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A GENEALOGIA E HERÁLDICA DE ANTÓNIO JOSÉ DE SÃO PAYO

O CURSUS HONORUM DE ANTÓNIO JOSÉ DE SÃO PAYO

8. Alcaide-mor de Miranda do Douro

A 10 de Maio de 1784, com Justificação, D. Maria I: «faz mercê a António

José São Payo Mello, da Alcaidaria mor da cidade de Miranda do Douro.»4, (ver

Anexo Documental5). Na Justificação, são carreados os serviços militares do seu avô

Francisco Joseph de São Payo com uma riquíssima folha de serviços: Tenente- general da Cavalaria, Brigadeiro, e Sargento-mor de Batalha, e tendo a seu cargo o governo das Armas da Província da Beira em 1704, vice-Rei e Capitão-general do Estado da índia em 1720-1723. Também aos serviços de seu filho Manoel António de São Payo, pai de António José de São Payo, obrados em Soldado e nos cargos de Capitão de Cavalos e Coronel da Cavalaria que exercitou até o seu falecimento

1 Idem.

2 Ordenações Filipinas, Livro I, Título LXXIV, Dos Alcaides mores .

3 «João de Sampaio Melo e Castro, moço -fidalgo, Porteiro -mor da Casa Real foi Governador da Torre de São Julião da Barra e Tenente-general, que nasceu a 18 de Agosto de 1722 e faleceu a 6 de março de 1779.» ALVES, Francisco Manuel - Memórias Arqueológicas e Históricas do Distrito de Bragança, tomo VI, p. 439.Coord. Geral de Gaspar Martins Pereira, Revisão deste vol. por José

Augusto de Sotto Mayor Pizarro, Edição da Câmara Municipal de Bragança/ IPM, Museu Abade de Baçal, Bragança, 2000.p. 440. Felgueiras Gayo, também confirma que este foi « Porteiro-mor», In GAYO, Felgueiras - 0b. cit. .tomo XXV, pág.71.

4 ADB/ACSP - cx.04, proc. 021(4) - António José São Payo Mello e Castro: patentes militares,

promoções, nomeações, ordens (1754-1799).

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E, ainda devido a funções na Corte, no emprego de Gentil-homem da Câmara do Infante D. Manoel muito amado e prezado tio de sua majestade.

A justificação, relativa a António José São Payo Mello e Castro, é referente aos feitos em Soldado, Capitão de Cavalos e Coronel da Cavalaria que actualmente ocupa. Bem como no emprego de Gentil-homem da Câmara do sobredito Infante D. Manoel e prezado tio do dito senhor e do Infante D. Pedro, seu muito amado e prezado irmão e: «o ditto Conde de São Payo (...) me tem preito e homenagem e

assim pello direito de posse em como lhe dada na maneira que ditto hé o hajão e conheção por Alcaidaria mor da ditta cidade de Miranda e lha deixem ter, e delia usar em dias de sua vida, haver, e arrecadar todas as rendas, foros, e direitos precalços, e pertenças sem directamente lhe pertencerem assim como tudo tinhão, e levavão os mais Alcaides-mores, que antes delle forão sem isso lhe ser posta duvida ou embargo algum, porque assim he minha mercê e cumprão e guardem e façam muito inteiramente cumprir e guardar esta carta (...) Livros dos meus próprios de Contadoria da cidade de Miranda e Comarca de Miranda (...) Livros da Mercês (...) Chancelaria mor do Reyno.»\

Numa breve retrospectiva histórica do exercício nesta função de Alcaide-mor de Miranda do Douro, remontando à origem, desde D. João I foram Alcaides-mores do castelo até 1759, os Marqueses de Távora, que nesse ano sofreram o suplício, sendo-lhe confiscados todos os seus bens.

Como Alcaide-mor, competia-lhe: «resistir às forças dos contrários», como prescreviam as Ordenações Filipinas2, assim como: «os repairos dos castellos»3.

Acresce ainda, que mesmo não sendo de: «juro, não lhe deixarão arrecadar as

rendas da Alcaidaria, até satisfazerem com as suas obrigações»4.

Ainda em 1780, a Rainha D. Maria I quis mandar reparar a Praça de Miranda destruída em 1762, durante a Guerra Fantástica. Mandou ao Engenheiro José

1 Idem.

2 Ordenações Filipinas, Livro Título LXXIV.

3 Idem . E os que não tiverem os castellos de juro, serão obrigados a repairar todas as cousas

sobreditas, e as entregar no stado, em que lhes foram entregues, tirando muros, barreiras, baluartes, e Torres: e que assim repairarem as sobreditas cousas, que são obrigados, o povo lhes dará serventia.

4 Idem .«E os Juizes dentro de quinze dias do dia, que tomarem posse de seus Julgados, vão ver a

Fortalezas das cidade, villa, ou lugar; e achando que não stão concertadas e repairadas, como os Alcaides Mores são obrigados, assi as de juro como as que não forem, não lhes deixarão arrecadar

Champalimaud de Naussane, Sargento-mor de Infantaria, Engenheiro em exercício em Chaves, fazer o projecto de reedificação concluída em 28 de Março de 17801.

Do que se pode inferir, que o grosso das obras estaria concluído, quando o Conde António José de São Payo, foi nomeado e tomou posse na Corte e em Miranda do Douro do seu posto de Alcaide-mor de Miranda do Douro. E mais, não consta no acervo documental acerca do percurso militar do mais velho Conde de São Payo.

