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Ajustes na tarifa por alteração da evolução esperada da procura

4 Caso de estudo: sector eléctrico Português

4.8 Ajustes na tarifa por alteração da evolução esperada da procura

A liberalização do mercado de electricidade em Portugal iniciou-se em 2000, com a extinção gradual das tarifas reguladas para todos os clientes. A partir de 1 de julho de 2012 para os clientes de electricidade com potência contratada igual ou superior a 10,35 kVA e a partir de 1 de janeiro de 2013 para os clientes de electricidade com potência contratada inferior a 10,35 kVA deixou de ser possível realizar novos contratos com a EDP Serviço Universal. Os atuais clientes continuarão a ser abastecidos de energia pela EDP Serviço Universal, até escolherem

0,00 0,02 0,04 0,06 0,08 0,10 0,12 0,14 P re ço s m éd io s ao c o n su m id o r in d u st ri al (€ /k W h ) Anos EU 28 Portugal Espanha França Alemanha Reino Unido

um novo comercializador, e será aplicada uma tarifa transitória com preços agravados, fixada pela ERSE.

O preço da tarifa de venda de electricidade,

PreçoElec

t, é definido pela ERSE. O Decreto-Lei nº 187/95, de 27 de Julho, criou a ERSE e definiu no seu artigo 4º que a ERSE estabelece periodicamente os valores das tarifas e preços a aplicar previstos no Regulamento Tarifário, procedendo à sua publicação no Diário da República, 2ª série, até 15 dias antes da data de início da sua aplicação. Assim, a primeira vez que a ERSE aprovou tarifas e preços de electricidade foi a partir de 1 de Janeiro de 1999, através do Despacho nº 21 717-A/98 (2ª série), de 15 de dezembro. O Despacho de aprovação de tarifas e preços é precedido de consulta ao Conselho Tarifário da ERSE. O Regulamento Tarifário é acompanhado do documento de caracterização da procura na qual encontra a informação sobre os consumidores por nível de tensão (BTN- Baixa Tensão Normal, BTE- Baixa Tensão Especial, MT- Média Tensão, AT- Alta Tensão e MAT- Muito Alta Tensão).

O Anexo Anexo 8 apresenta a evolução da Estrutura Tarifária.

Os consumidores de electricidade podem escolher ser abastecidos pelo Comercializador de Último Recurso (CUR) ou negociar livremente os preços de fornecimento de Energia e de Comercialização com o seu agente comercial e pagar as tarifas de acesso às redes.

As tarifas de Venda a Clientes Finais aplicadas pelo CUR aos seus clientes estão representadas na Figura 4.29 e são calculadas pela aditividade das tarifas por actividade incluídas no Acesso às Redes e das tarifas reguladas de Energia e de Comercialização.

Fonte: (ERSE, 2011a)

Figura 4.29- Aditividade das tarifas de Venda de electricidade a Clientes Finais

As tarifas de acesso às redes estão apresentadas na Figura 4.30 e são pagas por todos os consumidores de electricidade. Estas tarifas de acesso às redes são calculadas pela

aditividade das tarifas de Uso Global do Sistema (UGS), das tarifas de Uso da Rede de Transporte e das tarifas de Uso da Rede de Distribuição.

Fonte: (ERSE, 2011a)

Figura 4.30- Aditividade das tarifas de acesso à rede de electricidade

A parcela de UGS é calculada com base numa previsão de consumo e é actualizada de acordo com os desvios do consumo verificado face ao consumo previsto. O consumo verificado é a quantidade de electricidade adquirida para fornecimento aos clientes dos CUR através da actividade de Compra e Venda de Energia Eléctrica (CVEE). A partir do consumo previsto obtém-se um custo permitido de CVEE para fornecimento dos clientes (CEE), previstos para esse ano t, dado pela expressão:

,

Pr

,

Pr

, ,

CR CR CR

CVEE t CUR t CVEE t CVEE t

CEE

=

eçoElec

ocElec

+O

em que:

-

PreçoElec

CUR tCR , é o preço previsto para o ano t

-

ProcElec

CVEE t, é a quantidade de energia adquirida para fornecimento aos clientes dos CUR, prevista para o ano t

-

O

CVEE tCR , são outros custos, nomeadamente com interligações imputáveis aos clientes do CUR, custos de regulação imputados pelo acerto de contas, custos com comissões e garantias decorrentes da participação em mercados organizados e custos ou proveitos de vendas no mercado diário, da energia excedentária, previstos para o ano t.

