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Enfrentando a própria consciência

No documento Atanagildo O Vale Dos Espiritas 2015 (páginas 45-64)

André era dono de livraria, atividade digna e séria que ele conduzia para pagar os estudos na faculdade de economia e ajudar os pais, pois vinha de uma família de classe média baixa do interior de São Paulo. Batalhador profissional durante o dia e estudante à noite, conseguiu montar sua loja após anos de trabalho em um escritório. Era contabilista, e com duras economias ajudava os pais, comendo às vezes mal, para minimizar despesas diárias. A livraria já estava com sete anos de existência, e a cada dia a clientela aumentava mais. Nas horas em que não estava atendendo ou organizando a loja, voltava-se para os estudos, principalmente dos livros espíritas que vendia. Era o chamado "rato de livraria", como vulgarmente se diz.

Sempre que precisava sair para resolver assuntos externos, deixava Maria cuidando da livraria. Além de vendedora, ela era assistente administrativa. E nessas saídas, ele aproveitava para dar uma rápida passada em outras livrarias e verificar se havia algo novo a aprender em termos de gerenciamento, de novidades nas estantes, inclusive dando uma olhada em livros que lhe chamavam a atenção, especialmente os de cunho espírita, espiritualista e esotérico.

Aos trinta e cinco anos, André já costumava fazer preleções esclarecedoras aos costumeiros clientes de sua livraria. Sempre que tinha um tempinho extra, tomava passe num centro espírita perto da faculdade. Estava para se formar em economia e tinha alguns sonhos profissionais: trabalhar numa empresa multinacional ou ser comentarista de economia numa revista importante ou jornal de grande circulação, mas isso sem se desfazer de sua livraria, atividade que desempenhava com amor. A divulgação era algo que o motivava, em especial quando se tratava de temas espirituais.

Apesar dos cuidados que tinha com os conhecimentos espíritas, negligenciava em alguns aspectos importantes, como aprimorar os sentimentos, incluindo o mergulho no subconsciente, através da auto-observação, a meditação para um maior autoconhecimento, dedicação à autotransformação, e também a atenção para sua saúde física. Mesmo sabendo que a carne não era um bom alimento, adorava uma picanha gordurosa ou uma carne de porco pingando gordura no prato. Não fazia exercícios físicos nem costumava ir ao médico para fazer um check-up. Jamais podia imaginar que um belo dia iria sofrer um acidente cardiovascular fulminante que o levaria para o Além, pegando--o de surpresa.

Sempre afeito a incursões intelectuais no campo da economia, bem como no terreno dos temas espiritualistas e espíritas, tinha uma mente fortalecida intelectualmente e uma enorme fragilidade na área sentimental. Fugia de si mesmo, do enfren-tamento de sua própria consciência. Seu grande aparato intelectual o fazia uma pessoa muito vaidosa. Tinha prazer em disseminar os preceitos espíritas e repassar informações esotéricas aos outros. Por algumas vezes, fora convidado a palestrar no centro espírita que freqüentava e adorava quando era elogiado pelos conhecimentos adquiridos. Seu orgulho ficava inflado quando era ovacionado. Sempre que algum cliente ou algum assistente de suas palestras o contestava, ele ruborizava e ficava furioso intimamente, mas não expressava raiva nas palavras, embora fervesse por dentro. No fundo, tinha uma elevada au-toestima e se considerava intelectualmente superior à maioria das pessoas nos assuntos que dominava.

Vez por outra, sentia dores de cabeça intensas, vista turva, tonteira, fraqueza e formigamento nas mãos, nos braços ou nas pernas. Quando isso acontecia, sentava-se, tomava água, descansava um pouco e logo voltava ao normal. Não tinha a mínima idéia de que algumas vezes havia sofrido pequenos acidentes vasculares cerebrais, vulgarmente conhecidos como derrame. Ensaiava ir procurar um médico, mas usava para si mesmo e para os amigos o argumento de que seus afazeres intensos do dia a dia o impediam de arranjar tempo para cuidar da saúde.

