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10.1 OS ACTORES NO SISTEMA DE ACÇÃO LOCAL: DA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE À PARTICIPAÇÃO NAS TOMADAS DE

10 IDENTIDADE, PERTENÇA E PARTICIPAÇÃO

10.1 OS ACTORES NO SISTEMA DE ACÇÃO LOCAL: DA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE À PARTICIPAÇÃO NAS TOMADAS DE

DECISÃO

10.1.1 - A construção da identidade

O desenvolvimento societário, associado às crises do modelo democrático, tem levado, a partir das últimas duas décadas do século XX, à emergência de uma nova consciência identitária, que se tem articulado com um sentimento de pertença a uma colectividade e cujo espaço social e cultural varia, do simples espaço local ao espaço supranacional, em que a União Europeia se tem vindo a tornar, cada vez mais, num exemplo a seguir por parte dos cidadãos europeus.

Todavia, os regimes democráticos, ao remeterem a sua existência para a responsabilidade dos cidadãos, vão exigir-lhes uma maior participação política, que hoje varia do simples acto de votar aos complexos actos de governar e de decidir.

Se essa responsabilização não existir, então o governo, que exerce o seu poder num dado território, apresenta-se-lhes artificial ou estranho, não havendo

representatividade dos dirigentes nem uma livre eleição dos dirigentes pelos dirigidos.1

Por outro lado, as democracias liberais contemporâneas são as grandes responsáveis pelo conceito de cidadania.

Embora tal conceito se reporte directamente ao Estado, Michael Walzer (1983) toma-o num sentido mais alargado e abrangente, para se referir ao direito de pertença que um cidadão possui face a uma comunidade.

Este sentimento de pertença traduz-se num conjunto de direitos, deveres e garantias, ou seja, um conjunto de diferenças que são reconhecidas por aqueles que pertencem a uma comunidade, em relação aqueles que lhe são estranhos.

É com base nesse reconhecimento que a pertença “governa a formação de

exigências democráticas”.1 No entanto, é de realçar o facto de que esta pertença não é feita em termos de dependência, sendo definida em termos de direitos.

Esta consciência de pertença caracteriza-se por possuir dois aspectos complementares entre si:

• a consciência de ser cidadão;

• a consciência de pertença a uma comunidade

O primeiro aspecto refere-se à consciência de ser cidadão. Esta tomada de consciência que emergiu durante a Revolução Francesa veio a traduziu-se na dupla vontade de sair do Ancien Régime e da sujeição;

O segundo aspecto prende-se com a consciência de pertença a uma comunidade. Contrariamente ao que se poderia supor, esta consciência de pertença a uma comunidade não se vai opor à mera limitação do poder, tornando-se, na sua forma, complementar na medida em que os indivíduos e as colectividades possuem autonomia de gestão para além de deterem personalidade colectiva. Por outro lado, essa pertença a uma comunidade assume um papel defensivo de uma consciência democrática, se tal vier a contribuir para a libertação do sujeito de uma dominação social e política.

A temática relacionada com a identidade social tem vindo a aumentar de um modo geral nas Ciências Sociais e na Sociologia em particular. Trata-se de um facto social que se tem vindo a desenvolver em todas as partes do mundo e em quase todos os sectores da vida social, revelando-se através de reivindicações e de movimentos sociais, de carácter nacional, regional, local ou étnico-cultural que reivindicam a defesa de uma identidade, independentemente da sua natureza colectiva ou pessoal.

Do ponto de vista da Sociologia, esta questão merece, antes de tudo, uma certa reflexão. O seu ponto de partida parece ser claro. “O apelo à identidade é um apelo a uma definição não social do actor social”.2 Isto significa que o actor é definido pelo conjunto de relações sociais que produz e nas quais se integra. Este papel, segundo Alain

1 - idem

Touraine1 tanto pode ser localizado ao nível das estruturas e das relações de classes, como pode assumir contornos de relações interpessoais.

Este apelo à identidade surge como uma recusa da mera definição social dos papéis que o actor deve desempenhar e não tanto como uma mera recusa dos papéis sociais.

