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Urubus do Umbral é um apelido que faz parte do jargão adotado no Umbral da região geográfica do Brasil São espíritos negativos que ficam esperando pessoas que desencarnam

No documento Atanagildo O Vale Dos Espiritas 2015 (páginas 103-107)

Uma falsa e fugaz luz guiada pela vaidade

1 Urubus do Umbral é um apelido que faz parte do jargão adotado no Umbral da região geográfica do Brasil São espíritos negativos que ficam esperando pessoas que desencarnam

perdidas, tontas, sem consciência ou sem proteção, com o intuito de seqüestrá-las e levá-las como "escravos" ou ovoides astrais, além de sugar-lhe as últimas "gotas" de ectoplasma. Esses "urubus do Umbral" normalmente são servidores de grupos comandados por líderes das Sombras.

Adriano não era uma criatura má, até porque trazia grande preocupação social que o fazia lutar por igualdade entre as pessoas; respeitava e ajudava os pobres e simples. Mas equivocava-se quanto aos métodos que achava ideais para construir-se um mundo novo, ou seja, baseados em movimentos revolucionários. Apesar de seus impulsos de violência, guardados nos esconderijos do seu ser, jamais demonstrou atos de violência física contra Isabel ou seus pais, apesar de ocorrerem momentos de fartas discussões ideológicas, mas sem conseqüências maiores.

Procurava ser ético em suas atitudes no dia a dia, apesar de, nos tempos em que se envolveu com política partidária, ter acompanhado e participado da elaboração de alguns planos, estratégias e iniciativas que contemplavam o uso indevido de recursos públicos para fins de manutenção e expansão do poder. O governador da época era ligado ao seu partido político e pretendia que seu grupo partidário mantivesse a gestão governamental do seu estado, assumindo vários cargos federais, haja vista a grande chance de o presidente a ser eleito ser também de seu partido. Se Adriano tivesse um grau mínimo de humildade que lhe permitisse perceber os sinais e sugestões vindas de seu guia espiritual, e mesmo de sua esposa Isabel, certamente seu caminho espiritual teria tomado outro rumo. Há certos limites quanto à intervenção do plano espiritual superior sobre a vida dos encarnados, pois respeitar o livre- arbítrio faz parte do conjunto de leis espirituais.

Quando acordou do coma, Adriano levantou-se e tomou um tremendo susto, pois viu seu corpo na cama da do pronto socorro. Sentiu um arrepio e um medo profundo, pois deu-se conta de que não possuía mais vida física. Não viu nem percebeu a presença de seu guia espiritual ao seu lado; viu Isabel olhando para seu corpo e chorando; observou o médico plantonista e as enfermeiras, e perguntou-se: "Onde está a proteção espiritual de que Isabel tanto falava e que eu acabava acreditando, quando lia os livros espíritas?".

Subiu-lhe uma raiva interior. Olhava para ela, pela primeira vez, e sentia dor no coração por encontrar-se fora do alcance físico dela. Veio-lhe uma forte amargura e aperto no coração, decorrentes de uma saudade incontrolável, sentimentos que se confundiam com os provenientes de Isabel em sua direção. E então resmungou: "Puxa vida, tá certo que eu aprontei muitas vezes, mas já estava num patamar de equilíbrio. Li muitos livros de história, outros de cunho filosófico e social, mas nos últimos anos comecei a ler as obras da doutrina espírita e tinha certeza que meus conhecimentos serviriam para me proteger no dia em que passasse para o outro lado da vida. O medo da morte que senti com o acidente de carro, há vários anos atrás, me balançou por dentro. Sempre busquei ajudar o próximo, enfim, fiz tudo certo. A conclusão a que chego agora é que nem os guias espirituais me protegeram do acidente, nem me recepcionaram no plano astral. No fundo, eu merecia um pouco mais de consideração...".

De fato, Adriano estudara bastante e acreditava que o conhecimento era tudo. Acreditou ilusoriamente que havia realizado o trabalho de renovação íntima, apenas porque lera muitos livros, mas esquecera-se de trabalhar esses sentimentos e de deixar brotar a humildade de dentro de si, que é o primeiro passo para a subida espiritual.

Ao sair pela porta externa do hospital, encontrou um grupo de entidades que o esperavam do lado de fora. Eram seus cobradores do passado. Então, começaram a xingá-lo, a usar de palavras pesadas, a chamá-lo de assassino, a afirmar que ele pagaria por cada ato cometido. Adriano sentia-se ainda fraco, mas estava em plena consciência, apesar de tomado pela vaidade, orgulho e rancor. Possuía muita força mental e isso fez com que os vândalos espirituais apenas o atormentassem, sem que tivessem a possibilidade de raptá-lo. Saiu, então, meio sem rumo e, repentinamente, adentrou um caminho paralelo do mundo astral, deixando o meio físico de sua cidade no ponto em que se encontrava, à frente do hospital. Viu um lugar sombreado, meio escuro. Via e ouvia entidades gritando, arrastando-se pelo chão, um lugar levemente frio e árido. Sentiu mais medo ainda. E os seus desafetos continuavam atrás dele, enviando palavras densas para desequilibrá-lo ainda mais. Começou então um processo de esforço interior de autocontrole para não perder a cabeça.

