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2. Revisão Bibliográfica

2.4 Acessibilidade

2.4.2 Acessibilidade web

A acessibilidade à web consiste no acesso, por parte de pessoas com limitações ou deficiência, à informação que circula na Internet. Para que esse acesso seja possível, é necessário que se tenha em conta inúmeros aspetos, quer ao nível do software, quer ao nível do hardware.

a) Principais iniciativas e projetos criados

Em 1994, foi criado o Consórcio World Wide Web (adiante W3C). É uma comunidade internacional que tem desenvolvido normas e diretrizes, com o objetivo de garantir o crescimento da Web e conduzi-la ao seu potencial máximo. Algumas das suas principais iniciativas são a WAI, as WCAG 1.0 e as WCAG 2.0.

7 In Conceito Europeu de Acessibilidade (2003).

Mas estas não foram as únicas iniciativas criadas no âmbito da e-acessibilidade. A Agência Europeia para as Necessidades Especiais e Educação Inclusiva criou um documento9 com um conjunto de linhas de orientação para produzir informação acessível online, o qual está disponível gratuitamente e serve de apoio a utilizadores ou produtores de conteúdos na Internet.

De igual forma, em 2013, foi criado na Europa o projeto ICT for Information Accessibility in Learning (adiante ICT4IAL). Este era constituído por uma equipa multidisciplinar, de parceiros europeus e internacionais, os quais representavam as áreas das TIC e do ensino e foi co-financiado pela CE. Este projeto funcionou até dezembro de 2015 e trabalhou em parceria com as seguintes entidades: European Schoolnet (EUN), International Association of Universities (IAU), UNESCO, DAISY Consortium e Global Initiative of Inclusive ICTs (G3ICT).

Mas o tema da acessibilidade web tornou-se uma prioridade à escala nacional e internacional. Em Portugal, foi criada a plataforma Unidade Acesso, da responsabilidade da FCT, a qual possui muita informação, documentos e ferramentas, no âmbito da e-acessibilidade, traduzida em português.

Nos Estados Unidos da América, a Universidade de Utah criou um serviço específico para a acessibilidade (WebAIM), o qual disponibiza informação muito pertinente sobre o assunto, exemplo seguido igualmente pela Universidade de Washington (DO-IT).

No Reino Unido, a iniciativa inglesa conjunta de associações para a cegueira e dislexia – Load2Learn – disponibiliza informação bastante relevante no que concerne à acessibilidade de documentos e da Web, nomeadamente com um conjunto de tutoriais em vídeo, os quais se encontram disponíveis num canal do Youtube10.

b) Principais linhas de orientação

Em 1997, o W3C criou a Web Accessibility Initiative (adiante WAI), no sentido de:

• desenvolver linhas de orientação, as quais acabaram por se tornar uma norma internacional no que respeita à acessibilidade web;

• facultar materiais de apoio que ajudem a compreender e a fomentar a acessibilidade web;

• produzir recursos, através de trabalho colaborativo internacional.

Esta iniciativa tem como principal missão aumentar a acessibilidade web, para que qualquer recurso web possa ser acedido por indivíduos portadores de deficiência.

9 O documento pode ser gravado em formato doc. ou pdf. no website do projeto europeu ICT4IAL, no url:

http://www.ict4ial.eu/guidelines-accessible-information. Constitui um documento sumário de muita informação sobre acessibilidade, disponibilizada por outras organizações, nomeadamente o consórcio W3C, através das diretrizes WCAG 1.0 e WCAG 2.0.

