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As agências de notícias nacionais como distribuidoras de conteúdos no interior dos conglomerados

Hebe Maria Gonçalves de Oliveira

7. As agências de notícias nacionais como distribuidoras de conteúdos no interior dos conglomerados

As principais agências de notícias nacionais integram os conglomerados de comunicação líderes do mercado jornalístico no Brasil: Folhapress, do Grupo Folha da Manhã; Agência Estado, do Grupo Estado; e Agência O Globo, das Organizações Globo. Situadas no eixo Rio-São Paulo, as agências são parte das empresas que operam, ao mesmo tempo, em diversos segmentos do jornalismo, como impresso, rádio, televisão e online. Diferentes veículos integram um mesmo grupo de comunicação e, simultaneamente, compartilham informações entre si, bem como as repassam para suas próprias agências de notícias, que as distribuem a uma variedade de jornais, isto é, assinantes dos serviços noticiosos.

Embora as agências distribuam conteúdos produzidos pelas diferentes redações em cada conglomerado, o jornal carro-chefe dos respectivos grupos de comunicação é o principal produtor das informações que compõem os despachos desses serviços noticiosos. Portanto, Agência Estado (AE), Folhapress e Agência O Globo (AG) são compreendidas como setores de distribuição de conteúdos jornalísticos e não produtores, isto é, sem estruturas próprias de equipe de reportagens para captação e produção de informações 15.

A Folhapress 16, por exemplo, atua basicamente com a disponibilização de

notícias produzidas pelas diferentes redações do Grupo Folha da Manhã (Folha de S.Paulo, UOL, Folha Online e Agora São Paulo, entre outros). A Agência

Estado também trabalha com as notícias produzidas pelas redações do Grupo OESP (O Estado de S.Paulo, Portal Estado, Jornal da Tarde, Agência Estado, Rádio Eldorado AM e FM e TV Estadão – esta última opera na web). Um diferencial da Agência Estado em relação às outras consiste na Broadcast, serviço de produção de notícias econômicas em tempo real – com equipe de reportagem própria –, voltado ao mercado financeiro, agronegócios e governos. A Agência Estado, portanto, possui uma estrutura mais complexa no conglomerado, com redação autônoma, alimentadora também do conteúdo da AE Mídia, serviço noticioso que distribui o informativo diário para os veículos assinantes. Já no Rio de Janeiro, a Infoglobo compreende os jornais O Globo, Extra e Expresso 17, Globo Online (versão online de O Globo), Portal O Globo

(com equipe própria de reportagem) e a Agência O Globo, que opera com material produzido por esses veículos, tendo O Globo como principal alimentador de informações distribuídas pela AG.

8. Considerações finais

Por fim, é importante destacar que, do setor privado, constata-se a atuação e consolidação das agências de notícias nacionais no jornalismo brasileiro nas últimas décadas, com presença em veículos regionais sediados do norte ao sul do país. Vale considerar ainda uma tendência crescente atualmente dos veículos impressos de criarem seus próprios serviços de notícia para a venda de conteúdos próprios – o que ocorre também em função das facilidades da internet, principalmente com os serviços de fotografia. Em paralelo ao setor privado, encontram-se os serviços noticiosos do setor estatal, com acessos abertos ao público, como a Agência Brasil (Governo Federal), Agência Câmara, Agência Senado e demais em âmbito dos estados da federação (governos estaduais e assembleias legislativas), bem como as do segmento alternativo ou independentes, de iniciativas por entidades sem fins lucrativos, como organizações não-governamentais (ONGs). Este breve quadro revela o quanto o segmento das agências de notícias se apresenta como um amplo espaço para novas investigações da pesquisa em jornalismo.

Notas

1

O termo, segundo Fonseca (2005; 89), é tomado de Fernando Henrique Cardoso (1964), na análise sobre a economia brasileira nos anos 1950 e 1960, em comparação aos avanços do capitalismo nos países desenvolvidos. Para Fonseca, “a passagem ocorre em um momento em que a economia capitalista mundial está plenamente constituída. Por essa razão, diz-se que a inclusão do Brasil no sistema capitalista

internacional é retardatário”.