No ano em que acabara de se formar, estava cheio de esperanças profissionais, até que um dia, em pleno horário de trabalho na livraria, sentiu uma fraqueza repentina, perda de visão e desmaio súbito. Maria correu para socorrê-lo e chamou uma ambulância, mas ele já chegou ao pronto-socorro totalmente desfalecido.

No percurso da loja até o pronto-socorro, André teve uma rápida retrospectiva dos acontecimentos relevantes que o marcaram desde infância até aqueles dias finais. Seus sentimentos estavam intensamente mobilizados e confusos. Lembrava com preocupação de seus pais velhinhos e se preocupava com o envio mensal de dinheiro para a manutenção dos dois. Vinha à sua mente a preocupação com a gestão da loja; sentia uma sensação de perda de oportunidade de ir trabalhar numa revista de economia (ele aguardava um contato importante que um amigo estava articulando com um dos dirigentes dessa revista). Tinha a sensação de estarem escapando de suas mãos vários livros e papéis; via-se sendo retirado, carregado, de uma palestra espírita, com um auditório cheio de gente, e sentia vergonha por ver tantas pessoas observando-o naquelas condições de incapacidade.

André tinha uma mente forte e achava que sua saúde era inabalável. O orgulho e a vaidade o confrontavam intensamente. Foram vinte e cinco minutos entre a chegada da ambulância e a entrada no pronto-socorro, tempo que lhe pareceu uma eternidade ao reviver situações passadas e conflitos presentes em seu íntimo. Ao receber os primeiros tratamentos de choque para reativar o coração, apagou completamente, entrando num processo de inconsciência em razão de seu estado mental sobrecarregado e da hemorragia que tomava conta de seu cérebro.

Essa perda se estendeu ao seu perispírito, sem que ele se desse conta de que havia desencarnado. Por mais de quarenta e oito horas ficou grudado inconscientemente ao corpo. Finalmente acordou no momento em que estava sendo sepultado. Olhou os pais chorando, Maria em estado de choque, Márcia descontrolada (uma ex-namorada que o amava muito e que tinha esperanças de um dia casar-se com ele), alguns amigos mais chegados e vários colegas de faculdade, todos bastante tocados emocionalmente ou chocados pela rapidez do episódio. Um amigo do centro espírita terminava a prece de despedida e encaminhamento espiritual de André, quando ele se deu conta de que realmente tinha morrido.

Presente ao próprio enterro, em estado de choque, não acreditava no que via. De súbito, veio-lhe uma revolta com o ocorrido e um misto de sentimento de perda, derrota e injustiça divina para com tudo o que havia vivenciado e com o que estava sendo construído em sua vida material, além das esperanças no campo profissional. Tinha o sonho de casar-se e ter filhos, de ser rico, famoso, reconhecido na área espiritual e profissional. Ele, que havia saído do interior de São Paulo, de família simples, tinha conquistado a capital com esforço e dedicação ao trabalho, aguardava perspectivas nobres para o futuro. Sentia-se arrasado intimamente e, por detrás dessa decepção, escondia-se uma forte revolta, inclusive com Deus, mediante o destino inesperado e a sensação de derrota na vida.

Era final de tarde; as pessoas já haviam saído do cemitério e André continuava sentado numa sepultura vizinha à sua, completamente desolado, quando percebeu que ao seu redor e à distância havia muitas outras entidades que a rigor não tinham nada a ver com ele. Uma delas, com ar cadavérico, aproximou-se e puxou conversa, questionando-o sobre seu estado de inércia e motivando-o a juntar-se a ele e ao seu grupo, que denominava de Falange dos Revolucionários.

André ficou assutado; não se simpatizou muito com a criatura e lhe disse que gostaria de ficar ali mais um pouco, sem ser incomodado. Aos poucos, outros espíritos do mesmo grupo foram se aproximando e lhe cercando, pois percebiam no seu perispírito muitos resíduos de ectoplasma que poderiam ser vam-pirizados. Como tinha lido muitos livros sobre conhecimentos esotéricos, espiritualistas e espíritas, sabia que poderia afastar as entidades com sua força mental, aproveitando os restos de material plasmático que trazia do corpo físico e do duplo-etéri-co para imprimir mais força a esse processo. Então mentalizou em torno de si uma aura azul intensa e, como a provocar um sopro ou vento astral, fez um movimento empurrando aquelas entidades que se comportavam como urubus em torno da carniça.

