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O SISTEMA ESTADUAL DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS

No documento UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (páginas 100-104)

4 O ACESSO À INFORMAÇÃO AMBIENTAL DE RECURSOS HÍDRICOS

4.4 O SISTEMA ESTADUAL DE INFORMAÇÕES SOBRE RECURSOS HÍDRICOS

O Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos é uma base de dados informatizada, formada pela coleta, tratamento, armazenamento35, recuperação e disseminação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão (Lei nº 3.167/2007, art. 37).

Embora haja previsão legal para a existência de tal Sistema, este não foi implantado no estado do Amazonas, conforme Ofício nº 059/SEMGRH/2015, que trata do Envio do Relatório Progestão 2014, referente às metas estabelecidas para o segundo período de certificação do Progestão.

Conforme informações extraídas do supracitado Ofício, não existe um sistema de informações de usos de recursos hídricos no estado que permita inserir informações de usos, usuários e outorgas de recursos hídricos, tanto superficiais, como subterrâneos. Portanto não foi definido nenhum Sistema Gerenciador de Banco de Dados (SGBD) para ser empregado. As informações existentes estão no SIAGAS, que necessitam de atualização.

Por meio do Decreto estadual nº 28.678/2009 a SEMGRH absorveu a competência da extinta SDS sobre recursos hídricos. A partir de 2015, a secretaria que cuida da política, do

35 Informações sobre recursos hídricos também podem estar disponíveis em documentos arquivísticos. Desta forma, é fundamental que o estado do Amazonas desenvolva um Sistema Estadual de Arquivos.

Sistema de Informação de Recursos Hídricos é a SEMA, antiga Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SDS).

A SDS passou a ser denominada Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema), órgão integrante da Administração Direta do Poder Executivo, cuja criação foi realizada por meio da Lei Complementar nº 4.163/2015, alterada pela Lei nº 4.193/2015. Por meio da referida Lei, o IPAAM está vinculado à SEMA.

Cabe, então, à SEMA gerir o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos e manter cadastro de uso e usuário das águas, considerando os aspectos de derivação, consumo e diluição do efluente, com a cooperação dos Comitês de Bacia Hidrográfica.

Para que o estado do Amazonas possa participar de uma base de dados unificada é preciso primeiro desenvolver e consolidar seu próprio Sistema de Informação Estadual sobre Recursos Hídricos. A Resolução CNRH nº 15/01 prevê que tal sistema deverá conter, organizar e disponibilizar os dados e informações necessários ao gerenciamento integrado das águas (art. 3°, inc. V). Esse sistema deverá seguir as orientações de Machado (2006, p. 92):

O fato de a informação ambiental transmitir dados técnicos não afasta a obrigação de a mesma ser clara e compreensível para o publico receptor. A informação necessita poder ser utilizada de imediato, sem que isso demande que os informados sejam altamente especializados no assunto.

Destaca Machado (2006) algumas características essenciais à informação ambiental: tenacidade, compreensibilidade e rapidez. Machado (op. Cit., p. 55) aduz que: o acesso público à informação é fundamental pata a vida democrática. Uma ideia para democratizar o acesso à informação sobre Recursos Hídricos no Amazonas seria seguir as características apresentadas por Machado e as diretrizes dadas pela Resolução-CNRH n° 98/09.

Em suma, tal Resolução prevê a promoção da educomunicação por meio do acesso democrático dos cidadãos à produção e difusão da informação (art. 6°,VI). Também sugere a comunicação em redes sociais, fortalecendo o intercâmbio de experiências, informações, conhecimentos e saberes (art. 6°, VII). Estes são apenas alguns exemplos do que deverá conter o sistema amazonense de acesso à informação sobre recursos hídricos.

Consoante Machado (2006, p. 209):

Precisamos de uma [...] antecipação dos órgãos do SISNAMA, propiciando que a Administração Pública Ambiental ininterruptamente bata à porta das cidadãs e dos cidadãos informando-os, via internet, do estado do meio ambiente. Sem isso a informação se tornará uma partitura chorosa e resignada, a ser executada diante de degradações irreversíveis.

A afirmação acima compartilhada é uma verdade principalmente quando se trata de decisões – muitas vezes irreversíveis – sobre o Aquífero da Amazônia. Houve embasamento jurídico – e urgência – na criação do Sistema Estadual nos moldes do e-SIC federal, em 2016. Espera-se que, nos próximos anos o e-SIC/AM opere a serviço da informação ambiental sobre recursos hídricos.

Na mesma direção caminha o Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos do estado do Amazonas - SEGRHAM, previsto na Lei nº 3.167/2007, como um dos instrumentos da Política Estadual de Recursos Hídricos. Sua implantação ficará a cargo do Poder Executivo Estadual (art. 54, III).

Sua gestão fica a cargo da antiga SDS, hoje SEMA (art. 38). A função de gerir o SEGRHAM, anteriormente ficava a cargo do IPAAM, consoante a Lei nº 2.712/2001. O SEGRHAM amazonense define-se como uma base de dados informatizada, formada pela coleta, tratamento, armazenamento, recuperação e disseminação de informações sobre recursos hídricos e fatores intervenientes em sua gestão.

