• Nenhum resultado encontrado

1. INTRODUÇÃO

2.2. Ministério Público e a justiça

2.2.3. Acesso à justiça

Pois bem. Com o desenvolvimento da sociedade e o nascimento de inúmeros direitos sociais o acesso à justiça se tornou, muitas vezes, a única forma pela qual se busca a efetivação de direitos.

Essa constatação não é válida somente para o caso brasileiro na medida em que é uma preocupação presente na legislação internacional. Nesse sentido, Artigo 8º, 1 da Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos – também conhecido como Pacto de São José da Costa Rica - indica que

Toda pessoa tem direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer natureza.

No Brasil, o acesso à justiça está previsto no artigo 5º, XXXV da Constituição Federal ao dizer que: “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça de direito.” Na tradição jurídica, esse direito é também chamado também de princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional ou princípio do direito de ação.

Embora o acesso à justiça seja um direito fundamental previsto tanto no direito internacional quanto na Constituição de 1988, é direito restrito a uma parte da população por fatores de ordem social, econômicos, educacionais, culturais e de ineficiência.

O Estado que cria o direito é o mesmo que nega sua efetivação. O mesmo Estado, no entanto, oferece algumas alternativas. Algumas delas são as citadas por Cappelletti e Garth (1988), sendo:

 Assistência judiciária aos pobres,

 Representação dos direitos difusos

 O acesso à representação em juízo a uma concepção mais ampla de acesso à justiça.

A assistência jurídica aos pobres se traduz em oferecer advogados gratuitos, já que o acesso ao judiciário requer em geral a presença de profissional com habilidades específicas para decodificar leis e procedimentos jurídicos (CAPPELLETTI, GARTH, 1988).

Esse tipo de representação se dá “então, por advogados privados, conforme a experiência europeia, e por procuradores públicos, escolha norte-americana” (CAMPOS, 2011, p. 197).

Na prática, aos mais pobres, o Estado oferece os serviços da defensoria pública, que faz a defesa e a assistência jurídica gratuita, e a nomeação de advogado dativo, (CAPPELLETTI; GARTH, 1988).

No caso de interesses difusos, destacam-se as o Ministério Público e os advogados públicos, oferecido pela Defensoria Pública gratuita, como no Brasil, e as Associações de Consumidores, como na Alemanha e França, e Ombudsman do consumidor, na Suécia (CAPPELLETTI; GARTH, 1988). Em que consistem os interesses difusos, contudo?

Interesses difusos são interesses fragmentados, grupais ou coletivos, tais como o direito ao meio ambiente saudável, ou à proteção ao consumidor. São “interesses que isolados mostram-se de valor econômico insuficiente para despertar o interesse dos seus detentores em enfrentar judicialmente grandes corporações industriais ou mesmo o Estado” (CAMPOS, 2011, p. 197).

Além dessas alternativas, a tendência das legislações mais modernas é no sentido de incentivar pessoas a desenvolverem instituições capazes de efetivar direitos e proteger interesses desabrigados de assistência (CAPPELLETTI; GARTH, 1988).

Outros enfoques jogam luz á desburocratização dos tribunais e de procedimentos de justiça. Nesse sentido, são vários os exemplos recentes ocorridos no Brasil, segundo Campos (2011):

 A responsabilidade objetiva, no âmbito do Direito Cível;

 A inexigência da culpa para o divórcio (o inverso desse raciocínio ainda vige em alguns países);

 A simplificação processual, por exemplo, decorrentes dos procedimentos dos Juizados Especiais Cíveis e Criminais e

Dito isso, onde na prática se encaixa a atuação do Ministério Público Federal MPF?

A instituição promove o acesso à justiça de diversas formas, conforme explica Mazzilli (1989):

 Na esfera criminal, é responsável por proteger a sociedade como um todo atuando na investigação de infrações penais e denunciando os infratores no sistema judiciário;

 Atua como defensor do Povo para “zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos serviços de relevância pública aos direitos assegurados na Constituição Federal, promovendo as medidas necessárias a suas garantias” (MAZZILLI,1989, p. 8);

 Atua também na defesa dos interesses da população indígena, conforme indica o inciso V do artigo 129 da Constituição Federal de 1988;

 Intermediação de acordos nos juizado de pequenas causas e

 Assistência judiciária aos pobres nos locais onde não houver órgãos próprios como a Defensoria Pública

Ao defender os interesses da comunidade no Poder Judiciário, a Instituição age como instrumento de acesso à justiça.

são diversos os instrumentos extrajudiciais de resolução de conflitos foram entregues ao Parquet, a exemplo da recomendação e do termo de ajustamento de conduta, os quais, no mais das vezes são suficientes à solução das querelas. Certo, porém, que considerável parcela dos conflitos são resolvidos na esfera judicial, constituindo o Ministério Público autêntica ferramenta de acesso à justiça na defesa, justamente, dos direitos e interesses mais caros à comunidade (sem negrito no original) (REZENDE, 2017, p. 2).

Em termos práticos, o Ministério Público Federal, ao tomar conhecimento das demandas da sociedade, seja por meio das unidades espalhadas pelo país, recebidas por

sistema eletrônico de denúncias via internet ou as que o Procurador da República tomou conhecimento, o parquet tenta a solução pela via política a qual, resultando infrutífera, conduz então a questão ao Poder Judiciário.

Realizada esta breve introdução ao Ministério Público, destaca-se que a origens da Instituição Brasil é recente, comparada com países europeus, por exemplo. No entanto, é considerado um nos mais modernos, seja pela independente de outros poderes da República ou pela autonomia conquistada na Constituição de 1998. É partir desse marco que adquire novas funções e se destaca na judicialização da política e o ativismo do judiciário, Nesse contexto, destaca-se como uma das principais instituições de interface para o acesso à justiça.

E quanto à cidadania? Qual a relação do Ministério Público com temas da cidadania?