• Nenhum resultado encontrado

ACESSO À INFORMAÇÃO NO ÂMBITO DO PODER EXECUTIVO

No documento UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (páginas 82-88)

4 O ACESSO À INFORMAÇÃO AMBIENTAL DE RECURSOS HÍDRICOS

4.1 ACESSO À INFORMAÇÃO NO ÂMBITO DO PODER EXECUTIVO

O Decreto Estadual nº 36.819/2016 regulamenta o Acesso à Informação no âmbito do Poder Executivo do Estado do Amazonas. Porém, antes de tratar sobre ele, é importante apresentar o seu antecessor: o Sistema Estadual de Arquivos do Estado do Amazonas, criado por meio do Decreto Estadual nº 27.071/2007.

Para os efeitos da LAI, o “documento de arquivo” está contemplado no conceito de unidade de registro de informações, qualquer que seja o suporte ou formato (art. 4°, Inciso II). Tal ideia vem de encontro ao conceito da Lei n° 8.159/1991, a “Lei de Arquivos”. Prevê em seu art. 2° que “documento arquivístico”:

29 Busca apoiar a implementação do modelo brasileiro de governança das águas – integrado, descentralizado e

é o conjunto de documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos.

Um documento legal antecessor ao Decreto estadual de Informação é o Decreto nº 27.071/2007. Trata do Sistema Estadual de Arquivos – SEARQ. Tem por finalidade a proteção, preservação e o acesso à documentação de arquivos (art. 2º). Outra lei correlata ao Decreto estadual de Acesso à Informação é a Lei nº 4.383/2016.Institui o Sistema Estadual de Informações de Governo do Amazonas: SEI-AM. Define que determinados acervos de dados e informações relacionam-se ao cidadão (1º, § 2º, V).

Em 2016, foi lançado o Decreto Estadual nº 36.819, que Regulamenta o Acesso Informação no âmbito do poder Executivo Estadual.Pode-se afirmar que um dos mecanismos de pressão para que este decreto fosse promulgado foi a campanha “Eu quero a Lei de Acesso regulamentada em todos os estados do país” lançada em 2015 nas redes sociais pela Controladoria Geral da União.

Figura 3 - Campanha de Regulamentação da LAI

Fonte: CGU, 2016.

Até o momento do lançamento da campanha (14/05/2015), apenas os Amapá, Amazonas, Pará, Roraima30 e Rio Grande do Norte ainda não haviam regulamentado a LAI – que entrou em vigor 2012. Implementar canais de transparência voltados à efetivação do

direito à informação depende, na verdade e em grande medida, da transformação da própria cultura da Administração Pública brasileira (BACARIÇA, MALHEIROS, VALIM, 2015).

A CGU (2016) reforça o entendimento de que a falta de regulamentação específica prejudica, mas não impede o cumprimento da lei. Por isso, a campanha também alerta que todo cidadão pode acionar o Ministério Público e o Tribunal de Contas locais, no caso de descumprimento da Lei de Acesso. Embora a campanha seja voltada aos estados, ela também vale para municípios, pois a regulamentação é uma obrigação de todos estados, municípios e poderes.

É certo que, à época da campanha promovida pela CGU, já estava criado e em operação no Amazonas um sítio eletrônico sobre Transparência (MANAUS, 2016). Tal Portal, embora seja denominado “Portal de Acesso à Informação e Transparência dos Municípios do Estado do Amazonas” pode ser classificado apenas como um site de transparência. Isto porque não há espaço para questionamentos, como no portal federal de Acesso à Informação.

Criado pela Associação Amazonense de Municípios (AAM), o referido Portal define-se como um local de acompanhamento sistemático da aplicação dos recursos públicos. Colabora com o controle social das ações de seus governantes. Está de acordo com o layout padrão do e-MAG. Foi desenvolvido nos moldes do Portal da Transparência nos Recursos Públicos Federais.

No Município de Manaus foi criado o Sistema de Informação ao Cidadão em 2012, por meio do Decreto nº 1.882/2012. Dentro do Portal da Transparência do Município de Manaus (MANAUS, 2016) há espaço para acesso à informação. Apenas quatro anos depois o Portal oficial amazonense de transparência e de acesso à informação foram criados, com base no Decreto Estadual nº 36.819/2016.

Os dados lançados no Portal são fornecidos pela PRODAM, uma sociedade de economia mista, de capital fechado, com controle acionário do Governo do Estado. A empresa, criada pela Lei Estadual nº 941/1970, armazena e administra os dados dos órgãos estaduais. Atualmente, a empresa encontra-se vinculada, administrativamente, à SEPLANCTI, de acordo coma Lei Estadual nº 2.783/2003.

