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4.2 INVENTÁRIO DAS TERRAS DA BACIA DOS FRAGOSOS

4.2.22 Caracterização Hídrica da Bacia

4.2.2.5 Caracterização das Terras

As terras da Bacia dos Fragosos foram caracterizadas de acordo com a sua fisiografia, aptidão de uso, bem como com os solos dominantes ocorrentes na área.

4.2.2.5.1 Levantamento, Interpretação de Dados e de Mapas Temáticos

Utilizaram-se como material básico aerofotos pancromáticas em escala aproximada 1:25.000 (vôo realizado pela Cruzeiro do Sul - Levantamentos Aerofotogramétricos, de 1977 a 1979), Folha 25, faixa 14, fotos n° 26924 a 26920, faixa 13, fotos n° 25843 a 25835 e faixa 09, fotos n° 26835 a 26832. Como base cartográfica foi utilizada a folha topográfica de Concórdia (SG-22-Y-D-I) elaborada pelo DSG- Ministério do Exército (1972) em escala 1:100.000, ampliada para 1:25.000, adotada para este trabalho. A imagem de satélite utilizada foi LANDSAT TM7 da órbita 220.79, bandas 3, 4 e 5 de 23 de agosto de 1999.

Os "hardwares" empregados foram: - Mesas digitalizadoras CalComp tamanho A1; - Plotter HP.750c tamanho A0;

- Microcomputadores Pentium 133Mhz com RAM de 32 Mb, disco de 2,1 Gb, memória de vídeo de 4Mb e monitor de 21", conectados em rede Novell AQ.10;

- Scanner A4

Os softwares utilizados foram o ILWIS versão 2.2 for Windows, produzido pelo ITC (International Institute for Aerospace Survey and Earth Sciences), de Enschede, Holanda e Arc Info 7.1.2 for Windows N.T. 4.0 produzido por ESRI (Environmental Systems Research

Institute, Inc.) Califórnia, U.S.A. e ARCVIEW 3.0, também da ESRI.

Para a vetorização das curvas de nível utilizou-se o soltware "TRACER" da Hitachi rodando sob Plataforma AutoCAD Release 14 for Windows, desenvolvido pela AutoDesK, Inc.

Embora estivesse planejada a utilização dos recursos do GPS para a atualização de algumas estradas, que na carta topográfica constam como caminhos, o tempo disponível no local não foi suficiente para a execução desta tarefa. Assim, algumas estradas foram tomadas a título de teste. ?

No final de cada dia de trabalho, os dados tomados com os dois aparelhos foram “baixados” para o computador. Finalizado o levantamento, com o software Mstar, foram calculados os diferenciais. Após, usando-se o software Junção, os arquivos de pontos foram exportados para o formato DXF e carregados no software de Geoprocessamento ARC/VIEW, onde foram tratados e impressos.

a) Mapa planialtimétrico

Foi obtido por compilação da folha topográfica de Concórdia elaborada pelo DSG- Ministério do Exército em 1972. Com base nestas foi obtida uma imagem através do "scanner" da área desejada e posteriormente foi feita a vetorização das curvas de nível através do software "TRACER". As curvas de nível passaram por uma edição e na seqüência foram atribuídos valores às mesmas.

b) Mapa hidrográfico e rodoviário

Este mapa é de grande importância como instrumento que permite uma melhor localização dentro da área de estudo. Apresenta também informações que auxiliam na caracterização fisiográfica (padrões de drenagem, densidade de drenagem, localização de falhas geológicas, entre outras). Estes temas foram obtidos através da digitalização da carta topográfica do DSG, através da mesa digitalizadora CalComp, usando software ILWIS, e posterior edição. Em seguida, foram atualizadas e complementadas com a interpretação das aerofotos e checagem à campo.

