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Watchman Nee Oremos

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Academic year: 2021

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PREFÁCIO

O que é a oração? É nossa oração eficaz? Conhecemos o poder da oração? Precisamos conhecer estes e muitos outros assuntos se quisermos ter uma vida de oração verdadeira e desejarmos que nossa oração seja eficaz.

Neste pequeno volume de mensagens proferidas durante um longo período do ministério do autor, agora traduzidas e publicadas pela primeira vez, T.S. (Watchman) Nee partilha conosco as lições que aprendeu sobre a oração ao longo dos anos. Ele considera a oração um mistério, embora não incompreensível. Percebe ser a oração a maior obra à qual os homens são chamados. É trabalhar com Deus. Por meio da oração, o propósito de Deus é realizado, as intenções de Satanás são destruídas, e a pessoa que ora é grandemente beneficiada.

Que nós, portanto, sigamos a admoestação de nosso bendito Senhor: “Levantai-vos, e orai” (Lc 22:46).

ÍNDICE

Prefácio

1 – O que é oração?

2 – Orar segundo a vontade de Deus 3 – Oração e a obra de Deus

4 – O princípio de orar três vezes 5 – A oração que desafia Satanás 6 – Alguns fatores da oração

7 – As táticas de exaustão de Satanás

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O QUE E ORAÇÃO?

Watchman Nee

A oração é o ato mais maravilhoso do reino espiritual e também um assunto muitíssimo misterioso.

Oração: um mistério

A oração é um mistério; e depois de analisarmos algumas questões sobre o assunto, creio que apreciaremos ainda mais o caráter misterioso que envolve a oração, pois é assunto de difícil compreensão. Com isto não estamos sugerindo que o mistério da oração seja incompreensível ou que os variados problemas referentes à oração sejam inexplicáveis. Simplesmente indica que poucas pessoas realmente conhecem a fundo essas questões. Por causa disto, poucos são verdadeiramente capazes de realizar muito para Deus no ministério da oração. O poder da oração reside não no quanto, oramos, mas no quanto nossas orações estão de acordo com o princípio da oração. Somente as orações que possuem esse princípio têm valor verdadeiro.

A primeira pergunta que se deve fazer é: Por que orar? Para que serve a oração? Não é Deus onisciente e onipotente? Por que espera ele que oremos para começar a operar? Uma vez que ele sabe, por que devemos contar-lhe tudo (Filipenses 4:6)? Sendo Todo-poderoso, por que Deus não opera direta-mente? Por que precisa ele de nossas orações? Por que somente os que batem entram (Mt 7:7)? Por que diz Deus: “Nada tendes, porque não pedis” (Tg 4:2)?

Depois de fazer as perguntas acima devemos continuar a inquirir, como segue: E a oração contrária à vontade de Deus? Que relação há entre oração e justiça?

Sabemos que Deus jamais faz algo contra a sua própria vontade, e se abrir portas é a vontade dele, por que espera até que batamos para abrir? Por que ele

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simples-mente não abre segundo sua própria vontade sem requerer que batamos? Sendo onisciente, Deus sabe que precisamos de portas abertas; por que, então, espera que batamos para abrir? Se a porta deve-se abrir, e se abrir portas está de acordo com a vontade de Deus, e se, além disso, ele sabe que precisamos que ela seja aberta, por que espera que batamos? Por que ele simplesmente não abre a porta? Que vantagem tem Deus em que batamos?

Ainda devemos fazer as seguintes perguntas: Uma vez que a vontade de Deus é abrir a porta e o abrir a porta está de acordo com a justiça, abrirá Deus a porta se não batermos? Ou preferiria ele atrasar a realização de sua vontade e justiça a fim de esperar por nossas orações? Permitirá Ele que sua vontade de abrir a porta seja impedida porque deixamos de bater?

Se assim for, não estaremos nós limitando a vontade de Deus? É Deus realmente poderoso? Se ele é Todo-poderoso, por que não pode abrir a porta por si mesmo – por que deve ele esperar até que batamos? É Deus realmente capaz de realizar sua própria vontade? Se ele realmente e capaz, então por que o seu abrir a porta (a vontade de Deus) é governado por nosso bater (oração do homem)?

Ao fazer estas perguntas compreendemos que a oração é um grande mistério. Pois aqui vemos o princípio do trabalho de Deus: seu povo deve orar antes que Deus se levante e opere – sua vontade somente é realizada mediante as orações dos que lhe pertencem; as orações dos crentes devem realizar sua vontade; Deus não cumprirá sua vontade sozinho – Ele operará somente depois que seu povo mostrar simpatia por meio das orações.

Tal sendo o caso, podemos dizer, portanto, que a oração nada mais é que um ato do crente operando juntamente com Deus. A oração é a união do pensamento do crente com a vontade de Deus. A oração que o crente profere na terra nada mais é que o expressar da vontade de Deus no céu. A oração não é a expressão de nosso desejo de que Deus ceda à nossa petição e que preencha nosso desejo egoísta.

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Não é forçar o Senhor a mudar sua vontade e realizar o que não deseja. Não, oração é simplesmente o crente proferindo a vontade de Deus. Perante Deus, o crente pede, em oração, que se faça a vontade do Senhor.

A oração não altera o que Deus determinou. Nunca muda nada; meramente realiza o que já foi pré-ordenado. A falta de oração, entretanto efetua mudanças. Deus deixará que muitas de suas resoluções fiquem suspensas devido à falta de cooperação dedicada de seu povo.

“Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra, terá sido ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra, terá sido desligado no céu” (Mt 18:18). Estamos bem familiarizados com estas palavras de nosso Senhor, mas devemos compreender que elas se referem à oração, e são seguidas imediatamente por esta afirmativa de Cristo: “Em verdade também vos digo que, se dois entre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus” (v.19).

O Céu governado pela Terra

Aqui, afirma-se claramente o relacionamento entre a oração e a obra de Deus. Deus, no céu, somente ligará e desligará o que seus filhos, sobre a terra, ligaram ou desli-garam. Muitas coisas há que precisam ser ligadas, mas Deus não as ligará sozinho. Deseja que seu povo as ligue na terra primeiro, e então Ele as ligará no céu. Também há muitas coisas que devem ser desligadas; mas, de novo, Deus não deseja desligá-las sozinho: espera até que seu povo as desligue na terra, então ele as desligará no céu. Pense nisto: Todas as ações do céu são governadas pelas ações da terra! E da mesma forma todos os acontecimentos do céu são restritos pelos acontecimentos da terral Deus tem grande deleite em colocar todas as suas obras sob o controle de seu povo. (Deve-se ressaltar que estas palavras de Mateus não foram ditas a pessoas carnais, porque tais pessoas não estão qualificadas

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Para ouvi-las. Tenhamos muito cuidado aqui para que a carne não interfira, pois nesse caso estaremos ofendendo a Deus em muitos aspectos.)

Há uma passagem em Isaías que transmite o pensa-mento encontrado em Mateus: “Assim diz o Senhor, o Santo de Israel, aquele que o formou: Quereis, acaso, saber as coisas futuras? quereis dar ordens acerca de meus filhos e acerca das obras de minhas mãos?” (45:11). Ao examinar esta palavra, possamos nós ser verdadeiramente piedosos, não permitindo que a carne entre de maneira sutil. Deus deseja homens humildes como nós para comandá-Lo! Ele começa a fazer sua obra quando ordenamos! Toda a ação de Deus no céu, seja ligar ou desligar, é feita de acordo com nossa ordem na terra.

Primeiro e preciso que a terra ligue antes que o céu o possa fazer; a terra deve primeiro desligar para que o céu também o faça. Deus nunca faz nada contra sua vontade. Não é porque a terra ligou alguma coisa que o Senhor seja forçado a ligar aquilo que não desejava. Não é assim. Ele figa no céu o que foi ligado na terra simplesmente porque sua vontade original sempre foi ligar o que sobre a terra foi ligado. Espera até que seu povo sobre a terra ligue o que os céus têm desejado ligar, e então obedece à sua ordem e liga para eles o que pediram. O próprio fato de Deus estar disposto a ouvir a ordem de seu povo e ligar o que foi ligado é evidência de que já era sua vontade fazer tal coisa (porque todas as vontades de Deus são eternas). Por que ele não liga antes? Uma vez que sua vontade é ligar, e essa vontade é eterna, por que não liga ele antes o que devia ser ligado segundo sua própria vontade? Por que deve ele esperar até que a terra ligue para depois e ele ligar no céu? E verdade que o que não ‘ ligado na terra não pode ser ligado no céu? Se houver demora em ligar na terra, haverá também demora no céu? Por que deve Deus esperar que a terra ligue o que ele há muito desejou ligar?

