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Agenda 21 Brasileira e sustentabilidade urbana e regional

No Brasil, por meio do Decreto n. 24, de 3 de fevereiro de 2004, foi criada a Comissão de Política de Desenvolvimento Sustentável e da Agenda 21 Brasileira, que entre muitas

recomendações ampliou a Comissão de Política de Desenvolvimento Sustentável (CPDS) e da Agenda 21 Brasileira. A Comissão é composta por representantes da sociedade civil organizada e ministérios próximos às questões de desenvolvimento e de meio ambiente. A presidência e a secretaria executiva da Comissão são exercidas pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).

A Agenda 21 pode ser definida como um instrumento de planejamento para a construção de sociedades sustentáveis, em diferentes bases geográficas, que concilia métodos de proteção ambiental, justiça social e eficiência econômica (MMA, 2014, texto digital). Essa articulação de ações deveria ser realizada em cada país, uma vez que se primava pela adaptação da realidade de cada espaço geográfico

No caso da Agenda 21 brasileira, foi entendida como um instrumento de planejamento participativo para o desenvolvimento sustentável do País. A base para discussão e elaboração partiu de seis eixos temáticos, os quais receberam os nomes de “Agricultura Sustentável, Cidades Sustentáveis, Infraestrutura e Integração Regional, Gestão dos Recursos Naturais, Redução das Desigualdades Sociais e Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável” (NOVAIS, 2000, p. 196).

A partir do destaque da Agenda 21, cada localidade geográfica deveria ser única e os eixos temáticos tiveram como base em sua definição a dimensão econômica, quanto aos itens voltados à produção; social, quanto ao desenvolvimento regional; e ambiental, pelos princípios de preservação do meio ambiente.

A compreensão da sustentabilidade pode ser compreendida a partir de cinco dimensões: “social, econômica, ecológica, espacial e cultural” (SACHS 1993, p. 32). Nesse sentido, pode-se fazer uma correlação com os eixos temáticos da Agenda 21 brasileira, a seguir relatados.

Na primeira dimensão, o Sachs refere-se à equidade social, ao pacto entre as atuais gerações. Nesse ponto, converge-se no eixo da Redução das Desigualdades Sociais, que tem como meta a promoção de mecanismos que possam garantir às crianças condições de completar, no mínimo, os anos inicias do ensino fundamental e de fortalecer, dentro do

Sistema Único de Saúde (SUS), as ações integradas de vigilância e atenção à saúde do trabalhador, entre outras.

Na segunda dimensão, a sustentabilidade econômica denota que, além de manter os fluxos regulares de investimentos financeiros, há de pensar na necessidade de uma gestão eficiente dos recursos produtivos a fim de que os benefícios do crescimento econômico fiquem na região ou local para fortalecer as fontes de poupança e investimento da localidade. Fazendo-se um paralelo com o desenvolvimento regional local, o eixo da agenda se destaca pelas temáticas da infraestrutura e Integração Regional, bem como o da Ciência e Tecnologia para o Desenvolvimento Sustentável.

A terceira dimensão, a da sustentabilidade ecológica, refere-se às ações para evitar danos ao ambiente causados pelos processos de desenvolvimento, muitas vezes levados à tona pelos processos produtivos tradicionais. A fim de se mitigar esse impacto, essa dimensão vale- se da troca do consumo de combustíveis fósseis por outros renováveis, reduzindo as emissões de poluentes, preservando a biodiversidade, entre outras ações.

Na quarta dimensão, a sustentabilidade espacial, pede-se a busca pela configuração rural-urbana equilibrada e uma melhor solução para os assentamentos humanos. O destaque foi o eixo que trata das Cidades Sustentáveis, da Agricultura Sustentável e da Infraestrutura e Integração Regional.

A quinta e última dimensão, da sustentabilidade cultural, refere-se ao respeito que deve ser dado às diferentes culturas e às suas contribuições para a construção de modelos de desenvolvimento apropriados às especificidades de cada ecossistema, cada cultura e cada local.

Destaca-se que a dimensão que trata da sustentabilidade espacial faz referência à prática do desenvolvimento sustentável pela busca de inovações tecnológicas dos meios de produção e reconfiguração da estrutura urbana. Essa prática pode ser denotada ao se repensar o processo produtivo e reinventá-lo com a inserção de tecnologias produtivas limpas, mesmo aqueles que estão às voltas no seio das cidades.

econômico, com vista à preservação do meio ambiente a fim de ser ter um ambiente ecologicamente equilibrado, remete a levantar questões oportunas ao mito arraigado na sociedade de que os recursos naturais são inesgotáveis e de que a maximização da qualidade de vida depende inexoravelmente da exploração das bases naturais restantes.

Seguimentos da sociedade como órgãos governamentais e não governamentais têm voltado esforços para conduzir uma desmitificação desse conceito, ao passo que lança mão de recursos para incentivar alternativas econômicas, ambientais e sociais na busca da preservação do ambiente e dos recursos naturais necessários à sustentação da vida humana e dos processos produtivos.

Ao se tomar como ponto de partida o conceito de desenvolvimento voltado ao eco desenvolvimento bem como à promoção de uma política ambiental, percebe-se que poderá haver uma trajetória voltada a um desenvolvimento econômico que tenha, na manutenção de atividades econômicas, moldes defendidos pela sustentabilidade. Sendo assim, há de se destacar que a economia não pode estar dissociada do meio ambiente, e os processos produtivos necessitam estar inseridos na temática ambiental a fim de que esse desenvolvimento possa ser capaz de suprir as necessidades da geração atual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. Assim, consequentemente, promove-se um desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro.

Diante do exposto, percebe-se que o mundo passa por uma fase de transição. O modelo de desenvolvimento econômico vigente, que lança mão dos recursos produtivos, na crença de que os recursos naturais são de uma fonte inesgotável, necessita de algo novo que o de suporte ou que venha substituí-lo. Esse ambiente de transição pode ser o espaço para a economia verde. A conquista desse espaço demanda um conjunto de ações que vão na direção de um desenvolvimento sustentável. O modelo vigente necessita, ao mesmo tempo, ser sustentável do ponto de vista econômico e ambiental. Dessa forma, ele precisará incluir estratégias que alcancem, além do meio ambiente, também o social.

O desenvolvimento econômico, em meio à questão ambiental, pode criar oportunidades a fim de que o avanço na tecnologia produtiva ganhe destaque nas vertentes socioeconômicas e ambientais. Esse avanço poderá ser percebido quando as entidades

produtivas se alinham em uma tendência de economia verde com metas de inovação de produtos processos e sistemas em um viés de sustentabilidade, criando-se alternativas produtivas eco inovativas.

As inovações tecnológicas, institucionais e de gestão serão importantes para permitir que o modelo de desenvolvimento econômico vigente seja conduzido por uma mudança nos padrões de consumo e produção a fim de ser chegar a um desenvolvimento sustentável. A partir disso, o próximo capítulo tratará da relação entre inovação e eco inovação como possibilidade de desenvolvimento em uma economia verde.