Neste contexto, em 1999, foram criadas as Web Content Accessibility Guidelines 1.0 (adiante WCAG 1.0), um conjunto de catorze diretivas que abordam questões de acessibilidade e apontam possíveis soluções:

1. Fornecer alternativas ao conteúdo sonoro e visual; 2. Não recorrer apenas à cor;

3. Utilizar corretamente anotações e folhas de estilo; 4. Indicar claramente qual a língua utilizada;

5. Criar tabelas passíveis de transformação harmoniosa;

6. Assegurar que as páginas dotadas de novas tecnologias sejam transformadas harmoniosamente;

7. Assegurar o controlo do utilizador sobre as alterações temporais do conteúdo; 8. Assegurar a acessibilidade direta de interfaces do utilizador integradas; 9. Pautar a conceção pela independência face a dispositivos;

10. Utilizar soluções de transição;

11. Utilizar as tecnologias e as diretivas do W3C; 12. Fornecer contexto e orientações;

13. Fornecer mecanismos de navegação claros;

14. Assegurar a clareza e a simplicidade dos documentos.

Posteriormente, em 2008, foram criadas as Web Content Accessibility Guidelines 2.0 (adiante WCAG 2.0), um conjunto de diretivas que vieram substituir as WCAG 1.0, que foram concebidas para serem aplicadas a diferentes tecnologias web e serem testadas através de uma combinação de testes automáticos e avaliação humana.

As WCAG 2.0 apresentaram-se como uma norma de referência estável, constituída por doze linhas de orientação, as quais se encontram organizadas segundo quatro princípios:

1. Percetível - A informação e os componentes da interface de utilizador têm de ser apresentados aos utilizadores de formas percetíveis, ou seja, os utilizadores têm de ser capazes de compreender a informação apresentada (tem de estar visível a todos os seus sentidos).

2. Operável - Os componentes da interface de utilizador e a navegação têm de ser operáveis, ou seja, os utilizadores têm de ser capazes de funcionar com a interface (a interface não pode requerer uma interação que um utilizador não possa executar).

3. Compreensível - A informação e a operação da interface de utilizador têm de ser compreensíveis, ou seja, os utilizadores têm de ser capazes de compreender a informação e o modo de funcionamento da interface de utilizador (os conteúdos ou o funcionamento não podem ir para além da sua compreensão).

4. Robusto - O conteúdo tem de ser suficientemente robusto para ser interpretado, com precisão, por uma grande variedade de agentes de utilizador, incluindo tecnologias de apoio. Isto significa que os utilizadores têm de ser capazes de aceder aos conteúdos à medida que as tecnologias avançam (à medida que as tecnologias e os agentes de utilizador evoluem, os conteúdos devem permanecer acessíveis).

Para cada linha de orientação existem critérios de sucesso, os quais podem assumir três níveis: A, AA e AAA.

Se algum destes quatro princípios não for respeitado, os utilizadores portadores de deficiência não serão capazes de utilizar a Web.

1. Percetível

1.1 Fornecer alternativas em texto para qualquer conteúdo não textual permitindo, assim, que o mesmo possa ser alterado noutras formas mais adequadas à necessidade da pessoa, tais como impressão em caracteres ampliados, braille, fala, símbolos ou linguagem mais simples.

1.2 Fornecer alternativas para multimédia baseada no tempo.

1.3 Criar conteúdos que possam ser apresentados de diferentes maneiras (por ex., uma disposição mais simples) sem perder informação ou estrutura.

1.4 Facilitar a audição e a visualização de conteúdos aos utilizadores, incluindo a separação do primeiro plano e do plano de fundo.

2. Operável

2.1 Fazer com que toda a funcionalidade fique disponível a partir do teclado. 2.2 Fornecer tempo suficiente aos utilizadores para lerem e utilizarem o conteúdo. 2.3 Não criar conteúdo de uma forma conhecida por causar ataques epilépticos. 2.4 Fornecer formas de ajudar os utilizadores a navegar, localizar conteúdos e determinar o local em que se encontram.

3. Compreensível

3.1 Tornar o conteúdo de texto legível e compreensível.

3.2 Fazer com que as páginas web surjam e funcionem de forma previsível. 3.3 Ajudar os utilizadores a evitar e corrigir erros.

4. Robusto

4.1 Maximizar a compatibilidade com atuais e futuros agentes de utilizador, incluindo tecnologias de apoio.

Tabela 6 - As doze diretrizes das WCAG 2.0, por princípios.

À data deste estudo, estavam a ser desenvolvidas as WCGA 2.1, estando a sua publicação prevista para 2018.