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CAPÍTULO 02 – RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS ENTRE BRASIL E CHINA A

2.4 ACORDOS DE COOPERAÇÃO BRASIL E CHINA

A relação bilateral em ciência, tecnologia, inovação e comunicações vem acompanhando a evolução das relações diplomáticas desde sua organização, em 1971, onde foi intensificada a partir de 2004, com a criação da Comissão Sino- Brasileira de Alto nível de Concertação e Cooperação (COSBAN), que desempenha o mecanismo institucional de direcionamento das relações bilaterais, determinando metas para os próximos anos (MCTIC, 2018 et seq.).

Principais mecanismos bilaterais de cooperação:

59 A expressão joint-venture, refere-se a um tipo de associação em que duas entidades se juntam

para explorar alguma atividade, por um determinado tempo, e sem perder a identidade própria. Através dessa definição, qualquer sociedade, mesmo envolvendo pessoas físicas, poderia ser classificada como joint-venture. Todavia, a expressão se tornou mais conhecida para definir a associação entre duas empresas. O exemplo mais comum é aquele em que um fabricante forma uma joint-venture com uma firma comerciante de outro país para explorar o mercado estrangeiro. Mas não necessariamente precisa ser assim. “A China facilita a entrada no país para companhias que formem joint-ventures com empresas chinesas do mesmo setor, de modo a facilitar a transferência de tecnologia. Caso algum empreendedor queira se estabelecer na China sem se associar a nenhuma companhia local, enfrentará barreiras quase intransponíveis. No Brasil, em 1987, foi feita uma clássica joint-venture: a união entre a Volkswagen e a Ford, dando origem à Autolatina. Ambas mantiveram suas identidades e marcas, e a sociedade tinha um prazo determinado para se dissolver. Existem muitas joint-ventures conhecidas. Uma delas é a prestadora de telefonia móvel Vivo, fruto de uma joint-venture entre a Portugal Telecom e a espanhola Telefonica Móviles.” (WOLFFENBUTTEL, 2006).

 Acordo de Cooperação Científica e Tecnológica entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China, assinado em 1982, em atividade a partir de 1984;

 Criação da Comissão Sino-Brasileira de Alto nível de Concertação e Cooperação (COSBAN);

 Plano Decenal de Cooperação entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China (2012-2021), assinado em 2012;

 Plano de Ação Conjunta entre o Governo da República Federativa do Brasil e o Governo da República Popular da China (2015-2021), assinado em 2015;

Principais projetos bilaterais de cooperação:  Centro Brasil China de Biotecnologia;

 Centro Brasil-China de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia;

 Centro Brasil-China de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia;  Laboratórios Conjuntos Brasil-China de Ciências Agrárias;

 Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite).

As principais áreas de cooperação bilateral entre o Brasil e a China são a aeroespacial; biotecnologia; energias renováveis e biocombustíveis, cidades inteligentes, ciências florestais e agrícolas, desastres naturais, transformações climáticas, nanotecnologia, parques científicos e tecnológicos, políticas de inovação, tecnologia da informação e Comunicação (TICs), tecnologia do bambu60 e do ratã61, dentre outras.

60A China é o maior produtor de bambu do mundo ((MCTIC, 2018).

61 Ratã (Botânica) - Denominação comum às plantas trepadeiras do gênero Calamus, da família das

arecáceas, nativas da Índia, cujos estipes, semelhantes aos colmos dos bambus, são empregadas em artesanato trançado, além da grande utilidade na arquitetura e móveis (MICHAELIS, 2018).

2.4.1 Acordos de Cooperação em ciência e tecnologia

A troca e a cooperação científica e tecnológica internacional são componentes relevantes da política de abertura da China, que além de representar medidas de promoção ao desenvolvimento econômico e científico chinês, constituem partes importantes do país para o desenvolvimento de suas relações amistosas com os povos de outros cantos do mundo, bem como impulsiona o desenvolvimento das interações com outras nações (CHINA-EMBASSY, 2018 et seq.).

Desde o início da reforma e abertura para o sistema internacional, em conformidade com a orientação da política externa, de acordo com as exigências do desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país, tal como os princípios de igualdade, de benefício mútuo, de respeitar as normas internacionais, e outras questões, a China tem desempenhado pelo globo, através das relações bilaterais e multilaterais, a cooperação e o intercâmbio científico e tecnológico, tanto no âmbito governamental como no não-governamental.

2.4.1.1 Cooperação aeroespacial Brasil-China

No período de 1988, os satélites de sensoriamento remoto, tinham um alto custo para as nações em desenvolvimento. Onde acabavam dependentes das imagens fornecidas por equipamentos de países desenvolvidos. Assim, Brasil e China, em 1988, firmaram a cooperação espacial, através de um acordo de constituição do Programa CBERS (Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres). Por ser uma cooperação de caráter horizontal e por aceitar o desenvolvimento tanto de tecnologias como de capacitação de recursos humanos, direcionou-se diretamente aos objetivos estratégicos do Programa Espacial Brasileiro (AEB “b”, 2018; INPE, 2018).

