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3. Micologia Ambiental e Sáude Pública

3.3. Actividade física em piscinas

Por razões históricas, culturais ou fisiológicas, a natação é considerada a actividade física por excelência. É considerado um dos desportos mais populares. O lado recreacional da natação e as considerações de saúde a ela associadas tem-se reflectido num aumento da construção e utilização das piscinas, por todo o mundo (PWTAG, 1999). A procura das piscinas para actividades desportivas, recreativas e terapêuticas tem conhecido um grande desenvolvimento e é incentivada a vários níveis, como prática salutar, quer em termos de desenvolvimento físico, quer em termos lúdicos (Directiva CNQ 23/93. A qualidade das piscinas de uso público.)

A natação é uma das actividades físicas mais completas, é excelente forma de descontrair e uma vez que força todos os músculos do corpo humano a trabalhar de forma equilibrada possibilita uma boa manutenção física e consequentemente bem-estar físico e mental. Também é benéfica para a coluna vertebral e fortalece os músculos das costas, sobretudo da região lombar. Tem sido também indicada para fortalecer o músculo cardíaco, pelo que por vezes é recomendada aos doentes com patologias cardiovasculares. Estas vantagens da natação e a poluição que afecta muitas das nossas praias são algumas das razões para o aumento do número de pessoas a frequentar as piscinas (Rabi et al., 2007).

Actualmente, há semelhança de outros países europeus, em Portugal, tem-se observado um número crescente de pessoas que utiliza as piscinas como meio de lazer, desporto, manutenção da saúde ou como terapia (Gaspar, 2007).

O estudo de Gudnadóttir et al. (1999), sugere que as onicomicoses dos pés são três vezes mais frequentes nos nadadores do que no resto da população da Islândia. Existe uma elevada prevalência de Tinea pedis entre os que utilizam frequentemente piscinas e outras instalações de banho comum. O estudo confirmou a presença de contaminação por dermatófitos nas superfícies das picinas, o que indica uma possível fonte de infecção.

Este trabalho incidirá sobre a actividade em piscinas, que segundo o Decreto- Regulamentar nº 5/97 “Piscinas são tanques artificiais concebidos e apetrechados para

actividades natatórias e derivadas, designadamente para o banho com fins lúdicos, desportivos, de jogo ou de lazer ou destinados a tratamento termar e fisioterapia”.

Existem vários tipos de piscinas consoante os critérios de classificação utilizados, nomeadamente, piscinas ao ar livre, cobertas, municipais, terapêuticas, olímpicas, jacuzzi entre outros. As piscinas cobertas propiciam a utilização destes espaços durante todo o ano, deixando de ser uma actividade sazonal. São utilizadas por uma grande variedade de pessoas, deferindo em idade, estado de saúde e padrões higiénicos (Leoni et al., 1999).

Estas instalações apresentam, condições propícias ao desenvolvimento de microrganismos, uma vez que a água é um bom meio de transmissão e dado que a piscina é um sistema dinâmico em que existe uma interacção permanente entre pessoas, microrganismos, renovação e tratamento da água. A viabilidade dos fungos é condicionada por múltiplos factores ambientais, como temperatura, humidade, pH, nutrientes disponíveis; sendo estes factores considerados de risco presentes nas piscinas (Leoni et al., 1999).

As piscinas contém geralmente, água potável, com um tratamento adicional, mas podem também conter água termal ou água do mar. A água é um conhecido meio de transmissão de microrganismos de origem aquática ou originados por contaminação ambiental ou humana. Mesmo utilizando nas piscinas água isenta de microrganismos potencialmente patogénicos, o facto de ser utilizada em simultâneo por um variado número de pessoas existe sempre a possibilidade de contaminação dessa água.

A exposição a fungos filamentosos apresenta consequências para a saúde humana e existe uma crescente atribuição dos fungos como causa de alergias e infecções. Pensa-se que o principal modo de infecção fúngica é através da inalação de conídeos a partir do ar interior contaminado. No entanto, vários estudos sugeriram que pode ocorrer contaminação por inalação dos fungos através dos aerossóis da água (Hageskal et al., 2006).

A falta de manutenção adequada da água das piscinas, permitindo condições adequadas para proliferação de microrganismos, é um dos principais factores para a transmissão de doenças aos utilizadores destes recintos. Os critérios microbiológicos relativos à àgua de piscinas não são universalmente padronizados e a clássica questão da determinação de parâmetros básicos, como a determinação do número de coliformes tem sido substituída pela pesquisa de indicadores mais específicos.

Os utilizadores infectados podem contaminar directamente a água da piscina em número suficiente de microrganismos patogénicos primários, especialmente fungos e vírus, os quais podem, consequentemente, levar a infecções de pele e de membranas mucosas.Por outro lado os utentes destes espaços podem ser infectados devido à possibilidade de ingestão directa da água ou inalação de aerossóis especialmente em água aquecida (Menezes & Silva, 2004).

Os fungos encontram o seu habitat ideal em locais húmidos com temperaturas que oscilam entre os 20 e os 28 ºC, sendo a temperatura um dos factores para a presença de fungos em saunas, ginásios e piscinas, Devido às suas características são capazes de permanecer no interior dos esporos, no estado vegetativo durante muito tempo, até que se propiciem as condições adequadas ao seu desenvolvimento.

Os locais onde existe maior risco de contaminação por fungos são onde se anda descalço, como saunas, vestiários e piscinas. Nos locais onde os utentes tomam banho antes de entrar na piscina pode converter-se num local de risco de crescimento fúngico se não forem seguidas as condições de higiene adequadas (Pérez, 2009).

Gudnadóttir et al.( )demostraram num estudo realizado em 1999, que além destes fungos existe a presença de contaminação dermatófitca no pavimento de piscinas e de balneários, justificando desta forma uma possível via de contaminação. Além da contaminação no pavimento de piscinas causadas por dermatófitias, foram também isolados outros fungos nessas superfícies, nomeadamente fungos filamentosos não dermatófitos e leveduras (Brandi et al., 2007), sugerindo que elevada diversidade de espécies fúngicas poderão ser veículadas através do contacto de superfícies contaminadas.

A transmissão, do mesmo modo que noutras infecções, pode ser directa ou indirecta. A transmissão é indirecta quando se faz através de objectos que foram contaminados, como é o caso de toalhas e chinelos usados nas piscinas.