2.736 € Orçamento 2013 (comunicado SEES
4. E o que se passa com a investigação?
Pensar a Educação Superior sem qualquer apontamento sobre a investigação seria uma falha grave dado que, sabemos, uma grande parte da investigação que se faz em Portugal ainda é nas universidades e, basicamente, por professores universitários que, por inerência das funções e da missão da universidade são, simultaneamente, investigadores.
A aposta na investigação, ciência e na formação avançada redundou numa alteração significativa no que toca ao no que toca à capacidade de diplomação a nível de doutoramentos no país. Como se depreende do quadro 15, na última década (2000- 2009) o número dos que concluíram o grau de doutor (11.967 doutorados) excedeu em mais de 69% o que tinha ocorrido nos últimos 30 anos anteriores (de 1970 a 1999 apenas 7067 doutorados). Assinala-se ainda o crescimento do peso das mulheres que nos anos de 1970-1979 apenas representavam 20% dos graduados e que no período de 2000- 2009 já se aproximavam da paridade (49%).
ges.economiasociedade@gmail.com A Areia dos Dias
http://areiadosdias.blogspot.pt
33
Quadro 15 – Doutorados por sexo e ano de obtenção do grau
Fonte: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência / Ministério da Educação e
Ciência; elaborado a partir dos Sumários estatísticos do Inquérito aos Doutorados 2009 (CDH09).
Por outro lado, há outra mudança assinalável em relação a idade em que os doutorados obtêm o grau. Até ao final de década de 90 do século XX não se registava casos de obtenção do grau de doutor em idade inferior aos 35 anos e muito raros os que o conseguiam até aos 44 anos e a partir dos anos de 2000 essa situação muda de forma acentuada. Veja o quadro 16.
Quadro 16 – Doutorados por idade de obtenção do grau
Fonte: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência / Ministério da Educação e Ciência;
elaborado a partir dos Sumários estatísticos do Inquérito aos Doutorados 2009 (CDH09).
De assinalar, ainda, que não só se aumentou a capacidade de qualificação do país no que concerne à obtenção do grau de doutor, como as áreas científicas em que o grau é obtido denota uma evolução apreciável. Veja-se na figura 8 e no que respeita ao ano
H Peso% M Peso% Total (H M)
1970-1979 283 80% 69 20% 351 1980-1989 1.164 67% 583 33% 1.747 1990-1999 3.133 63% 1.835 37% 4.968 2000-2009 6.146 51% 5.822 49% 11.967 Total 10.725 56% 8.309 44% 19.034
< 35 ANOS 35-44 ANOS 45-54 ANOS 55-64 ANOS 65-69 ANOS Total
1970-1979 0 0 1 194 156 351
1980-1989 0 0 259 1283 204 1747
1990-1999 0 701 3018 1113 136 4968
2000-2009 2.354 5.616 3.102 819 77 11967
ges.economiasociedade@gmail.com A Areia dos Dias
http://areiadosdias.blogspot.pt
34 de 2009, que as ciências exactas e naturais foram as áreas que registaram o maior peso (33%), seguidas das ciências de engenharia e tecnologia (23%) e depois as ciências sociais (20%).
Figura 8 – Doutorados por domínio científico e tecnológico do doutoramento
Fonte: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência / Ministério da Educação e Ciência;
elaborada a partir Sumários estatísticos do Inquérito aos Doutorados 2009 (CDH09).
Nesse contexto, deixa-se nesta reflexão um breve apontamento sobre a investigação em Portugal, não tanto sobre o número de investigadores, áreas de investigação, etc., mas no que respeita ao objectivo deste grupo de trabalho: o financiamento.
Nestas circunstâncias, observe-se a Figura 9 que nos informa sobre a evolução das dotações orçamentais para a I&D no período 1986-2014.
3.317; 17% 2.945; 16% 4.319; 23% 1.777; 9% 633; 3% 3.841; 20% 2.201; 12% Ciências exactas Ciências naturais Ciências da engenharia e tecnologias Ciências médicas e da saúde Ciências agrárias Ciências sociais Humanidades
ges.economiasociedade@gmail.com A Areia dos Dias
http://areiadosdias.blogspot.pt
35
Figura 9- Dotações orçamentais para I&D (1986-2014)
Notas:
* Taxa de câmbio ESCUDO/EURO = 200,482; r valor revisto; p valor provisório
Fonte: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência / Ministério da Educação e Ciência
Os dados da figura testemunham políticas educativas e de investigação que se aproximam do que se pode observar nas questões da educação genericamente considerada: um esforço orçamental muito grande desde finais da década de 1980 aos anos iniciais do presente século, a que se segue um período de estagnação e mesmo de decréscimo das dotações orçamentais nos últimos anos, acompanhando uma política de austeridade visível na vida portuguesa em geral.