De fato, como um tiro de ar comprimido em formato circular e em torno de si, jogou- as para alguns metros de distância. Todas correram, exceto a que parecia líder do grupo. Então sentiu um rasgo de medo e correu em direção à saída principal do cemitério. O estado de angustia e pavor foi se ampliando, e subitamente André adentrou um caminho paralelo que não estava no desenho geográfico original do campo físico de sua cidade, vendo-se em um local sombrio e repleto de "almas penadas". Olhava para trás e ainda via o espírito raivoso, com ar cadavérico, a persegui-lo.

André pressentia que não tinha mais ectoplasma disponível, mas de qualquer modo fez uma última tentativa de direcionar um petardo mental, como um raio laser, em direção ao líder dos Revolucionários. Deu certo, e a entidade foi parar bem longe, a mais de trezentos metros de distância, o que a fez perdê-lo de vista. Subitamente ele sentiu-se enfraquecido e teve certeza de que não possuía mais material plasmático.

André trazia uma postura comportamental, desde os tempos da carne, em que lutava sozinho, achava que não precisava de ninguém e que sua força interior era capaz de conduzi- lo pelos caminhos que desejasse. Não percebia que seu orgulho não era exatamente um alimento de fortaleza interior. Acabara de chegar ao Além, não conhecia a geografia do lugar, tinha conhecimentos básicos de manipulação de energia, mas desconhecia as regras e mecanismos mais complexos da vida astralina e, principalmente, não percebia que seu orgulho o impediria de acessar planos mais sutis. Tentava vencer o medo, a angústia e a revolta por ter de passar por aquilo tudo. No fundo, esperava que anjos e mensageiros do Alto o aguardassem e o conduzissem a regiões superiores.

Sua mente fervilhava, pensando no homem bom que tinha sido, na boa índole que possuía, na sua vida carnal delineada pela seriedade e postura ética. Pensava, com sentimento de decepção, no quanto divulgara os ensinamentos e conhecimentos espíritas e espiritualistas, fosse por palestras e diálogos esclarecedores, ou por meio dos livros que vendia. E concluía mentalmente: "De nada serviu o esforço que empreguei em prol do bem?". Explodia em xingamentos. Quantas vezes tivera auto-controle para não usar palavras de baixo calão contra clientes mal-educados que iam à sua loja, ou contra pessoas que furavam a fila do banco ou do cinema... Mas não possuía mais o corpo físico, não tinha mais a barreira energética densa que o impedia de expressar plenamente seus desejos e impulsos. E então se via mergulhado

no mundo astralino, rodeado de desencarnados exatamente iguais a ele, gritando, xingando contra o mundo e a Deus pelas "injustiças" que passavam naqueles momentos.

Refletia consigo mesmo: "Sinto muito frio e já estou cansado de andar por este lugar, sem saber que direção tomar. Estes seres malucos, gemendo, urrando, esfarrapados, me arrepiam pelo aspecto imundo. Ah, que vergonha por estar aqui! Fazem-me sentir no inferno de Dante. Que bela recepção o plano espiritual me preparou! Onde está o meu guia espiritual, que os médiuns do centro falavam que eu tinha ao meu lado? Tudo enganação! Quantas pessoas ajudei com esclarecimento... Lembro do caso de uma adolescente que me disseram que não se suicidou porque teria ouvido uma palestra minha, inclusive até perdoou o namorado por tê-la abandonado. Puxa, naquele dia, quando me deram essa notícia, tinha certeza de que Deus guardaria um lugarzinho especial para mim! Quer dizer que então de nada vale salvar vidas... Deus que é tudo, é bondade infinita, que perdoa a todos, cadê? Onde estão Teus mensageiros de amor que não aparecem para ajudar um trabalhador da Tua seara? Que raiva de tudo e de todos! Morrendo de frio, neste lugar horrendo, com cheiro de mofo, cheio de entidades perdidas, e eu com todo o meu cabedal de leituras aqui, junto delas. Era só o que me faltava!".