Entretanto em 1797, por decreto de 15 de Fevereiro, foi promovido a Tenente- Coronel - o Conde Manuel de São Payo - e, em virtude de certa comissão secreta e importantíssima: «que se projectava confiar ao General Conde de São Payo - a qual

pela minuta dirigida ao Marechal Von der Golz, presumimos que seria o comando do Exército que então se tentava mobilizar para defrontar a invasão com que a Espanha, de inimiga tornada aliada de França, pelo tratado de Basileia, então nos ameaçava, ou diligência ligada com este assunto - nomeado Ajudante de ordens do mesmo General.2 De facto, cimenta - se a opinião, relativa ao papel que

desempenhavam no seio da monarquia, enquanto 1a elite, os titulares mantiveram o

monopólio, do serviço à Coroa em embaixadas extraordinárias»3, como no caso do

Conde António José de São Payo.

Mas: «como não se verificasse, todavia, a comissão atrás referida, o Conde

de São Payo, solicitou a Príncipe Regente a agregação de novo do Conde Manuel ao seu antigo Regimento do Cais, com a patente de Coronel, pois achava-se desairoso o seu regresso com aquela que dele havia saído visto passar a subalterno do Tenente-Coronel efectivo a quem até aí havia comandado. A súplica no entanto não recebeu andamento. Embora ressentido o Conde conformou-se.»4.

Todavia, em 1800 saíram, todavia, promovidos vários oficiais mais novos da sua patente. Apresentou então o Conde Manuel por intermédio do Duque de Lafões a injustiça que lhe era praticada. O Príncipe admitiu benevolamente a reclamação, pelo que dentro de poucos dias lhe foi concedida promoção igual. Como poderia

1 Serviços de Extensão e Cooperação de Trás-os-Montes e Alto Douro .www.utad.pt/Miranda do

Douro/ visita . html.

2 SÃO PAYO, Marquês de - O Tenente-general, 1° Marquês de São Payo (1762- 1841) In Anais da

Academia Portuguesa de História, Lisboa, 1958, vol. 8, pp. 197-304.

3 LOURENÇO, Maria Paula Marçal - Estado e Poderes, In Nova História de Portugal- Portugal - da

Paz da Restauração ao Ouro do Brasil, vol. VII, coord, de Avelino de Freitas de Meneses, dir. de

MARQUES, A . H. de Oliveira e SERRÃO, Victor, Lisboa, Editorial Presença, 2000, p. 83.

4 SÃO PAYO, Marquês de - O Tenente-general, 1o Marquês de São Payo (1762- 1841) In Anais da

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ficar prejudicado na antiguidade, o novo Conde pediu a inclusão de cláusula na sua patente pela qual ela lhe fosse respeitada, e resolveu não se prevalecer dela enquanto a mesma cláusula não fosse despachada, pelo que recorreu ao Marechal Von der Goltz. Desta vez a satisfação não lhe foi demorada: por decreto de 24 de Março de 1801, foi efectivamente promovido ao posto de Coronel, e a dificuldade do seu antigo Regimento foi resolvida, agregando-o não a ele mas à primeira ordem da Corte.

Nestas condições, não teve que intervir na infeliz campanha, conhecida pela

Guerra das Laranjas, iniciada em Maio daquele ano com a invasão de Portugal pelos

espanhóis que ocuparam as praças de Olivença, Juromenha, Mértola, Portalegre e Castelo de Vide, que nos forçou à assinatura em Badajoz dos tratados de paz com Espanha e a França, bem como a perda de Olivença.

No que toca aos São Payo, mais uma vez, não vislumbramos de modo algum, a entrega dos São Payo no campo de Marte. De qualquer modo, por decreto de 17 de Dezembro do mesmo ano foi então o Conde Manuel, nomeado, para a administração colonial, a que eram chamada a elite. Como Capitão e Governador- geral da Capitania do Pará e Rio Negro1, cargo do qual não tomou posse todavia

por: «dele ter pedido exoneração, provavelmente por se ter agravado a saúde de

seu velho pai, que veio a falecer pouco mais de um ano depois»2, o que sucederá

em 26 de Novembro de 1803.

Na intenção de partir para aquela capitania chegou a anunciar para arrendamento as suas Casas da Boa Vista e S. Vicente: «o excelentíssimo Conde

de S. Payo arrenda as Casas sitas na rua direita de S. Vicente, aonde assiste o Comendador Gerardo Venceslao Brancamp; e as Casas da sua residência à Boavista, pode dirigir-se quem as quizer arrendar»3.

Esta é a prova evidente que, a residência do entretanto falecido, o Conde de São Payo, fora na Boa Vista, em Lisboa. Podemos pensar que, devido à idade avançada e à doença, o Marechal do Exército, Conde de São Payo, não se envolveria na Guerra das Laranjas. Também, o Conde Manuel, devido à sua

1 LOURENÇO, Maria Paula Marçal - Estado e Poderes, In Nova História de Portugal- Portugal- da

Paz da Restauração ao Ouro do Brasil, vol. VII, coord, de Avelino de Freitas de Meneses, dir. de

MARQUES, A . H. de Oliveira e SERRÃO, Victor, Lisboa, Editorial Presença, 2000, p. 83.

2SÃO PAYO, Marquês de - O Tenente-general, 1o Marquês de São Payo (1762- 1841). In Anais da

Academia Portuguesa de História, vol. 8, Lisboa, 1958,pp. 197- 304.

3 (Gazeta de Lisboa, vol. 47, terça feira, 20 de Novembro de 1804- avisos). ADB/ACSP - cx.04, proc.

021, António José de São Payo Mello e Castro -1o Conde de São Payo, 1754 - 1853. Despacho do

rogativa, não pode ser mobilizado, para a mesma Guerra, provavelmente por não participar na sua preparação. Assegura-se no entanto que: «nos postos militares

consolidada numa circularidade de carreiras no seio da mesma família»1.