Seja-me permitido dizer que e ao responder a estas perguntas o crente pode tornar-se mais útil nas mãos de

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Deus. Já conhecemos o motivo da criação do homem. Deus cria o homem para que possa se unir com ele e derrotar Satanás e suas obras. Criado com livre-arbítrio, espera-se que o homem exerça sua vontade de ter união com a vontade de Deus em oposição à vontade de Satanás. Esse é o propósito da criação e também o propósito da redenção. A vida toda do Senhor Jesus demonstra este princípio. Não sabemos o motivo, entretanto sabemos que Deus não age independentemente. Se o povo de Deus falhar em mostrar-lhe simpatia, cedendo-mostrar-lhe sua vontade e tendo unidade mental com ele em oração, Deus prefere esperar e adiar sua obra. Ele se recusa a agir sozinho. Ao pedir que seu povo trabalhe com ele, recebe glória. Embora ele seja Todo-poderoso, deleita-se em que sua onipotência seja circunscrita por seus filhos. Embora seja zeloso de sua própria vontade, temporariamente permitirá que Satanás mantenha a ofensiva se seu povo esquecer-se da vontade divina e falhar em mostrar simpatia na cooperação com Deus.

Oh, que os filhos de Deus não fossem tão frios como se mostram hoje! Que fossem mais dispostos a negar-se a si mesmos e submeter-se à vontade de Deus – tendo maior cuidado por sua glória e guardando sua palavra! Então a vontade de Deus referente a esta época seria realizada rapidamente; a igreja não estaria em tamanha confusão; os pecadores não estariam tão endurecidos; a vinda do Senhor Jesus e seu reino chegariam mais cedo; Satanás e seus poderes seriam jogados mais cedo no poço sem fundo, e o conhecimento do Senhor encheria mais rapidamente a terra. Devido ao fato de que os crentes se preocupam demasiada-mente com seus próprios afazeres e falham em trabalhar com Deus, muitos inimigos e muita falta de lei não são amar-rados, e muitos pecadores e muita graça não são libertados. Quão restrito fica o céu pela terra! Uma vez que Deus nos respeita tanto, não podemos nós confiar nele da mesma forma?

Como é que ligamos o que Deus deseja, e desligamos o que Deus quer? A resposta do Senhor Jesus é: “Concordarem

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a respeito de qualquer coisa que pedirem.” Ora, isto é oração – a oração do corpo de Cristo. O ponto alto de nosso trabalho com Deus e pedir a uma só voz que Deus realize o que deseja. O significado verdadeiro da oração é que a pessoa que ora o faça pelo cumprimento da vontade daquele a quem ora. Oração é a oportunidade pela qual expressamos nosso desejo da vontade de Deus. A oração significa que nossa vontade está do lado de Deus. Fora disto não existe oração.

O Ego e a Oração

Quantas orações hoje em dia realmente expressam a vontade de Deus? Em que medida esquecemos de nós mesmos completamente e procuramos somente a vontade do Senhor? Quantos crentes estão realmente trabalhando com Deus em oração? Quantos de nós realmente estamos decla-rando diariamente perante ele sua vontade e derramando nossos corações em oração para que ele possa manifestar-nos sua vontade, qualquer que ela seja? Que se reconheça clara-mente que o egoísmo pode manifestar-se nas outras áreas e também na oração! Quão múltiplos são os pedidos para nós mesmos! Quão fortes são nossas opiniões, desejos, planos e aspirações! Tendo tanto de nós mesmos na oração, como podemos esperar ser capazes de esquecermos de nós mesmos completamente e procurarmos a vontade de Deus em oração? A autonegação deve ser praticada em tudo. E tão essencial na oração como no agir. E preciso saber que os redimidos devem viver para o Senhor – aquele que morreu e agora vive para nós. Devemos viver inteiramente para ele e nada procurar para nos mesmos. A oração faz parte das coisas que devemos consagrar a Deus.

Prevalece um sério erro em nossa compreensão, isto é, que sempre pensamos na oração como um canal para expressar o de que precisamos – como nosso pedido de socorro a Deus. Não percebemos que orar é pedir que Deus cumpra suas necessidades. Devemos compreender que o pensamento original de Deus certamente não é permitir que

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os crentes alcancem os próprios alvos mediante a oração; antes, é Deus realizando seu propósito por meio das orações dos crentes. Isto não quer dizer que os cristãos nunca devem pedir ao Senhor que supra suas necessidades. Serve somente para indicar que primeiro precisamos compreender o signifi-cado e os princípios da oração.

Sempre que o crente estiver passando por necessi-dades, primeiro deve inquirir: Tal falta afetará a Deus? Ele deseja que eu passe necessidade? Ou é sua vontade suprir minha necessidade? Ao ver que a vontade de Deus é suprir sua necessidade, então pode pedir-lhe que supra a necessidade dele suprindo a sua. Tendo conhecido a vontade dele, você deve orar de acordo com essa vontade. Você ora para que ele preencha a necessidade divina. A questão já não é se sua necessidade será suprida, mas se a vontade de Deus será feita. Embora sua oração de hoje não seja muito diferente da do passado, entretanto o que agora você procura e que seja feita a vontade de Deus nesta questão particular e pessoal, e não que sua própria necessidade seja suprida. E aqui registram-se muitos fracassos: os crentes, muitas vezes, dão prioridade às suas necessidades; embora saibam que a vontade do Senhor é, suprir-lhes as necessidades, não conseguem esquecer-se de mencionar essas necessidades em primeiro lugar em suas orações.

Não devemos orar somente por nossas necessidades. No céu e na terra só uma oração é legítima e aceitável a Deus – a que lhe pede que se cumpra sua vontade. Nossas necessidades deviam-se perder na vontade de Deus. Sempre que virmos a vontade de Deus concernente à nossa necessi-dade, devemos, imediatamente, despojar-nos de nossa neces-sidade e pedir-lhe que cumpra a sua. Pedir ao Senhor, direta-mente, que supra nossas necessidades, quaisquer que sejam, não pode ser considerada oração de alto nível. Na oração, as necessidades, pessoais devem ser tocadas indiretamente, primeiro pedindo que a vontade do Senhor seja feita. Este e o segredo da oração, a chave para a vitória em oração.

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O propósito de Deus é que estejamos tão imbuídos de sua vontade que nos esqueçamos de nossos próprios interes-ses. Ele nos chama para trabalhar com ele a fim de realizar sua vontade. O trabalho é a oração. Por esse motivo ele deseja que aprendamos dele qual seja sua vontade com relação a todas as coisas para que possamos, então, orar segundo sua vontade.

A oração verdadeira é trabalho real. Orar de acordo com a vontade e Deus e orar somente pedindo sua vontade é deveras obra que exige a negação pessoal. A menos que nos despojemos completamente de nós mesmos, e não tenhamos o mínimo interesse próprio, mas vivamos absolutamente para o Senhor e procuremos sua glória somente, não gostaremos do que ele gosta, não procuraremos o que ele procura, nem oraremos da maneira que ele deseja que oremos. Não resta dúvida que trabalhar para Deus sem o interesse próprio é muito difícil; mas orar sem nenhum interesse próprio e ainda mais difícil. Não obstante todos os que vivem para Deus devem fazer isso.

Nas gerações passadas o Senhor não fez muitas coisas que pode fazer e gosta de fazer, por causa da falta de coope-ração de seus filhos. O fracasso não está em Deus, mas em seu povo. Se analisarmos nossas próprias histórias pessoais veremos mesmo triste estado. Tivéssemos tido fé maior e mais oração, nossa vida não teria sido tão ineficaz. O que o Senhor procura agora e que seus filhos estejam dispostos a unir-se a sua vontade e expressar tal união mediante a oração. Crente algum jamais experimentou completamente a grandeza da realização por meio da união com a vontade de Deus.

