns tipos de cancro (Almeida et al., 2006; Oliveira et al., 2009b).

Os agentes fundamentais para o excesso de peso e obesidade são praticamente iguais em todos os países e são especialmente o alto uso de alimentos com baixo teor em nutrientes e ricos em gordura, açúcares e sal, e o baixo grau de actividade física em casa, na escola, no trabalho, bem como nos tempos de lazer e recreação.

A obesidade nas crianças e adolescentes pode conduzir a alguns riscos ou dificuldades, que são traduzidos em consequências físicas, nomeadamente, pressão arterial elevada, diabetes, problemas respiratórios e dificuldades em dormir. A obesidade na infância e adolescência pode causar baixa auto-estima, depressão, ansiedade e transtornos obsessivos compulsivos (AACA, 2008).

Segundo Wechsler et al. (2004),

u

m programa de saúde escolar pode ser o primeiro passo para o combate à obesidade. Tendo referido já o objectivo geral deste trabalho, para apurar a prevalência da obesidade e excesso de peso dos alunos da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de São Roque e o nível de aptidão física dos mesmos, foram criados objectivos específicos, nomeadamente, conferir o IMC e PC dos alunos, confrontar os resultados do nível da aptidão física dos alunos com peso normal, excesso de peso e obesidade aos alunos da EB23 de São Roque e calcular o nível de aptidão aeróbia e aptidão muscular dos alunos.

A amostra foi constituída por 581 sujeitos, 325 rapazes e 256 raparigas, dos 10 aos 18 anos integrando os alunos de todas as turmas (32 turmas) da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de São Roque. O método de amostragem usado foi a amostragem por conveniência, uma vez que foram seleccionados para o estudo, todos os alunos da escola onde realizamos o EP.

O presente estudo foi de natureza transversal. Os 581 alunos foram avaliados/medidos apenas uma vez no tempo. A recolha de dados da aptidão física e IMC decorreu entre Setembro e Outubro de 2010. Os professores de EF da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de São Roque, mediram o peso, a altura e acomodaram a bateria de testes FitnessGram que compreende os seguintes testes: Vaivém, Abdominais, Flexão de Braços em Suspensão, Extensão do Tronco e Senta e Alcança – direita e esquerda. Em Fevereiro foi realizada a medição do PC pelos professores estagiários de EF.

A descrição dos resultados para a altura, o peso corporal e o IMC foi efectuada a partir de percentagens (frequências relativas), médias, desvios padrão, valores mínimos e máximos. A análise dos dados foi realizada no “Statistical Package for Social Sciences”, versão 18.0. As diferenças entre grupos foram calculadas através dos testes ANOVA e T-Test para variáveis independentes.

A altura e o peso corporal foram relacionados entre si na forma IMC [quociente entre o peso corporal (expresso em quilogramas) e a altura ao quadrado (expressa em metros)] para estimar a prevalência de sobrepeso e de obesidade. Para o efeito utilizámos os pontos de corte definidos por Cole et al. (2000) no Anexo 12.

Nos resultados obtidos com este estudo identificamos que o IMC das raparigas é maior do que o dos rapazes entre os 12 e os 18 anos. Até aos 12 anos e acima dos 18 anos, os rapazes expõem valores superiores de IMC em relação às raparigas. 34% dos

alunos da escola (N=199) têm excesso de peso ou são obesos e que o estado de aptidão física, no ao que concerne à capacidade aeróbia e força de braços, cerca de 40% dos alunos encontra-se aquém da zona saudável (risco de Síndrome Metabólica).

Comparativamente ao número de alunos que apresentavam valores de PC acima do P75, aferimos que as raparigas dos 12 aos 18 anos apresentam uma percentagem superior de alunas relativamente aos rapazes. Neste caso, os rapazes mostram uma percentagem superior de alunos comparativamente às raparigas dos 10 aos 12 anos e acima dos 18 anos.

Em relação à prevalência de excesso de peso e obesidade nas raparigas este é superior à dos rapazes dos 12 aos14 anos e acima dos 18 anos. Em relação aos rapazes, estes mostram uma prevalência superior em relação às raparigas dos 10 aos 12 anos e dos 14 aos 16 anos. Dos 16 aos 18 anos rapazes e raparigas ostentam a mesma prevalência de excesso de peso e obesidade.

Relativamente à análise dos resultados da aptidão física, no teste vaivém conferimos que tanto nos rapazes como nas raparigas, o número de alunos que se depara aquém da zona saudável tende a aumentar ao longo da idade. Em relação às raparigas, estas em todas as idades mostram uma percentagem maior de alunas abaixo da zona saudável quanto aos rapazes.