Teria sido, então, a existência de um garante meta social da ordem social – a pertença a uma comunidade que se orienta por determinados valores, por exemplo – que tem servido de apoio ao apelo identitário.

Nas sociedades contemporâneas esse apelo à identidade tem vindo a ser feito em

referência a uma força infrassocial de carácter natural.2

Para a corrente estrutural-funcionalista norte-americana, de onde sobressaem os trabalhos de Talcott Parsons, todas as sociedades necessitam de constituir uma

comunidade que seja detentora de níveis adequados de integração e participação 3. O

sistema cultural é, assim, apresentado como o responsável pela legitimação da comunidade societária, através de um sistema de simbolismo constitutivo que fundamenta a identidade, a solidariedade, as crenças, os rituais e outros componentes culturais que corporizam esse simbolismo.

Deste modo, a auto-suficiência de uma sociedade inclui o facto de possuir capacidades para institucionalizar uma amplitude suficiente de componentes culturais, de forma a dar resposta, de maneira relativamente satisfatória, às suas exigências societárias.

A comunidade societária deve, então, ser entendida como uma relação entre dois factores: por um lado, através de uma ordem normativa, por outro, através de uma população organizada de forma colectiva.

No aspecto normativo encontram-se as normas e os valores. Os valores que devem ser entendidos como os elementos primários que servem de ligação entre o sistema cultural e o social ao mesmo tempo que são os responsáveis pela regulação e manutenção dos padrões caracterizadores de um sistema social. As normas, que são

1 - idem

2 - idem

3 - Cf. PARSONS, Talcott (1966) - Societies – Evolutionary and comparative perspectives. New Jersey:

basicamente integradoras, possuem um carácter fundamentalmente social, podendo evoluir para o sistema legal nas sociedades mais desenvolvidas.

A colectividade é apresentada por Parsons como a categoria da estrutura intra- social, e o seu funcionamento é feito tendo como referência a realização efectiva dos indivíduos, em nome do sistema social em que se integram. O papel é a categoria da estrutura de limite e possui uma função adaptativa. Parsons conclui que, dentro de certos limites, qualquer colectividade colocada em determinada situação, ou a realizar determinada função, será regulada por um conjunto de normas, independentemente de outras características.

Mais recentemente, Manuel Castells1 considera que as estruturas sociais

emergentes nos domínios da actividade e experiência humana nos levam a concluir que as funções e os processos dominantes na era da informação estão cada vez mais organizados em torno de redes.

Nestas redes, a distância varia entre zero, para os componentes de uma mesma rede, e o infinito, para os componentes de redes que não se interligam. Devido a estes factores, o processo de trabalho apresenta-se cada vez mais individualizado, e a mão-de- obra mostra-se comprometida com o resultado, mais distribuída geograficamente e operando numa divisão de trabalho, que privilegia os atributos e capacidades de cada trabalhador ao invés de focar na organização da tarefa. Castells afirma, ainda, que os processos de transformação social sintetizados no tipo ideal de sociedade em rede ultrapassam a esfera das relações sociais e técnicas de produção: afectam a cultura e o Poder de forma profunda.

Por outro lado, a liderança é personalizada, e a formação da imagem é a forma de gerar Poder, independentemente do tipo de actores políticos e das suas preferências, estando presentes no jogo do Poder praticado através dos media .

A identidade consistiria, assim, num processo de construção do significado, baseado num atributo cultural ou num conjunto de atributos culturais que se mostram interrelacionados, e que vão prevalecer de forma duradoura sobre outros conjuntos de significados, podendo o indivíduo ou o actor colectivo assumir identidades múltiplas.

Pelo facto da existência dessa característica múltipla de identidades verifica-se a

emergência de situações de tensão e conflito que envolvem os aspectos relacionados com a sua auto-representação no que concerne aos processos de acção social.

Por outro lado, e porque têm surgido inúmeras confusões entre identidade e papel social, há que proceder à sua separação e clarificação.