Todavia, e apesar da actual política de austeridade que se vem repercutindo de forma negativa no ensino superior e na investigação, é importante salientar o enorme esforço que o país desenvolveu com a investigação ao longo do período, particularmente na primeira década deste século, a que não será estranho a política de investigação do ministro Mariano Gago.
0 200 400 600 800 1.000 1.200 1.400 1.600 1.800 2.000 1986 1988 1990 1992 1994 1996 1998 2000 2002 2004 2006 2008r 2010r 2012 2014p
Dotações Orçamentais para I&D (1986-2014) Dotações para I&D - Preços Correntes
M il hõ es de E uros Anos
ges.economiasociedade@gmail.com A Areia dos Dias
http://areiadosdias.blogspot.pt
36 O menor esforço do Estado nas actividades de I&D acontece exactamente a partir de 2009-2010, período em que a desresponsabilização do Estado relativamente à educação se tornou mais notório. Esta menor assumpção por parte do estado das despesas em investigação e desenvolvimento são notórias quando se analisa o peso destas despesas quer no OE quer no PIB, peso esse que se caracteriza, exactamente, por uma tendência para de decrescimento do esforço do país nestas actividades. Observem- se os quadros 17 e 18 que são bem elucidativos da actual política de contenção de despesas com a educação superior e a investigação.
ges.economiasociedade@gmail.com A Areia dos Dias
http://areiadosdias.blogspot.pt
37
Quadro 17 – Dotações orçamentais para I&D
(Unidade: milhões euros; Preços Correntes)
* PIB Fonte: Instituto Nacional de Estatística para os anos 2012 e 2013 (dados atualizados em 11 de março de 2014) e previsão do Banco de Portugal para o ano de 2014 (informação disponibilizada em 26 de Março de 2014 com uma previsão de crescimento do PIB em 1,2% para o ano 2014); ** OE Fonte: Estimativa da Despesa da Administração Central: 2012, Relatório do OE 2013 pag. 253; 2013 e 2014, Relatório OE 2014 pag.205 revisto; p provisório
Fonte: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência / Ministério da Educação e Ciência .
2012 2013 2014p
I&D 1 555 1 579 1 626
Dotações Orçamentais para Ciência 1 599 1 687 1 725
I&D/Dotações Orçamentais para Ciência 97% 94% 94%
PIB* 165 108 165 854 167 844
I&D/PIB 0,94% 0,95% 0,97%
Dotações Orçamentais para Ciência/PIB 0,97% 1,02% 1,03%
OE** 55 985 60 087 58 290
I&D/OE 2,78% 2,63% 2,79%
ges.economiasociedade@gmail.com A Areia dos Dias
http://areiadosdias.blogspot.pt
38
Quadro 18 - Dotações Orçamentais Iniciais aprovadas afetas a programas de Ciência e Ensino Superior
(Unidade: Euros; Preços Correntes)
* PIB Fonte: Instituto Nacional de Estatística para os anos 2012 e 2013 (dados atualizados em 11 de março de 2014) e previsão do Banco de Portugal para o ano de 2014 (informação disponibilizada em 26 de Março de 2014 com uma previsão de crescimento do PIB em 1,2% para o ano 2014).
** OE Fonte: Estimativa da Despesa da Administração Central: 2012, Relatório do OE 2013 pag. 253; 2013 e 2014, Relatório OE 2014 pag.205
R revisto; p provisório
Fonte: Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência / Ministério da Educação e Ciência
2012 2013 2014p Taxa de Variação (%) 12/13 Taxa de Variação (%)13/14 LABORATÓRIOS do ESTADO 194 719 593 192 201 426 158 998 205 -1,3 -17,3 Serviços Centrais da administração direta e
organismos da administração indireta do MEC 377 327 294 472 224 942 439 660 242 25,1 -6,9
FUNDOS DO ENSINO SUPERIOR 615 523 131 634 356 334 650 273 796 3,1 2,5
OUTROS EXECUTORES DE I&D 411 691 795 388 229 752 476 498 567 -5,7 22,7
TOTAL 1 599 261 812 1 687 012 454 1 725 430 810 5,5 2,3
PIB(*) 165 107 500 000 165 853 700 000 167 843 900 000 0,5 1,2
Dotações Orçamentais para Ciência/PIB 0,97% 1,02% 1,03%
TOTAL DO OE(**) 55 985 300 000 60 087 100 000 58 289 700 000 7,3 -3,0
ges.economiasociedade@gmail.com A Areia dos Dias
http://areiadosdias.blogspot.pt
39