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da sociedade, através de pedido de dissolução subscrita por, no mínimo, 20% dos eleitores do Município.

A PROPOSTA PARLAMENTARISTA PARA O MUNICÍPIO BRASILEIRO

S. os Secretários de Governo podem comparecer ou os Vereadores convocá-los para debates e quetionamentos sobre as tarefas do Governo?

3. da sociedade, através de pedido de dissolução subscrita por, no mínimo, 20% dos eleitores do Município.

A lição de Clóvis Goulart é fundamental para se caracterizar a importância dessa característica do Parlamentarismo, ao ensinar que

" a ação de um Parlamento, quando prejudicial aos interesses nacio­ nais, não pode ser atribuída aos representantes individualmente, mas a todo o corpo parlamentar onde, mercê de injunções de toda ordem, diluem-se as individualidades, viciam—se as idéias e intenções perso­ nalistas e engendra—se um comportamento coletivo que não pode ser ana­ lisado simplesmente como soma algébrica das atitudes de cada um de seus representantes. "11£>

Ainda com Clóvis Goulart, sobre a prática de dissolução do Parla­ mento, vale escrever sua análise sobre a importância desse instituto, quando escreve que “ é preciso, pois, que em pleno curso de uma legis­

latura, possa o Legislativo responder à responsabilidade. Se entre a nação e o Parlamenta deixar de haver coincidência de objetivos, rom­ pe-se o vínculo da representação. O poder, portanto, deve voltar ime­ diatamente à primeira para, através de novo processo eleitoral, res­ taurar a ordem democrática possível nos Estados de regime parlamenta­ rista, mediante a aplicação da técnica da dissolução parlamentar. " 1 1 7

Com essa abordagem sobre a dissolução parlamentar, se termina o estudo dos principais mecanismos do modelo proposto.

Foi-se buscar exemplos em vários tipos de parlamentarismo de di­ versos países.

Como bem se pode perceber, pela escasses de informações sobre sistemas análogos, se procurou oferecer a doutrina aplicável a outro nível que não o Municipio, mas que não implica, acreditamos, em menor peso ao trabalho, considerando até o caráter inusitada da proposta.

116 e 117 — Clúvis de Souto Boulart« Parlamentarismo — Regime Na—

tura 1 de Governo Democ râ t ico v Edição Fundação Mereui Ramos, Florianópo­

lis, 1960, pSl.

CONCLUSÃO

Como são rarissimas as referências à implantação dos princípios parlamentaristas em nível de Município, mesmo na Europa onde se buscou material, se tratou de fazer uma proposta, baseada na literatura sobre a adoção desse sistema de Soverno em Estados Contemporâneos.

Muito bem se sabe que é muito improvável qualquer mudança no sis­ tema de Governo que não ocorra primeiro no nível federal, pois este atrai muito mais as atenções, com o que, aliás, discordamos.

Escolheu-se o Município por se entender ser ele a célula princi­ pal da organização estatal brasileira. Não no sentido de divisão ter­ ritorial ou aglomerado populacional, mas sim sob uma visão muito mais abrangente, que tem intima ligação com a satisfação pelo Estado (ai compreendidos Estado Federal, Estado Federado e Município) das aspira­ ções da sociedade, das necessidades de bem estar coletivo.

Claro que o trabalho serve muito mais à discussão, como já se disse, do que a qualquer outra coisa. Até porquê seria muita pretensão pensar diferente. A esperança é que sirva de instrumento motivador, principalmente entre as lideranças municipais e municipalistas, para a retomada do imprescindível debate sobre nosso sistema de Governo. Em todos os seus níveis, mas que tenha a nítida noção do papel fundamen­ tal do Município em qualquer processo de desenvolvimento.

E até uma questão de crença pessoal profunda na importância do Parlamentarismo e do Município.

Nossa homenagem a todos quantos ao longo dos anos vêm, como nós, tentando mostrar à sociedade a real importância deste agora 15 Ente Fe­ derado " .

Isto posto, a conclusão deste trabalho pode ser dividida em três partes: a primeira com considerações sobre o Parlamentarismo e sua in­ serção na vida política dos Estados contemporâneos, a segunda tecendo

algumas considerações sobre a organização do Governo municipal a par­ tir de estudo comparativo e finalmente os comentários finais a respei­ to da proposta de implantação do Parlamentarismo no Município brasi­ leiro.