Oração – Preparação do

caminho de Deus

Um servo do Senhor disse de forma correta: A oração é a estrada da obra de Deus. Deveras, a oração está para a

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vontade de Deus assim como os trilhos estão para o trem de ferro. A locomotiva tem poder: é capaz de correr milhares de quilômetros por dia. Mas se não existirem trilhos, não poderá avançar um centímetro sequer. Se ousar mover-se sem eles, logo afundará na terra. Pode percorrer grandes distâncias, mas não pode andar onde não existem trilhos. Tal é a relação entre a oração e o trabalho de Deus. Não acho necessário explicar com detalhes, pois acredito que todos podem reconhecer o significado desta parábola. Não há dúvida que Deus é Todo-poderoso e opera poderosamente, mas não pode trabalhar nem trabalhará se você e eu não trabalharmos com ele em oração, se não prepararmos o caminho para sua vontade, e orarmos “com toda oração e súplica” (Ef 6:18) para dar-lhe a capacidade de operar. Muitas são as coisas que Deus deseja fazer e gostaria de fazê-las, mas suas mãos estão atadas porque seus filhos não cooperam com ele e não oram a fim de preparar os seus caminhos. Deixe-me dizer a todos que se deram inteiramente a Deus: Examinem-se a si mesmos de verdade e vejam se não têm limitado a Deus nesse respeito diariamente. Daí que nosso trabalho mais importante é preparar o caminho do Senhor. Não há outra obra que se possa comparar a esta. Com Deus há muitas “possibilidades”; mas estas se transformarão em “impossibi-lidades” se os crentes não abrirem caminhos para Deus. Tendo isto como alvo, nossas orações com a mente de Deus devem ser grandemente aumentadas. Que possamos orar exaustivamente – isto é, que possamos orar em todas as direções – para que a vontade de Deus prospere em todas as direções. Embora nossas atividades entre os homens sejam importantes, nosso trabalho com o Senhor, mediante orações, é muito mais.

A oração não é a tentativa de restaurar o coração do céu. É totalmente errôneo o conceito de que Deus é muito duro, e por isso precisamos entrar no combate da oração contra ele para subjugá-lo e assim fazer com que ele modifique sua decisão. Toda oração em desacordo com a vontade de Deus é totalmente vazia. Que nos asseguremos de

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estar lutando perante Deus como se em conflito pela simples razão de sua vontade estar sendo bloqueada pelos homens ou pelo diabo, e desta forma desejamos que ele execute sua vontade a fim de que ela não sofra por causa da oposição. Desejando, desse modo, a vontade de Deus e orando sim, até mesmo lutando – contra tudo que se oponha à sua vontade, preparamos o caminho para que ele execute sua vontade sem permitir que o que procede do homem ou do diabo prevaleça temporariamente. É verdade que parece estarmos lutando contra Deus; mas tal luta não é contra Deus, como se quiséssemos fazê-lo mudar sua vontade para se acomodar a nosso prazer; é, em realidade, contra tudo o que se opõe a Deus de modo que ele possa cumprir sua vontade. A vista disto, percebamos que somos incapazes de orar como cooperadores de Deus, a menos que realmente conheçamos sua vontade.

Agora, já tendo compreendido um pouco do verdadeiro significado da oração, redobremos nosso cuidado para que a carne não interfira. Pois, note, por favor, que se o próprio Deus enviasse trabalhadores, Cristo não nos teria mandado orar ao Senhor da seara para que mande trabalhadores! Se o nome de Deus mui naturalmente fosse santificado, se seu reino viesse sem necessidade de nossa cooperação, e se sua vontade fosse feita automaticamente na terra, o Senhor Jesus jamais nos teria ensinado a orar da forma como o fez. E se ele vai voltar sem a necessidade de uma resposta da sua igreja, o Espírito do Senhor não teria movido o apostolo João a clamar para que ele voltasse cedo. Se Deus o Pai espontaneamente fizesse com que todos os crentes fossem um teria nosso Senhor, porventura, orado a seu Pai com esse fim? Se o trabalhar com Deus não e essencial, qual será o valor da intercessão contínua de nosso Senhor no céu?

Oh, que percebamos que a oração de lealdade a Deus é mais vital do que qualquer outra coisa! Pois que Deus só pode operar nos assuntos pelos quais seus filhos mostraram simpatia. Ele se recusa a operar nas áreas em que não existem orações e nas quais a vontade de seu povo não está

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unida com a sua. A oração de vontades unidas é a resposta; é unir a vontade do homem com a de Deus de modo que ele possa operar. Às vezes pedimos incorretamente e, portanto, nossa oração fica sem resposta; mas se nossa vontade estiver unida à vontade de Deus, ele ainda ganhará, porque mediante nossa simpatia ele pode executar sua vontade.

CAPÍTULO 2

ORAR SEGUNDO A VONTADE DE DEUS

Leitura Bíblica: 1Jo 5:14; Sl 119:147, 148; Dn 10:1-21

Ao lermos o capítulo 10 de Daniel, que nos fala de sua vida de oração, devemos notar pelo menos dois pontos.

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Primeiro

O primeiro ponto que se deve notar é que aquele que ora verdadeiramente é uma pessoa que não somente vai a Deus com freqüência, mas também cuja vontade freqüente-mente encaixa-se na vontade de Deus – quer dizer, seu pensamento muitas vezes entra no pensamento de Deus. Este é um princípio muitíssimo importante da oração.

Há um tipo de oração que se origina inteiramente de nossa necessidade. Embora, às vezes, o Senhor ouça a tais orações, ele, não obstante, pouco ou quase nada delas aproveita. Por favor, preste atenção a este versículo: “Concedeu-lhes o que pediram, mas fez definhar-lhes a alma” (Salmo 106:15). Que significa esta passagem? Ao Israel clamar a Deus pela gratificação de sua avidez, ele respondeu-lhes dando o que pediram, entretanto, o resultado foi que se enfraqueceram perante ele. Oh, sim, às vezes Deus ouve e responde as nossas orações somente para satisfazer nossas necessidades, ainda que sua divina vontade não se realize. Que compreendamos que este tipo de oração não tem muito valor.

Mas há outro tipo de oração que procede da própria necessidade de Deus. É de Deus e se inicia em Deus. E tal oração é de valor incalculável. A fim de ter tal tipo de oração a pessoa que ora não somente tem de aparecer com freqüência pessoalmente perante Deus, mas também tem de permitir que sua vontade se perca na vontade de Deus, seu pensamento deve perder-se no pensamento de Deus. Por viver na presença do Senhor, tal pessoa pode conhecer sua vontade e pensamentos. E estas vontades e pensamentos divinos tornam-se seus próprios desejos, que então ela expressa em oração.

Oh, como devemos aprender este segundo tipo de oração! Embora sejamos imaturos e fracos, podemos não obstante achegar-nos a Deus e deixar que seu Espírito leve nossa vontade para a vontade de Deus e nosso pensamento para o pensamento de Deus. Ao nos apropriarmos um pouco

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de sua vontade e pensamento compreendemos um pouco mais como opera o Senhor e o que requer de nós. De modo que, gradativamente, a vontade e o pensamento de Deus, que conhecemos e que fazem parte de nos, transformam-se em nossa oração. E tal oração é de grande valor.

Tendo entrado no pensamento de Deus e assim apropriado de sua vontade e propósito, Daniel encontrou em seu coração os mesmos desejos de Deus. O anelo de Deus foi reproduzido em Daniel e se transformou em seu desejo. De modo que, ao expressar este desejo em oração com gritos e gemidos, na verdade estava articulando o desejo de Deus. Precisamos deste tipo de oração, porque ele realmente toca o coração divino. Não mais precisamos de palavras; o que necessitamos é tocar mais a mente do Senhor. Que o Espírito de Deus nos faça penetrar nos Planos do coração de Deus.

É claro que leva tempo para aprender este tipo de oração. No começo de tal aprendizagem não procuremos mais palavras nem mais pensamentos. Nosso espírito deve estar calmo e em repouso. Podemos levar nosso estado atual ao Senhor e examiná-lo à luz de sua presença, ou podemos nos esquecer de nosso estado e simplesmente meditar em sua palavra perante ele. Ou podemos simplesmente viver perante ele e tentar tocá-lo com nosso espírito. De fato, não somos nós que saímos para encontrar a Deus; é Deus que espera por nós. E na presença dele percebemos alguma coisa e tocamos a sua vontade. A maior sabedoria vem, de fato, desta fonte. Assim, nossa vontade entra em sua vontade e nosso pensamento entra em seu coração. E daí nossa oração subirá a ele.

