4 DESENVOLVIMENTO
5.2 Aeroporto Internacional de Viracopos-Campinas (VCP)
O aeroporto internacional de Viracopos-Campinas, identificado pela IATA através do código VCP, está localizado na cidade de Campinas no Estado de São Paulo. Com acesso direto pelo 66 km da Rodovia Santos Dumont (SP 75), o passageiro pode chegar e sair utilizando veículo próprio ou uma das mais de 10 linhas de ônibus que servem o aeroporto. Fundado em 1930 e homologado para voos internacionais em 1960, desde 2012 o aeroporto é administrado pela Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, composto por Triunfo Participações e Investimentos, UTC Participações, Egis Airport Operation e Infraero. Atualmente, o aeroporto contém dois terminais de passageiros e um terminal de cargas que operam voos domésticos e internacionais 24 horas por dia (VIRACOPOS, 2019).
Ocupando um sítio aeroportuário com área total de 8.348.943 m2, Campinas possui uma
pista para pousos e decolagens e 71 vagas operacionais. No ano de 2014, foram realizados 131.531 pousos e decolagens, nos quais 9.846.853 passageiros e 223.280 toneladas de carga foram transportados. No ano seguinte, 2015, foram 127.395 pousos e decolagens, transportando 10.324.658 passageiros e 182.967 toneladas de carga (dados extraídos das bases ACI). A vista aérea do aeroporto é apresentada na Figura 20.
Figura 20: Aeroporto Internacional de Viracopos-Campinas (VCP) Fonte: Google Maps (2019c)
Posicionado em 2º lugar no ranking determinado pela Eficiência Global em 2015, abaixo apenas de Guarulhos, o aeroporto de Campinas é o primeiro representante do Grupo B na classificação ABC. Com eficiência 100% nos dois anos no primeiro estágio do Two-Stage DEA (Infraestrutura Física) e 82,98% em 2014 e 74,74% em 2015 no segundo estágio (Consolidação de Voos), o aeroporto é um dos 10 que delimitam a fronteira de eficiência em Infraestrutura Física, sendo assim uma importante referência para os demais aeroportos nessa dimensão. Seus Índices de Malmquist indicam estabilidade para o estágio 1 e redução de eficiência para o estágio 2. A Tabela 6 consolida os dados brutos extraídos das bases ACI e os valores calculados de eficiência e índices evolutivos referentes a Campinas.
Tabela 6: Dados brutos e valores calculados referentes a Campinas
Dados Brutos Valores Calculados
Infraestrutura Two-Stage DEA (2014)
Área Total (m2) 8.348.943 Infraestrutura Física 100,00% Vagas 71 Consolidação de Voos 82,98%
Pistas 1 Eficiência Global 82,98%
Movimentações (2014) Two-Stage DEA (2015)
Pousos e Decolagens 131.531 Infraestrutura Física 100,00% Passageiros 9.846.853 Consolidação de Voos 74,74% Carga (ton.) 223.280 Eficiência Global 62,02% Movimentações (2015)
Pousos e Decolagens 127.395 Índice de Malmquist
Passageiros 10.324.658 Infraestrutura Física 0,97 Carga (ton.) 182.967 Consolidação de Voos 0,92
O estudo no aeroporto de Viracopos-Campinas foi realizado nos dias 24 e 31 de agosto de 2017, quando três pesquisadores do grupo foram recebidos por um colaborador da área de Planejamento Estratégico. É importante destacar que esse aeroporto exerceu duas funções nesta pesquisa. A primeira visita foi conduzida para testar e aprimorar os instrumentos de coleta de dados, fazendo de Viracopos o estudo de caso Piloto. Após a primeira data, os instrumentos foram melhorados e na segunda data o aeroporto foi investigado da mesma forma que os outros dois, exercendo o papel de unidade de análise para o estudo de caso múltiplo.
Das 35 práticas investigadas, 21 foram identificadas integralmente, cinco de forma parcial e nove não foram identificadas, seja porque o aeroporto não implementa a prática ou porque o respondente não soube informar. O Quadro 10 apresenta o checklist completo das práticas pesquisadas em Campinas, com as respectivas classificações de implementação.