c) Análise fisiográfica

Na análise fisiográfica da bacia utilizou-se a metodologia proposta pelo agrólogo Pedro Botero (BOTERO, 1977) aos técnicos da Unidade de Mapeamento e Geoprocessamento do EPAGRI/CIRAM, através de consultoria do ITC/Projeto Microbacias BIRD. Consiste na classificação e correlação das características climáticas, de vegetação, geomorfológicas, geológicas e de elementos modificadores (declividade, profundidade efetiva, suscetibilidade à erosão, fertilidade, condições de drenagem e pedregosidade), chegando-se a unidades fisiográficas homogêneas. Foi possível, desta forma, aprofundar o estudo de solos e de aptidão de uso das terras. A delimitação destas características é representada pelo mapa fisiográfico.

Para a confecção do mapa fisiográfico, os “overlays” sofreram ajustes de escala para 1:25.000, permitindo a transferência dos temas interpretados para a base cartográfica. Estes ajustes foram feitos por fotocopiadora após a determinação dos fatores de correção de escala. Os fatores, que definiram a ampliação ou redução dos “overlays”, foram determinados por comparação de no mínimo três segmentos de retas comuns às aerofotos e à base cartográfica.

d) Solos dominantes

As classes de solos dominantes foram identificadas a partir de informações disponíveis, trabalho de campo e análises laboratoriais. Foram feitas coletas e análises morfológicas, físicas e químicas dos horizontes e sub-horizontes A e B quando possível, em

13 perfis completos e 4 pontos para amostras de fertilidade selecionados com a finalidade de caracterizar os solos dominantes. Apesar de já se encontrar em vigor desde julho de 1999 o novo Sistema Brasileiro de Classificação de Solos não foi possível classificar os solos ocorrentes na bacia em função de transformações que estão sendo efetuadas no Laboratório de Solos da EPAGRI - Chapecó, visando adaptá-lo a nova realidade vigente. e) Determinação da aptidão de uso das terras

A caracterização da aptidão de uso das terras foi obtida a partir da classificação interpretativa das informações originadas na análise fisiográfica. O mapa de aptidão do uso das terras foi digitalizado através da Mesa CalCompAI, utilizando software ILWIS e posteriormente foi editado e poligonalizado. Na determinação das classes de aptidão de uso foi utilizada a "Metodologia para Classificação da Aptidão de Uso das Terras do Estado de Santa Catarina (UBERTI et al., 1992), que estabelece cinco classes, a saber:

Classe 1 - Aptidão boa para culturas anuais climaticamente adaptadas; Classe 2 - Aptidão regular para culturas anuais climaticamente adaptadas;

Classe 3 - Aptidão com restrições para culturas anuais climaticamente adaptadas; aptidão regular para fruticultura e boa para pastagens e reflorestamento;

Classe 4 - Aptidão com restrições para fruticultura e regular para pastagens e reflorestamento;

Classe 5 - Preservação permanente.

Para a determinação destas classes foram considerados os seguintes fatores de avaliação (UBERTI et al., 1992): Profundidade efetiva (pr), Declividade (d), Susceptibilidade à erosão (e), Fertilidade (f), Drenagem (h) e Pedregosidade (p).

A Tabela 4.1 é usada como guia para a avaliação das classes de aptidão de uso das terras.

Esta classificação das terras de acordo com sua aptidão agrícola é dinâmica, uma vez corrigido o fator limitante, ex. calagem, as terras poderão ser enquadradas numa classe superior, ou inferior caso passe a ter limitações maiores. A interpretação dos dados assim obtidos foi representada cartograficamente, originando o mapa de aptidão de uso das terras. f) Identificação do uso das terras

Foi feita tomando-se por base a imagem de satélite existente com posterior atualização a campo. Para a interpretação preliminar e trabalho de campo, foi utilizada imagem impressa em papel. Após os trabalhos de campo foi feita a digitalização usando o software ILWIS, e complementação da interpretação em imagem na tela do

microcomputador. Todas as informações coletadas foram representadas cartograficamente no mapa de uso das terras.