No teste senta e alcança, nas raparigas, estas tendem a aumentar o seu número de alunas que se encontram abaixo da zona saudável visam a aumentar ao longo da idade.

No teste extensão do tronco, o número de alunos do sexo feminino e sexo masculino que se encontravam aquém da zona saudável era baixo, relativamente aos outros testes feitos.

No teste flexão de braços em suspensão, a quantidade de raparigas que se depara aquém da zona saudável tende a aumentar ao longo da idade. As raparigas em todas as idades manifestam uma percentagem maior de alunas aquém da zona saudável comparativamente aos rapazes.

No teste dos abdominais aferimos que quer nos rapazes quer nas raparigas, a quantidade de alunos que se apresenta aquém da zona saudável tende a ampliar ao longo da idade. As raparigas em todas as idades mostram uma maior percentagem de alunas abaixo da zona saudável comparativamente aos rapazes.

Em relação aos testes de FitnessGram que aplicamos, a percentagem de raparigas que se encontra aquém na zona saudável é superior ao dos rapazes.

No que trata à divergência de aptidão física nas raparigas com peso normal, excesso de peso e obesidade, averiguamos discrepâncias significativas nos testes vaivém e flexão de braços em suspensão. Relativamente aos rapazes aferimos diferenças nos testes vaivém, flexão de braços em suspensão e abdominais.

Entendemos então que todos estes resultados expõem uma amostra representativa da nossa sociedade em geral sendo fruto do estilo de vida em que estas crianças e jovens levam anunciando por um sedentarismo elevado e uma má alimentação.

Hoje em dia as crianças e jovens desinteressam-se pela actividade física, desporto e jogos lúdicos, situações que acabam por se espelhar na sua saúde. O mesmo afirma Rodrigues (2011), num estudo realizado na Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos de São Roque, onde averiguou que 53% dos alunos ocupam o seu tempo livre a conviver com os amigos, a jogar computador/consola e a navegar na internet, ou seja, as actividades virtuais sem activação do corpo substituiu o que antes era essencial para a saúde motora e psíquica das crianças e jovens. Portanto e segundo Teoduresco (2003) “a prática de diversas formas de exercício constitui o melhor e mais acessível medicamento para o combate e prevenção dos efeitos negativos da vida moderna” (p.16). Achamos que é de extrema importância a Escola expedir, na sua função educacional e criar maneira de equilibrar os baixos valores de actividade física que cada vez mais se verificam nas crianças e adolescentes.

Na opinião do núcleo de estágio uma das soluções para este problema era, sem dúvida, afrontar na EF o número de horas semanais da disciplina de EF (2º e 3º Ciclo – 135’ por semana; Secundário – 180’ por semana; Ensino Profissional – 90’ por semana). Outra opinião para melhorar estas condições de vida dos alunos na actividade física era repensar a distribuição dos espaços desportivos e os recreios das escolas (espaços adequados às crianças, espaços alusivos e espaços seguros).

A divulgação destas informações pelo sistema educativo é algo que deve ser atingido, dando importância à educação para a saúde primordialmente.

Concluímos então que, as escolas não conseguem resolver o problema da obesidade infantil e adolescentes desacompanhadas, mas é pouco provável que se consiga controlar o problema sem programas e políticas escolares fundamentadas. Vários estudos, como já foi referido, mostram que escolas bem desenvolvidas e bem administradas conseguem impulsionar a actividade física, a alimentação saudável e a

redução do tempo passado a ver televisão com sucesso. Considerando ainda que a população juvenil segue em massa as escolas, podemos atribuir-se que as escolas são os apoios da solução a utilizar para combater a obesidade, visto que podem auxiliar os estudantes a reconhecer e prosseguir comportamentos alimentares e de actividade física saudáveis.

Em termos gerais esta Acção Cientifico-pedagógica, tal como esperávamos, cumpriu com todos os seus objectivos. Podemos ver então que como pontos fortes temos: as condições que a sala ofereceu para a realização da acção com o apoio do Hotel Melia (ampla e muito bem organizada); o carácter de intervenção de todos os prelectores convidados; o cumprimento das horas da 1ª e 2ª parte da acção; o elevado número de participantes; e a participação dos participantes na acção. Já como pontos fracos identificados temos: o local da mesa de recepção/assinatura dos participantes (longa fila de inscrições à saída e à entrada dos participantes); a extensão da intervenção do último prelector; e o curto tempo dirigido ao debate (esta situação foi uma consequência do prolongamento da intervenção do último prelector).

Contudo achamos que tais pontos não foram muito relevantes ao sucesso esperado para esta acção, sendo esta muito comentada e divulgada pelas entidades presentes.