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59De alguma forma, o comportamento da demanda das duas últimas regiões acima citadas, que

juntamente respondiam por 27% do total dos candidatos inscritos em 2007, significa certa tendência de expansão da procura pelo ensino agronômico nesses locais. Em parte, isso pode estar associado ao deslocamento de atividades agropecuárias para diversos estados dessas regiões. Ou seja, como a fronteira agropecuária se expandiu fortemente em direção ao Norte e Centro-Oeste do país nas últimas décadas, era de se esperar que a demanda pelo ensino agronômico nas respectivas regiões crescesse bastante.

Do ponto de vista do quesito organização acadêmica (universidades, centros universitários e faculdades), a distribuição dos inscritos revela alguns aspectos importantes. Em primeiro lugar, nota-se a existência de uma enorme concentração da demanda em determinados tipos de organizações. Assim, como era de se esperar, as universidades detinham, em 2007, aproximadamente 85% dos candidatos inscritos. Em segundo lugar, observa-se que, entre os candidatos que procuraram estudar em alguma universidade, 92% buscaram estudar em universidades federais, fato que revela o grande peso das Ifes na formação de engenheiros agrônomos em todo o país. Registre-se, nesse caso, a baixa participação dos candidatos inscritos em universidades privadas praticamente ao longo de todo o período considerado.

Já os candidatos inscritos em centros universitários são pouco expressivos no contexto geral da demanda, uma vez que em 2007 não ultrapassavam a 3% do total de inscritos. Registre-se que todas estas inscrições ocorrem em centros universitários de caráter privado, os quais tiveram sua expansão a partir de 1998.

Finalmente, menciona-se que as faculdades respondiam, em 2007, por aproximadamente 13% do total de inscritos. Nesse caso específico, verifica-se que as faculdades privadas respondiam por 62% da demanda que recaiu sobre este tipo de organização acadêmica (faculdades).

Um breve olhar sobre o comportamento deste quesito nas regiões no ano de 2007 revela alguns detalhes interessantes. Na região Sul do país as universidades receberam mais de 81% dos inscritos, enquanto o restante se distribuiu entre as faculdades (públicas e privadas), uma vez que os centros universitários não têm nenhuma importância regional. Esse mesmo comportamento se repete na região Sudeste em relação às universidades. A diferença é que os centros universitários receberam, no mesmo ano, 4% da demanda regional. Na região Nordeste as universidades receberam 97% da demanda, enquanto as faculdades públicas receberam o restante, tendo em vista a ausência de centros universitários na referida região. Registre-se que a demanda total recaiu sobre as instituições públicas. No norte do país as universidades públicas receberam mais de 88% da demanda, sendo o restante distribuído entre faculdades e centros universitários. Finalmente, na região Centro-Oeste verifica-se um comportamento muito semelhante, uma vez que as universidades receberam 81% da demanda regional, enquanto o restante se distribuiu entre faculdades e centros universitários.

TRAJETÓRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

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Quanto ao quesito gênero, observa-se uma forte predominância das pessoas do gênero masculino entre os inscritos. Assim, em 1991, as pessoas inscritas do gênero masculino perfizeram um total de 65%, enquanto que em 2007 aumentaram sua participação para 69% da demanda. Este diferencial é bem mais expressivo quando se considera as categorias administrativas. Com isso, nota-se que mais de 77% da demanda das instituições privadas no ano de 2007 foi de homens; já nas instituições públicas, este percentual se situou ao redor de 64%. Esses dados evidenciam aquilo que é amplamente conhecido, ou seja, os cursos de Engenharia Agronômica têm sua demanda fortemente condicionada pelas pessoas do sexo masculino.

Ingressantes nos cursos de Engenharia Agronômica

Os dados agregados dos ingressantes mostram um crescimento expressivo no período, passando de 4.365 em 1991 para 10.212 em 2007. Isso representou um crescimento da ordem de 134% ao longo dos anos considerados. Registre-se que esse crescimento passou a ocorrer a partir de 2000/2001 e se acelerou nos anos seguintes.

Do ponto de vista da categoria administrativa, verifica-se que os ingressantes nas instituições públicas no ano de 1991 eram 81% do total, sendo que a grande maioria dos ingressos ocorria em instituições públicas federais. O restante (19%) ingressava nas instituições privadas de caráter particular. Em 2007 este cenário mudou sensivelmente, uma vez que as instituições públicas reduziram sua participação para 63% do total de ingressos. Essa redução ocorreu porque as instituições privadas quadriplicaram seus ingressos no período, enquanto as instituições públicas apenas duplicaram. Registre-se, todavia, que estas últimas instituições (públicas) eram responsáveis por 6.444 ingressantes dentre um total de 10.212 ingressos em 2007.