Machado (2006) elucida que: “acessar” é entrar em algo, poder participar de alguma coisa. Ter acesso a documentos administrativos, a expediente administrativo ou a processo administrativo é poder vê-los e manuseá-los, ainda que sob a vigilância de um agente da Administração Pública. Embora o Portal de Transparência garanta o oferecimento de ferramenta para solicitações de informações, não foi encontrado tal campo.

O Decreto Estadual nº 36.819/2016 foi desenvolvido considerando a necessidade de adequação dos mecanismos internos do estado do Amazonas à LAI. Dispõe sobre os procedimentos a serem observados pela Administração Direta do Poder Executivo Estadual, suas autarquias, fundações públicas, sociedades de economia mista e suas subsidiárias e empresas controladas (in) diretamente (art. 1º).

Prevê regulamentação específica posterior para divulgação de informações sobre sociedades de economia mista e demais empresas controladas pelo Estado, quando atuarem em regime de concorrência ou domínio econômico, nos moldes do art. 174 da CRFB/88 (art. 1º, p. único). O Direito de Acesso à Informação é garantido tanto a pessoas físicas como jurídicas, por meio de procedimentos objetivos e ágeis, de forma transparente, clara e em linguagem de fácil compreensão (art. 2º).

O Acesso à Informação tem por diretrizes (art. 3º) a publicidade como regra e o sigilo como exceção; a divulgação de informação, mesmo sem solicitação; o uso de meio eletrônicos; a promoção da transparência e o incentivo ao controle social. A Lei conceitua expressões (art. 4º) como: arquivos públicos, dado público e informação, entre outros.

A lei prevê direitos que integram acesso à informação (art. 5º). Porém, o rol contendo sete incisos é meramente exemplificativo. Entre esses diretos destacam-se o direito de orientação sobre procedimento e locais para obter a informação almejada e o direito de ser informado quanto à implementação, acompanhamento e resultados dos programas, projetos e ações de órgãos e entidades publicas, bem como metas e indicadores propostos.

O Decreto diferencia Transparência ativa e passiva. A primeira é a transparência propriamente dita, ou seja, aquela em que o Poder Público divulga informações em virtude de imposição legal ou de livre iniciativa. Tem a ver com informações que sejam de interesse coletivo ou geral, cuja divulgação deve ser feita por meio eletrônico (art. 6º).

Para a Transparência ativa foi criado o Portal da Transparência, que divulga abertamente dados sobre: execução orçamentária e financeira do Estado; despesas (aplicação de recursos públicos); receitas (entrada de valores nos cofres públicos); licitações; contratos; convênios; diárias e passagens; responsabilidade fiscal; balanço geral de contas e remuneração dos servidores.

Já a Transparência Passiva é o acesso às informações públicas fornecidas pela Administração Pública, quando solicitadas pelo cidadão. Está intimamente ligada ao controle social (art. 10 a 28). Para a Transparência ativa foi criado o Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão; o e-SIC do estado do Amazonas.

Conforme informações contidas no Portal (AMAZONAS, 2016) permite que qualquer pessoa, física ou jurídica, encaminhe pedidos de acesso a informação para órgãos e entidades do Poder Executivo Estadual. No último item deste capítulo será apresentada uma pesquisa feita o e-SIC/AM, seus dados e críticas.

Por meio do sistema, além de fazer o pedido, será possível: acompanhar o prazo pelo número de protocolo gerado e receber a notificação da resposta da solicitação por e-mail; entrar com recursos; e consultar as respostas recebidas. O objetivo do sistema é facilitar o exercício do direito de acesso às informações públicas. É gerenciado pela Ouvidoria Geral do Estado (art. 10, §3º).

O Decreto também garante acesso à informação por meio de unidades de protocolo, ouvidorias dos órgãos e entidades e nos PACs (art. 10, §1º). O objetivo é dar múltiplas possibilidades aos interessados, fazendo com ele encontre a informação. Tanto que prevê o Princípio da Participação (audiência ou consulta pública) como instrumento ao acesso à informação (art. 12, §2º).

O pedido pode ser feito tanto por pessoa física como jurídica, mediante formulário padrão e identificação (arts. 12 e 13). Embora a requisição não precise de motivação, não poderá ser genérica, desproporcional ou desarrazoada nem deve gerar ao responsável trabalho adicional (art. 14). O prazo para entrega da resposta é de 20 dias (art. 15). Caso haja custos para processamento da informação, o requerente deverá arcar com os ônus do pedido (art. 16).