Enquanto os papéis sociais se definem por um conjunto de normas que são estruturadas pelas diversas instituições e organizações existentes na sociedade, assumindo uma relativa importância nos actos que os indivíduos ou os actores sociais realizam. A influência que os papéis exercem sobre esses comportamentos encontra-se, pois, na estrita dependência dos processos de negociação e dos acordos existentes entre os indivíduos e as próprias instituições ou organizações em que se inserem.

Em contrapartida, as identidades constituem-se em fonte de significados para os próprios actores sociais, sendo eles os próprios construtores dessas identidades, a partir de processos de individualização.

Todavia, como realça Manuel Castells, as identidades também podem ser produzidas a partir de instituições que sejam dominantes no campo societal. Contudo, tal só se torna possível a partir do momento em que os actores sociais passem a interiorizar

o seu significado.1

A identidade é, assim, a fonte de significado e experiência de um povo, com base em atributos culturais relacionados que prevalecem sobre as outras fontes. Não se deve confundi-la com os papéis sociais, uma vez que estes são os responsáveis pela determinação de funções, ao passo que identidade organiza os significados.

A construção da identidade encontra-se na dependência da matéria-prima proveniente da cultura obtida, que é processada e reorganizada de acordo com a sociedade. Deste modo, para Manuel Castells, existe uma distribuição entre três formas e

origens de construção de identidades: 2

A identidade legitimadora: cuja introdução é feita ao nível dos que dominam e cujos objectivos assentam em mecanismos para expandir e racionalizar a sua dominação sobre os actores sociais. Aplica-se às várias teorias existentes sobre o nacionalismo;

A identidade de resistência: criada por actores contrários à dominação actual, ou

1 - Cf. CASTELLS, Manuel (2003) - O Poder da Identidade, Lisboa., Fundação Calouste Gulbenkian, p. 3 2 - idem, p. 4

em condições de subalternidade, nomeadamente de desvalorização e/ou estigmatizadas pela própria lógica de dominação e que criam resistências com princípios diferentes ou opostos às próprias instituições societais;

A identidade de projecto: quando os actores, recorrem a qualquer tipo de material cultural, e a partir daí constroem uma nova identidade que vai redefinir a sua situação na sociedade, ao mesmo tempo que contribui para a mudança social, em toda a estrutura social.

Estas três formas e origens da construção da identidade não irão, como é óbvio, desaguar em formas rígidas de identidades, ou seja, nenhuma identidade é por si mesma uma essência, nem guarda em si mesma aspectos progressistas ou conservadores se se encontrar fora do seu contexto histórico.

Assim sendo, uma identidade de resistência pode acabar como identidades de projecto ou até mesmo em identidades legitimadoras, tornando racional a sua dominação.

Cada tipo de identidade leva a resultados distintos:

a identidade legitimadora dá origem a uma sociedade civil, com organizações

e instituições e a um conjunto de actores sociais que se mostram estruturados e organizados e que são os responsáveis pela reprodução, não raras as vezes de forma conflituosa, a identidade racionalizadora das fontes de dominação estrutural;

a identidade de resistência é a grande responsável pela formação das

comunidades. Parece ser esta forma de identidade a mais importante nas nossas sociedades. É esta forma de identidade que está nas origens das formas de resistência colectiva a formas de opressão, levando À construção de uma identidade com cariz defensivo perante as instituições e as ideologias dominantes, invertendo o julgamento de valores e contribuindo para o reforço dos limites de resistência;

a identidade de projecto produz sujeitos, atingindo o seu significado pela sua

experiência. Os sujeitos embora constituídos a partir de indivíduos, não são indivíduos. São constituídos pelo actor social colectivo, através do qual os indivíduos adquirem, através da experiência, alcançam o significado holístico

na sua experiência1.

As identidades, em relação aos processos como foram construídas, devem ser vistas enquanto dependentes do contexto social. Neste caso, mostra-se inserida na emergência da sociedade em rede, que traz à tona novas formas de transformações sociais.