Foi quando surgiu alguém ao seu lado. André não sabia, mas era Samuel, um velho conhecido:

- Puxa, cara, que dificuldade para encontrá-lo! Vamos nessa, André! Nossos companheiros vão ajudá-lo; vão cercá-lo para evitar que baderneiros mexam com você ou tentem seqüestrá-lo. Aqui há muita gente inteligente e de má índole, que quer escravizar espíritos recém-chegados e perdidos. Você daria um bom zumbi para eles manipularem a mente, usando-o como escravo. Ainda mais desse jeito, enfraquecido e sem saber para onde ir. Vamos lá, anda mais rápido! João, que é forte, pode carregá-lo, se não der conta.

André protestou:

- Quem são vocês? Espera lá, me expliquem melhor de onde vocês são e para onde querem me levar! Peraí, ninguém vai me carregar, não! Era só o que me faltava! Posso estar fraco, mas consigo andar, sim. Tenho muita força de vontade e esse papo seu, de entidade dominar minha mente... Você está pensando que eu sou um idiota, leigo das coisas sobre o mundo das energias?

- Não, você está brincando comigo é, André? - tornou Samuel. - Não se lembra de mim? Amigos de infância...você roubou minha namorada na adolescência, quer dizer, a menina que gostava de mim, no dia da festa do meu aniversário de quinze anos, e acabou transformando-a na sua primeira namorada. Fiquei de mal com você... e muitos anos depois, nos reencontramos numa palestra espírita sua, já adultos, lá em São Paulo. Depois você sumiu, né, ficou cheio de afazeres, de grana...Talvez sua visão ainda esteja turva, depois do choque no derrame...por isso vou dar esse desconto, e também porque é normal quem perde o corpo físico chegar por aqui meio tonto e desorientado. Mas tenha calma! Somos da Cidade dos Nobres. Depois que descobri que você estava desencarnando e falei com nosso comandante, ele me pediu para vir apanhá-lo, junto com nossa equipe de salvadores de almas. Vamos resgatá-lo deste lugar, onde você corre riscos. Mas me surpreende não ter nenhum vampiro atrás de você, ou um grupo querendo seqüestrá-lo para colônias das zonas infernais. Olha só, acalme-se! Não fique arredio não, que a gente vai ajudar. Ou você quer ficar aqui, perdido? Finalmente André se deu conta da situação:

- Não, tudo bem. Vamos lá, Samuca, agora estou lhe reconhecendo! Desculpe, camarada! Soube da sua morte numa semana em que eu estava super atrapalhado na faculdade, com provas finais, e para completar com problemas na loja. Maria tinha ficado doente e eu não tive como ir ao seu enterro.

- É, cara, não esquenta não! - retrucou Samuel. - Eu sei que você queria ter ido e que não deu mesmo. Depois, eu fui investigar um por um dos meus amigos e parentes; fui ver quem tinha ido ou não no meu enterro e as causas das ausências, quando eu já estava me sentindo recuperado dos efeitos do acidente. Tinha um senhor, o seu Augusto, chefe do centro que eu passei a freqüentar no meu bairro, que veio me buscar quando eu estava mergulhado em zonas muito perigosas no Umbral, sofrendo "pra caramba". Eu xinguei até a mãe dele, porque nas reuniões do centro seu Augusto repetia milhões de vezes que "sem caridade não há salvação". Quando cheguei, lembrei que eu dava cestas de alimentos, brinquedos e um montão de coisas no Dia das Crianças, no Natal, na Páscoa, enfim, ajudei gente à beca, para depois da morte encarar um Umbral gelado, cheio de gente maluca, agressiva?!! Aí não deu outra, a raiva subiu à cabeça. Eu não sabia para onde ir; via algumas pessoas mais antigas que freqüentaram o centro espírita, como eu, e que morreram, até porque já tinham idade avançada, e estavam lá também, vagando às escuras e desesperadas, enlouquecidas de ódio com tudo e todos.

