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4 PARA ALÉM DA OBSERVAÇÃO: A ENTREVISTA

Diante dessa discussão em relação às tecnologias e à educação, fenômeno esse que parece adquirir proporções maiores nos dias atuais, vale perguntar: de que forma os professores utilizam as tecnologias no seu fazer pedagógico? Isso nos remeteu a realizar uma pesquisa denominada “entrevistando”, com o objetivo de alguns resultados imediatos sobre o uso das tecnologias por docentes.

Para tanto, utilizou-se de questionários, entrevistas e observação da prática realizada nos laboratórios de informática, verificando a forma como professores da rede pública estadual de ensino da 5ª Gerência de Educação utilizavam as tecnologias em situações de ensino. Os resultados indicaram que a nova forma de comunicação propiciada pelas tecnologias ainda não foi apropriada pelos professores para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem e nem foi incorporada ao currículo escolar.

O questionário impresso foi utilizado como instrumento de coleta de dados, sendo respondido por 32 professores concursados e contratados temporariamente, de faixa etária diversa e das várias áreas do

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conhecimento. A observação foi uma constante, tanto in loco, nas Escolas, como no Núcleo de Tecnologias Educacionais (NTE) da Gerência de Educação, em momentos de formação continuada, no planejamento de aulas, bem como no bate-papo informal com professores.

5 CONLUSÃO

Os sujeitos da pesquisa apontaram a pouca participação em cursos nos anos de 2015 e 2016, principalmente na área das Tecnologias na Educação. Alguns justificaram a falta de tempo, sendo que sua jornada de trabalho, necessária de 60 horas semanais, não permite a participação em cursos.

Percebeu-se, tanto nas respostas quanto na observação, um certo mal-estar perante as inovações, como se a atualização constante, estimulada pelas tecnologias, e os discursos de governantes incomodassem a vida profissional dos professores. Quando questionados sobre sua opinião sobre os discursos de emergência de atualização, quase todos argumentaram como impossível acessar as informações a todo o momento.

No entanto, constatou-se a forte influência das redes sociais nas vidas desses profissionais. Todos revelaram participar de alguma rede virtual, todos têm e-mails e acessam o Google para pesquisas. Muitos deles acessam por dispositivo móvel, em vários momentos do dia, destacando como essencial o uso do celular, que esteve presente no discurso de todos os entrevistados.

Com relação às práticas de uso das tecnologias vinculadas ao conteúdo curricular, está claro nas respostas dos participantes desta pesquisa que são mínimas, espaçadas e normalmente com o objetivo único de pesquisa em sites. Essa situação demonstra uma falha na concepção de tecnologias na educação, em que se confunde como apenas um aporte tecnológico, uma ferramenta instrumental. Ressalva, é claro, poucos professores que compartilharam experiências com tablets, produção de vídeo, lousa digital, trabalho com imagens virtuais, comunicação virtual com os alunos e outros.

Subsidiadas pela observação de todo o trabalho realizado, compreende-se que a nova forma de comunicação propiciada pelas novas tecnologias ainda não foi apropriada pelos professores para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem na escola. Da mesma forma, não há o entendimento de que crianças e jovens são nativos digitais; portanto, estão sempre prontos para trabalhar com essas novas tecnologias, especialmente em dispositivos móveis.

Dentro dessa perspectiva e considerando-se outros pontos das entrevistas, arrisca-se a hipótese de que, sem participar de formações continuadas, oportunizadas por momentos de estudo, de descoberta de ferramentas, de experimentos, de socialização no ciberespaço, o professor não estará preparado para o uso efetivo das tecnologias na educação.

É necessário ambientar os docentes com as tecnologias para reduzir o distanciamento com as formas de se relacionar e se comunicar dos educandos, permitindo-se, dessa forma, contribuir de forma efetiva na mudança necessária ao processo de ensino.

Considera-se, portanto, necessário e urgente a capacitação continuada e permanente de maneira a: incentivar a produção de cultura e conhecimento colaborativamente, oferecer a troca de experiências de novos e antigos saberes, proporcionar autonomia para analisar e dialogar criticamente o uso adequado de cada ferramenta, sendo-lhes permitido aceitá-las, adequá-las ou rejeitá-las em sua prática docente, bem como a opção de incorporá-la ao currículo escolar.

REFERÊNCIAS

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