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Primeiramente, é importante diferenciarmos o ensino tecnicista de uma formação politécnica e um curso de ensino médio integrado. Para Ramos (2008, p. 22), os currículos tecnicistas são centrados na fragmentação das disciplinas e na abordagem reprodutora de conteúdos. Segundo a autora, quando as disciplinas escolares são tomadas somente como acervos de conteúdos de ensino, desprendidas do real e isoladas entre si, elas não permitem que os alunos compreendam a realidade concreta de onde esses conceitos se originaram.

Saviani (2008, p. 237) afirma ainda que “o conceito de politecnia implica a união entre escola e trabalho ou, mais especificamente, entre instrução intelectual e trabalho produtivo”. Para Ramos (2008, p. 2), a educação politécnica seria “uma educação que, ao propiciar aos sujeitos o acesso aos conhecimentos e à cultura construídos pela humanidade, propicie a realização de escolhas e a construção de caminhos para a produção da vida.”.

No caso da modalidade do curso técnico integrado ao ensino médio, segundo o Plano Pedagógico do Curso (PPC), considera, que:

essa é uma das possibilidades da Resolução nº 1, de 03/02/2005, do Conselho Nacional de Educação. A conformidade da elaboração desse curso está estabelecida na Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9.396, de 20 de dezembro de 1996; no Decreto nº 5.154, de 23 de julho de 2004; no Catálogo Nacional de Cursos Técnicos do Ministério da Educação (MEC), que estabelece as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Profissional de Nível Técnico; nos referenciais curriculares nacionais de educação profissional de nível técnico, dentro da área de comunicação e informática; na Proposta Curricular de Santa Catarina e nos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio; Lei 10.639/2003; Parecer CNE/CEB nº 18/2007. (PPC, Técnico Integrado em Informática, IFSC, Câmpus Xanxerê, 2015, p.6).

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Há uma corroboração dos marcos legais, acima apresentados, que de acordo com Pacheco enfatiza que,

No caso da formação integrada ou do ensino médio integrado ao ensino técnico, o que se quer com a concepção de educação integrada é que a educação geral se torne parte inseparável

da educação profissional em todos os campos em que se dá a preparação para o trabalho: seja

nos processos produtivos, seja nos processos educativos, como a formação inicial, o ensino técnico, tecnológico ou superior. (PACHECO, 2012, p. 60, grifo nosso).

Ou seja, baseados nessas descrições apresentadas, podemos afirmar que a formação tecnicista é aquela formação voltada somente para a técnica, enquanto a formação politécnica e a formação integrada propiciam ao sujeito uma educação mais completa e com mais condições de pensar e criticar a realidade.

Além do currículo do ensino médio integrado ao técnico, o IFSC também oferta o técnico subsequente e concomitante. No subsequente, o aluno cursa, após ter concluído o ensino médio, o curso técnico no IFSC no período de dois anos. No ensino concomitante, o aluno cursa o ensino médio na escola regular durante o dia e faz o ensino técnico, no período noturno, do mesmo modo, durante dois anos. O problema se encontra quando temos a junção de duas instituições, geralmente uma de âmbito nacional e outra estadual, tentando dialogar e integrar as disciplinas básicas com as técnicas. Tarefa difícil para os educadores, pois se integrar o currículo de uma só instituição já é um desafio, maior ainda será entre duas instituições. Ramos (2008) acredita que o técnico concomitante só faz sentido quando as redes de ensino não têm condições de oferecer o ensino médio integrado.

Quanto à forma concomitante, em que a formação técnica ocorre paralelamente ao ensino médio, em currículos e em estabelecimentos de ensino distintos, identificamos como uma alternativa face aos limites dos sistemas de ensino de implantar universalmente a forma integrada. Mas uma formação coerente exigiria uma unidade político-pedagógica interinstitucional. Isto não é fácil, posto que, se numa mesma escola esta unidade é sempre um desafio, quanto mais não o seria quando implicam duas instituições. (RAMOS, 2008, p. 13).

Por outro lado, sabemos que essa oferta de vagas oportuniza a muitos alunos uma formação profissional e maiores e melhores chances de empregabilidade. O que se deve evitar, de toda forma, é ver um profissional técnico como “[...] um trabalhador adestrado para executar com perfeição determinada tarefa e que se encaixe no mercado de trabalho para desenvolver aquele tipo de habilidade.” (SAVIANI, 1989, p. 17), pois esse é um pensamento tecnicista.

Sendo assim, fica o desafio ao docente de integrar a educação técnica e intelectual, sem colocar a técnica acima de todos os outros elementos da formação. Como definir esses desafios? Cercando o nosso objeto, a formação, de inúmeras ações e discussões: a) as reuniões pedagógicas, com o andamento do curso, também tornaram-se integradas, quando alunos, temas, problemáticas e perspectivas reunem preocupações comuns; b) grupo de estudos e de pesquisas, cujo tema da interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e currículo integrado são o grande mote dos estudos, que reúnem diferentes pesquisadores, professores, disciplinas e áreas de atuação;

c) Aulas integradas com temas interdisciplinares (Semana dos Museus, Sustentabilidade, Práticas de Pesquisas; d) Semana Nacional de Ciência e Tecnologia - SNCT/Edição 2016 com palestras, oficinas disciplinares,

oficinas eixos de conhecimento do câmpus e discussões que envolveram o grande tema do evento – a Ciência Alimentando o Brasil; e) diferentes momentos de formação e capacitação aos docentes que relacione diferentes práticas de ensino e o momento da avaliação, refletindo em rompimento de paradigmas tradicionais e a inovação que alcance postura docente, de pesquisa e de formas avaliativas mais eficazes e inovadoras; f) I Ciclo sobre Currículo Integrado promovido pelo IFSC numa perspectiva intercampi (Câmpus Chapecó, Xanxerê e São Miguel do Oeste). O evento reuniu mais de duzentas pessoas, com inscritos de diferentes instituições públicas e privadas de ensino e representantes dos três estados da Região Sul do país. O mote do evento foi discutir o

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tema central – currículo integrado – primeiro, num entendimento teórico e metodológico, e, segundo, numa visão mais prática a instância pedagógica e de reflexões em torno do cotidiano do ensino; g) Projetos de Ensino, Pesquisa e Extensão com temas que atravessem a formação básica e técnica, num momento diferenciado de formação, orientação, abordagem e aprofundamento do aprendizado, associado ao letramento para a pesquisa e para o olhar comunitário e social.