Logo chegou um grupo de cinco entidades da Cidade dos Nobres, que o abordaram: — Meu caro Adriano, não tema! Fique tranqüilo, porque somos do bem. Fomos enviados para buscá-lo. Acompanhamos boa parte de sua vida ainda na carne e vimos que você era um bom freqüentador de trabalhos espíritas, esposo da Isabel, também grande trabalhadora da doutrina. Temos um lugar ideal para você, que se sente injustiçado por ter tido de deixar a vida física tão novo e com tantos belos trabalhos em prol do social. Professor de sucesso, que ensinou e ajudou a abrir a cabeça de muitos jovens para a importância da luta por melhores dias, num país cheio de desníveis sociais e de falta de oportunidades para participar dos destinos democráticos de sua cidade, do seu estado. Olha meu amigo, nós o convidamos a nos acompanhar até nossa cidade, um lugar de pessoas nobres como você, sem violência, e onde será ajudado a recuperar-se dessa viagem cansativa.

Lá conhecerá o nosso dirigente e verá as muitas oportunidades de contribuição que poderá dar, além de ter a chance de voltar ao convívio de sua esposa e de outras pessoas, mes- mo estando aqui deste lado da vida, mas com boas chances de satisfazer muitos dos seus desejos. Garanto que não haverá arrependimento. Lembre-se, havia entidades querendo atacá- lo e raptá-lo, e as que ainda estão atrás da gente lhe xingando. Não deixe que esse tormento atinja a sua mente, enfraquecendo-o, pois é isso que elas querem. Faço só uma pergunta a você: onde estão os famosos guias espirituais de que você ouvia falar nas palestras e nos livros espíritas? Por que não estavam aqui para recebê-lo? Deixe essa raiva surgir no seu coração, isso é normal! Teremos um bom caminho para canalizar essa forte energia. Sou gaúcho como você, e freqüentei um grupo lá de Porto Alegre e também me decepcionei quando cheguei deste lado: ninguém do bem veio me recepcionar.

O comandante do grupo então emitiu um jato de energias mentais cheias de vaidade, mentalizando simultaneamente uma luz vermelha, com rastros de tonalidades amareladas, de intensidade opaca, sem brilho, que envolveu Adriano e finalizou:

— Meu irmão, você é um cara inteligente, de boas intenções, que merecia ter tido uma oportunidade melhor na Terra. Você não tem idéia, mas nós temos condições de arquitetar reencar-nações e os nossos pupilos reencarnados serão conduzidos para o sucesso que desejarmos e acordarmos, com aval dos dirigentes da nossa cidade astral. Tem noção do que isso representa? Não são todos os líderes aqui no Umbral que têm essas condições, não. Claro, antes disso, terá de mostrar suas habilidades! E eu sei que as possui e terá um tremendo sucesso.

Assim, as entidades daquela colônia habilmente tocaram na vaidade de Adriano, que se misturava com revolta interior. Ele pensou rapidamente e percebeu que estava sem opção. Então, acompanhou as cinco criaturas. Chegando lá, após alguns dias de recuperação do cansaço e debilidade em que se encontrava, foi apresentado ao dirigente e, depois da etapa de treinamento, logo foi engajado em atividades de obsessão de encarnados e integrantes de determinado grupo espírita, dirigindo um grupo de oito colaboradores-obsessores. Usava de astúcia e inteligência para contra-argumentar nos trabalhos de desobsessão do referido centro, mas plenamente ciente de que aquilo tudo não o tocaria em nada, já que estava consciente de sua atividade de desestabilizar os trabalhos e os médiuns, além de mentalmente induzi-los a mudar de caminho. Criava assim condições mentais e vibratórias para que as pessoas do centro pudessem entrar em sintonia e cedessem ectoplasma para sua equipe, num claro e sorrateiro processo de vampirismo.

Já por dois anos ligado à Cidade dos Nobres, Adriano está passando por um processo de mudança interior. A revolta está crescendo dentro dele, porque se deu conta de que tem sido usado ao longo de todo esse tempo, em que pese ter tido a oportunidade de satisfazer muitos desejos carnais. Por várias vezes tentou mudar o sistema de eleição da colônia, de modo que fosse mais transparente, menos agressivo e menos repleto de jogadas sujas. Deu-se conta de que ali se repetia a mesma sujeira política que no mundo físico, nas cidades brasileiras. Em muitas ocasiões foi vencido em seus posicionamentos. Estava revoltado com os dirigentes e com muitos dos habitantes. Só não saiu antes daquele lugar, porque ainda se sentia um pouco protegido e sabia que fora dos muros é cada um por si. Sempre que saía para incursões no Umbral e nas zonas físicas das cidades passava por aquelas entidades que o perseguiam. Elas estavam sempre espreitando-o; ele percebia que tão cedo não haveria possibilidade de desistência dessa perseguição. Às vezes, tinha curiosidade para saber o que

havia por trás dessa situação, já que não lembrava de nada que o fizesse sentir-se culpado ou que justificasse a perseguição daqueles espíritos revoltados.

Adriano arquitetou uma revolta na Cidade dos Nobres e mobilizou várias entidades para fazerem um levante e tomarem o poder local. Os dirigentes ficaram cientes disso e houve um clima de tensão e revolta muito grande, o que provocou deses-tabilização das amarras energéticas que protegiam as entradas e os muros da cidade, favorecendo a invasão de entidades estranhas. O grupo dirigente conseguiu tomar o controle local e refazer a segurança, depois de muito tumulto.

Adriano foi isolado e colocado numa prisão astral.

Ele já está por vários meses isolado, num intenso processo de revolta. Espera-se que, após esses momentos de catarse e profundo sofrimento, possa se dobrar humildemente diante de Deus e pedir ajuda ao Alto. Há momentos em que ele chega à beira desse processo, de deixar brotar rastros de humildade interior. E espera-se que muito em breve esteja criando condições vibratórias para ser resgatado e levado para uma colônia espiritual ligada a grupos cristãos.

IX

No documento Atanagildo O Vale Dos Espiritas 2015 (páginas 103-107)