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ALGUNS FATORES DA ORAÇÃO

No documento Watchman Nee Oremos (páginas 53-60)

Primeiro, Deus nos deu provisão suficiente para a oração? Sim, Deus nos deu provisão suficiente em seu Filho pelo Espírito Santo. Sem tal provisão adequada podíamos relegar nosso privilégio e dever da oração. Mas graças ao Senhor, ele providenciou-nos todas as condições ideais para nos achegarmos a ele e vivermos em sua presença. Podemos resumir sua provisão em duas palavras: confiança e ajuda.

Vamos examinar “confiança” primeiro. Confiança significa ter a capacidade de confiar, depender ousadamente de alguém, segurança completa de depender de alguém, e assim por diante. Na verdade, engloba muita coisa. O espírito de confiança é essencial à oração e à vida cristã total.

Se nosso relacionamento com o Senhor flutuar continua- mente e não tivermos segurança nem confiança nossa vida toda será fatalmente ferida. Examinemos as seguintes passagens bíblicas: “Tendo, pois, irmãos, intrepidez para entrar no Santo dos Santos, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo grande sacerdote, sobre a casa de Deus, aproximemo-nos, com sincero coração, em plena certeza de fé ... (Hb 10:19-22). “Por intermédio de quem obtivemos igual- mente acesso, pela fé, a esta graça na qual estamos firmes” (Rm 5:2). “Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um Espírito” (Ef 2:18). “Pelo qual temos ousadia e acesso com confiança, mediante a fé nele” (Ef 3:12).

A confiança verdadeira tem base em um fator, isto é, o próprio Cristo. Temos o privilégio absoluto de achegarmos a Deus porque o próprio Cristo é o privilégio que possuímos. Esta é a provisão de Deus. Em nome de Cristo podemos ir ao Pai a qualquer hora e em qualquer lugar. Nunca nos achegamos ao Pai em nosso nome ou condição porque isto simplesmente é impossível. Vamos ao Pai em nome do Filho somente.

Diz Efésios 3:12 que em Cristo Jesus nosso Senhor temos intrepidez e acesso com confiança mediante nossa fé nele. Não vamos a Deus levando nossa “indignidade” a, ele, antes, é Cristo que nos toma pela mão e nos conduz ao Pai. Ele leva à presença de Deus todos os que foram lavados pelo sangue como se tivessem ressuscitado dos mortos, porque estamos vestidos com “ele” como nosso manto de justiça. Daí que nossa confiança é o próprio Cristo.

Em seguida vamos examinar o termo “ajuda”. Bem- aventurados são os que podem chegar a Deus com ousadia e confiança! Embora possuamos tão alto privilégio, todavia percebemos tanto de nossa própria incapacidade, fraqueza e estultícia que não sabemos como orar. Quão bom Pode ser se a esta altura conhecermos e experimentarmos a ajuda do Espírito Santo!

“Também o Espírito, semelhantemente, nos assiste em nossa fraqueza; porque não sabemos orar como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós sobremaneira com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações sabe qual é a mente do Espírito, porque segundo a vontade de Deus é que ele intercede pelos santos” (Rm 8:26, 27). Nossa fraqueza manifesta-se mais facilmente na oração. Nada no reino espiritual revela nossa fraqueza mais do que esta atividade. Todos nós estamos conscientes da grande dificuldade que os discípulos experimentaram em oração no jardim do Getsêmani. Não puderam vigiar nem orar. Mas, graças a Deus, temos o Espírito Santo Todo-poderoso para ajudar-nos. Devemos confiar no Espírito Santo que em nós habita, que opera em nós com poder, pois ele é nossa ajuda em tempos de enfermidade e ignorância. Embora não saibamos orar, ainda assim, o Espírito Santo que em nós habita, que conhece a vontade de Deus, ensinar-nos-á a orar segundo a mente de Deus. Além disso, dará significado à nossa comunhão com Deus e assim nos levará à realidade da comunhão. Quando orarmos, portanto, dependamos de Cristo em quem cremos e do Espírito Santo que é nossa ajuda.

Segundo, por que Satanás tenta resistir à oração? Satanás está resolvido a cortar nossa comunhão com os céus; conseqüentemente, está disposto a pagar qualquer preço para impedir a oração verdadeira. Estejamos cônscios do fato de que ele ataca com persistência as orações da igreja e também as orações dos crentes. Se tiver êxito no ataque à oração ele sabe que pode descansar em paz. Devemos, portanto, estar vigilantes e em guarda contra o inimigo, especialmente quando vamos orar.