Ao trazermos a Deus nossa vontade e pensamento sua própria vontade e pensamento começam a ser reproduzidos em nós, e então isto se torna nossa vontade e pensamento. Este tipo de oração é muitíssimo valioso e de grande peso. Lembremo-nos do que o Senhor Jesus disse acerca da oração: “Portanto, vós orareis assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6:9, 10). Estas

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palavras não são simplesmente para repetirmos. Sendo reveladoras da vontade e do pensamento de Deus, devem ser reproduzidas em nós quando o Espírito de Deus leva nossa mente para Deus. E à medida que se tornam nossa vontade e pensamento, a oração que então proferimos é valiosíssima e de muita autoridade.

É possível fazer dois tipos diferentes de oração acerca do mesmo assunto. Um tipo procede de nossa própria vontade. É baseado em nosso próprio pensar e nossas próprias expectativas. O Senhor pode ouvir nossa oração e responder a ela, mas tal oração tem valor muito pequeno. Se, por outro lado, trazemos o assunto perante Deus e deixamos que seu Espírito una nossa vontade com a vontade de Deus e nosso pensamento com o pensamento de Deus, descobriremos dentro de nós um anseio profundo: a reprodução da vontade e, do pensamento dele. Suponhamos que o Senhor está sentido e pesaroso com a morte dos homens. Também nós sentiremos o urgente desejo de que alma alguma se perca. E é a reprodução do coração de Deus que nos capacita a orar com gemidos interiores.

Se o Senhor estiver magoado e ansioso por causa do fracasso de seus filhos, esse mesmo fardo se reproduzirá em nós; e o resultado será que teremos o mesmo anseio de não desejar ver um filho de Deus cair em trevas e pecado. Assim, oração e intercessão fluirão de nós. Ali confessaremos os pecados, suplicaremos perdão, e pediremos que Deus puri-fique seus filhos.

Portanto, um tipo de oração é apresentado de acordo, com nossa vontade; o outro tipo é a vontade de Deus que se reproduziu em nós e se tornou nossa vontade. Estes dois tipos de oração são extremamente diferentes. No último caso, quando qualquer crente se aproxima de Deus, a vontade de Deus se reproduzirá nele. Tornar-se-á sua própria essência. E a oração feita desta forma terá valor e autoridade.

Deus tem muitas coisas que fazer na terra, em muitas áreas. Como, então, podemos orar segundo nosso próprio sentimento e pensamento? Devemos nos aproximar de Deus

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e permitir que ele imprima em nós o que ele deseja para que possamos interceder com gemidos. Às vezes, quando nos aproximamos de Deus, ele coloca em nós sua vontade de espalhar o evangelho, e isto logo se torna uma obrigação para nós. E quando oramos de acordo com essa obrigação, sentimos como que se nosso próprio gemido estivesse divulgando a vontade de Deus. O Senhor pode colocar em nós uma variedade de vontades ou reproduzir em nós diferente fardos. Mas qualquer que seja a vontade ou fardo, sempre que for reproduzido em nosso coração somos capazes de fazer a vontade do Senhor nossa própria vontade e orar de acordo com ela. Quando Daniel se apresentou perante Deus, tocou em determinado assunto; e então vimos que orou por isso com gemidos profundos. Tal oração e preciosa e de grande substância. Pode santificar o nome de Deus, apressar o seu reino e fazer com que a sua vontade prevaleça sobre a terra como no céu.

Segundo

O segundo ponto que devemos notar é: quando fizermos este tipo de oração, sacudiremos o inferno e afetaremos a Satanás. Por isto Satanás levantar-se-á para impedir este tipo de oração. Todas as orações que vêm de Deus tocam os poderes das trevas. Aqui se apresenta um combate espiritual. Talvez nossos corpos físicos, nossas famílias ou qualquer coisa que nos pertença seja atacada por Satanás. Pois sempre que este tipo de oração é feito, ocorre ataque satânico. O inimigo ataca para que nossa oração cesse. Ele pode até tentar lançar algum obstáculo que atrase a resposta à nossa oração. Essa oração devia receber uma resposta rápida; entretanto, a resposta parece estar suspensa no ar. Deste mesmo modo a resposta à oração de Daniel se atrasou vinte e um dias embora Deus o tivesse ouvido no dia em que começou a orar. Nesta situação, que fez Daniel? Ajoelhou-se perante Deus e esperou até que a resposta à oração chegasse.

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Deixe-me fazer esta pergunta: Você já se perguntou por que sua oração fica sem resposta? Talvez esteja suspensa em algum, lugar, mas dentro do prazo de vinte e um dias! É possível que a resposta do trono já tenha sido dada, mas encontra oposição e fica suspensa no ar. Por quê? Espera mais oração da terra; precisa que mais pessoa humilde e pacientemente esperem pelo Senhor.

Oh, aproxime-se da presença de Deus, tenha calma perante ele, deixe de lado seus próprios pensamentos, e entre no pensamento dele. Então você compreenderá o significado da oração e verá por quantos assuntos está Deus esperando que você ore. Há coisas em volta do mundo que devem ser motivos de suas orações, e assuntos de todos os tipos que devem receber suas orações. Você não ora segundo seu próprio sentimento; em vez disso, leva o desejo de seu coração ao desejo do coração de Deus e deixa que a vontade dele se transforme em sua vontade, gemido e esperança no universo.

Nada da vontade de Deus jamais é liberado sem passar pelo homem, e nada dessa vontade liberada através do homem está livre de um encontro com o poder de Satanás. Para a realização da vontade de Deus é preciso haver oração; para remover a oposição de Satanás é preciso oração. Que exercitemos a autoridade da oração desligando o que deve ser desligado e ligando o que deve ser ligado. Que não oremos segundo nossa vontade. Aproximemo-nos de Deus e oremos segundo a vontade que ele reproduziu em nós. Quando Deus diz que isso deve ser feito, nós também dizemos que deve ser feito. Quando ele diz que isto não deve existir, nós também dizemos que não deve existir. Devemos esquecer de nós mesmos, tocar a vontade de Deus e expressar sua vontade presente por meio da oração.

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CAPÍTULO 3

ORAÇÃO E A OBRA DE DEUS

“Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com toda perseverança e súplica por todos os santos” (Ef 6:18).

“Assim diz o Senhor Deus: Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel, que lhe multiplique eu os homens como rebanho” (Ez 36:37).

“Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós os que fareis lembrado o Senhor, não descanseis, nem deis a ele descanso até que restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra” (Isaías 616, 7).

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Primeiro

Quando Deus opera, assim o faz com lei específica e princípio definido. Embora ele possa fazer tudo o que lhe agrada, não o faz descuidadamente. Sempre atua de acordo com a lei e princípio que determinou. E inegável que ele pode transcender a todas estas leis e a todos estes princípios, porque ele é Deus e pode agir segundo lhe apraz. Não obstante, descobrimos um fato maravilhoso na Bíblia: apesar da excelente grandeza e capacidade de operar segundo sua vontade, Deus sempre age segundo a lei ou o princípio que determinou. Parece que ele deliberadamente se coloca sob a lei para ser controlado por ela.

Ora, então qual é o princípio da obra de Deus? A obra de Deus tem em sua base um principio primário: ele deseja que o homem ore, deseja que o homem coopere com ele por meio a oração.

Existiu um cristão que sabia muito bem como orar. Declarou que todas as obras espirituais incluem quatro passos: O primeiro é que Deus concebe um pensamento, sua vontade; o segundo é que Deus revela sua vontade a seus filhos mediante o Espírito Santo, fazendo com que eles saibam que ele tem uma vontade, um plano, uma exigência e uma expectativa; o terceiro passo é que os filhos de Deus respondam à vontade dele em oração, pois orar é responder à vontade de Deus – se nosso coração for um com o coração dele, naturalmente proferiremos a oração que ele deseja; e o quarto passo é que Deus realize o que pretende.

Aqui nos preocupamos não com o primeiro ou com o segundo passos, mas com o terceiro – como devemos responder à vontade de Deus em oração. Por favor, observe a palavra “responder”. Todas as orações de valor possuem este elemento de resposta ou retribuição. Se nossa oração tiver somente o propósito de realizar nosso plano e expectativas não terá muito valor no reino espiritual. A oração deve originar-se em Deus e devemos responder a ela. Somente tal

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oração tem significado, pois a obra de Deus é controlada por ela. Há muitas coisas que o Senhor deseja fazer, mas não as faz porque seu povo não ora. Ele espera até que os homens concordem com ele, e então opera. Este é um grande princípio da obra de Deus, um dos princípios mais importantes encontrados na Bíblia.

