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Azoto 34,81 Oxygenio . . 6,57 Hydrogenio sulfurado 1.32 100,00

Os productos condensados e as substancias ar- rastadas pelas correntes de vapor são muito diver- sas: agua, argillas, sulfatos de cal, d'ammonio, d'alu- mina e de ferro, aciclos chlorhydrico e sulfúrico livres e matérias orgânicas.

Sainte-Claire H. Deville e Leblanc não encon- traram, nos productos não condensados, oxygenio, mas assignalaram a presença cie hydrogenio proto- carbonado :

Hydrogenio sulfurado. . Acido carbónico . . . . Azoto e gaz combustível.

DevilJo Leblanc

4,1 3,7

91,6 90,7

4,3 5,6

O mixto de azoto e gaz combustível compòe-se de: Azoto 43,35 Hydrogenio livre 28,56 Hydrogonio protocarbonado 28,09 100,00

Bechi, calculou que quatro soffioni de Travale, forneciam em vinte o quatro horas :

Acido bórico 150 kg. Sulfato d'ammonio l'-500 » Matérias orgânicas 320 » Sulfatos de ferro e manganesio . . . . 750 » Sulfato de magnesia 1:750 » Sulfato de soda, potassa, cal, estronciana

e alumina 530 » 5:000 » Por esta analyse se vê que a percentagem d'acido bórico na agua de condensação dos soffioni é relativamente pequena, sendo no emtanto suffi- ciente para avermelhar a tintura de tornezol, escu-

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recer o papel de curcuma e dar á chamma do alcool a cor verde característica do acido bórico.

Os soffioni borbotando atravez d'uma massa d'agua determinam a solução d'uma certa quanti- dade d'acido bórico; é este o principio em que se basea a condensação do acido bórico na agua dos lagoni naturaes ou artificiaes.

O intermédio d'uma massa aquosa, em intimo contacto com os soffioni, ó imprescindível para a obtenção do acido bórico.

Se os jactos gazosos, ao surgirem do interior i

da terra, derem com um terreno secco ou mesmo húmido, os fios de agua dimanados da sua con- densação não conteem sequer vestígios d'acido bórico.

A mesma ausência d'acido bórico se nota nas terras circumjacentes aos soffioni, quando estes se escapam livremente para a atmosphera.

D'estes factos parece concluir-se que o acido bórico arrastado pelos soffioni se vae depositando nos canaes subterrâneos, e que a agua dos lagoni, pelos abalos e sacudimentos impetuosos imprimidos por aquelles ao penetrar nos canaes, lava-os e dis- solve o acido bórico.

A condensação do acido bórico nas aguas dos lagoni parece não effectuar-se, quando a pressão da agua nos canaes é demasiada, pois que os soffioni,

após uma lucta d'alguns dias ou d'algumas horas, em que não levam a melhor, são repellidos para o interior e abandonam o lagone snprajacente, creando uma outra saída.

De quando em quando, succède, porém, não abandonarem de todo o lagone, e então irrompem pela sua peripheria, onde a pressão não ó tão intensa como no centro, concebendo-se assim a possibilidade d'uma condensação.

É opportuno mencionar as razões em que se fundamenta a hypothèse acima enunciada.

Se, por quaesquer circumstancias, a cratera d'um soffione se obstrue, de maneira a impedir a sua saída para o exterior, o vapor, por effeito d'esta compressão, deposita na parte superior do canal, e, por vezes, em grande quantidade, uma substancia déstructura crystallina, unctuosa ao tacto e d'um sabor fresco e acidulo. Esta substancia 6 o poly- borato d'ammonio nativo, analysado ultimamente por Emilio Bechi, de Florença, que a denominou

larderellite, a que já alludi.

Os depósitos d'esta substancia apresentam-se sempre que haja compressão dos soffioni. Teem exactamente a forma tubular; a sua extremidade superior, de vez em quando obstruída, affecta uma forma accentuadamente mamillar, denunciativa da sua génese. Não é raro vêl-a entremeada de fra-

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gmentos destacados do terreno, onde se produziu o deposito, e que são ordinariamente schistos muito duros, desaggregados pela força do soffione.

Além d'esté argumento deduzido da constituição physica dos depósitos da larderellite e das cir- cumstancias do seu apparecimento, ha outro fun- dado na presença do acido bórico nas aguas de condensação dos soffioni, destinados ao aquecimento das caldeiras evaporatorias.

Quando se pretende aproveitar um soffione para a extracção do acido bórico, começa-se por desen- tulhar a sua cratera, depois do que se colloca uma chaminé quadrilatera de madeira, suficientemente alta, para dar saída aos vapores e gazes seus cons- tituintes, que, pela elevada temperatura que pos- suem, poderiam, sem esta precaução, causar quei- maduras d'excepcional gravidade uos operários em- pregados na construcção dos lagoni.

