• Nenhum resultado encontrado

Ainda exercendo o mandato de vereador, o comprometimento de Iris Rezende com o PTB durou tanto quanto o afastamento deste do PSD. O PTB voltou a aliar-se ao ludoviquismo em 1960, na eleição de Mauro Borges a governador. O desinteresse de Iris Rezende pelo trabalhismo foi diretamente proporcional a sua aproximação com o PSD. Iris justifica esse afastamento, alegando decepção com as nomeações pelo partido dos dirigentes para os institutos de previdência. Na época, o PTB getulista controlava os órgãos federais de assistência médica e de aposentadoria dos trabalhadores: os IAPC (dos comerciários), Iapetc (dos transportadores) e Iapi (dos industriários).

Iris relembra que foi convidado a participar de reunião com os principais líderes petebistas para discutir a indicação dos dirigentes desses institutos por ser presidente da Câmara de Goiânia:

Eu saí de lá escandalizado, escandalizado. Falei pra eles, “eu me acostumei na política estudantil e vou lhes confessar: eu pensava que os políticos fossem diferentes, eu não volto mais em reunião do partido.” [...] Foi tudo por causa de cargos; brigavam, quase iam aos tapas. Eu não vi ninguém ali defender: “nós temos que lutar no governo federal, para isso para Goiás, para aquilo.” No fim a decepção, nunca mais voltei em reunião do PTB.81

Paralelamente, ele começava a se aproximar do PSD pelas mãos do prefeito Jaime Câmara. Como presidente do Legislativo, se relacionava mais estreitamente com o prefeito. Foi Jaime Câmara quem apresentou Iris a Pedro Ludovico, a quem tanto criticara durante sua militância no movimento estudantil e no início de sua carreira na política.

Um dia o Jaime disse: “Olha, eu queria levar você ao Pedro Ludovico. Você precisa mudar sua concepção. O dr. Pedro não é isso que se fala.” E hoje eu penso que não era mesmo. Você vê como é que criam na cabeça de um estudante a idéia a respeito de uma pessoa. Eu fico pensando como criaram idéia distorcida a meu respeito junto aos estudantes.82

Iris era um quadro político em formação e autônomo. Não se vinculara aos partidos tradicionais, mas tinha ambições políticas. O PSD se recuperava da crise que o dividiu em 1957, quando da tentativa de aprovação de projeto de lei que prorrogava o

81

Entrevista, ibidem.

82

mandato do governador José Ludovico de Almeida.83 A vitória de José Feliciano Ferreira (PSD), em outubro de 1958, foi fragorosa: 52% contra 39,5% do candidato da UDN–PSP, César da Cunha Bastos (Campos, 2004, p. 89). Coube ao governo de José Feliciano (1959–1960) recuperar a força hegemônica do PSD (Aquino, 2005).

Iris Rezende acompanhava esses acontecimentos da presidência à frente da Câmara de Goiânia. Em 1960 aceitou o convite de Jaime Câmara para visitar o líder do PSD.

A casa do dr. Pedro à noite era uma romaria. Líder político que vinha do interior pra resolver problema em Goiânia obrigatoriamente tinha de passar pela casa do dr. Pedro. Era aquela manifestação de consideração e de obediência. [...] Mas nesse dia, eu notei, que ele largou todo mundo e ficou comigo conversando mais de meia hora. [...] A primeira vez. Ele era um político excepcional. Bem, aquilo me cativou.84

Iris teve outros encontros com Pedro Ludovico, também “superficiais” como o primeiro. Ele afirma ter sido a mulher de Pedro Ludovico, Gercina Borges Teixeira, quem o aproximou do líder político do PSD. Na campanha de Mauro Borges a governador, em 1960, ela pediu a Iris, principal liderança de Campinas, para acompanhá-la “de casa em casa” para pedir voto a seu filho. Ele lembra que Gercina Borges temia que Mauro repetisse as votações dos candidatos de Pedro Ludovico em Campinas. Segundo Iris, a população do bairro “era contra mesmo” os candidatos do PSD, porque Campinas abriu mão de ser cidade, virou bairro e não recebeu retorno do governo por meio de investimento em infra-estrutura. “De repente virou um centro de prostituição; não tinha asfalto, não tinha esgoto, não tinha nada. Tudo era construído em Goiânia; eu que consegui água e esgoto com o [governador José] Feliciano. Mas aquele descuido... A preocupação era construir a cidade [Goiânia].”85

Outro fato que, segundo narra, ainda dificultava a campanha de Mauro era a popularidade em Campinas de Juca Ludovico, adversário de Mauro na eleição de 1960.

