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CAPÍTULO 02 – RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS ENTRE BRASIL E CHINA A

2.3 HISTÓRICO DIPLOMÁTICO BRASIL – CHINA

2.3.5 Foros Multilaterais

Com relação aos organismos multilaterais, o Brasil e a China são membros do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), do G5 e do G20. Em 2010, o

presidente Hu Jintao esteve no segundo encontro da cúpula dos BRIC (até esse momento, a África não era componente), que foi realizado em Brasília. Nesse mesmo ano, foi realizado no Rio de Janeiro, o foro das relações bilaterais e multilaterais, como o “Brasil-China: Estratégias de Cooperação e Integração”, pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), e também, pelo Instituto Brasileiro de Estudos da China, Ásia e Pacífico (MARTINS, 2011).

Ambos os países desempenham cada vez mais, grande relevância no cenário internacional, ao passo que assumem ações de influência no desenvolvimento de suas regiões e em dilemas de nível mundial. Em diversas ocasiões Brasil e China têm se posicionado de maneira similar em assuntos atuais, e os mesmos, mantém- se influentes em temas como a reforma da Organização das Nações Unidas (ONU), a nova estruturação do sistema financeiro mundial e impactos na mudança climática. 2.3.5.1 O Brasil, a China e os Brics – cooperação internacional com os emergentes

A partir do século XXI, as principais potências emergentes têm buscado estabelecer coalizões para atuar no plano internacional. A mais influente que atua no campo da política internacional, é o Brics. O Brics, através de seus integrantes, comporta duas organizações de importância mundial sendo, a Organização para a Cooperação de Xangai (OCX) e o Ibas, Fórum de Diálogo Índia, Brasil e África do Sul. A primeira, foi criada em 1996, é composta por China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tadjiquistão e, em 2001, o Uzbequistão, e é referente a geopolítica eurasiana. A segunda, foi instituída em 2003, e está centrada na Cooperação Sul- Sul (VISENTINI, 2013).

O conceito de BRIC, começou com o relatório elaborado em 2001, intitulado de Bulding Better Global Economic BRIC, pelo então economista-chefe do banco Goldman Sachs, Jim O’Neill. O estudo analisava as perspectivas de crescimento econômico do Brasil, Rússia, Índia e China, através do ritmo de crescimento de cada país e o tamanho de sua população. Com base nessa observação, o documento sinalizava que os países do BRIC (sem a África do Sul), se consolidariam ainda num prazo próximo, entre as maiores economias do mundo. Nesse período foram

levantadas diversas indagações por especialistas tanto na área de economia quanto na área de política, sobre a heterogeneidade desses países (OLIVEIRA, 2012).

Em 2006, foi criado o grupo do Bric para reunir os mais importantes países emergentes do globo. Em 2011, durante a terceira cúpula, a África do Sul foi anexada ao bloco, sendo denominado de Brics. O grupo tem o propósito de aprofundar as relações entre os seus componentes e conduzir posicionamentos em foros multilaterais. Os membros do Brics têm como objetivo principal utilizar o Brics como um simbolismo do “Sul Global” em oposição ao “Norte Global”. Portanto, esse foi um dos motivos da entrada da África do Sul para desempenhar este papel (RIBEIRO et al., 2015).

Na visão brasileira, o Brics representa a realização de uma estratégia que, ainda antes da conjuntura da crise econômica e financeira internacional, tinha objetivos implícitos de sua política externa. Que era contribuir para um sistema internacional multipolar controlado por organizações multilaterais tendo como principal prioridade o desenvolvimento social e econômico. No início, o Brics era um conceito que serviu como uma forma de notoriedade internacional para o Brasil. A partir do Governo Lula, em 2003, este conceito se tornou uma perspectiva estratégica da nação. Com a diplomacia afirmativa nas relações multilaterais e bilaterais, aos países da OCDE58, compõe os eixos da integração sul-americana, a Cooperação Sul-Sul e as parcerias estratégicas com as potências emergentes (VISENTINI, 2013).

Contudo, foi na crise financeira global de 2008, que a discussão do papel do BRICs ganhou relevância. O teor da crise acabou despertando a ideia de que os países centrais perderiam espaço para a China e outras economias emergentes, as quais, estariam desafiando a posição hegemônica dos Estados Unidos e da Europa. Consequentemente, a crise solidifica o novo papel do G20, com a cúpula de 2008 incluindo os chefes de Estado do BRICS para negociar prováveis saídas. Em 2009, ocorreu a primeira cúpula do BRICS na Rússia, vindo em seguida diversas cúpulas anuais que foram dando molde e conteúdo ao agrupamento com uma finalidade, além de uma identificação de mercados. Todavia, com os países centrais em crise, o 58 OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico, criada em 1961 e possui

36 membros, que aceitam a democracia representativa ou economia de mercado. Alguns países participantes são: Áustria, Alemanha, Espanha, Canadá, Estados Unidos, México, e outros.

BRICS despertou a discussão sobre hegemonia, no início do século XXI, e por esse motivo, ganhou grande significância. (GARCIA, 2017, p. 375).

Em se tratando de áreas da comunidade internacional, o tema conceitual do BRICS é questionado pelo Brasil. As características econômicas dos componentes do grupo são diversas entre si, e assim também, os seus interesses comerciais. Por exemplo, a Índia exporta serviços como software, a China manufaturas, a Rússia vende como principal pauta petróleo, a África do Sul exporta ouro e diamantes, além de ser um ator estratégico na produção de commodities, e o Brasil é exportador em grande nível de produtos agrícolas e, também, é um ator fundamental nas negociações sobre desenvolvimento sustentável (HURRELL, 2011; PRETO, 2011)

A China considera os países do BRICS como parceiros estratégicos direcionados ao desenvolvimento, e também, das trocas de informações de assuntos mundiais em prol da reforma do ambiente internacional. Porém, tem consciência das diferenças e atenções para com os seus membros. A China, compreende o BRICS como uma força no sistema internacional de cooperação e de crescimento, e não como um poder de impedimento coletivo (NIU, 2013).

As políticas monetárias sãos diferentes. No entanto, esses países representam a massa crítica, e são considerados países emergentes em um processo rápido de desenvolvimento, bem como representam países com capacidade de concentrar um certo poder, num sistema multipolar. (…) Os BRICS não constituem uma aliança, e sim, um foro significativo de contatos de importantes países emergentes que dividem interesses face a países ricos e que abrangem de maneira positiva, o fenômeno do multilateralismo. (…) (PRETO, 2011).