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Alguns eruditos abominam a perspectiva tipologica 52 Contudo, :l sua importancia nao deve ser negada quando nao se transforma num

metodo hermeneutico que se aplica a todos os textos como se fosse

uma varinha de condao. A correlac;:ao fipologica deve ser rigorosa-

mente controlada com base na relac;:aodireta entre

varios elementos

do AT

e seus elementos correspondentes no NT,

para que aprecia-

4S Christuszeugnis, p. 32. Eevidente que Vischer da uma resposta afirmativa. Ele c1assifica Jesus de "significado oculto dos escritos do AT (p. 33). Escreveu, em

seu livro DieBedeutung desAT fur das christ/iche Leben (Zurich, 1947), p. 5: "Todo fluxo de vida que 0AT registra parte dele[Jesus] e para ele. A historia das

vidas de todos esses homens eparte da historia de sua vida. Por isso 0 aspecto biograrico quase nao aparece. 0 que foi escrito acerca deles, na realidade, faz

parte da biografia Daquele por quem epara quem vivem." Isto significa que

poderiamos reconstituir abiografia de Jesus apartir do AT. Se aposi~ao deVisher

esta correta, entao e dificil entender por que 0 AT fala em primeiro lugar de

Abraao eMoises. Porque nao come~a falando deJesus e por que serefere a elede forma tao "obscura"?

46 "Is Typological Exegesis an Appropriate Method?" EOTH, p.224-245.

47 "Typological Interpretation of theOT", EOTH, p. 17-39; OTT, II, p. 364-374.

48 EOTH, p. 225.

49 EOTH, p. 25; d. OTT, II,p. 357.

50 OTT, II,p. 365.

51 OTT, II,p. 372.

52 F. Baumgartel, ThLZ, 86 (1961), p. 809, 897 e 901-906. R. Lucas, "Consi-

derations of Method in OT Hermeneutics", The Dunwoodie Review, 6 (1966),

p. 35: "A tipologia carece de urn criterio que the estabele~a seus limites e vali- dade ... Ela euma teologia de textos biblicos. Em ultima analise, 0Antigo Testa- mento fica para tras e seu significado eachado nao nos seus testemunhos histori-

cos, mas fora, alem deles." Murphy, TheologyDigest, 18 (1970), p. 324, acredita que a tipologia nao tern criatividade suficiente, nao engloba aspossibilidades da teologia e,se comparada

a

Igreja primitiva, "ela e simplesmente menos atraente para 0temperamento moderno". Veja tam bern Barr, Old and New in Interpre-

~6es pessoais arbitrarias e fortuitas nao se infiltrem na exegese.53

Deve-se tomar cuidado para nao se cair na armadilha de empregar a tipologia como 0unico e definitivo plano teologico fundamental que

define a unidade dos Testamentos. A finalidade principal do argu- mento da unidade tipologica entre os Testamentos nao e descobrir

uma unidade de fatos historicos entre a prefigurac;:ao do AT e sua correla~ao no NT,54 embora isso nao deva ser negado em absoluto; sua preocupac;:ao maior e identificar a conexao em termos de uma semelhanc;:a estrutural entre tipo e antitipo.

E

inquestionavel que a analogi a tipologica parte de uma relac;:ao na Hist6ria. Por exemplo, a

analogia tipologica entre Moises e Cristo em II Cor. 3:7 e ss. e Heb. 3:1-6 parte deuma relac;:ao na Historia, mas a preocupac;:ao nao sao os

detalhes da vida e obra de Moises, e, sim, 0 seu "ministerio" e

"gloria" descritos na referida passagem. Tambem e verdade que 0

antitipo do NT excede 0 tipo do AT.55 Mesmo que seja correto afirmar, pelo menos em parte, que 0curso da Historia, que une tipo e

antitipo, enfatiza a distinc;:ao entre e1es, ao passo que a conexao se evidencia basicamente na sua analogia e correlac;:ao estruturais, isso

nao deve ser usado como argumento contra a tipologia, a menos que esta seja encarada em termos de um processo historico.56 As con-

cepc;:6es da correspondencia tipol6gica caracterizam-se por sua qua-

lificac;:ao do evento "Cristo", mas nao tem a capacidade de apresen- ta-Io integralmente em termos de historia do AT. Desta forma, serao necessarias apreciac;:6es adicionais para complementar a tipol6gica. A Biblia e muito rica em relac;:6es entre Deus e 0 homem, para ser

limitada a uma conexao especial. Se por um lado nao podemos hesitar em aceitar referencias tipologicas em casos especificos, toda

53 Com respeito ao emprego correto da tipologia, veja tam bernasobserva~Oesde

H. W. Wolff, "The Hermeneutics of the OT", EOTH, p. 181-186 ede Vriezen,

An Outline ofOT Theology2,p.97,p.136 e s.