Da análise da legislação existente em Portugal sobre as autarquias, verifica-se que essa mesma legislação apresenta um reconhecimento explícito sobre a enorme importância que a dimensão local apresenta na problemática do desenvolvimento e nas formas da sua promoção, que é remetida para as atribuições e competências dos municípios.

Esta dimensão local do desenvolvimento assume lugar central na medida em que poderá dar resposta, não só às denominadas necessidades básicas das populações, como poderá apresentar as soluções mais convenientes face aos problemas específicos de cada comunidade.

Deste modo, a dimensão local do desenvolvimento apresenta-se como detentora de um significado tão pertinente quanto a sua dimensão global.

A dimensão local do desenvolvimento ao apelar à participação das próprias comunidades locais nos processos de desenvolvimento, contribui para que essa participação se torne numa condição primordial e única para que se verifique a diminuição, ou até mesmo a resolução, das necessidades locais.

Estas comunidades locais, são definidas como sendo comunidades que são detentoras de formas particulares de um conjunto de relações sociais, económicas, políticas, culturais e simbólicas, fundadas na variedade e na complexidade de redes sociais, que ultrapassam as relações familiares e de vizinhança.

Essas comunidades locais poderão, ainda, ser detentoras de diversas e diferentes comunidades de interesses que, por sua vez, poderão possuir no seu interior elementos provenientes de outras comunidades locais. Existem “(...) tantas «comunidades de interesses» no mundo urbano ou metropolitano quantos os conjuntos de interesses e

1 - idem, p. 7

actividades. ”.1

Os vários actores, ao formarem comunidades de interesses, procuram satisfazer um conjunto de necessidades: primeiro, as suas próprias necessidades; segundo, as necessidades da comunidade local em que se encontram. Paralelamente a esta procura, os actores desenvolvem processos de mobilização das camadas da população para uma participação directa e activa cujos objectivos se centram na tentativa de alcançar a satisfação das suas necessidades, através de projectos colectivos tendentes para o desenvolvimento da sua comunidade.

Em termos operatórios, e no que se refere à delimitação territorial de desenvolvimento, as comunidades locais coincidirão, em Portugal, com os territórios dos municípios, uma vez que estes, para além de apresentarem uma correspondência de Poder em termos territoriais, possuem autonomia financeira, estão investidos de competências ao nível das decisões e estão mais próximos dos contextos socio- comunitários onde se verifica a insatisfação das necessidades básicas das populações.

Deste ponto de vista, salienta-se o facto deste conceito de comunidade estar bastante afastado dos conceitos anteriores, que relacionavam a comunidade com o modelo de aldeia.

As comunidades de interesses são constituídas por grupos de pessoas, os actores sociais – individuais ou colectivos – que partilham “uma co-presença, uma co-vivência, uma coexistência, uma co-preocupação e uma intencionalidade comum ou um projecto”.2

Saliente-se, contudo, que as próprias comunidades locais possuem no seu interior um conjunto de interesses diferentes e diversificados que são o resultado do agregado de contradições da estrutura societária geral e que reflectem, no interior da comunidade, as manifestações de exercício formal e informal de Poder.

A comunidade local apresenta como limites, “em sentido mais estrito, aqueles que resultam de delimitação político-administrativa em função da qual é exercida a «autonomia municipal». Em sentido lato, os limites territoriais terão de ser encontrados na expressão espacial da rede de interacções socio-comunitárias dos membros das

1 - WORSLEY, Peter, (1977) – Introdução à Sociologia, Lisboa., Publicações Dom Quixote, (3ª ed.), p.

378

respectivas «comunidades de interesses» (...)”.1

10.1.2 - A participação

A participação dos actores sociais nos regimes democráticos começou há muito a ultrapassar o mero acto eleitoral.

De cariz autónomo e voluntário, a participação dos actores sociais assume contornos de concretização a partir do momento em que estes se envolvem na resolução dos seus próprios problemas e na concretização de objectivos comuns, e que só serão alcançados através da formação e da consolidação das comunidades de interesses.