2

Encontra-se referência à data também a 1910 (MORAIS, 1994; 266).

3

Na disputa à Presidência da República entre Rui Barbosa e Hermes da Fonseca, o Última Hora apoia a candidatura do baiano. Em consequência, é fechado pela polícia. Com o episódio, Cásper muda-se para São Paulo com os companheiros do jornal. Com o fim da agência, passa atuar na redação de O Estado de S. Paulo. Em 1918, compra o jornal A Gazeta, onde ficou até a morte, em 27 de agosto de 1943, num acidente de avião (HIME, 1997).

4

A Rádio Tupi, inaugurada oficialmente em 25 de setembro de 1935, no Rio de Janeiro, foi a primeira emissora de rádio do grupo Diários Associados.

5

As respectivas datas referem-se à fundação da empresa pelo grupo ou à sua incorporação pelos Associados. Vários veículos foram criados em datas anteriores e posteriormente adquiridos pelos Diários Associados. Entre os citados acima com fundação anterior à incorporação por Chateaubriand estão os seguintes: O Jornal, fundado em 1919; Estado de Minas, em 1928; Diário de Pernambuco, o jornal mais antigo ainda em atividade da América Latina, fundado em 1825; e o Monitor Campista, em 1834.

6

Entrevista concedida a esta autora em 15 e 29 de janeiro de 2009, em Brasília.

7

O Serviço Nacional de Telex foi criado no Brasil em 1960 e interligava Brasília, São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro e Minas. Dois anos antes, uma rede de telex fora criada entre Brasil e Estados Unidos.

8

As informações sobre fechamento e reabertura da agência foram prestadas pela diretoria do Centro de Documentação (Cedoc) do grupo Diários Associados, em Brasília, em janeiro de 2009. A DAPress

disponibiliza a página www.dapress.com.br, que atualmente opera com serviços de fotografias e venda de conteúdos de acervo.

9

Fonseca (2005; 72) se refere ao conceito de indústria cultural ao proposto pelos teóricos da Escola de Frankfurt (Adorno e Horkheimer).

10

“Atualmente, as agências de notícias mantêm sistemas de distribuição interligados através de seguintes tecnologias: satélites, ondas de rádio, telefonia fixa e móvel, redes digitais em VPN (redes privadas virtuais), internet, WBI (sistema que utiliza o intervalo ocioso do pulso de transmissão de TV entre um quadro e outro de imagem) e CRF (radiofrequência criptografada, onde os assinantes recebem dados para o computador, depois de passarem por um decodificador que ‘quebra’ a criptografia)” (SILVA JÚNIOR, 2006).

11

Victori International – empresa que operava com a transmissão eletrônica de dados via rádio FM.

12

A Broadcast Teleinformática, criada em 1987 para atender à demanda de transmissão de informações em tempo real, conciliando o uso de computadores e a transmissão de dados por ondas de frequência modulada (FM). A transmissão de informações por ondas de rádio foi autorizada pelo Ministério das Comunicações em novembro de 1988. Em 1990, a “Broadcast firmou acordo com a Embratel para

utilização de satélites na difusão de informações para todo o território brasileiro. Em 1991, iniciou-se um processo de abertura de franquias, via satélite, para prestação de serviço em âmbito nacional” (O ESTADO DE S. PAULO, 13 ago 1991).

13

A mudança do nome para Folhapress ocorreu em 2004. A partir de então, a Agência Folha passa atuar como uma editoria do jornal Folha de S. Paulo, responsável pela edição dos conteúdos produzidos pelos correspondentes em diversas localidades no país. (Raul Lopes, entrevista concedida a esta autora em out 2006).

14

CMA (Consultoria, Métodos e Assessoria Mercantil) – empresa fornecedora de indicadores econômicos no país.

15

No caso específico da AE, trata-se do setor AE/Mídia.

16

A Folha de S.Paulo possui uma editoria denominada Agência Folha, que concentra o conteúdo produzido pelos correspondentes situados em diversas cidades do país.

17

na cidade de São Paulo.