É, André, aqui quando a gente tem sentimentos, bons ou maus, eles explodem com força e aí sai da frente porque não tem quem nos segure. E o mais engraçado é que mesmo depois de xingar seu Augusto, ele próprio veio me resgatar e me levar para a Cidade dos Nobres. Não sei se ele ouviu meus xingamen-tos ou meus desejos de sair dali, mas hoje ele é uma espécie de meu protetor. Mas não pensa que lá é como nas histórias que o livro Nosso Lar contava sobre aquela cidade espiritual: tudo certinho e bonito, cheio de gente boazinha. Meu amigo, na Cidade dos Nobres a gente tem que estar esperto. Deixa a gente chegar e você ficar mais forte; vai descansar na minha casa, vai se recuperar dessa viagem e então vou lhe dar toda a orientação para você não se dar mal.

Escuta uma coisa, André, você teve sorte porque o buscamos só dois dias após o desencarne. Tem gente que fica pelo Vale descampado ou em outros lugares piores, como a grota, por até um ano ou mais. Você nem sofreu tanto.

- É, Samuca - suspirou André -, obrigado pela ajuda! Vocês é que são os meus guardiões e não os anjos que só cuidam de anjos.

Chegaram finalmente, e Samuel anunciou:

- Pronto, chegamos à minha casa! Vou lhe dar água e colocá-lo para descansar. Não esquenta com nada! Fique a vontade e não se preocupe em acordar logo; descanse o quanto precisar. Quando estiver bem, vou apresentá-lo ao pessoal da Cidade.

-Tudo bem, Samuca! Estou surpreso com este lugar. Parece aquelas cidadezinhas de interior. Vi até gente puxando carroça, ruas sem pavimento, casebres, gente simples e gente metida andando pelas ruas. E não tem sol; o lugar é meio sombrio e frio. Realmente estou me sentindo fraco e sonolento. Vim me segurando ao longo da caminhada, e ainda bem que seus amigos me deram uma força, porque minhas pernas estão bambas.

Dias depois, André já estava recuperado. Mas sua revolta ainda era grande e lhe dominava o coração. Não conseguia distinguir entre os pensamentos alicerçados em sentimentos de orgulho, que o faziam sentir-se num pedestal de intelectualismo espiritual, e sua real situação, um ser profundamente necessitado de humildade, alojado numa residência do Umbral, em uma colônia não propriamente de aprendizado, ainda que em todo local possam ser criadas oportunidades de crescimento interior; todavia atraído para um ambiente que vibrava em sintonia com ele e vice-versa, sem o aconchego do sentimento fraterno.

Logicamente que nem todos os espíritas vão para lá, assim como nem todos que estão no conhecido Vale dos Espíritas ou na Cidade dos Nobres são necessariamente espíritas, ainda que haja ali uma presença bastante acentuada de irmãos egressos direta ou indiretamente da doutrina. Podemos verificar, especialmente, que aqueles que estão em postos de comando na- quela cidade, ou que compõem o rol dos que são formadores de opinião, ou ainda os que desejam assumir o controle local, freqüentaram centros espíritas.

Depois de quase um ano observando, relembrando e aprendendo a lidar com as regras energéticas do plano espiritual, em especial com as turbulências e a densidade pesada do Umbral, e se envolvendo com aqueles que detinham o poder de comando na Cidade dos Nobres, graças aos seus conhecimentos, capacidade de análise comparativa e sensibilidade que adquirira ao longo de muitas encarnações, ao exercer o papel de estudioso em escolas espiritualistas ou ocultistas, certamente chegaria o dia em que André iria cair em si. Vale salientar a ajuda incondicional que recebera de amigos do plano espiritual superior. Ele precisava passar por aquelas vivências, antes de adentrar seu mundo interior, e viver uma catarse profunda que o levaria a tomar consciência de seu verdadeiro estado espiritual.

André passara por encarnações que o tinham exercitado na aprendizagem do yoga, do budismo e nas práticas ocultistas, com muitas existências no Oriente: na Grécia antiga, integrando-se a escolas do conhecimento que ampliaram seu raciocínio, mas também sua vaidade. Retornou algumas vezes como pessoa pobre, em ambientes afastados do poder, da

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