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ALAFIA EM OSOGBO:

No documento Buzios(1).pdf (páginas 128-135)

Em Osogbo, este Odu pode indicar: Domínio dos instintos (as necessidades físicas sobrepujando a razão e induzindo ao erro); falta de determinação para dizer não; pessoa de caráter dúbio, de duas caras, sem palavra.

Neste Odu falam as seguintes Divindades:

Voduns (Jeje): Legba, Duduwa, Hohovi, Dã, Toxosu, Gun, Orunlá. Orishá (Nagô): Orunmila, Obatala, Oduduwa, Elegbara, Aje Shaluga. INTERDIÇÕES DE ALAFIA:

Alafia proibe aos seus filhos: Possuir um cão ou tê-lo proximo de si, comer galo, milho assado, inhame pilado, carne de porco e carne de tartaruga. Portar facas ou armas brancas, vestir agbada, fazer uso de tabaco e ser indiscreto.

Recomenda-se a seus favi, dar esmolas generosas e, quando possível, ter perto de si, um destes pequenos altares que os muçulmanos utilizam para fazerem suas preces. SENTENÇAS DE ALAFIA:

(1) Tuwa, Tuwa, Tuwa! Este é o signo que consulta Ifá para a boca. (2) Otura Meji! Um muçulmano não pode reverenciar a ninguém.

(3) Nós vimos duzentos muçulmanos e seus sapatos eram um números de quatrocentos. Nós vimos quatrocentos e cinquenta búfalos, e seus chefres eram em número de novecentos e sessenta. A Serpente não pode penetrar no seio da floresta onde se encontra Dã Ayidohwedo.

(4) O mesmo bico que come o milho, serve para construir o ninho, não devendo ser usado pra destruí-lo.

(O consulente melhorará de vida, mas suas palavras poderá destruir-se). (5) O boi não pode alcançar a Lua e fazer-lhe qualquer mal.

(O inimigo não pode fazer nada contra o consulente, por isto, deve ser deixado para lá). (6) A folha Adã-mi-na-kpe, veio ao mundo e She (Mawu), colocou espinhos em suas bordas. A morte que levará o rei de Agwa, encontra-se na floresta de Agwa.

(O consulente procura confusão com os outros e a resposta virá de sua própria boca. Suas palavras impensadas provocarão sua própria morte).

(7) Otura Meji, diz: Deus é muito grande!

(O consulente não deverá se escusar de dar esmolas consideráveis).

(8) Gove, a pequena faladeira, provocará, com sua maldade, uma guerra que destruirá o país.

(O consulente encontra-se ameaçado pela maledicência de alguem muito falador). (9) O índigo existe para tingir o tecido.

(O consulente jamais conhecerá a miséria total). ITAN DE ALAFIA

(1) Todo mundo sabe que nada interessa mais a um muçulmano que o dinheiro, logo que o muçulmano chegou a Terra, consultou três Bokono, para que o orientassem na melhor

MERINDILOGUN

Após a consulta, os Bokonon recomendaram ao muçulmano, que oferecesse um sacrificio, para evitar o insucesso em seus negócios, mas o homem não concordou em fazê- lo.

O muçulmano, que morava no céu na companhia de Mawu, resolveu trazer de lá três cavalos, para serem vendidos na Terra.

Entre o Céu e a Terra, existia então, uma expécie de barreira alfandegária, que era fiscalizada por Agosu Sava (um dos nomes da morte).

Agosu Sava, barrou a passagem do marabu com os cavalos. Impedido de seguir viagem, ficou por alí, aguardando uma oportunidade de passar.

Durante a espera, o muçulmano encontrou um paralítico, que demonstrou interesse em dirigir-se a Terra. Aproveirando-se da situação, o muçulmano mandou que o aleijado montasse num dos seus cavalos.

O paralítico, sem que o muçulmano soubesse, carregava consigo três flechas.

Ao se aproximarem da barreira, alegaram que a montaria excedente era uma reserva, para o caso de cansaço daquele que carregava o paralítico, conseguindo desta forma, permissão imediata para prosseguirem viagem.

Já na estrada, o muçulmano precisou apear para fazer suas necessidades. Aproveitando-se de seu afastamento, o paralítico temendo que o companheiro fosse utilizar o terceiro cavalo para transportar algum malfeitor, introduziu uma flecha na barriga do animal.

Prosseguiram viagem, sem que o muçulmano percebesse nada e de repente o animal caiu sem vida.