São determinados, para o ano t, os ajustamentos positivos ou negativos referentes ao CEE estimados para o ano t-1, a repercutir nas tarifas elétricas nos anos subsequentes. É, então, calculado o valor previsto para o ajustamento dos custos com a função de CVEE para Fornecimento dos Clientes, no ano t-1 a incorporar no ano t, de acordo com a expressão:

1 1 , 1

(

, 1

Pr

, 1 , 1 , 1

)(1

)

100

E CR CR Est Sust CR t t E t E t Pol t CVEE t E t

i

R

Rr

ocElec

C

R

δ

− − − − − −

+

=

+

em que:

-

∆R

E tCR, 1 são os proveitos a recuperar da função de CVEE para Fornecimento dos Clientes, por aplicação da tarifa de Energia, no ano t-1

-

Rr

E tCR, 1 são os ajustamentos positivos ou negativos referentes a custos decorrentes da função de CVEE para Fornecimento dos Clientes estimados para o ano t-1

-

ProcElec

Pol tEst, 1 são os ajustamentos positivos ou negativos da função de CVEE para Fornecimento dos Clientes referentes a anos anteriores, definidos para efeitos da sustentabilidade dos mercados, a repercutir nos proveitos do ano t-1, recuperados pela tarifa de UGS do operador da rede de Distribuição

-

C

CVEE tSust, 1 são os custos com a função de CVEE para Fornecimento dos Clientes, previstos no ano t-1, determinados com base nos valores previstos para o ano em curso

- E1 t

i

é a taxa de juro Euribor a doze meses, média, determinada com base nos valores

diários verificados entre 1 de janeiro e 15 de novembro do ano t-1 -

δ

t1 é o sread no ano t-1, em pontos percentuais.

O cálculo dos proveitos permitidos é efetuado em dois momentos: No primeiro momento determinam-se os proveitos permitidos que os agentes têm direito no ano t, com base nas previsões de custos. No segundo momento, passados dois anos (ano t+2) esses proveitos permitidos são ajustados tendo em conta os valores reais auditados.

Os proveitos permitidos da função de CVEE para Fornecimento dos Clientes, no ano t, são dados pela expressão:

, , , , 1 , 2 , , ,

Pr

, , CR CR CR CR CR CR E t CVEE t CVEE t E t E t E t CR CR Est Sust TE t E t Pol t CVEE t

R

CEE

Cf

R

R

TVCF

R

R

ocElec

C

− −

=

+

− ∆

− ∆

− ∆

=

+

em que:

-

R

E tCR, são os custos com a função de CVEE para Fornecimento dos Clientes do comercializador de último recurso, previstos para o ano t

-

CEE

CVEE tCR , são os custos permitidos com aquisição de energia elétrica, para fornecimento dos clientes, previstos para o ano t

- ,

CR CVEE t

Cf

são os custos de funcionamento afetos à função de CVEE para Fornecimento dos Clientes do comercializador de último recurso, previstos para o ano t

-

∆R

E tCR, 1 é o valor previsto para o ajustamento dos custos com a função de CVEE para Fornecimento dos Clientes, no ano t-1 a incorporar no ano t

-

∆TVCF

E tCR, é o ajustamento no ano t dos custos com a função de CVEE para Fornecimento dos Clientes, relativo ao ano t-2

-

R

TE tCR, Ajustamento resultante da convergência para tarifas aditivas a incorporar nos proveitos do ano t

-

R

E tCR, são os custos com a função de CVEE para Fornecimento dos Clientes, previstos para o ano t, a recuperar por aplicação da tarifa de energia