83

Em 1956, a Assembléia Legislativa aprova projeto de reforma constitucional, com apenas dois votos de deputados do PSD, fazendo coincidir o mandato do governador e do prefeito com o do presidente da República. A segunda votação ocorre em 1957. No entanto, o senador Domingo N. Velasco recorre ao Supremo Tribunal Federal, que considerou inconstitucionais dois artigos do projeto. O acordo que visava prorrogar o mandato do governador Juca Ludovico teve apoio da UDN, aliança que provou uma crise que posteriormente levou Juca a romper com Pedro Ludovico e a deixar o PSD (Campos, 2004, p. 37). Ver também Aquino, 2005.

84

Entrevista em 2/12/2006.

85

Para Iris, essa liderança, foi construída pelo próprio Pedro quando ele e Juca ainda eram aliados.

O dr. Pedro tinha uma tara pelo Juca. Era primo dele. [Juca] era um bom administrador, um homem de bem, foi secretário da Fazenda. [O governo] ia construir a Usina do Rochedo, era o Juca, que como secretário da Fazenda, ia construir. Ninguém era nomeado no Estado se não passasse pelo Juca. Era o dr. Pedro que fazia, mas o cara era nomeado ficava devendo para o Juca.86

Iris parou seu carro, um Ford 41, às 7 horas da manhã na porta da casa de d. Gercina, na Rua 26, no Centro de Goiânia, no dia seguinte ao seu pedido. Encontrou a mulher de Pedro pronta, a sua espera. Os dois foram sozinhos para Campinas. Iris estacionou o carro no Posto Amazônia, na esquina da José Hermano com a Avenida Anhanguera, na época chamada de Marechal Floriano. Iris descreve as visitas, que começaram pelas casas nas imediações do posto, e relembra os nomes de todos os moradores. Antes de bater à porta das casas, ele informava a d. Gercina os nomes dos moradores e contava uma breve história de cada um. Começaram pela casa de Sandoval e de d. Catarina; atravessaram a rua para visitar o Artur, o homem que enrolava gerador de automóvel. Iris contou a d. Gercina que Artur teve uma filha depois de muitos anos de casado e que a menina era o encanto do casal. “Entramos, veio uma mulher, uma mulher até bonita, ela [Gercina] logo de cara olha pra menina: ‘Mas que coisa linda, essa menina’, e eu observando aquilo. Bom, aí fomos, entramos na outra, a casa do Trajano.” Antes de entrar, Iris informou quem era a família:

O seu Trajano tem todos os filhos e filhas empregados no governo, e é tudo contra o dr. Pedro. [...] Tudo aqui vai votar pro Juca. [...] O seu Trajano já foi delegado de polícia de Palmeiras, agora os filhos estão tudo empregados. É o Trajaninho, a Inês, e tal. Fomos chegando [...] aí vem seu Trajano, vem a esposa. “Eu trouxe a dona Gercina aqui pra visitar os senhores.” Aí ela falou: “Ô Trajano eu vim aqui, pra lhe fazer um pedido pra você apoiar o Mauro. O Juca não merece o voto de vocês não, porque quem nomeou sua família foi o Pedro, de forma que eu faço questão.”87

Iris recorda-se bem do roteiro daquela manhã em Campinas. Os dois começaram pela Avenida Anhanguera e foram descendo até chegar à Avenida Maranhão, que hoje chama-se Castelo Branco. Subiram pela Maranhão até a Jaraguá, e visitaram as casas dos dois lados da rua até a Mato Grosso. Seguiram pela Rua Mato Grosso até a Rua José Hermano; desceram a Jaraguá mais um quarteirão para entrar na Rua Paraíba e daí de novo para a José Hermano, voltando pelo lado contrário da ida e

86

Entrevista, ibidem.