TABELA 4.1 Guia para avaliação da aptidão de uso das terras

Classe d(%) pr(cm) (P) (e) f(t/ha/cal) (h)

<|(a) 0 - 8 > 100 não pedregosa nula a ligeira

0 - 6 bem drenada 2 8 - 2 0 50 -10 0 moderada Moderada 6 - 1 2 bem a im­

perfeitamente drenada 3<b> 2 0 -4 5 <50 pedregosa a muito

pedregosa

forte > 12 qualquer 4<c) 4 5 -7 5 Qualquer muito pedregosa Muito forte qualquer qualquer

5 >75 Qualquer extremamente pedregosa

qualquer qualquer qualquer Fonte: UBERTI et al. 1992).

(a) Para o cultivo do arroz irrigado, apesar da pouca profundidade efetiva e da má drenagem, podem enquadrar-se na ciasse 1 os solos com horizonte Glei (hidromórficos) e parte dos Solos Orgânicos, desde que satisfaçam os demais critérios da classe e que sejam observadas as práticas adequadas de manejo do lençol freático. Nestes casos sua representação será 1g (Glei) e 1o (Orgânico);

(b) Nesta classe estão incluídas também as Areias Quartzosas de granulação muito fina, com horizonte A Moderado e horizonte C de coloração vermelho-amarelada e de média fertilidade natural. Neste caso sua representação será 3a;

(c) Nesta classe estão incluídas também as Areias Quartzosas de granulação fina e média, com horizonte A Fraco, horizonte C cinza-claro e baixa fertilidade natural e as Areias Quartzosas Hidromórficas. Neste caso sua representação será 4a.

A classificação do uso das terras da área de estudo foi feita com base em sete classes de uso, a saber: Reflorestamento (Fr); Pastagem + Capoeira (Cam + Cpo); Capoeira (Cpo); Floresta Nativa (F); Fruticultura (Cp); Pedreira e Área urbanizada (H).

A classe denominada por floresta nativa abrange a cobertura vegetal predominantemente arbórea (florestas primárias e secundárias), incluindo-se os capoeirões. A denominada pastagem (Cam) inclui a vegetação rasteira (herbácea), pastagens nativas e cultivadas, perenes.

4.2.2.5.2 Etapas Desenvolvidas na Realização do Trabalho

• Setorização da bacia e ampliação da base cartográfica para escala 1:25.000 e digitalização;

• Seleção e preparo das imagens de satélites, aerofotos e delimitação da área da bacia;

• Revisão bibliográfica enfocando aspectos de geologia, geomorfologia, solos, vegetação, uso da terra e clima;

• Fotointerpretação, interpretação de imagens de satélite e confecção das legendas preliminares, analisando-se a fisiografia, as classes de aptidão de uso e o das terras, e seleção de possíveis pontos de observações e de amostragem de solos. Nesta etapa, foram feitas também a complementação e a atualização preliminar da rede de drenagem e da malha viária;

• Reambulação executada por caminhamento, consistindo de:

- atualização do uso das terras e verificação da fisiografia e da aptidão de uso, efetuando-se os ajustes necessários para correção das informações obtidas na interpretação preliminar, e

- coleta de amostras de solos e anotações de observações de campo em locais representativos de cada subpaisagem;

• Interpretação dos resultados, analisando-se todas as informações originadas nos trabalhos de escritório e de campo e dos resultados de laboratório das análises de solo;

• Elaboração dos mapas temáticos e cálculo das áreas;

• Apresentação dos resultados: elaboração do relatório descritivo, que contém aspectos que caracterizam a área estudada e arte-final, com os seguintes mapas temáticos (apresentados no Anexo 3): mapa planialtimétrico, mapa hidrográfico e rodoviário, mapa fisiográfico, mapa de aptidão de uso das terras, mapa de uso das terras, mapa das propriedades agrícolas, mapa de microbacias x potencial de poluição e mapa de Caracterização Hidrológica da Região.