Segundo

A passagem de Ezequiel 36:37 é surpreendente. O Senhor diz que tem um propósito: aumentar a casa de Israel como rebanho. Esta é a vontade de Deus. O que ele ordena, faz. Entretanto, não realiza instantaneamente, mas espera um pouco. Qual o motivo da espera? Diz o Senhor: “Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel.” Deus já decidiu multiplicar a casa de Israel, mas deve esperar até que os filhos de Israel perquiram-no sobre o assunto. Vejamos que ainda que ele tenha resolvido realizar certas coisas, não o fará imediatamente. Espera até que os homens mostrem acordo antes de prosseguir. Toda vez que opera, nunca o faz imediatamente; não, ele espera, se necessário, que seu povo expresse o acordo em oração antes de agir. Realmente é um fenômeno muito espantoso.

Tenhamos sempre em mente esta verdade: todas as obras espirituais são decididas por Deus e desejadas por seus filhos – todas iniciam-se em Deus e são aprovadas por seus filhos. Este é o grande princípio da obra espiritual. “Ainda nisto permitirei que seja eu solicitado pela casa de Israel”, diz o Senhor. A obra de Deus espera a petição dos filhos de Israel. E um dia os israelitas, com efeito, pediram e Deus, sem tardar, o executou.

Vemos este princípio da obra de Deus? Depois de iniciar algo, faz pausa em sua execução para que oremos. Desde a fundação da igreja, não há nada que Deus faça sobre a terra sem a oração de seus filhos. Desde o instante que tem seus filhos, faz tudo segundo a oração deles. Coloca tudo em sua oração. Não sabemos por que ele age assim; mas

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sabemos que isto é um fato. Deus está disposto a chegar à posição de se deleitar em cumprir sua vontade por meio de seus filhos.

Isaías 62 ilustra este fato: “Sobre os teus muros, ó Jerusalém, pus guardas, que todo o dia e toda a noite jamais se calarão; vós os que fareis lembrado o Senhor, não descanseis, nem deis a ele descanso até que restabeleça Jerusalém e a ponha por objeto de louvor na terra” (v.6, 7). Deus pretende restabelecer Jerusalém e pô-la por objeto de louvor na terra. Como o faz? Põe guardas sobre os muros para que clamem a ele. Como devem eles clamar? “Não descanseis nem deis a ele descanso” – devemos clamar a ele incessantemente e não dar-lhe descanso. Devemos continuar orando até que realize sua obra. Embora o Senhor já tenha desejado colocar Jerusalém por objeto de louvor na terra, entretanto põe guardas sobre os muros. Por sua oração ele opera. Insta-os a orar não somente uma vez, mas a orar sem cessar. Continuar a orar até que sua vontade seja feita. Em outras palavras, a vontade de Deus é governada pelas orações do homem. O Senhor espera que oremos. Compre-endamos claramente que quanto ao conteúdo da vontade de Deus o próprio Deus é quem decide; nesta decisão não tomamos parte. Entretanto, o fazer sua vontade é governado por nossa oração.

Certa vez um irmão observou que a vontade de Deus é como um trem de ferro, enquanto nossa oração e como os trilhos. O trem pode ir a qualquer lugar, se tiver trilhos sobre os quais correr. Tem poder tremendo para ir ao leste, oeste, sul e norte; mas somente pode ir a lugares onde existam trilhos. Portanto, não é porque Deus não tenha poder (ele, como o trem, tem poder, grande poder); mas escolheu ser governado pela oração do homem. Portanto, todas as orações de valor (como os trilhos do trem) preparam o caminho de Deus. Conseqüentemente, se não tomarmos a responsabilidade da oração, impediremos o cumprimento da vontade de Deus.

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Terceiro

Ao criar o homem Deus deu-lhe livre-arbítrio. Portan-to, no universo existem três vontades diferentes, a saber: a vontade de Deus, a vontade de Satanás, o inimigo, e a vontade do homem. As pessoas podem indagar por que, o Senhor não destrói Satanás em um instante. O Senhor podia, mas não o fez. E por quê? Porque deseja que o homem coopere com ele ao lidar com Satanás. Ora, Deus tem sua vontade, Satanás a dele e o homem a sua. Deus procura que a vontade do homem se una à sua. Não destruirá a Satanás sozinho. Não sabemos por que Deus escolheu proceder desta maneira, mas sabemos que ele se deleita em atuar assim: a saber, que não agirá independentemente; procura a cooperação do homem. Esta é responsabilidade da igreja sobre a terra.

Quando o Senhor deseja fazer uma coisa, primeiro ele coloca seu próprio pensamento em nos mediante o Espírito Santo. Somente depois de tornarmos esse pensamento em oração ele o executa. Tal é o procedimento da operação divina; Deus não operara nada de outra forma. Ele precisa da cooperação dos homens. Ele precisa de uma vontade que seja una com a sua; que lhe seja favorável. Se Deus fizer tudo sem envolver a nós, os homens, então não há absolutamente nenhuma necessidade de estarmos aqui na terra, nem precisamos conhecer a vontade dele. Mas toda a vontade de Deus deve ser feita por nós, pois ele pede que nossa vontade seja una com a sua.

Portanto, o primeiro passo para fazermos a vontade de Deus e que expressemos sua vontade em oração. A vontade de Deus é expressa mediante nossa oração. Bom seria que percebamos que a oração é deveras um trabalho.

Não há obra mais importante do que a oração porque esta realiza e também expressa a vontade de Deus. Donde se depreende que toda oração que procede da vontade do ego e inútil. As orações de acordo com a vontade de Deus originam-se em Deus, são-nos reveladas pelo Espírito Santo, e voltam

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para Deus quando oramos. Toda oração de acordo com a vontade de Deus deve originar-se na vontade dele: os homens meramente reagem a essa vontade e a transmitem. Tudo que começa conosco são orações sem valor espiritual.

Ao lermos a história da igreja cristã, notamos que todo grande reavivamento é resultado de oração. Isto nos mostra como a oração capacita o Senhor a fazer o que deseja. Não podemos pedir-lhe que faça o que não deseja, embora certamente possamos atrasar o que ele deseja fazer. Deus é absoluto; portanto, não podemos mudá-lo, nem podemos forçá-lo a fazer o que não deseja. Ainda assim, quando somos chamados para ser canais de sua vontade podemos sem dúvida bloquear a obra de Deus se não cooperarmos com ele.

Por isso, nossa oração nunca deve ser no sentido de pedir que o Senhor faça o que não deseja ou tentar mudar sua vontade. É simplesmente orar segundo sua vontade, desta forma capacitando-o a fazer o que deseja. No caso de implorarmos com a expectação de forçá-lo a fazer o que não tem intenção de fazer, estamos desperdiçando nosso esforço, pois nossa oração não tem valor algum. Se Deus não deseja agir, quem pode fazê-lo agir? Só podemos fazer uma coisa, isto é, podemos orar segundo o desejo de Deus. Então ele realizará sua obra porque somos um com ele.

Tome, como exemplo, a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Centenas de anos antes do dia de Pente-costes, no tempo de Joel, Deus já havia mencionado esta vinda. Mas o Espírito Santo somente desceu depois de muitos discípulos terem-se reunido e orado. Embora o advento do Espírito tivesse muito tempo atrás sido determi-nado por Deus, não aconteceu até que seu povo orou. O Senhor é capaz de fazer muitas coisas; ainda assim ele gosta de fazê-las depois que os homens tenham orado. Ele espera nosso consentimento. Ele já está pronto e disposto, mas quer que também estejamos. Muitas são as coisas que ele decidiu fazer, e ainda assim espera, porque ainda não lhe expres-samos nosso acordo. Que posexpres-samos ver que embora não tenhamos o poder de forçar Deus a fazer o que ele não deseja,

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entretanto podemos pedir-lhe que faça o que deseja. Freqüentemente perdemos bênçãos espirituais porque falha-mos em expressar a vontade de Deus em oração.