Caminharam algumas horas, depois de terem substituido a montaria do paralítico, quando o muçulmano, sentindo cólicas novamente, dirigiu-se ao mato para aliviar-se. Imediatamente e agora por compulsão, o paralítico introduziu outra flecha na barriga de seu cavalo, que após caminhar alguns minutos, veio a morrer.

O mesmo destino estava reservado ao terceiro animal e só então, o muçulmano se apercebeu de que tudo não passava de um castigo, por haver negligenciado o sacrificio determinado pelos adivinhos.

O paralítico, não tendo mais o que o carregasse, ficou pelo caminho e o muçulmano prosseguiu viagem a pé, chegando a terra no exato momento em que o rei do lugar acabara de morrer.

Segundo os costumes da época, o estrangeiro que chegasse no momento da morte do rei, deveria ser o seu substituto e ao muçulmano, foi dado o título de Imamú.

Foi a partir deste dia, que ficou estabelecida a dinastia Imamú (Islanmismo).

(2) Quando o arbusto edau-de-folhas-vermelhas, chegou ao mundo, Shebo Lisa deu-lhe espinhos que foram presos ao seu próprio corpo, com a seguinte recomendação: “Haja com doçura! Se agires com doçura, será a ti mesmo que protejerás”.

Adãun-Ve, era uma moça. Logo que ela veio ao mundo, Shebo-Lisa lhe deu um punhal (espinhoso). Este punhal representava seu seios (anõ).

Quando os seios cresceram, os rapazes sentiam grande prazer em tocá-los, irritada com isto, a jovem resolveu ferir as mãos indiscretas mas agindo assim arriscava-se a ser destruída por um malvado que, ao se sentir ferido, viesse a matá-la por vingança. Seus belos seios seriam então, a causa da sua desgraça.

Da mesma forma, se a planta espinhos Adãun pica aqueles que tocam em seus espinhos, por vingança, será arrancada.

Ebó: Envolve-se em algodão, dezesseis espinhos de qualquer planta, tornando-se dezesseis rolinhos, embebe-se os dezesseis rolos em azeite de dende e, a cada dia, quima- se um diante de Elegbara, sem nada dizer. No ultimo, pede-se o que se quer, antes de atear fogo ao algodão. Sacrifica-se um pinto a Elegbara e despacha-se nos pés de uma planta de espinhos.

Este ebó é indicado para pessoas que se sintam ameaçadas por qualquer perigo. (3) Primeiro Deus criou o homem negro, depois o marabu e depois o branco.

Certa noite, Olofin estava numa encruzilhada, de onde abençoava seus filhos, quando um negro vinha passando, Olofin chamou-o e, entregando-lhe uma botija e cinco centavos, pediu-lhe que fosse comprar óleo de palma. O negro partiu, comprou quatro centavos de oleo e guardou um centavo para si.

MERINDILOGUN

Deus que tudo vê, perguntou ao negro: “Só este óleo por cinco centavos? Sabes que tudo vejo e vi quando embolsastes um centavo. Se achas que um centavo pode suprir suas necessidades, segue teu destino com esta importância!”

No outro dia passou o marabu, Olofin chamando-o, entregou-lhe a mesma botija com cinco centavos, dando-lhe a mesma ordem que havia dado ao negro. Chegando ao mercado, o marabú comprou três centavos de oleo e surrupiou os outros dois.

Ao receber de suas mãos a botija com oleo, Deus perguntou: “Só este óleo por cinco centavos? Vi muito bem quando guardastes dois centavos em tua bolsa. Se achas que dois centavos podem suprir suas necessidades, segue teu destino com esta importância!”

No dia seguinte foi a vez do branco. Deus confiou-lhe a mesma missão, com a botija e cinco centavos. O branco partiu, comprou cinco centavos de óleo e voltou com a botija cheia. Deus então lhe disse: “Muito bem! Dê-me tuas mãos para que as abençoe!” E soprando sobre as mão estendidas, assim falou: “Té és bendido entre todos os teus irmãos. Tu os comandarás, eles viverão submetidos a ti”! É por isto que até hoje, todas as demais raças são subjugadas pela raça branca.

(4) Awasasatonu (formigueiro) e Bejinfin (rato do mato) eram amigos, com fortes destinções.

Rato do mato que era andante e Formigueiro que jamais se mudava de casa, possuia muitos filhos, Rato do Mato Procurou seu amigo e anunciou-lhe o deseja de residir junto dele e, como Formigueiro não concordasse, ressolveu cavar um tuneo que passasse em baixo da casa do amigo.

