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AGENDAMENTO: PODER DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM

CAPÍTULO 4 O JORNALISMO E O TELEJORNALISMO ENQUANTO MEIOS DE

4.4. AGENDAMENTO: PODER DOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO EM

Este tópico fundamenta-se na Teoria do Agendamento (Agenda-Setting) para entender como se dá o interagendamento entre os telespectadores, consumidores da notícia, e o telejornal. De acordo com McCombs (2009), o Agendamento é uma teoria social que mapeia a comunicação de massa na formação da opinião pública e padrões culturais que são reproduzidos na sociedade. Para esta pesquisa, é fundamental situar a presente teoria para mostrar como a ideia do agendamento é importante na prática junto aos receptores do telejornal, através do viés do Jornal Nacional e de como ele influencia nos pensamentos e opiniões dos moradores de Itaiacoca. O foco, no entanto, não é especificar como se deu cada fase dos estudos sobre o agendamento, mas mostrar neste tópico sobre os mecanismos e as estratégias de que os meios têm o poder de agendar. Mas, para isso, é necessário trazer um breve histórico de como começou esta proposta teórica.

O jornalista Walter Lippmann é considerado o pai intelectual do que anos mais tarde seria chamado de Agendamento. Barros Filho (1995) lembra que, em 1922, Lippmann publicava seu livro Opinião Pública, onde anunciava o papel de destaque da imprensa no enquadramento da atenção dos leitores rumo a temas que ela considerava de interesse coletivo. Sua tese é de que os veículos noticiosos, considerados janelas para o mundo, determinam nossos mapas cognitivos daquele mundo. A opinião pública, segundo Lippmann, responde não ao ambiente, mas ao pseudoambiente construído pelos veículos noticiosos. (MCCOMBS, 2009, p. 19)

De acordo com McCombs (2009), a teoria defendida por Walter Lippmann, de que a mídia é uma fonte primária das imagens depositadas em nossas cabeças, produziu um robusto resultado intelectual, o agendamento, uma teoria da ciência social que mapeia em considerável detalhe a contribuição da comunicação massiva a nossas imagens dos assuntos

políticos e públicos (MCCOMBS, 2009, p. 111). Anos mais tarde, a Hipótese de Agenda- setting, também conhecida como Hipótese do Agendamento, foi proposta inicialmente pelos professores norte-americanos Maxwell McCombs e Donald Shaw na década de 1970, "apesar de as principais ideias do modelo teórico terem sido antecipadas décadas antes por alguns autores". (MAGALHÃES, 2014, p. 13)

No conceito de McCombs (2009), o agendamento é uma teoria sobre a transferência da saliência das imagens da mídia sobre o mundo às imagens de nossas cabeças. "A ideia teórica central é que os elementos proeminentes na imagem da mídia tornam-se proeminentes na imagem da audiência. Aqueles elementos enfatizados na agenda da mídia acabam tornando-se igualmente importantes para o público". (MCCOMBS, 2009, p. 111). Para o autor (2009), as agendas podem ser compostas por qualquer conjunto de elementos, um conjunto de tópicos, candidatos políticos, instituições em disputa, ou outra coisa qualquer. Segundo McCombs, para eliminar qualquer dúvida sobre a relação entre a agenda da mídia e a agenda do público, "a ideia do agendamento foi levada a um experimento laboratorial. Solidificando ainda mais a proposição de que a agenda da mídia estabelece a agenda do público". (MCCOMBS, 2009, p. 63)

Para um amplo leque de fatos da década de 1960, a disponibilidade do petróleo na década de 1970, as drogas na década de 1970 a 1990, para o crime na década de 1990, e tanto para o crime como para os ataques de tubarão no início do século, a agenda da mídia tinha pouco a ver com a agenda dos eventos. No entanto, em todas as situações, há uma evidência forte de que é a mídia e seus relatos do mundo que definem a agenda pública. As imagens em nossa cabeça têm muitas origens. Entre as várias fontes existentes para o nosso conhecimento do mundo que nos cerca, os mass media são especialmente proeminentes. (MCCOMBS, 2009, p. 63).