Ao solicitar a informação, o requerente não precisa motiva-la. Para negar tal informação, o órgão consultado deve fundamentar sua decisão, sob pena de responsabilidade (arts. 20 a 25). Não se pode negar informações necessárias à tutela judicial ou administrativa de direitos fundamentais (art. 28).

Mas o próprio Decreto prevê exceções à informação. Não abarca projetos de pesquisa e desenvolvimento científico ou tecnológico (art. 5º, §1º), caso sejam imprescindíveis à segurança da sociedade e do Estado. A LAI dispõe que este sigilo é temporário (art. 4º, III). A negativa de informação deve ser fundamentada sob pena de medidas disciplinares ao responsável (art. 5º, § 4º).

Cabe à CGE definir procedimento para classificação de sigilo. A classificação da informação como sigilosa ocorrerá pelo prazo máximo de 5 (cinco) anos (art. 29). Porém, cabe à Comissão Mista de Reavaliação de Informações rever o tratamento e classificação de informações sigilosas (arts. 25 e 26). As informações (des) classificadas como sigilosas serão mencionadas no Portal da Transparência anualmente, por meio da Ouvidoria Geral do Estado (art. 41).

Já as informações pessoais serão processadas com transparência e devem, ser motivadas (art. 46 a 49). Também trata o referido Decreto da Publicidade do Estatuto Social, convênios, contratos e demais documentos listados das Sociedades sem Fins lucrativos que recebam recursos públicos para ações de interesse público (arts 50 e 51).

Uma curiosidade sobre sistemas de informação amazonenses é a previsão legal para a existência de um Sistema de Informação em Ciência e Tecnologia no Estado do Amazonas. Tal Sistema é mencionado na Lei Delegada nº 116/2007, que trata da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas – FAPEAM. Cumpre lembrar que Sistema de Informação difere de Sistema de Acesso à Informação.

Na redação original da supramencionada lei, cabia ao Departamento de Difusão do Conhecimento da FAPEAM criar e gerenciar o SICTEAM. Tal redação foi alterada pelo inciso VII do art. 9º da Lei nº 4.340/2016. Tais competências foram suprimidas das atribuições do referido Departamento. Porém, o acompanhamento do SICTEAM cabe à Assessoria em assuntos técnicos e administrativos do Diretor-Presidente e dos Diretores.

Outra curiosidade é o Sistema Estadual de Informações de Governo do estado do Amazonas, o SEI-AM. Instituído pela Lei nº 4.383/2016, é o conjunto de todos os acervos de dados e informações existentes nos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual e respectivos Sistemas de TIC31, sendo constituído pelas leis, normas e regulamentos existentes que tratam de forma direta e indireta sobre a utilização de TIC. (art. 1º)

Já o Programa Estadual de Informações Integradas do estado do Amazonas - PEII-AM (art. 8º) objetiva integrar, organizar, consolidar, disponibilizar dados e qualificar informações estratégicas provenientes dos sistemas aplicativos utilizados pelos órgãos e entidades da Administração Pública Estadual. Também não é um Programa de Acesso à Informação, mas de gestão da informação32.

Por fim, portal pertinente é o e-SIGA (AMAZONAS, 2016), o Sistema Eletrônico de Informações Governamentais do Amazonas. É um sistema desenvolvido pela PRODAM que permite uma visão geral do Estado através dos mais de 1.200 indicadores das secretarias, auxiliando a tomada de decisão por parte dos gestores do Poder Executivo Estadual. A

31 Entende-se por Sistemas de TIC as soluções integradas, o conjunto dos recursos de hardware, software,

serviços, dados, informações, processos internos e infraestrutura, bem como os recursos de conectividade, abrangendo a REDGOV - Rede de Comunicação de Dados e Serviços em Tecnologia da Informação do Governo do Estado do Amazonas, instituída pelo Decreto n.º 34.170, de 13 de novembro de 2013, do Governo do Amazonas. (art. 1º § 1º da Lei nº 4.383/2016)

32 De qualquer forma, a gestão da informação também é assegurada pela Lei de Acesso à Informação, em seu art. 6º, inciso I. Preconiza que tal gestão deve ser transparente, propiciando amplo acesso à informação e sua divulgação. O gestor da informação atua em organizações em que a informação é produzida, armazenada, recuperada e utilizada. (UFPE, 2016)

população tem acesso a várias informações como previsão meteorológica e informações socioeconômicas.

No documento UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (páginas 82-88)