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Segundo a AGENDA 21 (1996), no ano 2025, oitenta e três por cento da população mundial prevista, de 8,5 bilhões de habitantes, estarão vivendò nos países em desenvolvimento. Não obstante, a capacidade de que os recursos e tecnologias disponíveis satisfaçam às exigências de alimentos e outros produtos agrícolas dessa população em crescimento permanece incerta. A agricultura vê-se diante da necessidade de fazer frente a esse desafio, principalmente aumentando a produção das terras atualmente exploradas e evitando a exaustão ainda maior daquelas que só marginalmente são apropriadas para o cultivo.

A terra, em uma visão ampla e integradora, deve ser entendida como uma entidade física que inclui a topografia e sua natureza espacial, os recursos naturais, os solos, os minérios, a água e a biota.

A AGENDA 21 traz no capítulo 10, uma área de programas - a “Abordagem integrada do planejamento e do gerenciamento dos recursos terrestres” - que trata da reorganização e, quando necessário, de um certo fortalecimento da estrutura de tomada de decisões, inclusive das políticas em vigor, dos procedimentos de planejamento e gerenciamento e dos métodos que possam contribuir para a efetivação de uma abordagem integrada dos recursos terrestres. O objetivo global é facilitar a alocação de terra aos usos que proporcionem os maiores benefícios sustentáveis e promover a transição para um gerenciamento sustentável e integrado dos recursos terrestres. Ao fazê-lo, as questões ambientais, sociais e econômicas devem ser tomadas em consideração (ÀGENDA 21, 1996).

O Capítulo 14 apresenta ações para a “Promoção do Desenvolvimento Rural Agrícola Sustentável” (AGENDA 21, 1996). Dentre as várias áreas de programas deste capítulo, podemos citar a “Obtenção da participação, popular e promoção do desenvolvimento de recursos humanos para a agricultura sustentável, cujos objetivos são: a) Promover uma maior sensibilização do público quanto ao papel da participação popular

das organizações populares, especialmente de grupos de mulheres, jovens, populações indígenas e habitantes de regiões sob ocupação, comunidades locais e pequenos agricultores, no desenvolvimento rural e agrícola sustentável;

b) Assegurar o acesso eqüitativo da população rural, em especial de mulheres, pequenos agricultores, populações indígenas e sem terra e habitantes de regiões sob ocupação, à terra, à água e aos recursos florestais, bem como a tecnologias, financiamento, comercialização, processamento e distribuição;

c) Fortalecer e desenvolver o manejo e as capacidades internas das organizações das populações rurais e dos serviços de extensão e descentralizar a tomada de decisões para o nível básico da comunidade.

Para que estes objetivos sejam atingidos a AGENDA 21 sugere, por exemplo, que os Governos no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais e regionais competentes, devem desenvolver e melhorar os serviços e instalações integrados de extensão agrícola e as organizações rurais e empreender atividades de mapejo dos recursos naturais e de segurança alimentar, levando em conta as diferentes necessidades da agricultura de subsistência, bem como as lavouras voltadas para o mercado.

Outra área de programa de suma importância para a Promoção do Desenvolvimento Rural e Agrícola Sustentável é a “Melhora da produção agrícola e dos sistemas de cultivo por meio da diversificação do emprego agrícola e não-agrícola e do desenvolvimento da infra-estrutura” . A AGENDA 21 sugere que os Governos, no nível apropriado, com o apoio das organizações internacionais regionais competentes, devem:

a) Desenvolver e difundir para as famílias de agricultores tecnologias de manejo agrícola integrado, por exemplo rotação de culturas, adubagem orgânica e outras técnicas que signifiquem redução do uso de produtos agroquímicos, bem como inúmeras técnicas voltadas para a exploração de fontes de nutrientes e a utilização eficiente dos insumos externos, reforçando, ao mesmo tempo, as técnicas de utilização dos resíduos e subprodutos e de prevenção das perdas anteriores e posteriores à colheita;

b) Criar oportunidades de emprego não-agrícola por meio de unidades agroprocessadoras privadas em pequena escala, centro de serviços rurais e melhorias em infra-estruturas correlatas;

c) Promover e melhorar as redes financeiras rurais que utilizem em seus investimentos recursos de capital colhidos localmente;

d) Fornecer a infra-estrutura rural indispensável para o acesso aos insumos e serviços da agricultura e aos mercados nacionais e locais, e reduzir as perdas de alimentos;

e) Dar início e manter pesquisas agrícolas, testes práticos para determinar a adequação das tecnologias, e um diálogo com as comunidades rurais visando identificar as limitações e dificuldades e encontrar soluções;

f) Analisar e identificar possibilidades de integração econômica entre as atividades da agricultura e da silvicultura, bem como entre as dos recursos hídricos e da pesca, e adotar medidas eficazes para estimular o manejo florestal e o cultivo de árvores pelos agricultores (silvicultura agrícola), como opção para o desenvolvimento dos recursos.