87

descendo a Jaraguá. Ao meio-dia chegaram à Pensão Amazonas, ao lado do posto. Iris acha que visitaram umas cem casas. Antes de deixar o posto, Iris lembra-se de que foi completar o tanque de gasolina de seu carro.

Fui pagar e ela queria pagar. Eu falei: “Não faça isso, não faça que a senhora. me aborrece.” Chegamos na casa dela, e ela pediu para eu descer. Eu falei “dona Gercina eu tenho que correr em casa, tomar um banho, e ir pra Câmara.” “Não, entra aqui um pouquinho.” Descemos, chegamos na sala, e ela chamou o dr. Pedro. Ele desceu, e ela falou: “Pedro, eu chamei o Iris aqui pra falar pra você perto dele. Hoje eu conheci um político diferente. Toda eleição nossa eu vou pra Campinas. Um dia com o dr. Bezerra, outro dia com o Tocafundo, outro dia com dr. Egídio, outro dia com dr. Alberto. A gente ia em uma casa, pegava o carro, andava dois quarteirões, parava noutra casa. Acabava e a gente deixava o bairro todo contra, porque visitava uns e não visitava outros. Hoje eu e o Iris entramos em mais de cem casas. Ele conhece as fraquezas, o sentimentos de cada família. Eu nunca vi isso, o carinho e o respeito que o povo tem por ele. Pedro e tem mais: todo mundo quer explorar a gente em toda eleição, ele não aceitou que eu pagasse a gasolina. E você pode ir agora, porque eu queria que o Pedro sentisse quem é, que soubesse quem é você.” Bom, o Mauro Borges pela primeira vez ganhou em Campinas.88

Iris guardou esse dia em detalhes, porque acha que ele foi importante em sua carreira. Foi quando ele ganhou a confiança da mulher de Pedro Ludovico e, a partir daí, aproximou-se da família. Ao final da campanha, já estava próximo do PSD, mas sua filiação ocorreria depois da posse de Mauro Borges, em 1961, quando recebeu o convite de Jaime Câmara. Como tinha ambição política, concluiu que precisava de um partido forte: “E entendi que líder que quer fazer carreira política, que vislumbra horizontes mais amplos, tem de ir para partido grande. Porque o partido grande já tem estrutura, tem militância.”89 O PSD era esse partido: hegemônico em Goiás, estruturado em todos os municípios.

Sem ligações políticas com nenhuma das alas tradicionais do partido, ainda contaminado pela irreverência do movimento estudantil, ele entusiasmou-se com o estilo do governador e elegeu Mauro como exemplo a seguir. “Mauro Borges assumiu, e tudo mudou [...], contrariando o próprio pai em alguns sentidos.”90 Em 1961, aos 28 anos de idade, Iris enxerga em Mauro uma nova forma de fazer política. Para ele, a imagem do governo era de criatividade e de modernização. Nessa época, ele se preparava para ser candidato a deputado estadual em 1962.

88 Entrevista, ibidem. 89 Entrevista, ibidem. 90 Entrevista em 17/4/2007.

Em 1958, sua eleição surpreendeu não apenas por ter recebido a votação “mais elevada em toda a história política de Goiânia e talvez de Goiás”,91 mas porque um político pouco conhecido foi o mais votado. Em 1962 foi diferente. Iris já era conhecido, assim também como seu projeto de construir uma longa carreira política. Na entrevista que concedera à Folha, em 2 de novembro de 1958, ele avisara que “já trabalhava para o próximo pleito.” E completou: “Se Deus ajudar que eu corresponda à expectativa do meu povo, disputarei posto elevado, pois as massas estão confiantes na mocidade e, conseqüentemente, procuram destruir os velhos políticos e velhas mentalidades.”92