54 Von Rad, EOTH, p.17-19,contudo, sustenta quea aprecia~ao tipol6gicaprocura

"recuperar a correspondencia dos fatos atestados no Novo Testamento", i.e.,

descobrir aconexaonoprocessohist6rico. 55 Eichrodt, EOTH, p. 225 e s.

56 f:nesse ponto quePannenberg, EOTH, p.327,se desorienta. No seu entender, a

unica analogia de valor

e

ahist6ria. Ele adota 0prindpio de"promessa e cumpri- mento" sem perceber queessa "estrutura" (p. 325),como ele a chama repetida-

mente, funciona comomaisurnexemplo - namaneira como ele a expoe - do emprego deurnprincipio versatil para substituir aHist6ria. Pannenberg ressalta

que aliberdade, criatividade e impossibilidade de sefazerprevisoes sao caracteris-

ticas essenciaisdaHist6ria, masisso s6 ocorreporque 0cumprimento freqiiente-

mente acarreta a"analise" das profecias sobaforma de "interpreta~ao legitima",

uma "transforma~ao do conteudo das profecias", cujo"cumprimento difere" da expectativa dosrecipientes originaisda palavra profetica (p. 326)_Assim,Pannen-

berg admitiu inconscientemente a incompatibilidade da Hist6ria com a sua es-

trutura. Mesmo comapostura de Pannenberg, portanto, estrutura e constru~ao

tendema substituir aHist6ria e tornam 0emprego desuaestrutura de promessa-

tentativa dese encarar 0to do a partir de um unico ponto de vista deve resguardar-se do desejo de explicar cada detalhe em func;:ao desse aspecto unico ede impor um panorama as diversas relac;:6es possiveis.

o

que 0 contexto do AT prefigura deve ser preservado de forma que

significados no NT nao sejam depreendidos dos textos do AT;

presume-se, contudo, que seja necessaria uma indicac;:ao clara do NT para que suposic;:6es fantasiosas e subjetivas, alem de analogias tipologicas arbitrarias, sejam evitadas. Isso equivale a dizer que a questao do carater

a posteriori

da perspectiva tipologica nao deve ser contida.

Um metodo importante para se abordar a questao extremamente complexa da relac;:ao entre 0 ATe 0 NT se da por meio do esquema promessa-cumprimento, desenvolvido por C. Westermann, W. Zim- merli, G. von Rad e outros.57

0

argumento aqui e que 0 AT contem uma "hist6ria de promessas que frutificam no NT". 58 Isto

niio

significa que 0 AT descreva 0 que foi prometido, e 0 NT, 0 que se

cumpriuY

0

AT ja testifica de promessa e cumprimento. W.

Zimmerli argumenta que a promessa, quando ganha carater de

cumprimento na Hist6ria, atraves da orientac;:ao e palavra de Jave, volta a ganhar um novo carater de promessa.60 Desta forma, 0

cumprimento fica em aberto, apontando para 0futuro.6l Este aspecto escatologico encontra-se nos dois Testamentos. Westermann obser- vou: "Promessa e cumprimento constituem uma ocorrencia integral,

relatada tanto no Antigo quanto no Novo Testamento da Biblia." Tendo em vista 0carater multiplo da relac;:ao entre os Testamentos, Westermann admite que 0conceito de promessa apenas nao "possi- bilita abarcar toda a relac;:ao entre 0 Antigo Testamento e Cristo".62 Precisamos admitir, numa esc ala mais ampla, que 0 esquema pro- messa-cumprimento nao engloba a relac;:ao integral entre os Testa- 57 C. Westermann, "The Way of Promise through the OT", OTCF, p. 200-224;

TheOT andJesus Christ (Minneapolis, 1970); W. Zimmerli, "Promise and Ful-

fillment", EOTH, p. 89-122; G. von Rad, "Verheissung", EvTh, 13 (1953), p.406-413; R. E. Murphy, "The Relationship Between theTestaments', CBQ,26

(1964), p. 349-359; "Christian Understanding of the OT", Theology Digest, 18

(1970), p.321-332.

58 Murphy, TheologyDigest, 18(1970), p. 328.

59 Obviamente, e assim que Fohrer, ThZ, 24 (1968), p. 171 e s., ve a estrutura de

promessa-cumprimento. Se este erro for evitado, en tao deixa de haver conflito

entre a categoria de promessa-cumprimento e adeinicio-continua~ao de Fohrer.