Quão excelente será se alguém se devotar exclusiva-mente ao trabalho da oração. Deus espera que pessoas tais operem com ele a fim de capacitá-lo a terminar sua obra. Alguns crentes podem perguntar por que o Senhor não salva mais pecadores, porque leão faz com que cada crente triunfe. Sinceramente creio que ele faria tais coisas se seu povo tão-somente orasse. Ele está disposto a operar, mas primeiro deseja obter um povo que trabalhe com ele. Sempre que o povo começa a trabalhar com ele, ele imediatamente age. Em todas as obras espirituais, o Senhor está sempre esperando uma expressão do desejo de seus filhos. Se determinada coisa será feita ou não, dependerá da oração de seus filhos. Nós, portanto, devemos declarar nossa cooperação com ele. Deus espera para abençoar-nos. A pergunta é: Oraremos?

Os que não conhecem, a Deus podem retorquir desta forma: Se Deus deseja fazer algo, por que ele simplesmente não faz, por que deseja ele que os homens orem? Não sabe ele tudo? Tanta oração não incomodará a Deus? Tenhamos em mente, entretanto, que nós, seres humanos, temos o livre-arbítrio. Da mesma forma que o Senhor não pode negar sua própria vontade, ele também não pode forçar-nos. Ele espera que apresentemos sua vontade em oração. Ainda assim não quer ele que sua vontade seja feita na terra como é no céu? Então, por que não vai em frente e a realiza? Por que o Senhor pede que seus discípulos orem: “Pai nosso que estás nos céus,... faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”? Se ele deseja que seu reino venha, por que não vem automaticamente? Por que devem os discípulos orar: “Venha o teu reino”? Por que, se indubitavelmente Deus deseja que seu nome seja santificado por todos, ele não o faz sozinho em vez de exigir que seus discípulos orem: “Santificado seja o teu nome”? A razão de tudo isto não é outra senão o fato de que Deus não deseja fazer nada independentemente; porque escolheu ter a cooperação dos homens. Ele tem o poder, mas

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precisa que nossas orações coloquem os trilhos para que o trem de sua vontade possa correr. Quanto mais trilhos colocarmos, tanto mais abundantes serão as obras de Deus. Nossas orações, portanto, devem servir o propósito de lançar uma enorme rede espiritual de linhas. Quanto mais, melhor.

Quarto

Como devemos colocar trilhos para a vontade de Deus? Resposta: “Com toda oração e súplica, orando em todo tempo no Espírito” (Ef 6:18). Nossa oração deve-se espalhar em muitas direções. Devemos orar constantemente. Faça orações específicas e também gerais. Muitas de nossas orações são por demais difusas; há buracos em demasia pelos quais Satanás tem a oportunidade de penetrar. Se nossas orações fossem bem feitas e bem guardadas, ele não poderia causar prejuízo.

Quando, por exemplo, um irmão sai para pregar, devemos colocar trilhos para ele a fim de que a vontade de Deus se realize por intermédio dele. Se proferirmos somente algumas palavras de oração não específica, pedindo ao Senhor que abençoe esse irmão, que o proteja e supra suas necessidades, tal rede de oração é por demais difusa. Se desejamos orar por uma pessoa em particular, devemos estender para ela uma rede compacta de modo que Satanás não possa encontrar brecha alguma pela qual possa penetrar. Como, então, devemos orar? Enquanto o irmão estiver se preparando para partir, devemos orar por sua saúde, bagagem, pelo trem em que vai viajar, até mesmo pelo horário do trem, pelo descanso e alimento em viagem, e pelas pessoas com quais encontrará no seu caminho.

Devemos também orar por tudo o que ele fizer depois de desembarcar: orar pelo lugar onde vai ficar, por seus vizinhos, até mesmo pelas coisas que ele vai ler; também oremos por seu trabalho; pelo tempo que levará e também pelas outras coisas relacionadas com o trabalho. Se orarmos por ele desta forma, será muito difícil Satanás encontrar

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uma brecha pela qual atacá-lo. A obra da oração é, portanto, um trabalho real. Os preguiçosos, tolos e descuidados não podem fazer tal obra. Entretanto, muitas vezes quando oramos com fervor por uma determinada coisa, isso é feito.

Há outra lição que devemos aprender aqui. Satanás é tão ardiloso que realmente e difícil passarmos à frente dele. Somos incapazes de orar por todos os detalhes, e portanto, somente podemos orar desta forma: “ó Senhor, possa teu precioso sangue responder a tudo que vier de Satanás.” Compreendamos que o precioso sangue de Cristo é a resposta para todas as obras do inimigo. Tal oração é a melhor que pode ser oferecida contra ele, de modo que jamais ele possa passar através desta rede para assaltar o povo de Deus.

Toda vez que orarmos, precisamos perceber três aspectos: primeiro, precisamos, ver a quem oramos; segundo, devemos saber por quem oramos; e terceiro devemos compreender contra quem oramos. Muitas vezes lembramos somente dois aspectos da oração – os que se referem a Deus (a quem oramos) e aos homens (por quem oramos). E assim deixamos de perceber o aspecto do inimigo. Na oração devemos não somente saber a quem oramos, mas também contra quem oramos. Devemos saber por quem oramos, mas também saber que há um inimigo a espreita, pronto a atacar-nos. Nossa oração é dirigida a Deus, pelos homens, contra Satanás. Se cuidarmos destes três aspectos, Deus certamente operará por nós.

Todo aquele que verdadeiramente trabalha para o Senhor deve espalhar uma rede de oração para que ele possa trabalhar mediante essa pessoa. Não é que Deus não esteja disposto a trabalhar: ele simplesmente espera que seu povo ore. Ele espera ansiosamente que os homens tenham uma vida de oração; sua vontade espera pelas orações dos homens. Muitas vezes, sem ter determinado um período de oração, a pessoa sente a necessidade de orar, como se fora um fardo. Isto indica que há um item na vontade de Deus que requer sua oração. Ore quando sentir o fardo da oração – isto é orar de acordo com a vontade de Deus. É o Espírito.

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Santo que constrange a fazer a oração segundo a vontade de Deus. Quando o Espírito Santo levá-lo a orar, ore. Se não orar, sufocar-se-á por dentro como se alguma coisa tivesse ficado por fazer. No caso de você ainda não orar, sentir-se-á até muito, mas afadigado. Finalmente, se você não orar d modo nenhum, o espírito da oração e o fardo dela ficarão tão embotados que lhes r difícil conseguir de novo tal sentimento fazer a oração segundo a vontade de Deus.

Toda vez que Deus coloca um pensamento de oração em nós, seu Espírito Santo primeiro nos leva a sentir a necessidade urgente de orar por esse assunto particular. Assim que recebamos tal sentimento devemos entrega-nos imediatamente à oração. Devemos pagar o preço de orar bem por esse assunto. Quando o Espírito Santo nos move, nosso próprio espírito instantaneamente percebe a necessidade como se um grande fardo tivesse sido removido de nossos ombros. Mas, se não levarmos tal fato em oração, ficaremos com o sentimento de algo por fazer. Se não expressarmos tal coisa em oração, não estaremos em harmonia com o coração de Deus. Devemos ser fiéis na oração; isto é, se orássemos assim que a necessidade chegasse, a oração não se tornaria um peso, em vez disso seria leve e agradável.

É uma pena que tanta gente apague o Espírito Santo aí. Eles extinguem a sensação que o Espírito Santo dá para movê-los a orar. Depois disso, poucas sensações desse tipo lhes virão. Portanto, já não são vasos úteis perante o Senhor. O Senhor nada pode conseguir mediante eles porque já não podem respirar em oração a vontade de Deus. Oh, se cairmos ao ponto de não termos o tardo da oração, ter-nos-emos deveras afundado numa situação demasiadamente perigosa; por já termos perdido a comunhão com Deus ele não mais é capaz de nos usar em seu serviço. Por esse motivo, devemos ter cuidado extra ao lidar com o sentimento, que o Espírito Santo nos dá. Sempre que tiver uma necessidade de oração devemos imediatamente inquirir do Senhor: “Ó, Deus, pelo que desejas que eu ore? O que desejas realizar que necessita de minha oração?” E se orarmos a respeito disso, Deus nos

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confiará a próxima oração. Se não nos desincumbirmos do primeiro fardo, seremos incapazes de lidar com o segundo.

Peçamos que o Senhor nos torne parceiros fiéis da oração. Assim que o fardo chega, descartamo-lo orando a respeito dele. Se o fardo ficar pesado demais a ponto de não poder ser descartado pela oração, então devemos jejuar. Quando a oração não pode desfazer o fardo, deve-se seguir o jejum. Mediante o jejum, o fardo da oração pode ser rapidamente vencido, pois o jejum é capaz de ajudar-nos a desfazer os fardos mais pesados.