-

ProcElec

Pol tEst, são os ajustamentos positivos ou negativos referentes a custos decorrentes da função de CVEE para Fornecimento dos Clientes previstos para o ano t, a repercutir nas tarifas elétricas nos anos subsequentes

-

C

CVEE tSust, são os ajustamentos positivos ou negativos da função de CVEE para Fornecimento dos Clientes do comercializador de último recurso referentes a anos anteriores, definidos para efeitos da sustentabilidade dos mercados a repercutir nos proveitos do ano t, recuperados pela tarifa de UGS do operador da rede de Distribuição.

Os proveitos permitidos da atividade de CVEE do comercializador de último recurso, no ano t, são dados pela expressão:

, , ,

CR CR CR

CVEE t CVPRE t E t

R

=R

+R

em que:

-

R

CVEE tCR , são os proveitos permitidos da atividade de CVEE, previstos para o ano t -

R

CVPRE tCR , são os custos com a função de CVEE da Produção em Regime Especial previstos para o ano t

-

R

E tCR, são os custos com a função de CVEE para Fornecimento dos Clientes previstos para o ano t.

Estes proveitos permitidos da atividade de CVEE do comercializador de último recurso, no ano t, são uma das parcelas dos custos decorrentes de medidas de política energética, ambiental

ou de interesse económico geral. A parcela II da tarifa de UGS permite recuperar os custos decorrentes de medidas de política energética, ambiental ou de interesse económico geral e os custos para a manutenção do equilíbrio contratual dos produtores com CAE. A parcela I da tarifa de UGS permite recuperar os custos de gestão do sistema.

A parcela de Uso Geral do Sistema (UGS) é também actualizada de acordo com o equilíbrio tarifário.

Os proveitos a recuperar pelo operador da rede de distribuição em Portugal continental por aplicação dos preços de energia da parcela II da tarifa de UGS às entregas a clientes tem a parcela

Est

Pol t, correspondente ao valor a repercutir nas tarifas, no ano t, resultante de medidas no âmbito da estabilidade tarifária. O valor a repercutir nas tarifas, no ano t, resultante de medidas no âmbito da estabilidade tarifária é dado pela seguinte expressão:

, , ,

Sust E IEGCR Pol t CVEE t t Pol t

Est

= −C

+Est

+Est

em que:

-

C

CVEE tSust, são os ajustamentos positivos ou negativos da atividade de aquisição de energia do comercializador de último recurso referentes a anos anteriores, definidos para efeitos da sustentabilidade dos mercados, a repercutir nos proveitos do ano t, recuperados pela tarifa de UGS do operador da rede de distribuição, sem prejuízo do disposto na alínea a) do n.º 2 do Artigo 2.º do Decreto-Lei n.º 165/2008, de 21 de agosto

- E

t

Est

Repercussão nas tarifas elétricas dos custos ou proveitos diferidos de anos

anteriores, respeitantes à aquisição de energia elétrica, ao longo de um período máximo de 15 anos

-

Est

Pol tIEGCR, Repercussão nas tarifas dos custos diferidos de anos anteriores, decorrentes de medidas de política energética, de sustentabilidade ou de interesse económico geral.

Os proveitos permitidos da atividade de Compra e Venda de Energia Elétrica para Fornecimentos dos Clientes são determinados de acordo com o artigo 97.º do Regulamento Tarifário, aprovado pelo Regulamento n.º 551/2014, publicado em Diário da República, 2ª série, a 15 de dezembro de 2014. O cálculo dos proveitos permitidos é baseado numa abordagem de cálculo do custo de capital antes de impostos. Existem autores que efectuam este estudo numa abordagem de cálculo do custo de capital depois de impostos sobre os lucros (Vale, 2014). Na presente tese utilizou-se a metodologia adoptada pela ERSE por ser uma entidade oficial idónea reconhecida.

Os preços da tarifa de UGS são convertidos para os vários níveis de tensão tendo em conta os factores de ajustamento para perdas.