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CONSIDERAÇÕES FINAIS Condensar a trajetória e o estado da arte da formação em Engenharia Agronômica não foi tarefa

fácil, diante das limitações impostas pela estrutura do presente trabalho, que integra um compêndio mais amplo, abrangendo também a engenharia e a arquitetura. Inúmeros eventos marcantes da história das Ciências Agrárias exigiriam descrições e discussões mais detalhadas. Entretanto, os autores esperam que, ainda assim, tenham retratado a realidade inter-relacionando vínculos e consequências e apontando produtos resultantes das políticas sobre a formação de recursos humanos para o setor agrícola. Assim, analisando-se o comportamento e a dinâmica recente do ensino da Agronomia no país, verifica-se que aspectos relevantes desse processo estão em curso.

No caso da demanda pelos cursos de Engenharia Agronômica, foram identificados alguns pontos cruciais. Em primeiro lugar, destaca-se que houve um forte crescimento da demanda nos últimos anos e que a maior parte desse crescimento se concentrou nas instituições públicas de ensino superior. Para se ter uma ideia da dimensão desse fato, basta citar que entre os 48.307 inscritos em 2007, nada menos do que 40.217 candidatos se inscreveram nas instituições públicas; ou seja, aproximadamente 83% da demanda se concentra neste setor. Agregando-se a isto, verifica-se, também, que mais de 61% dessa demanda às instituições públicas recaiu sobre as Ifes.

Do ponto de vista regional, registram-se dois movimentos importantes. Por um lado, nota-se uma concentração da demanda (54%) nas regiões sul e sudeste do país e, por outro, uma forte expansão

TRAJETÓRIA E ESTADO DA ARTE DA FORMAÇÃO EM ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

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da demanda na região Centro-Oeste nos últimos anos, a qual recaiu quase que integralmente sobre as instituições públicas federais de ensino superior. Em parte, pode-se dizer que esse crescimento da demanda nesta região (e em menor grau na região Norte) está atrelado ao movimento de expansão da fronteira agrícola em direção ao centro-norte do país, processo este que indiretamente impulsiona a demanda por profissionais da área de Ciências Agrárias.

Em segundo lugar, nota-se que sobre as universidades recaiu, em 2007, aproximadamente de 85% da demanda. Além disso, entre os demandantes de ensino nas universidades, mais de 90% deles buscaram estudar em universidades públicas mantidas pelo governo federal, o que revela a importância dessas instituições no contexto da formação dos Engenheiros Agrônomos do país. Por outro lado, em 2007, quase 70% da demanda se referia às pessoas do sexo masculino, sendo que este percentual atinge até 77% quando se considera apenas a demanda nas instituições privadas. Esse fato revela que a profissão de Engenheiro Agrônomo ainda é fortemente exercida pelos homens.

Quanto à oferta, verificam-se algumas mudanças recentes no cenário dos cursos de Engenharia Agronômica. Inicialmente deve-se mencionar o forte crescimento do número de vagas verificado no período recente, especialmente a partir de 2003 e 2004, fato este impulsionado pelas expansões verificadas, sobretudo, nas regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste. Em relação a esse crescimento, registre-se que a oferta ainda continua fortemente concentrada nas regiões Sul e Sudeste do país, as quais respondiam conjuntamente por mais de 60% das vagas existentes no ano de 2007.

Uma das mais importantes mudanças observadas diz respeito ao crescimento das vagas nas instituições privadas, as quais passaram a responder por 52% do total de vagas do país em 2007. Assim, quando se compara o crescimento das vagas no período, considerado as instituições públicas e privadas, nota-se que as primeiras tiveram um crescimento de 68%, enquanto as últimas cresceram em 480%. Regionalmente houve uma expansão das vagas em instituições públicas e privadas de ensino superior nas regiões Norte e Centro-Oeste. No entanto, registre-se que as vagas das instituições privadas também continuam fortemente concentradas nas regiões Sul e Sudeste do país, as quais conjuntamente respondiam por 70% do total de vagas dessa categoria administrativa.

Do ponto de vista dos ingressantes nos cursos de Engenharia Agronômica, nota-se que a despeito do crescimento das vagas nas instituições privadas, mais de 63% dos ingressantes no ano de 2007 estavam ligados às instituições públicas, com predomínio das instituições federais. Regionalmente esse quadro é um pouco diferente, uma vez que nas regiões sul e sudeste os ingressantes nas instituições privadas passaram a superar àqueles das instituições públicas. Já nas regiões nordeste e norte os ingressantes das instituições públicas são quase a totalidade. No Centro-Oeste, apesar do forte crescimento das instituições privadas, as instituições públicas ainda são responsáveis por mais de dois terços dos ingressantes.

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Quanto aos concluintes, é possível verificar alguns aspectos, no mínimo, preocupantes. Em primeiro lugar, quando se correlacionam os ingressantes com os concluintes, nota-se que esta correlação vem se reduzindo nos últimos anos, indicando que menos estudantes estão concluindo os cursos. Mas este cenário é bem diferente entre as instituições públicas e privadas. No caso das instituições públicas, observa-se que essa correlação ficou entre 60% e 70%, enquanto que nas instituições privadas se situou entre 30% e 40%, indicando que o número de egressos nas instituições privadas é muito inferior ao potencial estabelecido. Isso sugere a existência de ociosidade nas instituições privadas, uma vez que a relação candidato/vaga é muito inferior à mesma relação das instituições públicas, ao mesmo tempo em que os resultados (egressos dos cursos privados) são significativamente inferiores aos egressos das instituições públicas.

Além da expansão dos cursos há que se considerar que houve expressivo progresso na legislação educacional e profissional, com destaque para a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, que flexibilizou os currículos de formação superior. As inovações decorrentes dessa lei ensejaram uma grande reforma do sistema de atribuições profissionais, culminando com a aprovação da Resolução nº 1.010 do Confea. Essa resolução incorporou os novos paradigmas da formação profissional que exige a inclusão do conceito de formação continuada e permanente.

REFERÊNCIAS