Se a pessoa continuar a realizar o trabalho da oração, tornar-se-á um canal para a vontade de Deus. Sempre que o Senhor tiver algo para fazer, procurará essa pessoa. Deixe-me dizer isto: a vontade de Deus sempre procura uma maneira de se expressar. O Senhor sempre está apreendendo alguém ou algumas pessoas para que sejam a expressão de sua vontade. Se muitos se levantarem para fazer esta obra, o Senhor fará muitas coisas por intermédio de suas orações.

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CAPÍTULO 4

O PRINCÍPIO DE ORAR

TRÊS VEZES

Deixando-os novamente, foi orar pela terceira vez, repetindo as mesmas palavras (Mt 26:44).

Por causa disto três vezes pedi ao Senhor cue o afastasse de mim (2Co 12:8).

Há um segredo particular acerca da oração que devemos conhecer, isto é, orar três vezes ao Senhor. Esta “oração tríplice” não fica limitada a somente três vezes; pode ser feita muitas vezes. O Senhor Jesus implorou a Deus três vezes no jardim do Getsêmani até que sua oração foi ouvida — nesse ponto ele parou. Paulo também orou a Deus três vezes, e parou de orar quando recebeu a palavra de Deus. Daí que todas as orações devem obedecer ao princípio triplo. Esta “oração tríplice” não significa que precisados orar somente uma, duas e três vezes e então parar. Simplesmente significa que antes de pararmos devemos orar completa-mente por esse assunto até que Deus nos ouça.

Este princípio das três vezes é muitíssimo significante. Devemos prestar atenção a tal princípio não somente em nossa oração pessoal, mas também em nossas reuniões de oração. Se esperamos que nossa oração numa reunião cumpra o ministério da igreja em realizar o que quer que Deus deseja que façamos, devemos lembrar-nos desse princí-pio importante.

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O princípio de orar três vezes é. orar completamente, orar até que saibamos com clareza a vontade de Deus, até obtermos sua resposta. Numa reunião de oração, nunca pense que por alguém já ter orado por um assunto este não mais necessita de minha oração. Por exemplo, certa irmã está doente e oramos por ela. Não é porque um irmão já orou por essa irmã que eu já não precise acrescentar a minha oração à dele. Não, esse irmão orou uma vez, eu devo orar a segunda vez e outra pessoa a terceira. Isso não implica que cada oração deva ser feita por três pessoas. A oração deve ser oferecida com fardo. As vezes precisamos de orar cinco ou dez vezes. O importante é que há necessidade de oração até que o fardo seja desfeito. Este é o princípio de orar três vezes. Este é o segredo do êxito de uma reunião de oração verdadeira e proveitosa.

Não permitamos que nossa oração salte ao derredor como um gafanhoto: pulando a outro assunto antes que o primeiro seja totalmente esgotado, e antes que o segundo assunto tenha recebido a atenção total, pois então nos encontramos de volta ao primeiro assunto. Tal oração saltitante não desfaz fardos, e, portanto, é difícil conseguir as respostas de Deus. Tal oração é de pouca utilidade e não preenche o ministério da oração.

A fim de preencher o ministério da oração devemos ter um fardo de oração perante Deus, Não pretendemos ditar leis; somente desejamos apresentar aqui este princípio. Reconheçamos isto: o fardo é o segredo da oração. Se a pessoa não sente dentro de si o fardo para orar por um assunto em particular, dificilmente terá êxito em oração. Numa reunião de oração alguns irmãos podem mencionar muitos pedidos de oração. Mas se você não for tocado interiormente, não pode orar. Portanto, cada irmão e irmã queyem a uma reunião de

oração deve ter um fardo de oração a fim de orar.

Ao mesmo tempo não se absorva totalmente na consideração de que fardo você possui; deve também perceber o fardo dos outros irmãos e irmãs que estão na reunião. Por exemplo, uma irmã pode estar tendo problemas com o

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marido; outro irmão pode estar doente. Se na reunião de oração uma pessoa pede que Deus salve o marido dessa irmã, e é seguida por outra pessoa que pede que Deus cure a doença desse irmão, e por sua vez é seguida por outro indivíduo que lembra perante Deus algo mais, então cada pessoa está orando somente por seu assunto em particular. Tal oração não está de acordo com o princípio do orar três vezes. Pois no exemplo que acabamos de dar, o que está acontecendo é que antes que um assunto tenha sido total-mente esgotado, o segundo tópico já está sendo motivo de oração. Conseqüentemente, numa reunião de oração os irmãos que se reuniram devem notar se um fardo de oração pelo primeiro assunto já foi desfeito. Se todos orarem por essa irmã e o fardo da oração for desfeito, os crentes podem então orar pelo irmão doente. Antes que o fardo da oração do primeiro tópico seja desfeito, os que estão orando juntos não devem mudar para o segundo ou o terceiro pedidos de oração. Suponha que o grupo inteiro ainda esteja envolvido em um assunto particular. Então ninguém presente deve tentar acrescentar oração que seja somente segundo seu próprio sentimento pessoal.

Os irmãos devem aprender a fazer contato com o espírito da reunião toda. Devem entrar no sentimento da assembléia. Percebamos que por alguns assuntos precisamos orar somente uma vez e o fardo é desfeito. Mas outros assuntos talvez necessitem de mais oração, ao passo que às vezes devemos orar três ou cinco vezes por outros assuntos antes que os diversos fardos sejam desfeitos. Sem levar em consideração o número de vezes, o fardo deve ser desfeito antes que a oração a respeito de certo item seja concluída. O princípio de orar três vezes não é nada mais que orar até que o fardo seja levantado.

Em tudo isto, é claro, os crentes devem também compreender a diferença entre a oração pessoal e a oração coletiva. Quando a pessoa está orando sozinha, pensa somente em seus fardos; mas na oração coletiva todos deviam notar o fardo da reunião em vez de prestar atenção

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aos seus próprios. Portanto, numa reunião de oração os irmãos devem aprender a perceber o sentimento da reunião, Para algumas coisas, orar uma vez é suficiente. Não há necessidade de orar outra vez, pois a assembléia não mais tem o fardo. Mas por outras coisas, orar uma única vez não é o suficiente. Talvez precisemos orar outra vez, a terceira ou a quinta vez por esses assuntos. Antes que um fardo seja desfeito, ninguém deve começar a orar acerca de outro. Todos devem esperar que o primeiro fardo seja levantado; erigia alguém pode mudar para outro assunto à medida que o Senhor apresentar o fardo para oração.

De modo que na reunião de oração, aprendamos a orar por certo assunto permitindo que uma, duas, três ou cinco pessoas orem conforme necessário. Não no sentido de cada um fazer sua própria oração, mas orar de comum acordo enquanto nos reunimos. A oração de comum acordo é algo que devemos aprender. Certa pessoa pode ser capaz de orar por si mesma, cinco pessoas podem ser capazes de orar respectivamente, mas todos nós, quando nos reunimos deve-mos aprender um novo tipo de oração, que é a oração de comum acordo. Percebamos que a oração pública ou coletiva não vem automaticamente; deve ser aprendida.

“Se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem a respeito de qualquer coisa que porventura pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que estser-lhes-á nos céus” (Mt 18:19). Isto não é algo insignificante. Devemos aprender a perceber o sentimento dos outros, aprender a tocar o que é chamado de oração da igreja, e aprender a discernir quando o fardo é levantado. Então saberemos como realizar o ministério da oração na reunião.

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CAPÍTULO 5

A ORAÇÃO QUE DESAFIA SATANÁS

Leitura Bíblica: Lc 18:1-18

Os três aspectos da oração

Nossa oração possui estes três aspectos: (1) nós mesmos, (2) o Deus a quem oramos, e (3) nosso inimigo, Satanás. Toda oração verdadeira possui os três aspectos. Quando oramos, naturalmente o fazemos por nosso próprio bem-estar. Temos necessidades, desejos e expectativas e então oramos por eles. Oramos a fim de suprir nossos pedidos. Mesmo assim, na oração verdadeira não devíamos simplesmente pedir as coisas relacionadas com o nosso próprio bem-estar; devemos também orar para a glória de Deus e para que o céu governe a terra. Embora as respostas às nossas orações nos tragam benefícios, a realidade do reino espiritual mostra da mesma forma que o Senhor obtém glória e que sua vontade é feita. Resposta à oração dá ao Senhor muita glória, pois revela a grandeza excelente de seu amor e poder ao atender ao pedido de seus filhos. Também indica que sua vontade seja feita.