Quadro 10: Checklist de práticas de gestão investigadas em Campinas Prática de Gestão de Operações
Prática Identificada Parcial ou similar Não Identificada Administração Aeroportuária
01 Sistema de gestão de desempenho com KPIs 02 Sistemas integrados de apoio à decisão (ERP) 03 Modelos de otimização para alocação de recursos (PCP)
04 Sistemas 3D para otimizar a gestão do espaço físico (CAD)
05 Ferramentas da qualidade (TQM)
06 Princípios Just in Time (JIT)
07 Método de custeio (ABC)
08 Programa de gestão do conhecimento
09 Realização de estudos de benchmarking 10 Realização de pesquisas de satisfação com passageiros 11 Práticas de gestão de demanda (equilibrar oferta-demanda)
12 Segmentação de mercado para fidelização de passageiros 13 Práticas sustentáveis para reduzir impactos ambientais
Quadro 10: Checklist de práticas de gestão investigadas em Campinas (continuação) Prática de Gestão de Operações
Prática Identificada Parcial ou similar Não Identificada Processos de Turnaround
01 Modelos de otimização do tempo total de turnaround 02 Compartilhamento de infraestrutura (Gates) por CIA aéreas
03 Alocação ótima/sincronizada de equip. a Aeronaves/Gates 04 Sistema integrado de gerenciamento de cargas
05 Acompanhamento de bagagens por RFID
Torre de Controle
01 Modelos de otimização para alocação de pistas a aeronaves 02 Modelos de minimização de bloqueio de portões
03 Modelos de decisão para movimentação em solo
04 Modelos de otimização para reprogramação de voos
05 Sistemas de aprendizagem contínua (Controlador de Voo)
Check-in e Embarque
01 Estratégias de gestão de filas nos terminais de check-in 02 Uso de equipamentos para check-in automatizado 03 Sistema de sinalização e informação ao passageiro
04 Procedimentos otimizados de embarque de passageiros
Segurança
01 Filas virtuais na inspeção de segurança
02 Métodos otimizados de seleção de bagagens para inspeção 03 Sistemas de segurança para continuidade da operação
04 Métodos de mitigação de riscos à aeronave em tempo real
Gestão de Infraestrutura
01 Avaliação de desempenho da infraestrutura física 02 Modelos de análise de investimentos com base em riscos 03 Planejamento futuro de infraestrutura flexível (cenários)
Das 14 práticas do grupo temático Administração Aeroportuária, 10 foram identificadas integralmente, uma de forma similar e as demais três não foram identificadas. O entrevistado não soube responder se Sistemas 3D para otimizar a gestão do espaço físico (CAD) e Método
de custeio (ABC) são ou não implementados no aeroporto de Campinas. Mas atestou que não
são implementados Princípios Just in Time (JIT). A única prática implementada de forma similar é Segmentação de mercado para fidelização de passageiros. Apesar de não haver segmentação de mercado para fins de fidelização, o aeroporto contém elementos de atração de passageiros e clientes para os serviços oferecidos nos terminais, como cabines para descanso, bares, lojas e restaurantes, localizados em maior concentração próximos as áreas de desembarque, onde familiares e conhecidos de passageiros são estimulados a frequentar o aeroporto e a consumir enquanto esperam. As demais práticas desse grupo foram consideradas integralmente implementadas.
Todas as equipes operacionais do aeroporto utilizam indicadores de desempenho, que, juntos, compõem o Sistema de gestão de desempenho com KPIs. O novo Sistema integrado
de apoio à decisão (ERP) foi desenvolvido como parte do projeto do novo terminal de
de simulação e de alocação de voos e recursos que garantem a correta ocupação da capacidade instalada do aeroporto a médio e longo prazos, evidenciando a implementação da prática
Modelos de otimização para alocação de recursos (PCP). Há também adequação de oferta
de capacidade no curto prazo, por meio de acompanhamento dos níveis de qualidade dos serviços prestados e contratação de terceirizados sempre que necessário. Além disso, o aeroporto aplica incentivos tarifários junto às Companhias Aéreas para aumentar a oferta de voos quando a capacidade instalada fica muito ociosa. Comprovando assim a utilização de
Práticas de gestão de demanda (equilibrar oferta-demanda). Desde 2017, os processos do
aeroporto vêm sendo certificados ISO, garantindo o uso de Ferramentas da qualidade
(TQM). O Programa de gestão do conhecimento do aeroporto é coordenado pela área de
Segurança Operacional, que acompanha e divulga práticas operacionais e lições aprendidas, estimulando a troca de experiência entre as equipes operacionais. A Realização de estudos de
benchmarking é prática comum em Campinas, não apenas com outros aeroportos, mas também
com empresas e instituições de ensino. Como Campinas participa da pesquisa conduzida periodicamente pela Secretaria Nacional da Aviação Civil (SAC), a prática Realização de
pesquisas de satisfação com passageiros também foi considerada integralmente
implementada. Desde 2014, as Práticas sustentáveis para reduzir impactos ambientais são lideradas pelo Comitê de Sustentabilidade da Aeroportos Brasil Viracopos, que em 2016 aplicou aproximadamente R$ 7,5 milhões em ações ambientais. Por fim, sendo Campinas controlada pela Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos, criada especificamente para administrar o aeroporto, fica determinado o Controle por meio de organização individual e
autônoma.