A casa de Formigueiro havia sido muito bem construida sobre um grande placa de terra batida e o Rato Construiu o seu túnel bem em baixo desta placa, túnel este, que era utilizado pra servir de passagem, em suas investidas contra as plantações vizinhas, de onde surrupiava grande quantidade de nozes de palma.

A voracidade do Rato era tão grande, que em pouco tempo, as nozes que roubou davam para encher uma choupana.

Os frutos roubados pertenciam a uma palantação de propriedade de Metolonfin, que um dia ao visitar a plantação, sentiu falta de muitos cachos de dendê.

Regressando ao palácio, o rei mandou emissários ao local, com a missão de descobrirem o ladrão que lhe estava causando tantos prejuízos.

Os emissários, após um minuncioso exame do local, descrobriram o túnel aberto pelo Rato e na sua borda, vestígios claros da existência em seu interior de nozes de palma.

Retornando ao palácio, relataram sua descoberta e receberam de Metonlonfin, ordens de destruirem o túnel e materem o ladrão.

Imediatamente os homens voltaram a fazenda onde, munidos de ferramentas apropriadas, começaram a cavar uma vala sobre o túnel e seguindo a direção por ele estabelecida, chegaram ao local onde se encontrava o Formigueiro, que foi destruído, sem que tivesse qualquer culpa no acontecimento.

“Que fiz eu pra merecer tal catigo?” Perguntava Formigueiro, vendo seus filhos abandonando-o, enquanto era destruído pelos homens e suas ferramentas. Enquanto isso, Rato do Mato dormia tranquilamente abrigado sob as árvores, barriga cheia de nozes de dendê.

Quem causou tamanha desgraça a Formigueiro? É por isto, que todos aqueles que dão abrigo ou si juntam a pessoas de procedimento ruim, acabam pagando por coisas que não fizeram.

Se Formigueiro tivesse consultado Ifá, certamente teria encontrado orientação para livrar-se de tamanho maleficio.

Ebó: Um preá, dendê, mel, oti, dezesseis frutos de dendezeiro, uma panela com tampa. Sacrifica-se o preá para Elegbara, deixando o sangue correr sobre o igbá e um pouco dentro da panela, onde já foram colocados os dezesseis frutos de dendezeiro. Coloca-se o animal sacrificado dentro da panela e em sua toca, escrito em papel branco, o nome da pessoa que se deseja afastar. Rega-se com bastante dendê e cachaça, sem cobrir completamente o bicho sacrificado. Despacha-se no mato, em cima de um formigueiro bem grande, para que as formigas se alimentem.

Este ebó é indicado para afatar pessoas que tragem má influência para amigos e parentes.

MERINDILOGUN

(5) Naquele tempo, uma epidemia dizimou a cidade de Ifé.

Ifá e os Vodun, que frequentemente alardeavam seus poderes, não puderam conter a mortandade.

Metonlonfin, rei de Ifé, aborrecido, mandou prender Sakpata (o Vodun da Terra), Xevioso (o Vodun do Fogo), Toxosu (o Vodun da Água), Ayidohwedo (o Vodun do Ar), e um jovem muçulmano muito poderoso, denominado Tula al Fa (Alafia).

Irritado, Metonlonfin gritou: “Voces não passam de falsos amigos! Certos de suas imortalidades, deixaram morrer todo o meu povo! Agora eu os prendo no interior desta gruta, onde permanecerão encerrados durante oito dias.

No quarto dia, os Vodun morreram de fome, somente Alafia, que levava em seus bolsos vários obis e grãos de pimenta atakun, conseguiu sobreviver.

No oitavo dia, Metonlonfin ordenou que fosse aberta a entrada da gruta e, no seu interior, foram encontrados os quatro cadáveres dos Vodun e Alafia vivo, sempre mastigando seus obis e seus grãos de pimenta.

Levado diante do rei, Alafia ouviu de dua boca: “Tu Alafia, porque sobrevivestes ao castigo, ressucita os Vodun, ou sirva-lhe de carrasco!”

Ressucitados os Vodun, prosternaram-se diante do rei, ouvindo sua sentença: “Eu vos maldigo Vodun, tristes filhos dos elementos. Eu vos provi de sentimentos, mas eles não lhes serão úteis no futuro. Alafia, é a partir de hoje, o vosso rei. Ele verá, ele compreenderá, falará e agirá por vós. Ele estará sempre acima de vós, que nada podereis sem a sua intervenção. O Odu e denominado Rei!”