Ao lidar com o ataque satânico devemos dar particular atenção às seguintes áreas:

(1) Satanás atacará nossa confiança no Senhor. Ele sabe que se puder fazer-nos sentir indignos, incapazes e que estamos perdendo a confiança no Senhor, tirará nosso coração da oração.

(2) Às vezes ele também ataca nosso corpo, até mesmo nosso pensamento, nervos ou outras partes de nosso corpo. Quando nos sentimos cansados – e sem forças – não gostamos de orar. Guardemo-nos contra isto e vençamos esta situação. Quanto às coisas que estão além de nosso controle, o Senhor será responsável.

(3) Às vezes o diabo atacará a hora que reservamos para oração, tanto em particular quanto na igreja. Muitos têm experimentado isto. Quão sutil é o inimigo! Se ele não conseguir preencher nosso tempo de oração com outras coisas, certificar-se-á de que não façamos a oração verdadeira nesse período. Muitas vezes somos capazes de conservar o período de oração, mas falta-nos a vida de oração.

(4) Às vezes Satanás ataca nossa comunhão constante com o Senhor criando uma camada pesada que se interpõe entre nós e nosso Senhor, de modo que não podemos fazer contato. Parece que uma névoa misteriosa nos separa do Senhor.

(5) Finalmente, ele intenta empurrar-nos para as trevas de modo que não possamos ver a necessidade de oração. Constantemente distrairá nossa atenção para outras coisas, assim prejudicando nossa vida de oração. Que jamais caiamos nessa armadilha. Devemos olhar para o Senhor, juntar muitos materiais para oração, e prestar bastante atenção aos interesses e necessidades de Deus. Nossa respon- sabilidade na oração não é pequena – portanto, vigiemos e oremos.

Terceiro, além da oração pessoal, que outro tipo de oração devemos fazer, de acordo com a palavra de Deus? Devemos fazer a oração coletiva, que e a oração da igreja.

Ao falar da oração da igreja não significa que releguemos a segundo plano a oração, particular nem significa que demos importância à oração pessoal. Vejamos, porém, que é uma regra do reino de Deus que o que certa pessoa é incapaz de fazer em algumas áreas deve ser feito mediante a ajuda mútua, e coletiva. Especialmente no

assunto da oração, é preciso haver reciprocidade. Todos os que seguem ao Senhor de perto freqüentemente percebem a necessidade de orar com outros crentes. Às vezes sentem a insuficiência de sua própria oração. Particularmente ao orar por um assunto tão grande como o reino de Deus, isto requer a força de uma igreja toda. “A minha casa”, diz o Senhor “Será chamada casa de oração.” Mateus 21:13. A isto podemos acrescentar “a qual casa somos nós” (Hb 3:6).

“Em verdade também vos digo”, declara o Senhor, “que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes- á concedida por meu Pai que está nos céus. “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles” (Mt 18:19, 20). O fato e a experiência dizem-nos que a porção de Cristo é maior na reunião dos crentes em nome do Senhor do que e cada indivíduo, porque o Senhor está no meio da igreja e não pode estar no meio de um indivíduo (não há “no meio de” um indivíduo porque o Senhor está no indivíduo. Essa porção de Cristo que está no meio é o que a pessoa não pode ter, individualmente). Quando estamos verdadeiramente reunidos no Senhor, sentimos muito mais a largueza do horizonte em oração, e somos muito mais fortalecidos na batalha da oração. Além disso, muitas vezes experimentamos na reunião de oração a mente de Deus que se revela mediante o Espírito Santo que nos dá tanto o fardo como a capacidade de orar. Não há dúvida que há muitas coisas que podemos dizer acerca da oração da igreja, mas talvez devêssemos parar aqui e simplesmente dizer uma coisa importante. Que a oração da igreja jamais pode ser um substituto para a oração particular, embora ao mesmo tempo devemos notar que a oração pessoal está continuamente ficando para trás da oração da igreja e jamais poderá alcançá-la.

Quarto, quais são os aspectos vários na obra da oração que precisam de atenção? Muitas coisas exigem nossa atenção na obra da oração, dentre elas as seguintes:

(1) Comunhão com o Senhor em todas as coisas. Devemos levar todas as coisas de nossa vida ao Senhor, pois não há nada comum ou insignificante na vida cristã Nosso hábito natural e diário devia ser a comunhão com o Senhor em todas as coisas (ver Filipenses 4:6).