Com relação aos recursos hídricos, a AGENDA 21 traz um capítulo dedicado à “Proteção da Qualidade e do Abastecimento dos Recursos Hídricos: Aplicação de Critérios

Integrados no Desenvolvimento, Manejo e Uso dos Recursos Hídricos”. Dentre as várias áreas de programas apresentadas, podemos destacar o “Desenvolvimento e manejo integrado dos recursos hídricos”. O manejo integrado dos recursos hídricos baseia-se na percepção da água como parte integrante do ecossistema, um recurso natural, bem econômico e social cujas quantidade e qualidade determinam a natureza de sua utilização, e deve ser feito ao nível de bacia ou sub-bacia de captação (AGENDA 21,1996).

Sobre abastecimento de água potável e saneamento, este capítulo sugere que todos os Estados, segundo sua capacidade e recursos disponíveis e por meio de cooperação bilateral ou multilateral, inclusive as Nações Unidas e outras organizações pertinentes, quando apropriado, implementem as seguintes atividades para o manejo racional e comunitário:

a) Apoiar e dar assistência às comunidades para que administrem seus próprios sistemas sobre base sustentável;

b) Estimular a população local, a participar do manejo da água;

c) Vincular os planos hídricos nacionais ao manejo comunitário das águas locais; d) Integrar o manejo comunitário da água no contexto do planejamento geral;

e) Promover a atenção primária à saúde e ao meio ambiente no plano local, inclusive com o treinamento de comunidades locais em técnicas adequadas de manejo da água e atenção primária à saúde;

f) Aumentar substancialmente a capacidade de tratamento dos resíduos líquidos, de acordo com o aumento de seu volume.

A sustentabilidade da produção de alimentos depende cada vez mais de práticas saudáveis e eficazes de uso e conservação da água, entre as quais destacam-se o desenvolvimento e manejo da irrigação, inclusive o manejo das águas em zonas de agricultura pluvial, o suprimento de água para a criação de animais, pesqueiros de água interiores e agrossilvicultura. A falta de abastecimento de água de qualidade adequada constitui um fator significativo de limitação para a produção animal em muitos países e a eliminação imprópria dos dejetos animais pode, em determinadas circunstâncias, provocar a contaminação da água fornecida tanto para homens como para animais. As necessidades de água potável dos animais de criação varia segundo a espécie e o meio ambiente em que se desenvolvem (AGENDA 21,1996).

Ainda no capítulo 18, a AGENDA 21 apresenta a área de programa “Água para a produção de alimentos e desenvolvimento rural sustentáveis”, onde estão descritos os princípios fundamentais para o manejo holístico, integrado e ambientalmente saudável dos recursos hídricos no contexto rural. Apresentamos a seguir algumas ações recomendadas para os Estados:

a) Aumentar a eficiência e a produtividade do uso da água na agricultura para a melhor utilização de recursos hídricos limitados;

b) Apoiar os grupos de usuários de água com o objetivo de melhorar o desempenho do manejo no plano local;

c) Estabelecer e aplicar sistemas econômicos de monitoramento da qualidade da água para uso agrícola;

d) Eliminar adequadamente as águas servidas dos estabelecimentos humanos e o esterco produzido pela criação intensiva;

e) Educar as comunidades sobre as conseqüências poluidoras do uso de fertilizantes e

produtos químicos para a qualidade da água, a segurança dos alimentos e a saúde humana;

f) Promover e intensificar a reutilização das águas servidas na agricultura; g) Melhorar a qualidade da água disponível para a criação;

h) Prevenir a contaminação das fontes de água com excremento animal, a fim de evitar a difusão de moléstias, em particular das zoonoses;

i) Fomentar sistemas de dispersão da água para aumentar sua retenção nas pastagens extensivas, a fim de estimular a produção forrageira e evitar o escoamento.

3.4 A EVOLUÇÃO DAS PESQUISAS E FASES TECNOLÓGICAS DE TRATAMENTO,