Depois disto, os Vodun deixaram de se comunicar com os mortais. Os Odu transmitem suas mensagens aos homens, através de seus códigos, que são interpretados pelos adivinhos.

(6) Quando se encontrava no céu perto de Mawu, o caramujo Aje se chamava Aina e era do sexo feminino.

Naquela época, Fa Ayedogun passava por sérias dificuldades financeiras e, por ser muito pobre, não era convidado a participar de qualquer festa ou reunião social.

Aina, recém nascida, era muito feia. Sua aparência terrível fazia com que todos evitassem sua companhia e ninguém aceitava tê-la em casa.

Depois de ser rejeitada em todas as casas, Aina bateu na porta de Fa Ayidogun, que apesar do estado de miséria em que se encontrava, acolheu a menina.

Uma bela noite, Aina acordou Fa, anunciando que estava prestes a vomitar. O hospedeiro apresentou-lhe uma tigela para que vomitasse, mas ela recusou-se. Uma cabaça foi trazida e também recusada e depois, uma jarra foi objeto de nova recusa.

Fá perguntou então, o que poderia fazer para ajudá-la e Aina disse: “Lá no lugar de onde venho, costuma-se vomitar todos os dias, no quarto. Conduzida ao quarto, Aina começou a vomitar todos os tipos de pedras preciosas, brancas, azuis, vermelhas, verdes, etc.

Naquele momento, um marabu que passava, penetrou na casa de Fá e perguntou por Aina.

“Ela está no quarto, acometida por uma crise de vômitos.” Respondeu Fá.

O estrangeiro foi ver o que se passava e ao deparar com Aina vomitando pedras preciosas, exclamou: “Ha! Nós não conhecíamos os poderes de Aina, hoje revelados!” Disposto a serví-la, colocou-lhe o nome de Anabi ou Ainayi, que em Yoruba quer dizer: Aina vomita, Aina deu toda riqueza a Fá Ayidogun. Os muçulmanos, depois disto, fizeram de Aina uma divindade, conhecida entre eles, como Anabi.

(Este itan descreve a lenda do surgimento do Orishá Aje Shaluga).

(7) O Esquilo grita: “Tõ-mpeun!” O Esquilo mesmo, com sua própria boca, chama a morte para si.

Legba e o Esquilo eram bons amigos, Esquilo era um camponês bastante próspero, o que despertou a cobiça de Legba.

Legba era então uma espécie de sócio de Ifá. Sua função era enviar consulentes para Ifá, com a finalidade de obter galinhas para sua alimentação.

A cobiça levou Legba a buscar em Ifá, orientação para apoderar-se da propriedade de Esquilo.

MERINDILOGUN

Um ebó foi determinado: um cabo velho de enxada, uma pedra de esmagar nozes de palma e um jarro cheio d’água. O sacrifício, depois de oferecido, foi despachado nas terras de Esquilo.

Vendo que o milho e tudo o mais que era plantado nas terras de Esquilo, brotava e crescia com muita abundância, Legba queixou-se a Lonfin: “Esquilo apoderou-se de minha lavoura!”

Chamado a presença do rei, o camponês defendeu-se afirmando que Legba jamais havia cultivado um campo. “Ele jamais trabalhou!”

Gritava, “Tudo o que faz na vida é arrebanhar clientes para Ifá e roubar tudo o que estiver ao seu alcance! A lavoura me pertence, eu a plantei e colherei seus frutos!”

Para solucionar a questão, o rei enviou alguns investigadores de sua mais alta confiança, para averiguarem quem estava mentindo.

Chegando na roça os investigadores encontraram Esquilo trepado numa árvore de onde constumava vigiar sua propriedade.

“É trepado nesta árvore que cultiva a terra?” Perguntaram os enviados do rei. Legba, que neste momento chegava, solicitou aos investigadores que o acompanhassem, conduzindo- os até o local onde arriara o ebó.

Na chegada, pegou a pedra manchada de azeite de dendê, dizendo: “Vêem? Esta é a pedra com que extraio meu próprio óleo dos frutos produzidos por minha plantação. Este é o cabo da enxada com a qual arei minhas terras, de tão usado, quebrou-se. Esta é a jarra onde carrego água para, todas as manhãs, sob o Sol inclemente, molhar minha plantação. Peçam agora ao Esquilo, para mostrar suas ferramentas!”