Por outro lado, a participação é uma clara alternativa à exclusão, ultrapassando

ainda a mera e redutora recolha de opiniões individuais.2

Longe de se tornar numa garantia suficiente que legitime as verdadeiras necessidades do grupo, o processo de participação poderá ainda ter de enfrentar um conjunto de mecanismos de cariz sócio-institucional que poderão dificultar a consciencialização dos indivíduos ao nível das próprias necessidades não satisfeitas e que poderão ficar recalcadas.

As sociedades onde a repressão é inexistente, contribuem para uma maior consciencialização em torno das necessidades não satisfeitas. Pelo contrário, as sociedades onde a repressividade se faz sentir, contribuem para que esse tipo de consciencialização seja menor. A esse facto não ficam alheios os seguintes aspectos:

a natureza da interiorização que é o resultado inevitável do próprio processo

civilizacional;

• os obstáculos que se apresentam como barreiras à tomada de consciência das

necessidades;

a natureza da satisfação das necessidades com o risco de deslocamento para

áreas como o consumo ou para a alienação de cariz socio-político.3

1 - idem. p. 27

2 - idem, p.28 3 - idem

O processo de participação, para que decorra em pleno, poderá pressupor a existência de um conjunto de processos de informação e de formação para a participação, em que os líderes naturais e a população em geral constituem os seus destinatários. Também a animação das comunidades de interesses se mostra crucial para o seu êxito.

Desta ordem de ideias, a participação poderá assumir dois figurinos. O primeiro encontra-se intimamente relacionado com formas de colaboração com iniciativas tomadas pelo Poder e que estão presentes nas diferentes escalas territoriais., podendo, contudo, apresentar contradições entre si.

O segundo mostra-se em oposição ao anterior. Ou seja, a participação pode assumir aspectos organizativos e expressivos de interesses que se apresentam contrários à iniciativa que tem origem no Poder.

A crise e as soluções para a sua superação vão despoletar uma exigência ao nível

da procura em torno de “novas formas de mobilização do potencial humano”1.

Normalmente, as retomas económicas tardam em aparecer, e quando surgem já não apresentam as formas do desenvolvimento anterior. Há, pois, que enveredar pela procura de soluções para os graves problemas que afectam as zonas industriais em crise e as zonas rurais em declínio acelerado.

Ou seja, torna-se necessário que o desenvolvimento. de iniciativa local. seja orientado para a invenção de novos mecanismos de regulação, uma vez que o sistema instituído não conseguiu produzir as soluções adequadas.

Deste processo de procura de soluções podem surgir, entre outros, os incentivos à criação de novas empresas, o estímulo à criação de projectos empresariais inovadores e a multiplicação de acções tendentes a revitalizar e a dinamizar os tecidos socio- económicos locais.

Como refere José Arocena “esta capacidade de iniciativa emerge de um contexto de crise e faz o apelo à larga mobilização dos actores locais. O efeito sobre o desenvolvimento das sociedades locais é múltiplo.”2

Esse efeito múltiplo, a que o citado autor faz referência, pode ser visto quer

1 - AROCENA, José (1986) - Op.cit., p. 14 2- idem, p. 15

através do recurso à utilização de indicadores sobre a criação de empregos permanentes ou sobre o aumento do volume da actividade económica, como é possuidor de uma capacidade de movimentação, uma vez que a grande parte deste tipo de acções faz apelo ao conjunto das populações de um dado território.

No entanto, existe uma série de exigências com que a acção local se depara, e que se manifesta na procura de novas formas de regulação social, a que Arocena (1986) considera como sendo as constituintes da “base dos processos de génese dos actores sociais”1 e que são apontadas como sendo:

a reconstituição, ou seja, os indivíduos ou os grupos procuram as suas

pertenças, o mesmo será dizer que indivíduos ou os grupos reconhecem-se como pertencentes a uma comunidade e agem dentro de uma vivência local colectiva;

a mobilização, isto é, os indivíduos ou os grupos exprimem, de maneira

diferente, as suas representações do desenvolvimento, assim como agem sobre as representações feitas pelos outros actores;