Magalhães (2014, p. 94) lembra que a Teoria da Agenda foi formulada na época em que a mídia tradicional detinha, em grande parte, o controle do processo de produção e distribuição de conteúdo. Sua premissa enfatizava o papel central de gatekeeper dos mass media em construir a realidade social percebida pelo público. Nesse contexto, o público comunicava seus interesses para os meios de comunicação.

A velocidade com que os meios de comunicação passaram a fazer parte do cotidiano das pessoas, no início do século XX, deixou intrigados pesquisadores de diversas áreas – como cientistas sociais, filósofos, psicólogos e cientistas políticos. Eles perceberam que as novas tecnologias, como o rádio e a TV, implicavam em mudanças na sociedade e começaram, então, a se debruçar em estudos para tentar explicar o que e por que isso acontecia. Entender esses meios de informação que atingiam milhões de pessoas de uma só vez e a sua relação com a sociedade tornou- se, então, objeto de investigação. (MAGALHÃES, 2014, p. 16).

Segundo o autor, os estudos realizados no início do século XX buscavam basicamente compreender as relações entre a comunicação e a sociedade. Anjos (2015, p. 31) destaca que é preciso reconhecer que normalmente os estudos sobre agendamento estão centrados em

estudos quantitativos que buscam reconhecer como a mídia consegue pautar a agenda pública ou ainda como a agenda política agenda a mídia.

Para Anjos (2015), a discussão sobre agendamento temático está na centralidade de ao menos três campos de agendamentos principais: agenda política, agenda midiática e agenda pública. Na primeira, estariam destacados os assuntos do Campo Político, enquanto na agenda pública estão temas de interesse coletivo. E a agenda midiática estaria interessada em destacar ou trabalhar com temas que surjam das duas outras agendas. (ANJOS, 2015, p. 30)

As teorias de agendamento e a espiral do silêncio, na visão de McCombs (2009), surgiram para examinar vários tipos distintos de comportamento da audiência da mídia massiva, representações cognitivas do mundo versus um desejo de se engajar em conversação sobre temas públicos. "A explicação sobre o agendamento de segunda dimensão, o agendamento de tributos, também relaciona a teoria a um conceito-chave contemporâneo, o enquadramento". (MCCOMBS, 2009, p. 137)

O enquadramento é a seleção de - e ênfase - nos atributos particulares de uma agenda da mídia quando se tratar de um objeto. Por consequência, como sabemos da evidência do agendamento de atributos, as pessoas também enquadram objetos, colocando vários graus de ênfase nos atributos de pessoas, nos temas públicos ou noutros objetos quando elas pensam ou falam sobre eles. (MCCOMBS, 2009, p. 137)

Anjos (2015) observa que o enquadramento pode ser compreendido como um esquema de interpretação que é transmitido pela agenda dos media. McCombs (2009, p.140) complementa que os enquadramentos têm sido descritos como 'um esquema de interpretação', "O agendamento de atributos foca na habilidade da mídia em influenciar como nós capturamos os objetos". Os enquadramentos, segundo o autor (2009), chamam a atenção para as perspectivas dominantes destas imagens que não somente sugerem o que é relevante e irrelevante mas que ativamente promovem um problema particular de definição, interpretação causa, avaliação moral e/ou recomendação de tratamento para o item descrito. (MCCOMBS, 2009, p. 140)

Os efeitos do agendamento são mais do que o resultado de quão acessível ou disponível um tópico está presente na mente do público. Muito embora a medida empírica mais usualmente utilizada para prever estes efeitos seja a quantidade de cobertura noticiosa para um tema na agenda da mídia, a saliência de um tema no público não é uma questão simples de sua disponibilidade cognitiva. (MCCOMBS, 2009, p. 97)

Já Magalhães (2014, p. 54) aponta que os atributos têm duas dimensões: cognitivas e afetivas, "A dimensão cognitiva contém informações sobre as características substantivas que descrevem determinado tema público (objeto). Já a afetiva envolve uma opinião (positiva, negativa ou neutra) sobre essas características". Estas duas dimensões dos atributos, alinhadas

com à presença do Jornal Nacional no cotidiano dos moradores de Itaiacoca, foi possível observar o quanto o telejornal participa na vida comunicacional das famílias contribuindo, principalmente, para a formação de opiniões.