A PROPOSTA PARLAMENTARISTA PARA O MUNICÍPIO BRASILEIRO
S. os Secretários de Governo podem comparecer ou os Vereadores convocá-los para debates e quetionamentos sobre as tarefas do Governo?
Administrador geral seria investido em suas funções após a a provação pela Câmara de Vereadores e a posterior nomeação pelo Prefei
to Municipal.
Para a aprovação pela Câmara de Vereadores do nome indicado pelo Prefeito Municipal para ser o Administrador Geral do Município, seria preciso o voto favorável de 2/3 (dois terços) de seus membros. Caso em primeira votação não se atinja o quorum estabelecido, outra votação seria realizada em 15 dias.
Na hipótese de não haver maioria de 2/3 (dois terços) nas duas primeiras votações, o Prefeito Municipal deveria indicar outro cidadão
para ser o Administrador Geral do Município, que seria submetido, se preciso fosse, a duas votações pelo Parlamento. □ Prefeito poderia in dicar até 3 (três) pessoas para a função de Administrador Geral após o que, se mesmo assim não fosse aprovado nenhum dos nomes propostos, este poderia dissolver a Câmara de Vereadores e convocar novas elei ções em 30 (trinta) dias.
Quando da demissão do Gabinete de Governo ou no fim de cada le gislatura, até que outro seja indicado ou mesmo confirmado, ficaria o demissionário respondendo pelas tarefas de Governo.
A principio parece um tanto complicado aplicar, num pais como o Brasil, um sistema tão dependente de composições políticas, mas é exa tamente a falta desse tipo de exercicio que levou o pais a modelos i- neficientes e que só fizeram premiar a incompetência e o imobilismo administrativo. Na maioria dos casos, por ser em municípios não muito expressivos, não se percebeu o quanto foi, e é, danoso o atual sistema de Governo. Caso fosse possível se mensurar as consequências do atrazo gerado por um sem número de Governos ineficientes que se prolongam, se poderia ter a exata dimensão dos estragas causados à nassa sociedade pela omissão em se resolver esse problema.
Sobre os reflexas do exercicio político no sistema parlamentar e para completar o raciocínio concebido neste item, deve-se usar o que escreve Clóvis Goulart, quando assinala que *' dependendo do grau de maturidade do povo, refletido na conduta de seus representantes, as alianças partidárias para a composição do Governo poderão ser até be néficas á vida do Estado. Nessas alianças realiza-se a prática salutar da participação efetiva das minorias partidário-ideológicas na ativi dade governamental. Afinal, um Gabinete de composição mista, relativa mente à procedência partidária de seus integrantes, não deve, necessa riamente, caracterizar-se pela instabilidade. Qnde houver alianças a— malgamadas pelo elemento puro da sinceridade de propósitos e respeito mútuo, e sob o efeito reagente de uma boa dose de espirito público, a
composição deverá ser sólida e duradoura. 1,111
Considerando a necessidade de se ter o povo em um nivel de parti cipação política adequado, é próprio também que se ressalte ser o mo delo que se está propondo, diferentemente do atual sistema de Governo municipal,um modo de contribuir de forma efetiva para a educação polí tica da sociedade e para o exercício efetivo da democracia representa tiva.
Ao se ter um sistema onde todos poderiam participar de todo o processo político, estaria por se encerrar um longo ciclo de autorita rismo oficial no Brasil
111 — Clóvi» do Souto Goulart« Parlamwntarlmmo — Rvgime Natural
7 = 7 - 0 Pedido de Confiança e a Moção de Desconfiança.
□ sistema que seria aplicado no Municipio brasileiro instituiria uma forma de relação Governo-Parlamento de clara vocação parlamenta rista .
Dois são os mecanismos através dos quais a Câmara de Vereadores exigiria responsabilidade politica ao Governos a Moção de Desconfiança e o Pedido de Confirmação da Confiança.
Como o modelo proposto repousa na presunção de que o Governo goza da confiança da Câmara de Vereadores, esta só pode ser contrariada por uma votação expressa de uma Moção de Desconfiança.
Sobre o tema em tela, apesar de ser uma abordagem destinada ao Estado em geral, Dalmo Dallari se expressa com rara eficiência ao es crever que " num sistema pluripartidário é precisa verificar se ainda subsiste a coligação majoritária, para que se mantenha o Primeiro—
«
Ministro. A coligação pode ser desfeita por desentendimentos entre seus componentes, ou pode tornar-se minoritária em consequência do re sultado de novas eleições. Em ambos os casos o Primeiro-Ministro perde sua base de sustentação política e deve demitir—se. Outro fator que determina a demissão do Primeiro-Ministro é a aprovação de um voto de desconfiança pelo Parlamenta» Se um parlamentar desaprova, no todo ou num importante aspecto particular a politica desenvolvida pelo Primeiro-Ministro, propõe um voto de desconfiança. Se este for aprova- do pela maioria parlamentar, isso revela que o Chefe do Governo está contrariando a vontade da maioria do povo, de quem os parlamentares são representantes. Assim sendo, deve demitir-se. As vezes, embora mu
ito raramente, o Primeiro-Ministro considerava o voto de desconfiança produto de um desentendimento ocasional ou secundário e não se consi dera obrigado a demitir-se. Nesse caso, a comportamento da maioria em novas votações é que decide se ele deve ou não continuar no c a r g a. " 1 1 3
1132 — Da 1mo de Abreu Dallari . Elemantos d» T®oria Beral do Etsta —
Na proposta para o Município brasileiro teríamos a Moção de Des confiança e ela teria caráter obrigatório de demissão, diferente do preconizado por D a llari, que escreve poder o Chefe de Governo decidir sobre demiti;— se ou não em alguns casos»
O procedimento que seria estabelecida para que se pudesse pleite ar uma Moção de Desconfiança no modelo parlamentarista para o Municí pio brasileiro, teria os seguintes requisitos:
a) — número mínimo de proponentes — a Moção de Desconfiança deve ria ser assinada pelo menos por um terço dos membros da Câmara de Ve readores, quando então iria a votação obrigatoriamente?
b) - prazo de discussão - a Moção de Desconfiança não poderia ser votada antes de duas sessões de discussões, sendo que ambas, neste ca so, deveriam acontecer em 72 horas após a apresentação da mesma|
c) — maioria para aprovação — a Moção de Desconfiança só poderia ser considerada aprovada com 2/3 (dois terços) dos componentes da Câ mara de Vereadores votando a favor da proposta;
d) - pena 1izaçào dos proponentes - os signatários da Moção de Desconfiança, em caso de não aprovação da mesma, ficariam impedidos para esse tipo de iniciativa durante o mesmo período legislativo, o que não pode ser confundido com legislatura, já que esta última cor responde ao tempo de mandato dos Vereadores»
Não seria permitido â Câmara de Vereadores a proposição de Moção de Desconfiança nos seis primeiros e nos seis últimos meses do mandato dos Vereadores, o que valeria também para a dissolução do Parlamento»
ü Administrador Geral poderia se utilizar do mecanismo do Pedido de Confirmação da Confiança para prevenir a ameaça de uma Moção de Desconfiança, precipitando assim a crise que esta poderia provocar, e com a possibilidade subsequente de propor ao Prefeito Municipal a dis
solução da Câmara de Vereadores, tema que será tratado posteriormente. E importante já registrar que a dissolução da Câmara de Vereado res implicaria em demissão automática do Governo.
0 Pedido de Confirmação da Confiança permitiria ao Administrador