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4 O LIVRO COMO OBJETO DE INVESTIGAÇÃO

4.1 BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA HISTÓRIA DO LIVRO

4.1.1 Algumas tentativas de definição para o objeto livro

A UNESCO30 define livro da seguinte forma: “Publicação impressa não periódica com no minímo 49 páginas excluindo as capas, publicado no país e disponível ao público31” (tradução nossa). Corrobora-se à definição dada pela UNESCO, o exposto da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) no projeto NBR 6029: “Publicação não periódica que contém acima de 49 páginas, excluídas as capas, e que é objeto de Número Internacional Normalizado para livro”.

Considerando a importância dos livros para as áreas do conhecimento no Brasil, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes – aprovou através da 111ª reunião do Conselho Técnico-Científico da Educação Superior em 24 de agosto de 2009, o roteiro para classificação dos livros32. Neste sentido, a produção intelectual veiculada através dos livros devido a sua importância será avaliada, assim como é feito com os periódicos. Após esta avaliação, os livros receberão uma classificação de acordo com três categorias de ordem qualitativa: relevância, inovação e potencialidade de impacto33.

A justificativa para avaliação dos livros é a seguinte:

       30

UNITED NATIONS EDUCATIONAL, SCIENTIFIC AND CULTURAL ORGANIZATION. Instituição criada após a segunda Guerra mundial com a finalidade de reestruturar os sistemas de educação globais. Disponível em http://www.unesco.org/new/en/unesco/about-us/who-we-are/history/. Acesso em 11 de maio de 2010.

31

Book: Non-periodic printed publication of at least 49 pages exclusive of the cover pages published in the country and made available to the public. Disponível em http://www.uis.unesco.org/ev.php?ID=5096_201&ID2=DO_TOPIC. Acesso em 23 de maio de 2007.

32

Dispoível em

http://www.capes.gov.br/images/stories/download/avaliacao/Roteiro_livros_Trienio2007_2009.pdf. Acesso em 5 de julho de 2010. 

33

Torna-se necessário informar que a Capes não expôs quais são as áreas que terão os livros avaliados no que diz respeito à produção de conhecimento.

Em várias áreas de conhecimento, livros constituem modalidade de veiculação da produção artística, tecnológica e científica assim como em outras, é expressa sob a forma de artigos de periódicos. Livros constituem referências para a construção de campos de conhecimento, definindo estilos e escolas de pensamento e não se trata de situação particular da comunidade acadêmica brasileira (Conselho Técnico-Científico da Educação Superior/Capes, p. 1).

 

Embora seja referenciado que o uso dos livros não é exclusividade da comunidade acadêmica brasileira, é informado que não existem padrões para avaliação dos mesmos em outras partes do mundo. Desta maneira, os livros também fazem parte da construção das áreas de conhecimento como canal da comunicação científica, mas é necessário o aprofundamento de estudos para padronizá-los no que tange a avaliação.

Destaca-se no documento da Capes, a definição de livro: “Compreende-se por livro um produto impresso ou eletrônico que possua ISBN ou ISSN (para obras seriadas) contendo no mínimo 50 páginas, publicado por editora pública ou privada, associação científica e/ou cultural, instituição de pesquisa ou órgão oficial” (Conselho Técnico-Científico da Educação Superior/Capes, p.2).

Outra perspectiva de definição do livro na qual esta pesquisa se baseou, encontra-se no “Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia”, publicado em 2008 no Brasil por Murilo Bastos Cunha e Cordélia Robalinho de Oliveira Cavalcanti. Esta obra possui principalmente termos utilizados nas disciplinas de Biblioteconomia e Arquivologia, mas com termos de áreas afins como Ciência da Informação, Museologia, Comunicação, entre outras disciplinas.

Documento, formado pela reunião de folhas ou cadernos, geralmente impressos e constituindo uma unidade bibliográfica. Difere das publicações periódicas e outras formas de material documentário como, p.ex., filmes, estampas e mapas. (...) Publicação avulsa, contendo no mínimo 50 páginas impressas, grampeadas, coladas ou costuradas e revestidas de capa.

 

Em 30 de outubro de 2003, foi sancionada no Brasil a Lei 10.753 conhecida como a “Lei do Livro”. Em seu artigo 1º, no parágrafo II o livro é expresso como:

O meio principal e insubstituível da difusão da cultura e transmissão do

conhecimento, do fomento à pesquisa social e científica, da conservação do

patrimônio nacional, da transformação e aperfeiçoamento social e da melhoria da qualidade de vida (BRASIL, Lei nº 10.753, de 30 de outubro de 2003, grifos nossos).

Assim, ressaltamos a partir da literatura pesquisada, que a definição de livro ainda não possui consenso e carece de estudos e reflexões teóricas que possam sustentar uma definição, no caso específico, uma definição para alcance científico.

4.1.2 O livro eletrônico  

É ainda possível chorar sobre as páginas de um livro, mas não se pode derramar lágrimas sobre um disco rígido.

José Saramago  

Os meios informáticos e a Internet trouxeram novas possibilidades de publicações. Alguns entusiastas pela tecnologia, baseados na ideia de que a grande rede mundial de computadores em conjunto com softwares ou repositórios de documentos, poderiam sistematicamente reunir textos produzidos em ambiente digital ou digitalizados e disponibilizá-los com acesso mais dinâmico e aberto para todas as pessoas que quisessem acessá-los a qualquer tempo.

Esta perspectiva traz em seu bojo a ideia de “uma grande biblioteca universal”, e os textos digitalizados e criados em ambientes digitais como os e-books ou livros eletrônicos seriam uma evolução do livro tradicional. Para se ter uma ideia da rapidez da evolução dos suportes de informação, Robert Darnton, professor de História da Universidade americana de Carl H. Pforzheimer e diretor da Biblioteca da Universidade de Harvard e especialista em História do Livro apresenta esta evolução,

 

(...) a velocidade das mudanças é de tirar o fôlego: da escrita ao códice foram 4300 anos; do códice aos tipos móveis, 1150 anos; dos tipos móveis à Internet, 524 anos; da internet aos buscadores, dezessete anos; dos buscadores ao algoritmo de relevância do Google, sete anos; e quem pode imaginar o que está por vir no futuro próximo? (DARNTON, 2009, p.41).  

O Dicionário de Biblioteconomia e Arquivologia define livro eletrônico assim: “o que foi convertido ao formato digital, ou originalmente produzido neste formato, para ser lido em computador ou dispositivo especial destinado a esse fim; livro digital, livro interativo, livro multimídia”.

Com base em Darnton (2009) e Procópio (2010) tentou-se demonstrar um comparativo de vantagens e desvantagens da passagem do livro impresso para o livro eletrônico.

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