Quatro anos depois dessa declaração, Iris já estava próximo de um “velho político”, Pedro Ludovico Teixeira, e de um partido oligárquico, o PSD. A mudança de lado não prejudicou sua carreira. Iris acredita que Mauro Borges não conhecia seu potencial eleitoral. Ele recorda-se que, dois dias antes da eleição, o governador convidou-o para ir a Cristianópolis inaugurar a rede de transmissão de energia elétrica da Usina do Rochedo para o município. No caminho, Mauro lhe informa-o de que o governo fizera uma pesquisa e que, segundo esta, se o PSD elegesse 24 deputados estaduais Iris estaria entre os eleitos. “Mas não arranja uma colocação melhor pra mim não, governador. Por que 24? [risos].”93

Iris conta que sempre evitou abrir a guarda, mesmo diante de aliados políticos, temendo fornecer informações que pudessem ser usadas contra si próprio, uma característica que, diz, mantém nesses 50 anos de atividade política. É ainda mais cauteloso quando está às vésperas de uma eleição e diante de um governador, pois este sempre tem suas preferências eleitorais e muito poder de ação. Naquele dia, entretanto, foi diferente. Ele correu um risco, mas calculado.

Eu pensei: naquele dia ele [Mauro] ia passar a noite em Ipameri, não tinha como voltar voando. O que ele podia me estragar no penúltimo dia de eleição? Não tinha mais comício, não tinha nada. Ah, eu não vou ser humilhado não. Aí falei: “Governador, a sua pesquisa está errada.” “Por quê?” “Oh, se eu não for o primeiro mais votado, eu vou ser o segundo.” “Como Iris? Essa cédula única acabou com você”94. “Não, mas mesmo assim, se não fosse essa cédula única, eu ia ter voto era pra quatro, pra cinco [deputados].”95

91 Folha de Goiaz, 2/11/58. 92 Folha, idibem. 93 Entrevista 2/12/2006. 94

A Justiça Eleitoral mudou naquele ano o processo de votação para os cargos proporcionais. Antes, o eleitor levava a cédula do candidato para a cabine e colocava-a nas sobrecartas distribuídas pelos

A pesquisa de Mauro estava errada e a intuição do novo pessedista, correta. Iris foi o mais votado. Recebeu 10.188 votos, suficientes não apenas para elegê-lo, como também para ajudar na eleição de outro deputado, pois ele ultrapassou o quociente eleitoral, o número mínimo de votos que um partido precisava para eleger o primeiro parlamentar, que foi 8.440. “Eu me candidatei a deputado estadual com a idéia fixa de ser candidato a prefeito de Goiânia.”96 Na eleição para deputado estadual repetiu o desempenho de 1958: foi o deputado estadual mais votado de Goiás. O segundo deputado mais votado foi Walteno Cunha, com 7.863 votos97. Walteno, político de Catalão, advogado, foi secretário de Administração do governo de Mauro Borges, quando teve seus direitos políticos cassados por dez anos, em 9 de abril de 1964.

Reportagem do Popular98, com o título “Iris surge como ‘fenômeno eleitoral

da política goiana’”, demonstrou surpresa com a votação de Iris. O partido também se surpreendeu, “porque ele era um político novo e não disputou a reeleição para vereador.” Segundo o jornal, Iris teve “um recorde de votação para deputado estadual em toda a história política de Goiás, ultrapassando o próprio quociente eleitoral de 8.440 votos.” Em duas eleições consecutivas, para vereador, em 1958, e para deputado estadual, em 1962, as votações de Iris foram recordes, por isso O Popular arriscou uma previsão: afirmou que Iris era um “político de futuro que desponta como autêntico fenômeno eleitoral.”

Nessa entrevista ao jornal, o deputado recém-eleito usa argumentos parecidos com os da entrevista de 1958 à Folha de Goiaz para explicar seu sucesso eleitoral. Destaca suas “ligações com as massas populares”, com quem teria “raízes profundas”, e disse que sua votação foi fruto de sua atuação como vereador, pois desde que fora eleito dedicou todo o seu tempo ao trabalho, com prejuízo de suas atividades particulares.

mesários. Em 1962, a Justiça decidiu que o eleitor devia escrever o nome ou o número do candidato na

cédula oficial. A decisão foi tomada pouco tempo antes da eleição. Iris conta que teve muita dificuldade para ensinar seus eleitores a escrever seu número (1.019) ou seu nome corretamente.