Feito isto, aplana-se o terreno circumjacente ao soffione, n'iiraa extensão variável com a importância d'esté, extensão que em certos casos adquire pro- porções notáveis afim de se utilisarem dois ou mais soffioni situados proximamente.

Em seguida, procede-se ao levantamento dum muro circular, feito de pedras schisto-aluminosas, cimentadas com cal magra e areia ou com pozzo-

lana, tendo uma espessura de 40 a 50 centímetros na base,. um diâmetro de 10 a 30 metros e uma altura não superior a 2 metros, para que a pressão exercida pela columna d'agua não obrigue o soffione a seguir um outro caminho. Na parte inferior d'esté muro, ha uma abertura de fácil obstrucção, des- tinada a dar vasante á agua.

Construido o lagone, retira-se a chaminé. Por um processo inteiramente semelhante, cons- troem-se outros lagoni, dispostos em series de seis a doze e mais, em plano inclinado, nos flancos d'uma collina, afim de permittir, pela simples acção da gravidade, a transvazação da agua d'uni tanque para o immediatamente inferior, visto que o seu con- juncto forma um verdadeiro systema de vasos com- municantes, devido a uma canalisação intermedia.

O primeiro lagone de cada serie — lagone di

ripresa — eache-se com agua d'uma fonte supraja-

cente, que, penetrando nas fendas, por onde reben- tam os soffioni, é violentamente repellida em con- sequência da forte tensão, cerca de duas atmos- pheras, de que estão animados, alcançando em poucos minutos a temperatura de 100°.

Depois de vinte e quatro horas d'uma continua . agitação, a agua passa para o lagone seguinte, repe- tindo-se os mesmos phenomenos; d'onde, volvido um egual lapso de tempo, se escoa para o immediate

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e assam successivamente até ter percorrido toda a serie.

Por estas passagens successivas, a agua attinge

uma riqueza d'acido bórico de 0,5 °/0, o máximo.

Attendendo a que a agua dos lagoni, quando entra em ebulição, retarda consideravelmente a condensação dos vapores do soffione, acarretando ao mesmo tempo perdas notáveis d'acido bórico, não sendo possível d'est'arte ultrapassar um certo grau de concentração, e sendo certo também que o contacto prolongado da agua com os soffioni augmenta grandemente a percentagem de saes es- tranhos, que vão inquinar os ciystaes d'acido bórico, a disposição seriada dos lagoni em plano inclinado tende a desapparecer, sendo substituída pela dos lagoni isolados.

Em acto continuo, é levada para uns reserva- tórios— vascas—da capacidade de 20 a 30 me- tros cúbicos, de pequena profundidade, onde pelo repouso se depositam todas as matérias terrosas em suspensão.

Estes reservatórios d'alvenaria são munidos de duas aberturas nas suas paredes, uma para dar saída ao deposito de lodo formado, a outra para o escoamento da agua já clarificada, que agora vae ser submettida a uma concentração em caldeiras proprias.

Durante muito tempo, o aquecimento (Testas effectuou­se á custa da combustão da madeira, rara n'estas paragens, e que, por isso mesmo, onerava immenso esta industria, tornando­a pouco lucrativa, e impossível de competir com a do borax das índias; com effeito, a producção diária de acido bórico em dez fabricas ascende a 4:000 kilogram­ mas, procedentes da evaporação de 1.330:000 kilo­ grammas d'agua borifera. Por estes números se calcula a fabulosa quantidade de combustível que seria necessário dispender para aquelle fim.

Obviou­se a este grave inconveniente, substi­ tuindo aquelle combustível pela propria energia calorífica dos soffioni, conforme o preceito de Mas­ cagny. N'este intuito, cava­se em redor do sof­ fione, cuja intensidade calorífica se procura utilisar, um fosso bastante largo, depois de ter obstruído a bocca cio soffione com diversas camadas de pedras, a ultima das quaes fica perfeitamente cimentada, de maneira a obrigar o soffione a seguir o trajecto d'uni canal quadrilongo d'alvenaria, que partindo do fosso, logo abaixo d'esta ultima camada, vae termi­ nar no local d'assentamento das caldeiras. É o

■soffione coberto a vespajo.

Se, por este processo, se consegue uma grande economia de combustível, perde­se também todo o acido bórico do soffione. Com a mira de obstar a

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este grande desperdício, estabeleceii-se um novo systema de lagoni, em que a par da economia de combustível, ha o aproveitamento do acido bórico.