No corpo do trabalho já se teve a oportunidade de registrar o es­ timulo concedido pelo ilustre professor Dalmo Dallari, docente da Uni- versidadede São Paulo e autor de diversas obras na área do Direito, quando foi indagado da pertinência de se elaborar uma pesquisa sobre o tema objeto da presente dissertação. Na ocasião o eminente doutrinador declarou que sobre o Parlamentarismo e sua adoção no Brasil, poucas propostas existiam de fato,tanto assim que durante os debates advindos do Plebiscito de 1993 foi fator decisivo a inexistência de qualquer modelo suficientemente discutido que servisse de base para a implanta­ ção deste sistema de Governo no Brasil.

A primeira parte desta conclusão, sobre o Parlamentarismo e sua inserção na vida política dos Estados contemporâneos, é inequivocamen­ te fundamental para o alinhamento da pesquisa bibliográfica efetuada e a proposta apresentada.

O aspecto funcional do Sistema Parlamentarista ficou muito evi­ dente quando foi feito o estudo das variações deste sistema. Seria im­ possível pensar no Presidencialismo com tantas variações. Mesmo o sis­ tema Francês, bem próximo do Presidencialismo, mantém a figura do Che­ fe de Governo separada da do Chefe de Estado, com o primeiro tendo que responder politicamente ao Parlamento, caracterizando-se a responsabi­ lidade política, típica do sistema de Gabinete. Mesmo com um sistema muito especial, dadas as condições do pós-guerra, a França conservou a essência do sistema. A Constituição atual da França, de 1958, com sua reforma de novembro de 1962, apesar de ter mantido poderes executivos ao Presidente por conta do peso político de Charles de Gaule rende-se, em diversos pontos, à maior eficiência de um sistema onde efetivamente existe controle da sociedade sobre seu Governa.

Quando se estuda o sistema Parlamentarista é possível notar que onde ele é adotado democraticamente ocorre um efetivo avanço qualita­ tivo da sociedade. A Alemanha, logo após sua unificação, espraiou o sistema por todo seu território. Não aconteceram quaisquer discussões a respeito de que tipo de Governo haveria no país unificado.

Mesmo com algumas variações, o Parlamentarismo se consolida no mundo desenvolvido como grande instrumento propulsor de desenvolvimen­ to.

Nos municípios dos países Parlamentaristas, se não está completa­ mente reproduzido naquele nível de Governo, mas os princípios funda­ mentais estão também aí presentes. Estados como o italiano, onde no Município existe um quase Presidencialismo, estão presentes mecanismos de controle social sobre o Poder Executivo que inexistem no Brasil. A ausência destes canais de controle faz com que o sistema político bra­ sileiro seja tão carente de eficiência e mais ainda de credibilidade

junto ao povo, que não consegue distinguir quais as estruturas que não permitem um maior controle sobre seu Governo e que por via de conse­ quência, são inoperantes ou ineficientes.

Sobre a atual organização política dos municípios brasileiros,se­ gundo tópico desta conclusão, ditada em sua essência pela Constituição Federal, em comparação com outros figurinos existentes em Estados de­ mocráticos contemporâneos,apesar de muito avançada no que diz respeito à autonomia emprestada a estes municípios, é muito atrasada em termos de poder fiscalizador da sociedade.

A partir do momento em que o Município brasileiro pode elaborar sua própria Lei Orgânica, obtendo com isto autonomia e passando a fa­ zer efetivamente parte da Federação, não se concebe que questões im­ portantes relacionadas com a eficiência do Governo municipal não pos­ sam ser discutidas e encaminhadas pela população.

Têm-se alguns interessantes relatos neste trabalho de como é pos­ sível se exercer controle efetivo sobre o Governo local» sempre com a perspectiva de se sacar do poder» mesmo que em meio a um mandato ou uma legislatura, aquele que frustre as expectativas dos governados ou representados.

Este é o ponto nodal de nossa tarefa. E inclusive o estimulo ao nosso trabalho. A possibilidade de se discutir com todos os setores que com­ põem nosso espectro social, o porquê de não se poder interromper o mandato de governante comprovadamente ineficiente.

0 que temos hoje no Brasil é a negação do exercício político. No

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