Para o desenvolvimento de um programa de construção de dois satélites de sensoriamento remoto avançado, intitulado de Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite), foi firmada parceria com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e a CAST (Academia Chinesa de Tecnologia Espacial). Os

recursos financeiros e tecnológicos entre o Brasil e a China ultrapassaram a US$ 300 milhões, onde as responsabilidades foram divididas em 30% para o Brasil e 70% para a China, tendo como proposta a implantação de um sistema de sensoriamento remoto a nível internacional (INPE, 2018; ZHAO apud CEPIK, 2011).

No decorrer de mais de 30 anos de cooperação, o Programa CBERS deu origem a cinco satélites, como:

 CBERS – 1, lançado em 1999;

 CBERS – 2, lançado em 2003, e, tem as mesmas características do CBERS –  CBERS – 2B, lançado em 2007, com a substituição da câmera (IRS), a qual

compunha o CBERS – 1 e CBERS – 2 por uma de alta resolução (HR);

 CBERS – 3, lançado em 2013, mais evoluído que o CBERS – 1 e o CBERS – 2. Não alcançou êxito para chegar a órbita de destino, devido a uma falha no veículo lançador.

 CBERS – 4, lançado em 2014, com a mesma qualidade do CBERS – 3 (AEB “b”, 2018).

Os CBERS – 1 e 2 possuem a mesma constituição técnica, missão no espaço e em seus materiais que vão a bordo, como, câmeras, sensores, computadores e outros equipamentos de experimentos científicos. Em 2004, o CBERS – 2 deixou de funcionar, Brasil e a China decidiram construir o CBERS – 2B. O CBERS – 3 e 4 tiveram uma nova divisão de recursos entre o Brasil e a China, onde cada um ficou com 50% de responsabilidades. Esses dois satélites representam uma evolução em comparação aos CBERS-1, 2 e 2B. Algumas de suas características são: Câmera Pancromática e Multiespectral – PAN, Câmera Multiespectral Regular – MUX, Imageador Multiespectral e Termal – IRS, e câmera de campo largo – WFI, que têm um bom desempenho geométrico (INPE, 2018).

O satélite CBERS- 4 é exemplo da evolução da tecnologia brasileira proporcionada pelo programa espacial. As imagens da câmara MUX, foi projetada e construída no Brasil pelo INPE, através de um método que monitora, culturas agrícolas anuais, algumas aplicações específicas que não são possíveis com satélites de alta resolução, devido as faixas de imageamento serem mais estreitas. As câmeras ópticas (MUX E WFI) são brasileiras e a (PAN e IRS) são chinesas, a

resolução espacial que apresentam tem destino a monitorar desmatamentos, queimadas, nível de reservatórios, desastres naturais, expansão agrícola, entre outras coisas.

2.4.1.2 Cooperação em Nanotecnologia Brasil-China

O centro de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia Brasil-China foi criado em 13 de fevereiro de 2012, pela Portaria 117, e tem como foco principal, coordenar atividades que envolvem a cooperação Brasil-China em áreas de nanotecnologia; promover o desenvolvimento científico e tecnológico das análises e implementações de materiais nanoestruturados; avançar a pesquisa em nanotecnologia, melhorando a capacitação científica, com vista em explorar resultados do desenvolvimento relacionados as implicações tecnológicas; e, criar programas para empresas no Brasil que desenvolvem em áreas de nanomateriais (MCTIC, 2018 et seq.).

A Coordenação Geral de Desenvolvimento e Inovação em Tecnologias Habilitadoras é órgão de coordenação central do Centro de Pesquisa e Inovação em Nanotecnologia Brasil-China. A sede para pesquisas desta cooperação é o Laboratório Nacional de Nanotecnologia – LNNano do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais – CNPEM.

Os projetos que estão sendo desenvolvidos nesta parceria Brasil-China pelo laboratório (LNNano) são:

 Projeto Biosafety - Verificação da Toxicidade do Carvão Ativo Nanoestruturado: Caracterização da Nano-Bio Interface e Impactos da Interação com Poluentes Ambientais. Alguns parceiros são: Universidade Federal do Ceará e Peking University;

 Computational Design of Nanostructured Materials for Environmental Applications at Extreme and Harsh Conditions. Alguns parceiros são: Universidade de São Paulo (USP) e Institute of Solid State Physics, Chinese Academy of Sciences;

 Nanomateriais e Nanocompósitos para a Descontaminação Ambiental. Alguns parceiros são: Universidade Federal de Santa Catarina /LINDEN e National Engineering Research Center for Nanotechnology (NERCN), Embrapa e National Center for Nanoscience and Nanotechnology (Beijing);

 Nanodispositivos para detecção ambiental e bioprospecção de Leveduras Negras de interesse clínico e biotecnológico. Alguns parceiros envolvidos: Universidade Federal do Paraná (UFPR/LCNANO) e Peking University/Sun Yat-Sen University;

 Obtenção de nanofibras de carbono ativado a partir de híbridos de lignina e nanopartículas. Alguns parceiros são: Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN) e Dunghua University (Shanghai);

 Biomedical Applications of Nanomaterials. Alguns parceiros são: UFPE/ UNESP e Shenzhen University (Shenzhen).