São os chamados lagoni cobertos, de construcção pouco différente da dos primeiros.

Teem umas paredes espessas, cerca de um me- tro, providas de duas aberturas, uma, superior, para dar entrada á agua, outra, inferior, para lhe dar saída, supportando uma abobada d'alvenaria, que a Va da sua altura possue um orifício em commu- nicaeão com o canal quadrilongo, de que lia pouco fallei.

São de duas espécies os apparelhos evapora- torios.

Os antigos, actualmente caídos em desuso, com- punham-se d'uma serie de quatorze caldeiras, de 3 a 4 metros quadrados de superfície e de 35 cen- tímetros d'altura, communicando entre si por meio de syphões, supportadas por fortes vigas de madeira, assentes sobre um conducto d'alveuaria, no qual circulava o vapor do soffione.

A concentração operava-se gradualmente de bacia para bacia, attingindo na ultima o ponto de pelli- cula, necessário para a crystallisação.

tempo, é substituído por um outro mais simples, mais económico e de resultados satisfactorios.

Est'outro compõe-se d'uma grande caldeira de chumbo, de 120 a 130 metros de comprimento, de 25 de largura e de 0"',2 d'altura, levemente incli-

nada e com ondulações transversaes de 0m,55 em

0m,55, afim de obrigar os líquidos a percorrer len-

tamente uma via tortuosa, fixa, por meio de tra- vessas de ferro, a uma camará d'alvenaria, onde gira o vapor do soffione.

N'esta immensa superficie, o liquido, caindo em fio d'uma caldeira intermedia, adquire uma forte concentração.

Graças a esta nova disposição, a superficie eva- poratoria é de varias centenas de metros quadrados, permittindo evaporar cerca de 20:000 litros n'ura dia, com uma temperatura não excedente a 50°, requisito indispensável para evitar grandes perdas d'acido bórico por arrastamento.

Haveria um dispêndio enorme de combustível fossil—2:700 kilogrammas, pelo menos —, se este fosse o agente determinante da evaporação.

Quando a caldeira 6 nova, a evaporação eleva-se a uma cifra mais avultada; depois d'algum uso, esta torna-se menor em virtude de se formar uma crosta compacta e dura de sulfato de cal, que impede a repercussão integral, no liquido a eva-

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porar, da intensidade calorific» dos soffioni. Está annexa uma fundição de chumbo para reparar as deteriorações occasionadas ao limpar-se a caldeira da incrustação de sulfato de cal, limpeza que se faz com relativa frequência. Ao sair da caldeira, o liquido concentrado cáe gotta a gotta n'uni reser- vatório, aquecido egualmente por um soffione, onde attinge a densidade correspondente a 10° Beaumé (D =-1,075), passando em seguida para uns crys- tallisadores, formados por tinas de madeira, onde se leva a effeito a crystallisação. Ordinariamente reunem-se varias d'estas caldeiras parallelamente; o seu conjuncto constitue um forno, a cada forno cor- respondem umas certas vascas e um crystallisador.

O trabalho das caldeiras executa-se com toda a regularidade. De manhã, os operários impellem de umas canneluras para outras o liquido e conjun- ctamente o sulfato de cal pulverulento, que se pre- cipita. D'esta sorte, este vae-se accumulando até que, em sufficiente quantidade, se retira das cal- deiras, vasando-se em pequenas tinas, dispostas ao lado d'aquella, onde o liquido se clarifica; no dia seguinte, volta para a caldeira para ser convenien- temente concentrado, feito o que, se lança n'uma outra caldeira — caldeira de sal —, onde se clari- fica definitivamente, depois do que vae para o crystallisador.

E a operação da -scaldajata.

Após o arrefecimento de quatro dias, esvasiam-se as tinas do crystallisador ; a agua mãe, contendo uma regular percentagem de acido bórico, como se verá adeante, escôa-se para ura poço d'alvenaria. Então, retira-se o acido bórico das paredes e do fundo das tinas, que foram esvasiadas e colloca-se em cestos de vime, afim de perder a maior parte da agua interposta.

Decorridas algumas horas, submette-se a uma exsiccação n'uma estufa aquecida por uma corrente de vapor, proveniente d'um soffione.

O acido bórico, assim obtido, contém muitas impurezas variando na sua natureza e proporção, conforme a localidade d'onde se extrahiu.

Para que o acido seja o mais homogéneo pos- sível, misturam-se semanalmente os diversos pro- ductos obtidos nas différentes fabricas.

A agua mãe foi analysada cuidadosamente por Abich e Schmidt.

A analyse de Abich recaiu sobre uma agua mãe de proveniência desconhecida; a de Schmidt realisou-se sobre uma outra do Monte Cerboli.

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