Solicitado, Esquilo não pode mostrar seus instrumentos de trabalho que Legba, momentos antes havia escondido.

Ao ser informado do resultado da investigação, o rei declarou Legba como legítimo dono da terra e de tudo o que nela pudesse ser colhido.

Revoltado, Esquilo disse a Legba: “Tu és um ladrão! Tu não vales nada! Serás maldito pela vida! Me consolo em saber que nada mais possuirás que estes campos. Eu conquistarei outras coisas e terei muitos filhos, tu não poderás ter nada!”

Hoje, Esquilo não precisa, para viver, de nada mais do que saber subir em árvores e procriar!

Neste itan existe um ebó que pode ser utilizado para fins escusos. A responsabilidade de interpretá-lo cabe a quem desejar fazer uso dele.

(8) Deus fez o mundo e quando criou os animais, disse-lhes que, aquele que encontrasse a cabaça da vida, seria o mestre da vida.

Nesta cabaça estava encerrados tecidos, dinheiro, filhos, mulheres e tudo o mais que havia criado para seu entretenimento e para entretenimento dos outros. Os animais consultaram Ifá, que os recomendou oferecerem um sacrifício, para que pudessem encontrar a cabaça da vida.

Tudo o que tem vida neste mundo, consultou Ifá com a mesma finalidade, mas todos se recusaram a fazer o ebó.

Quando os homens surgiram no mundo, consultaram Ifá com a mesma finalidade e não recusaram a fazer o sacrifício exigido por Alafia.

Depois do sacrifício, Ifá lhes deu duas varas e disse: “Se encontrarem peixes, serpentes ou qualquer animais lutando entre si, não os separem deixem que se destruam. Mas se encontrarem dois pássaros lutando, separe-os!”

Seguindo seu caminho, os homens depararam, sucessivamente, com dois búfalos, depois com dois leões, depois com duas serpentes, depois com dois peixes, que lutavam entre si. Sem tomar conhecimento seguiram em frente.

MERINDILOGUN

Encontraram depois, no interior da vida, dois pássaros que lutavam pela posse de uma cigarra e que, no ardor da luta, já haviam embaraçado suas penas.

O chefe dos homens, pegando uma das varas, lançou-a contra os pássaros. Assustadas as aves se separaram e a cabaça caiu no chão.

Os homens, de posse da cabaça da vida, encontraram em seu interior o Ashé, tudo o que pode satisfazer os Vodun, tudo o que pode apaziguá-los, tornando os homens mais poderosos que eles.

Os animais foram então dominados pelos homens e os reconheceram como seus mestres e senhores da própria natureza. É por isto que os homens receberam o nome de Gbe-to (Pais da Vida).

MERINDILOGUN

OPIRA

Aqui, não se trata de um Odú, senão de uma caída em que todos os búzios aparecem fechados. Não existe mensagem nem interpretação. É um prenúncio de acontecimento nefasto inevitável e irremediável.

Qualquer tipo de Osogbo pode estar sendo preconizado e não existe ebó para modificar o mau pressagio. Quando cair Opira, pode ser um Egun anunciando a morte de alguém. A determinação é de que o jogo deve ser fechado, o que deixa o adivinho sem qualquer recurso oracular.

Algumas providências devem ser tomadas para afastar ou aliviar o Osogbo que se prenuncia. O jogo é imediatamente colocado numa tigela com água fresca, onde se acrescenta oito pedacinhos de Ori da Costa.

Prepara-se um ebô, separa-se a água e junta-se um pouco deste, aquele da tigela, onde estão os búzios.

Faz-se sacudimento de folhas de São Gonçalinho em toda a casa e nas pessoas que nela se encontrarem. Passa-se um frango ou galinha na casa e nas pessoas, sacrifica-se para Eshú Buruku na rua. Defuma-se tudo e todos com incenso verdadeiro.

Uma parte da água da canjica é separada para que todos se banhem com ela. A canjica é oferecida a Oshalá e uma parte a Elegbara.

Os búzios devem permanecer em repouso, dentro da tigela, por sete dias, depois do que, são retirados, lavados em água corrente, secos e envolvidos em pó de efun ou atin de Oshalá. Isto feito, pode-se voltar a utilizá-los normalmente.

MERINDILOGUN

GLOSSÁRIO

No documento Buzios(1).pdf (páginas 128-135)