Em tese, o referido Sistema deve abarcar a totalidade de informações dos diversos órgãos federais e estaduais cujas atividades e atribuições sejam relacionadas com águas meteóricas, superficiais ou subterrâneas, inclusive sobre as obras de recursos hídricos no âmbito do Estado do Amazonas (art. 37). Deve operar de forma descentralizada, para obter e produzir dados e informações, porém com coordenação unificada.

Tal Sistema deve acessível a todos os interessados em planejamento, gestão ou uso dos recursos hídricos. Deve entre outras funções: reunir, dar consistência e divulgar os dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos no Estado do Amazonas; atualizar permanentemente as informações; fornecer subsídios para a elaboração do Plano Estadual de Recursos Hídricos e apoiar as ações e atividades de gerenciamento de recursos hídricos no Estado do Amazonas.

Aduz Machado (2006) que a informação há de ser capaz de dar a dimensão do perigo captado pelo órgão informante, como deve dar sugestões válidas e aptas para um comportamento seguro dos informados. Um sistema estadual de informação sobre recursos hídricos é de significativa importância tanto para a política hídrica e socioeconômica da região amazônica, como para o cotidiano de seus habitantes, para um maior acesso licenças concernentes ao uso da água do Aquífero Alter do Chão e saneamento básico.

O referido sistema está de acordo com as expectativas da Agenda 21 (ONU, 1992). O item 18.39 identifica como meta de cada Estado identificar os recursos hídricos de superfície e subterrâneos que possam ser desenvolvidos para uso numa base sustentável e outros

importantes recursos dependentes de água que se possam aproveitas e, simultaneamente, dar início a programas para a proteção, conservação e uso racional desses recursos em bases sustentáveis.

Apesar da vasta competência legal atribuída ao Sistema Estadual de Informação Ambiental e, mais especificamente, ao Sistema Estadual de Informações sobre Recursos Hídricos, ainda há insipiência informativa, seja pela sua inexistência ou precariedade de informações sobre águas subterrâneas no Amazonas, em especial, sobre o Aquífero da Amazônia.

O item 18.37 da Agenda 21 (ONU, 1992) denuncia que há muito tempo vêm-se subestimando a extensão e gravidade da contaminação de zonas não saturadas e dos aquíferos. Isso se deve a sua relativa inacessibilidade e à falta de informações confiáveis sobre os sistemas freáticos. A proteção dos lençóis subterrâneos é, portanto, um elemento essencial do manejo de recursos hídricos.

Aqui se encontra o cerne da pesquisa: as informações sobre recursos hídricos no Estado do Amazonas são de difícil acesso. O recente sistema unificado de informações, como a vasta legislação supracitada prevê, é recente é uma luz para que não mais hajam fragmentadas e pulverizadas informações entre diversos órgãos públicos amazonenses.

Consoante Corte e Santin (2013) a água é fundamental para a dinâmica da vida. A crise hídrica bate às portas e a sociedade desconhece que a maior quantidade de água doce disponível é subterrânea. A falta de informação e transparência quanto a recursos hídricos é uma realidade. Por isso o Relatório abaixo apresentado é tão relevante ao processo de mudança desta situação.

O Grupo de Acompanhamento e Estudos em Governança Ambiental – GOVAMB/IEE da USP lançou uma pesquisa (ARTIGO19, 2016) avaliando a transparência na gestão dos recursos hídricos no Brasil. Avaliou Informações sobre o sistema, Relações com o público e as partes interessadas, Transparência nos processos de planejamento, Transparência na gestão dos recursos e usos da água, Transparência econômico- financeira e Transparência em contratos e licitações. O Amazonas saiu de último lugar em 2013 para a 23º posição entre os 26 estados e mais Distrito Federal em 2015.

Porém, a Resolução-MMA nº 165/15 dá subsídios para uma mudança na situação da informação sobre recursos hídricos no estado do Amazonas. Trata sobre s prioridades do PNRH para orientar os órgãos e entidades do SINGREH para a elaboração do PPAs dos Estados para o período 2016-2019.

Estabelece como uma das prioridades o Desenvolvimento do SNIRH e implantação dos Sistemas Estaduais de Informação de Recursos Hídricos, integrados ao SNIRH. Também prevê o desenvolvimento de um plano de comunicação social e de difusão de informações para o SINGREH.

Corroborando o pensamento de Machado (2006) é fundamental que um sistema de informações vise à articulação das informações entre os diversos órgãos que recebem, organizam e transmitem esta informação. Para que sistemas de informação sejam efetivos é necessário que as autonomias constitucionais não sejam anuladas, mas haja integração de esforços e de recursos humanos e financeiros, numa cooperação não-hierarquizada.

4.5 O SISTEMA ELETRÔNICO DO SERVIÇO DE INFORMAÇÃO AO CIDADÃO

No documento UNIVERSIDADE DO ESTADO DO AMAZONAS (páginas 100-104)