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Algumas notas finais: Que futuro queremos construir?

2.736 € Orçamento 2013 (comunicado SEES

5. Algumas notas finais: Que futuro queremos construir?

Em síntese e quando olhamos para o que foi a caminhada de Portugal nestes últimos 50 anos, no que toca à Educação e Ensino Superior, podemos afirmar que muito se andou para aqui chegar!

Em princípios dos anos de 1970 o nosso país era um país profundamente atrasado com níveis elevados de analfabetismo e com um pequeníssimo sector de ensino secundário e de ensino superior e com taxas de escolarização que nos envergonhavam no contexto europeu e ocidental. A qualificação da população activa portuguesa fez um percurso muito assinalável.

Esse forte investimento na qualificação da população portuguesa implicou também a afectação de um conjunto vasto de recursos, tendo-se progressivamente aumentado a parte do Produto Interno Bruto (PIB) aplicado neste sector.

No que toca ao Ensino Superior, esse crescimento foi conseguido de forma expressiva com o co-financiamento dos estudantes e das suas famílias, representando actualmente as receitas geradas pelas propinas uma fatia relevante da despesa das instituições de ensino superior, ao mesmo tempo nos últimos anos, se constata uma diminuição importante da componente do Orçamento de Estado.

A proposta apresentada recentemente por instâncias internacionais de aumento do valor das propinas e que, até ao momento, não foi (ainda) adoptada pelo Governo, pode constituir um perigoso processo tendente a acentuar a elitização no acesso ao ensino superior e que deve merecer ponderação sobre as consequências que tal decisão pode representar para a acessibilidade. A austeridade a que o país tem sido sujeito tem conduzido a que muitos estudantes e as suas famílias tenham dificuldade em pagar as propinas e os restantes custos. O risco de dispararem as desistências é grande, agravando o risco da falta de sustentabilidade do próprio sistema do ensino superior.

Devemos ter em conta que Portugal apresenta um nível de privatização do financiamento das instituições de ensino superior público dos mais elevados a nível

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40 europeu e do grupo de países da OCDE. O investimento na Educação e, em particular no Ensino Superior, é essencial para o desenvolvimento do nosso país.

Os cortes orçamentais efectuados nos últimos anos de 2011 e 2012 são de tal envergadura (-23% da despesa do sector global da Educação, representando pelo menos um corte de 1.936 milhões de euros), que colocam em perigo o futuro da Educação e consequentemente de Portugal poder, de forma sustentada e sustentável, encarar os desafios do desenvolvimento e da melhoria das condições sociais e económicas da sua população.

Concluindo

Que Fazer para que o Ensino Superior tenha Futuro?

1. Aumentar as qualificações da população Portuguesa, e possibilitar que as

gerações mais velhas venham a adquirir qualificações, dada a situação altamente desfavorável do nosso país. Portugal, está entre os cinco países da OCDE com a maior proporção de adultos (25-64 anos) sem um diploma secundário (65%, em contraste com a média de 25% OCDE) e entre os três países da OCDE com a menor proporção de adultos (25-64 anos) com ensino superior (17%, em contraste com a média de 32% OCDE).

2. Manter e melhorar o nível de escolarização do Ensino Superior: não temos

alunos, nem diplomados do Ensino Superior a mais!

3. Reivindicar para o Ensino Superior recursos financeiros que lhe permitam

cumprir estas funções e promover um compromisso da sociedade e das forças políticas para a fixação de uma percentagem da riqueza criada no país para este subsector da Educação (por ex. 1,5% do PIB, que se situa perto da média da EU). Desde 2007 conhece apenas a austeridade.

4. Perceber que uma nova subida das propinas não é “solução”. O co-

financiamento dos estudantes e das famílias já é dos mais altos da Europa e da OCDE.

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41 5. Promover a afectação dos recursos através de Contratos-Programa, com a

fixação de objectivos para as IES, e o orçamento ser plurianual, como já hoje ocorre em muitos países da EU. Precisamos de ter Contratos-Programa, com uma fórmula de cálculo para o estabelecimento do tecto orçamental.

6. Voltar a ter mecanismos e indicadores para um exercício efectivo, e respeitado,

da autonomia de gestão das IES (limites globais de pessoal docente, pessoal investigador e pessoal não docente; autonomia para as IES gerirem dentro desses limites). Impõe-se recuperar, pelo menos, os mecanismos que já existiram!

7. Aumentar o apoio social e rever a forma de cálculo das bolsas de estudo,

actualizando os limites do rendimento do agregado familiar e fazendo com que o valor da bolsa cobra os custos dos estudantes, ou pelo menos uma parte significativa.

8. Impedir que a Reorganização da Rede do Ensino Superior seja desenhada, e

decidida, em gabinete. A Reorganização tem que partir das Universidades e Institutos Politécnicos, não excluindo à partida modalidades de fusão, e haverá que atender a uma distribuição geográfica equilibrada, não acelerando a desertificação do Interior e Regiões Autónomas. A Reorganização não deverá partir, todavia, apenas das instituições de ensino superior. A rede neuronal, geradora da inteligência que todos desejamos, obriga articular políticas institucionais em matéria de emprego-educação adequadas, de modo sustentado e prospectivo, participando num modelo de desenvolvimento cada vez mais apoiado em factores dinâmicos de competitividade, a saber: capital humano, rede de instituições, públicas e privadas, de ciência, de tecnologia, de cultura, do sector empresarial e social; e onde o estado cumpra a sua função de regulador, garante de qualidade, potenciador da equidade entre as instituições e os estudantes, promotor do diálogo, árbitro na competição (des)leal, produtor de consensos e convergências.

Obviamente, e porque o que se pretende está enquadrado num contexto sócio-histórico, interessa colocar um conjunto de inquietações e questões que se prendem com os aspectos importantes para prospectivar o Futuro do Ensino Superior em Portugal, a saber:

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Objectivos a atingir

Desenvolvimento e aquisição de conhecimento científico e de

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