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Acesso, segurança, reprodução fotográfica

Provas albuminadas só devem ser expostas em situações extraordinárias, uma vez que, mesmo expostas à luz incandescente, deflagram na camada fotográfica transformações químicas irreversíveis que acentuam o amarelecimento. Em caso de exposição que se prolongam por um período limitado, essas provas devem ficar protegidas dentro de vitrines com filtros anti raios ultravioletas, índice de iluminação controlado, ambiente de umidade relativa e temperatura controlada e ar livre de poluentes. Os materiais constituintes da vitrine devem ser de qualidade. O grau de iluminância é medido em lux (lumens por metro quadrado) ou pés-vela (um pés-vela equivale a onze lux). Os níveis de lux considerados seguros para a exposição de provas em albumina é de no máximo 50 lux e um luxímetro deve sempre ser utilizado para medição do grau da iluminação. Os visitantes devem ser esclarecidos a respeito do motivo da baixa iluminação da exposição. E para que não haja um choque na percepção, é interessante a elaboração de salas ou corredores com iluminação baixa para adaptar a visão do visitante. Com o objetivo de limitar o tempo de exposição das provas à luz, é recomendado o uso de dispositivos acionados pelo visitante (timer, por exemplo) iluminando apenas no momento em que fotografia está sendo observada. As lâmpadas menos prejudiciais são as incandescentes de tungstênio e mesmo assim devem ser filtradas.

Provas já comprometidas pelo amarelecimento jamais devem ser expostas. Deve-se confeccionar cópias em negativos de poliéster e, a partir desses negativos, serem reproduzidas cópias para serem expostas ou fac-símiles.

3.8. Acesso, segurança, reprodução fotográfica

Uma possibilidade para dar acesso direto à coleção onde não haja necessidade de manipulação direta do original é a sua disponibilização para consulta pela

internet. Dessa maneira, a disseminação da informação se dá de maneira mais livre,

uma vez que pode ser rapidamente copiada, contribuindo, assim, para a democratização da informação. O problema, contudo, da utilização da tecnologia é a sua rápida obsolescência e demanda constante de atualizações freqüente das mídias. Entretanto, apesar da comodidade e rapidez do ambiente digital, a preservação em longo prazo dos originais deve ser encarada como prioridade máxima de qualquer instituição.

A conversão para o digital da prova é realizada através do scanner ou digitalização. E é cada vez mais freqüente o uso de computadores para restauração de fotografias visto que no ambiente digital é possível, através de programas de tratamento de imagem corrigir riscos, manchas, contraste e algumas formas de deterioração, enquanto que os originais são mantidos inalterados.

Nos originais, a deterioração quase sempre causa perdas irreversíveis e a única maneira de atenuar essas alterações é a confecção de cópia. O termo "cópia" refere-se à cópia fotográfica feita a partir de um negativo e deve ser distinguida de uma "fotocópia" feita por um processo eletrostático em um escritório de máquina copiadora. Contudo, máquinas copiadoras eletrostáticas não devem ser usadas em fotografias albuminadas originais, uma vez que, as expõe a consideráveis índices de calor e à radiação ultravioleta. Uma prova original que apresente mancha ou falta de contrate pode-se, através de filtros, ter atenuada essa imperfeição dando origem a uma cópia que apresente menos imperfeições.

Um projeto de reprodução fotográfica, segundo Costa, tem como objetivo a criação de negativos de segunda geração para originais positivos que não possuam negativos (para que a partir daí sejam confeccionadas cópias). A reprodução permite atenuar manchas e esmaecimentos no momento da impressão de cópias. Com isso restringe-se também o manuseio dos originais ao mesmo tempo em que possibilita produzir um arquivo de segurança e também a reprodução de originais em grandes dimensões.

Segundo Pavão

“cópia é uma reprodução do original opaco. Uma prova sem negativo é copiada para dela se obter um negativo [...]. Deles se imprimem provas de segunda geração, de qualidade menor que a do original.”77

Atualmente, muitas instituições recorrem a cópias e fac-símiles para exposição no lugar dos originais. “As copiadoras laser, em cores, produzem fac-símiles de documentos quase impossíveis de serem distinguidos dos originais.”78 As cópias

podem ser usadas em exposições de longo prazo ou permanentes sem problemas. Tal medida previne contra os danos causados pela luz. “A reprodução fotográfica

77PAVÃO, op. cit., p. 10-11.

restringe o constante manuseio dos originais fotográficos, contribuindo assim para a sua preservação.”79

A confecção de negativos de provas que não apresentem negativos deve ser vista também como uma medida de segurança, uma vez que a imagem albuminada em franca deterioração tende a se autodestruir e, conseqüentemente, perda total da informação nela contida. A elaboração de negativos é uma saída para remediar essa perda inexorável do original. É bem verdade que a duplicação de negativos dá origem a cópias mais nítidas, entretanto, a valorização do negativo original não era pensada até bem pouco tempo atrás.

“É muito comum, nos arquivos fotográficos, encontrarmos fotografias positivas sem os seus respectivos negativos. Nos arquivos do século XIX isso se deve ao fato de que uma mesma chapa de vidro era emulsionada para ser utilizada como negativo e, logo após sua impressão em positivo, era limpa e reutilizada.”80

Logo, infelizmente, poucos exemplares desses negativos conseguiram sobreviver até os nossos dias sendo a confecção de negativos de segunda geração a única alternativa possível. Tais negativos permitem a duplicação dos originais e entende-se como duplicação segundo Costa

“a reprodução de originais bidimensionais transparentes (negativo ou diapositivo).”81

As cópias devem ser tratadas com o mesmo cuidado, uma vez que, quanto mais cedo a cópia se desgastar, mais cedo será preciso retornar ao uso do original para a realização de uma nova cópia. Todo o processo de reprodução fotográfica acarreta uma perda de contraste em relação ao original e, para compensar, é recomendado sempre a utilização de bons equipamentos e materiais.

O processo de microfilmagem também pode ser encarado como uma solução para a questão da permanência e segurança dos materiais fotográficos, uma vez que estudos comprovam que um microfilme bem confeccionado, armazenado e utilizado tem uma expectativa de vida de 500 anos.

79BARUKI, Sandra Cristina Serra; COURY, Nazareth. Treinamento em conservação fotográfica: a orientação do Centro de Conservação e Preservação Fotográfica da Funarte. In: Cadernos técnicos

de conservação fotográfica 1. Rio de Janeiro, Funarte. 2004. p. 4.

80 COSTA, Francisco Moreira da. Reprodução fotográfica e preservação. In: Cadernos técnicos de

conservação fotográfica 2. Rio de Janeiro, Funarte. 2004. p.13.

“A microfilmagem é o processo de reprodução em fac-símiles sobre filme fotográfico, com uma redução que requer assistência ótica para leitura do conteúdo intelectual (isto é, o que está escrito ou impresso ou ilustrações) de materiais arquivísticos e de bibliotecas.”82

A microfilmagem garante a preservação da informação em outro suporte mesmo que a prova em si já tenha sido perdida.

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