No grupo temático Processos de Turnaround, três práticas foram identificadas de forma integral. Em Campinas, o Centro de Operações (CO) opera em parceria com representantes das Companhias Aéreas, que ficam alocados no CO. Essa proximidade permite a Alocação
ótima/sincronizada de equipamentos a Aeronaves/Gates e a otimização do Compartilhamento de infraestrutura (Gates) por CIA aéreas, já que não existe
exclusividade no uso da infraestrutura. Apesar dessa operação conjunta, a otimização do tempo total de turnaround é de responsabilidade exclusiva das Companhias Aéreas, ficando a cargo do aeroporto o controle do tempo e a aplicação de eventuais punições. Sendo assim, a prática
Modelos de otimização do tempo total de turnaround foi considerada parcialmente
implementada.
Todos os processos de movimentação de cargas e bagagens são mapeados e controlados pelo Sistema integrado de gerenciamento de cargas do aeroporto, que foi desenvolvido
especialmente para Viracopos, controlando inclusive aspectos críticos no Terminal de Cargas, como a temperatura da câmera fria. Entretanto, o aeroporto não utiliza Acompanhamento de
bagagens por RFID.
Não foi possível validar integralmente nenhuma das práticas do grupo temático Torre de Controle. Como o controle de tráfego aéreo não é de responsabilidade de Viracopos, o respondente não soube confirmar detalhes das atividades pertinentes a esse tema. Ao ser questionado sobre as práticas Modelos de otimização para alocação de pistas a aeronaves,
Modelos de minimização de bloqueio de portões e Modelos de decisão para movimentação em solo, o respondente afirmou que esse tipo de problema é tratado pelos Controladores de
Voo em parceria com o Centro de Operações, mas que não sabia se modelos de otimização e apoio a decisão são utilizados. Portanto, essas práticas foram consideradas parcialmente implementadas. As práticas Modelos de otimização para reprogramação de voos e Sistemas
de aprendizagem contínua (Controlador de Voo) foram classificadas como não identificadas
porque o entrevistado não soube responder se são realizadas ou não.
Das quatro práticas do grupo Check-in e Embarque, apenas Procedimentos otimizados
de embarque de passageiros foi classificada como não identificada. De fato, o aeroporto não
interfere nos procedimentos de embarque, que são atribuição de cada Companhia Aérea. As demais práticas desse grupo foram consideradas implementadas de forma integral. Apesar de também ser responsabilidade das Companhias Aéreas, o aeroporto implementa Estratégias de
gestão de filas nos terminais de check-in, trabalhando em participa com as companhias,
inclusive para organizar o compartilhamento de balcões de atendimento e equipamentos de
check-in. Embora pouco utilizados, há no aeroporto equipamentos para check-in
automatizado, capazes inclusive de processar pesagem e despacho de bagagens. E o Sistema de sinalização e informação ao passageiro de Campinas, que é atualizado sob a premissa de
que a redundância na informação é fundamental para que o passageiro não se perca. O sistema foi estruturado considerando que o alto nível de stress do passageiro dificulta sua percepção. “Consideramos que os passageiros estão cegos enquanto não fazem o processo de check-in” (frase dita pelo entrevistado). Nesse sentido, o aeroporto utiliza placas fixas de cores e tamanhos diferentes, painéis luminosos para direcionamento de fluxo e telas com informações de voos em posições estratégicas.
Apenas duas das práticas de Segurança foram identificadas em Campinas. A equipe de Segurança Operacional é dividida em duas frentes: Safety e Security. Ambas, em parceria com Centro de Operações e a Polícia Federal, garantem a implementação do Sistema de segurança
real. Mas não há Filas virtuais na inspeção de segurança nem são utilizados Métodos otimizados de seleção de bagagens para inspeção.
Todas as práticas do grupo Gestão de Infraestrutura foram consideradas integralmente implementadas. Constituída para administrar o aeroporto, a Concessionária Aeroportos Brasil Viracopos desenvolve e implementa planos de investimento e crescimento a longo prazo.
Avaliações de desempenho da infraestrutura física fazem parte dos indicadores do sistema
de KPI e Modelos de análise de investimentos com base em riscos e Planejamento futuro
de infraestrutura flexível (cenários) são utilizados dependendo do nível de complexidade do
projeto.
A Figura 21 apresenta todas as 35 práticas investigadas no aeroporto internacional de Viracopos-Campinas (VCP), destacando as 26 práticas identificadas (74%), sendo, em fundo cinza escuro aquelas consideradas integralmente implementadas e em fundo cinza claro as parciais ou similares.
Na próxima seção é detalhado o estudo realizado no aeroporto internacional de Manaus (MAO).