95

Entrevista em 2/12/2006.

96

Entrevista em 17/4/2007.

97

Resultado oficial da eleição de 1962 divulgado pela Justiça Eleitoral em 15/11/62 e publicado pelo jornal O Popular em 17/11/62. Pedro Ludovico elegeu-se senador com 197.707 votos. Nessa eleição foram eleitos governadores de 11 Estados (São Paulo, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Sergipe, Bahia, Pernambuco, Ceará, Piauí, Amazonas, Guanabara e Rio Grande do Sul.), 409 deputados federais, 45 senadores, deputados estaduais e vereadores em todo o País.

98

Considerou que sua atuação parlamentar em Goiânia teve repercussão nas cidades mais próximas da capital, onde foi bem votado. “Foi o anseio de renovação. Apresentei-me aos eleitores com um programa novo, novas idéias e novos projetos políticos.”

O jornal informa que os eleitores visitavam Iris em casa e todos eram recebidos, costume que mantinha desde que se elegera vereador. Como tinha dito anteriormente a Mauro Borges, Iris também declarou ao Popular que “esperava esse auspicioso resultado” e novamente revelou que tinha projeto político futuro, sem, contudo, confirmar se seria candidato a prefeito de Goiânia em 1965. “É prematuro falar de 1965. É certo que não penso em reeleição.” Uma nota publicada pelo mesmo jornal em 26 de outubro, antes de a Justiça totalizar a apuração da votação de 1962, mas com a eleição de Iris já confirmada, informava que o resultado “o colocava como candidato a prefeito em 1965.”

Iris conta que iniciou seu mandato de deputado estadual sem chamar muita atenção dos colegas.

A minha primeira preocupação era alcançar respeitabilidade dos deputados. Todos entendiam que eu ia chegar ali petulante por ser vereador de Goiânia, eleito deputado mais votado. Todo início de legislatura, isso acontece. Até hoje, muitos querem ser o primeiro a apresentar requerimento, projetos, fazer os primeiros discursos. Eu fiquei na Assembléia buscando relacionamento, conversando com parlamentares. Eu fiquei, aproximadamente, uns quatro meses sem fazer pronunciamento, sem fazer questão de ordem, acompanhando.[...] Pela votação que eu tive, por ser de Goiânia, imaginavam que eu fosse chegar ali metendo os pés pelas mãos. Eu não tive essa preocupação. Primeiramente de respeito e de humildade.99

O líder do Governo e do PSD na Assembléia Legislativa – na época um só deputado liderava o partido e o governo – era o experiente deputado Sebastião Arantes. Passados alguns meses da posse, Iris recorda-se que o líder da oposição, o deputado Olinto Meirelles, fez uma crítica contundente à família Ludovico. Depois de ouvi-lo, Iris pediu a seu líder para defender o governo e ganhou a palavra para seu primeiro discurso:

Foi uma tarde que eu considero até de inspiração. Pelo fato de, em tantos meses, eu não ter mostrado o tom de minha voz; quando anunciaram a minha palavra, os funcionários ali no plenário, os deputados que estavam vieram e, modéstia à parte, eu fui feliz. Fiz uma defesa do trabalho, da família do dr. Pedro, o que ele representou e representava para o Estado. Eu deixei toda a Assembléia como que... realizada pela minha exposição a respeito do que a família fazia em Goiás, antes por Pedro Ludovico e depois por Mauro Borges.100

99

Entrevista em 17/4/2007.

100

Iris já se tornara, portanto, um governista convicto e agora defensor das críticas que ele próprio ajudara a fazer à família Ludovico quando militava no movimento estudantil. Naquele dia, Olinto Meirelles acusou a família de envolvimento com terras devolutas do Estado e de favorecimento dos Ludovico no poder. Pouco dias depois, Sebastião Arantes foi nomeado secretário da Fazenda de Mauro Borges, abrindo a vaga de líder do Governo e do PSD. Iris decidiu disputar a indicação de líder, que na época era decidida em votação da bancada, e elegeu-se. Ficou na liderança em 1963 e em 1964.