O crescimento da participação das escolas privadas no total de ingressantes em todo o país pode estar associado a dois aspectos: por um lado, ao processo de expansão do ensino privado que ocorreu nos anos de 1990 em todas as áreas de conhecimento e, por outro, às próprias dificuldades das escolas públicas em ampliar suas capacidades operacionais. Assim, em termos absolutos, nota-se que, enquanto os inscritos nas instituições públicas não chegaram a ser duplicados, os ingressos nas instituições privadas foram ampliados em mais de quatro vezes.

Especificamente em relação às instituições públicas, verifica-se que grande parte dos ingressantes está nas Ifes, as quais respondiam por 64% em 1991, passando a responder por 61% em 2007. Esta queda está diretamente relacionada ao ligeiro aumento que ocorreu na participação das instituições públicas estaduais, que em 2007 passaram a responder por 33% do total de ingressantes na esfera pública.

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FIGURA 2.5 INGRESSANTES POR CATEGORIA ADMINISTRATIVA

Fonte: Inep/MEC/Deaes.

Com relação às instituições privadas, nota-se que ao longo de toda a década de 1990 houve aumento no número de ingressantes nos cursos particulares. Os ingressos em instituições filantrópicas ou comunitárias só iniciaram a partir de 1997, atingindo mais de 51% dos ingressos nas instituições privadas em 2007.

Um olhar regional revela que esse movimento de crescimento dos ingressos em instituições privadas foi mais expressivo nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país, sendo praticamente insignificante nas demais regiões. Além disso, deve-se registrar que nas regiões sul e sudeste os ingressos nas instituições privadas, nos últimos anos, passaram a superar os ingressos das instituições públicas. Nas demais regiões ocorre o oposto, onde os ingressos nas instituições públicas estão praticamente concentrados nas escolas públicas, exceto no Centro-Oeste.

No que se refere à organização acadêmica, verificam-se diferenças importantes. Nota-se que as universidades respondiam por 73% dos ingressantes em 1991, enquanto o restante dizia respeito às faculdades, tendo em vista a ausência, nesse ano, de centros universitários. Em termos absolutos, isso significa que dos 4.365 ingressantes, 3.170 pertenciam às universidades. O cenário se altera levemente em 2007, uma vez que as universidades passaram a responder por 75% dos ingressantes, enquanto as faculdades respondiam por 18% e o restante por centros universitários, que passaram a existir a partir de 1998.

Especificamente em relação às universidades, observa-se que as universidades públicas, que em 1991 respondiam por 86% dos ingressantes desta categoria, passaram a responder por 79% em 2007. Esta

0 1.000 2.000 3.000 4.000 5.000 6.000 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 Publico Privado Número de Ingressante

TRAJETÓRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

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queda está correlacionada com o processo de expansão das universidades privadas, as quais ampliaram significativamente o número de ingressantes a partir de 2003/2004.

FIGURA 2.6 INGRESSANTES POR REGIÃO ADMINISTRATIVA

Fonte: Inep/MEC/Deaes.

Em relação às faculdades, nota-se uma importante mudança, ou seja, as faculdades públicas, que em 1991 respondiam por mais de 67% dos ingressantes, reduziram sua participação para 19% em 2007, indicando que os ingressantes em faculdades tendem a se concentrar nas instituições privadas desse tipo de organização acadêmica.

Ainda em termos de organização acadêmica, deve-se mencionar o fato de que nos últimos anos surgiram os centros universitários, que passaram a responder por 6% do total de ingressantes, todos eles em instituições de caráter privado.

A grande maioria dos ingressantes ainda está localizada nas regiões sul e sudeste do país, os quais respondiam conjuntamente em 2007 por 56% do total de ingressantes do país. No entanto, deve-se destacar que a participação percentual dessas duas regiões decaiu no último ano da série, comparativamente ao início. Essa queda está correlacionada ao aumento de ingressos verificado na região Centro-Oeste.

Analisando-se o crescimento no número de ingressantes em cada uma das regiões separadamente, verifica-se que a região Sul respondia por 29% dos ingressantes em 1991, passando a responder por 24% em 2007. Em termos absolutos significa que passou de 1.267 ingressantes para 2.473. Desse total no último ano da série, as universidades públicas respondiam 47% dos ingressos no respectivo ano.

0 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 ano Norte Nordeste Sudeste Sul Centro Oeste Número de Ingressante

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