(2) Peça e continue a Pedir, pois o Senhor se deleita no pedido de seu povo. Ele é o Doador rico; portanto, deseja que os homens peçam. “Se, porém, algum de vós necessita... peça a Deus que a todos dá liberalmente, e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida. Peça-a, porém, com fé, em nada duvidando” (Tg 1:5, 6). “Nada tendes, porque não pedis; pedis, e não recebeis, porque pedis mal” (Tg 4:2b, 3). O pedir inclui confiança e desejo. Se o motivo de nosso pedido for puro, nada há melhor.

(3) Meditar e interceder. Estamos perante o Senhor para orar pelos outros. Na realidade isto é comunhão com o Senhor em sua função de sumo sacerdote. Ele mesmo intercede incessantemente por seu povo e por suas necessidades (Hb 7:25; cf. Colossenses 4:12).

(4) Orar sempre. Ao falar de orar com importunação, primeiro precisamos livrar-nos de um conceito errôneo que diz que nosso Deus é relutante em responder à oração. Orar com persistência simplesmente significa que, tendo reco- nhecido com clareza a necessidade de Deus, a pessoa continua a orar. Por que o Senhor não responde imediata- mente? Por que devem se prolongar os dias do seu silêncio? Eis, pelo menos, duas razões: (a) que Deus precisa de uma reação total de seu povo concernente a coisa pela qual ele tem interesse profundo; e (b) que às vezes tal oração cons- tante é necessária devido a certo tipo de necessidade ou ambiente – por causa das fortalezas que Satanás constrói, é necessário mais oração intensa para destruí-las (ver Mateus 7:7, 8; Marcos 9:28, 29).

(5) Oração executiva. Estando unidos com o Senhor que está sentado no trono (pois ele é o Senhor de todos), podemos orar em seu nome que está acima de todos os nomes (Fp 2:9).

(6) Batalha da oração. Mediante a oração levantamos a vitória da cruz ao lidar com todas as coisas. O movimento da oração segue a vitória do Senhor (ver Efésios 6:10-20).

(7) A oração da fé. Sob certas circunstâncias, o Espírito Santo nos concede um tipo de segurança interior, fazendo com que conheçamos a vontade de Deus. Assim veremos nossa oração instantaneamente assegurada (ver Atos 9:40).

(8) O fardo da oração. A oração é um tipo de trabalho do parto espiritual, o qual é a entrada na comunhão com o sofrimento de Cristo, com o coração do Pai, e com o gemido do Espírito Santo até o dia da glória (ver Gálatas 4:19).

Quinto, qual é o objetivo central da oração? Deus deseja ter uma igreja gloriosa. O propósito central da oração é preparar para Cristo uma igreja gloriosa que seja conforme ele. Esta é a revelação da Bíblia toda. É a idéia central de Deus. Precisamos dar atenção especial a isto, pois é o desejo do próprio Senhor. Antes de ser crucificado, ele expressou este pensamento em sua grande oração sacerdotal registrada em João 17. Nas epístolas de Paulo este desejo de seu coração torna-se muitíssimo evidente. Isto, não sugere, entretanto, que as orações por outras coisas devem ser diminuídas. Simplesmente, serve para dar um foco central a todos os tipos de oração. Tendo este objetivo em mente, nossas orações serão elevadas a um nível mais alto. Se percebermos que pregar o evangelho é mais do que fazer com que as pessoas passem da morte para a vida e que também, e mais centralmente, é trazê-las a uma união eterna e maravilhosa com o Cristo glorioso, então nossa oração intercessora pelo mundo só pode aumentar e jamais dimi- nuir. Além disso, há uma grande necessidade hoje de fazer com que o mundo veja a glória de Cristo mediante a igreja. Pelo poder do Espírito Santo a igreja deve impressionar o mundo com o fato de ser deveras o canal de bênçãos para o mundo.

Finalmente, é a vontade declarada de Deus que deve- mos ter comunhão mais inteligente e íntima com ele. Ele

deseja que nós – seus muitos filhos – nos cheguemos a ele em seu amado Filho, nosso Senhor Jesus Cristo. Ele deseja que muitos sacerdotes acompanhem o grande Sumo Sacerdote (aquele que “vive sempre para interceder por eles” - Hebreus 7:25) na obra da intercessão. “E nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai” (Ap 1:6). “Vós, porém, sois sacerdócio real” (1Pe 2:9).

No documento Watchman Nee Oremos (páginas 53-60)

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