Essencialmente, uma concorda com a outra, mas enfatizam aspectos ligeiramente diferentes.

60 "Promise and Fulfillment", EOTH, p. 112.

61 0 clima entre promessa e cumprim1mto e uma caracteristica dinamica do AT. Como esta euma especie dehist6ria interpretada que 0AT e0NT nos apresen-

tam, a tentativa de J. M. Robinson (OTCF, p. 129), de rejeitar a categoria de

promessa-cumprimento como estrutura externa imposta sobre a hist6ria biblica,

malogra.

62 TheOTandJesus Christ,p.78.

mentos. Por mais que a perspectiva de promessa-cumprimento seja

fundamental e prolifica, nao e capaz de descrever a natureza diversi-

ficada da relac;:ao entre os Testamentos.

Se levantamos a questao de como 0 AT pode ser relacionado

adequada e corretamente ao NT, entao estamos considerando a priori

que existe alguma relac;:ao entre eles. Devemos ter essa considerac;:ao

em mente, pois ela e relevante para a questao dos elementos do AT.

Nao e fflcil, contudo, chegar-se a ela. Isto e verdade especialmente

quando 0AT e encarado da maneira como von Rad 0encara: "0 An-

tigo Testamento so pode ser estudado como um livro de crescentes

antevisoes. "63 Esta afirmativa pressupoe uma determinada com-

preensao da hist6ria da tradic;:ao do AT, isto e, daquela que desde 0

principio se focaliza na transic;:ao para 0NT. A apreciac;:ao de von Rad

so se justifica em termos de uma linha direta de conexao que se

origina no testemunho da atividade inicial de Deus, pros segue em

direc;:ao a atos de julgamento e avanc;:a para a expectativa da ac;:ao

renovada de Deus por meio da qual ele continuara a provar seu

carater divino_

E

impression ante observar como Israel nunca permitiu

que uma promessa fracassasse, como dilatou a promessa de Jave a

dimensoes infinitas e como transmitiu - sem impor qualquer limite

ao poder que Deus tem de vir a cumprir - as promessas ainda sem

cumprimento a gerac;:oes por vir. Portanto, precisamos perguntar

como von Rad: "Sera que a maneira como a religiao comparativa lida

com 0Antigo Testamento em termos abstratos, como um objeto que

pode ser corretamente interpretado sem qualquer referencia ao Novo

Testamento, nao e ilus6ria segundo 0ponto de vista cristao?"64 Por

outr~ lado, nao ha nenhum misterio em se atacar a questao da relac;:ao

entre os Testamentos. Entao, para comec;:ar, nao partimos do NT e

de suas ricas referencias ao AT. Este metodo tem sido adotado com

freqiiencia e mais recentemente por B. S. Childs, como mencionamos

<leima. Tern levado tambem, com muita freqiiencia, a uma contras-

lea~ao tao exigente dos Testamentos que nao faz justic;:a

a

grande

flexibilidade hermeneutica da relac;:ao dos dois. Um metodo adequado

procurara em primeiro lugar mostrar formas caracteristicas de como

oAT conduz ao NT. Este podera, entao, com base nessa apreciac;:ao

inicial, iluminar 0conteudo do AT.

Em vista dessas considerac;:oes, afigura-se que 0unico meio adequa-

do de se abordar a natureza muitiplice da relac;:ao entre os Testamen-

tos e optar por uma apreciac;:ao diversificada, que use a tipologia de

forma prudente e ponderada, que empregue a noc;:ao de promessa-

cumprimento e utilize tambem com cautela a perspectiva da Heilsge-

63 TAT, II,p. 331; OTT, II,p.319.

schichte.65

Uma apreciac;:aoassim diversificada possibilita a identifica-

cr

ao das

diversas conexoes entre os Testamentos

e evita,

ao mesmo

tempo, a

tentac;:ao de se explicar minuciosamente

os inumeros

testemunhos

por meio de um unico ponto de vista ou apreciac;:aoe,

portanto,

de impor uma unica estrutura aos testemunhos que testifi-

cam outra coisa. Tal metodo levara

aidentificac;:aode similaridades e

dissimilaridades,

de velho e novo,de continuidade e descontinuidade,

etc.,

sem distorcer nem um pouco 0 testemunho hist6rico e 0sentido

literal originais e sem fracassar no grande prop6sito e no contexto

querigmaticos,

dos quais 0 proprio AT testifica.

Nao

e

de surpreender que a questao do contexto mais adequado