Não precisamos examinar isto com detalhes, pois todos os fiéis filhos do Senhor que têm alguma experiência na oração conhecem a relação entre estes seus dois aspectos. Mas o que gostaríamos de lembrar aos crentes de hoje é o fato de que se na oração atentarmos para estes dois aspectos somente, Deus e o homem, nossa oração é ainda imperfeita. Embora possa ser bastante eficaz, entretanto, existe derrota porque ainda não dominamos o verdadeiro significado da oração. Sem dúvida, todos os crentes espirituais estão cônscios da relação absoluta entre a oração, a glória e a

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vontade de Deus. A oração não visa apenas ao nosso próprio bem. Ainda assim, tal conhecimento é incompleto, devemos também notar o terceiro aspecto: que enquanto oramos ao Senhor, o que pedimos e o que Deus promete inexorável-mente ferirão o inimigo.

Sabemos que o regente do universo é Deus. Não obstante, Satanás é chamado de “o príncipe deste mundo” (Jo 14:30) pois que “o mundo todo jaz no maligno” (1Jo 5:19). Assim, vemos que há duas forças diametralmente opostas neste mundo, cada uma procurando vencer a outra. É verdade que Deus tem a vitória final; entretanto, nesta era antes do reino milenar, Satanás continua a usurpar poder neste mundo para opor-se à obra, à vontade e aos interesses de Deus. Nós que somos filhos de Deus pertencemos a ele. Se ganharmos qualquer coisa sob sua mão, naturalmente significará que seu inimigo sofrerá a perda. A soma de ganho que temos é a quantia da vontade de Deus realizada. E a quantia vontade de Deus realizada é, por sua vez a soma a perda sofrida por Satanás.

Uma vez que pertencemos a Deus, Satanás procura frustrar-nos, afligir-nos ou suprimir-nos e não deixar que nos firmemos. Este é seu objetivo, embora tal meta possa não ser alcançada porque podemos chegar ao trono da graça pelo precioso sangue de nosso Senhor Jesus, pedindo a proteção e o cuidado de Deus. À medida que Deus ouve nossa oração, o plano de Satanás é definitivamente derrotado. Ao responder nossa oração Deus subverte a vontade maligna de Satanás, e, conseqüentemente, este não pode maltratar-nos segundo este esquema. Tudo o que ganhamos em oração é perda do inimigo. De modo que nosso ganho é a glória do Senhor estão em proporção inversa: à perda de Satanás. Um ganha, o outro perde; um perde, o outro ganha. À vista disto, em nossa oração não devíamos considerar somente nosso bem-estar e a glória e a vontade de Deus, mas também observar o terceiro aspecto – o que pertence ao inimigo, Satanás. A oração que não leva em consideração os três aspectos, é superficial, de pequeno valor, e pouco realiza.

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Não temos necessidade de falar acerca das orações superficiais; não fazem sentido e não procedem do coração – pois não têm efeito algum sobre qualquer dos três aspectos da oração. No caso de um cristão carnal, até mesmo sua oração sensível enfatiza somente o aspecto de seu próprio bem-estar. Seu motivo na oração é beneficiar-se a si mesmo. O que tem em mente é apenas suas próprias necessidades e desejos. Se tão-somente puder fazer com que o Senhor responda à sua oração e lhe conceda o que o seu coração deseja, então está satisfeito. Não reconhece que existe tal coisa como a vontade de Deus, nem está cônscio do que seja a glória de Deus. E é claro que não tem a menor idéia a respeito do aspecto da presença de Satanás.

Mas nem todos os crentes são carnais. Agradecemos ao Senhor e louvamo-lo porque muitos dentre seus filhos são espirituais. Quando oram, seu propósito não é egoísta de tal forma que fiquem satisfeitos se o Senhor tão-somente responder à sua oração suprindo-lhes as necessidades pessoais. Também dão grande atenção à glória e à vontade de Deus. Esperam que ele lhes responda à oração não porque desejam conseguir algo para si mesmos, mas porque Deus será glorificado na resposta à sua oração. Ao orar, não insistem em receber aquilo pelo que oram, porque têm cuidado somente da vontade de Deus. Quanto a essa vontade, não há questão em saber se o Senhor se agrada em conceder sua petição, mas se a resposta à oração não entrará em conflito com a vontade da obra, do governo e do plano de Deus. Dá-se atenção não somente à oração em si mesma, mas também ao relacionamento de tal oração com a perspectiva ampla da obra do Senhor. Portanto, sua oração cobre os dois aspectos: Deus e o homem.

Entretanto, muito poucos cristãos consideram o terceiro aspecto – o de Satanás em sua oração. O objetivo da oração verdadeira toca não somente o ganho pessoal (às vezes nem se pensa neste aspecto), mas também a glória de Deus e a perda do inimigo. Não consideram que seu próprio bem-estar seja de importância maior. Em vez disso,

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conside-ram sua oração altamente eficaz se fizer que Satanás perca e que Deus seja glorificado. O que procuram em oração é a perda do inimigo. Sua visão não está restrita ao seu ambiente imediato, mas tem como perspectiva a obra de Deus e sua vontade no mundo inteiro. Deixe-me acrescentar que com isso não quero sugerir que somente levam em consideração os aspectos de Deus e Satanás e esquecem inteiramente do aspecto pessoal da oração. De fato, quando a vontade de Deus é feita e Satanás sofre perda, estas pessoas inexoravelmente terão benefício. O progresso espiritual do santo pode, portanto, ser julgado pela ênfase dada em sua oração.

A parábola de Lucas 18

Na parábola registrada em Lucas 18:1-8, nosso Senhor Jesus abrange os três aspectos da oração sobre os quais estamos falando. Com relação a isto, note, por favor, que encontramos menção de três pessoas na parábola, a saber, (1) o juiz, (2) a viúva e (3) o adversário. O juiz (de um modo negativo) representa a Deus, a viúva representa a igreja de hoje ou os cristãos fiéis, enquanto o adversário representa nosso inimigo, o diabo. Quando explicamos esta parábola, muitas vezes damos atenção somente à relação entre o juiz e a viúva. Notamos que o juiz, que não teme a Deus nem respeita aos homens, finalmente decide o caso da viúva por causa de sua petição incessante; e, concluímos, que uma vez que nosso Deus não é como este juiz iníquo, por certo nos atenderá rapidamente se orarmos. Ora, isto é quase tudo o que explicamos com respeito a esta parábola.

Mas muitos de nós estamos inconscientes do fato de estarmos negligenciando outra pessoa importante da parábola. Vejamos que se não houvesse o adversário esta viúva não teria necessidade de comparecer perante o juiz. Porém ela é levada a procurar o juiz porque está sendo oprimida pelo adversário. Especialmente quando considera-mos suas palavras ao juiz não podeconsidera-mos deixar de reconhecer

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o lugar que o adversário tem nesta história. Para ser breve, as Escrituras meramente registram estas poucas palavras: “Julga a minha causa contra o meu adversário, mas esta curta sentença contém muito! Não representa ela uma situação agonizante? Ao pedir justiça revela que houve erros cometidos. De onde vêm tais erros e tais ofensas? Procedem da opressão do adversário: e assim descobre-se a profunda inimizade que existe entre ele e a viúva. Fala também do severa sofrimento que esta viúva tem passado nas mãos do adversário. O que reclama perante o juiz deve ser indubita-velmente uma recapitulação de suas experiências passadas e sua situação atual. E ela pede que o juiz julgue os atos errados cometidos contra ela e que lhe faça justiça.

Em certo sentido, este adversário é a figura central da parábola. Sem ele não haveria a perturbação da viúva e então ela não compareceria perante o juiz – estaria mui comodamente vivendo em paz. Sem dúvida, não havendo o adversário não haveria nem história nem parábola, pois o que ocasiona todos os problemas é esse adversário: ele é o instigador de todas as confusões e aflições. E assim deve ser o foco de nossa atenção enquanto examinamos os três personagens desta parábola, um a um.

O Juiz

Este juiz é a única autoridade numa determinada cidade. Governa-a inteiramente. Em certo sentido esta é uma figura do poder e autoridade de Deus. Embora no presente Satanás reine temporariamente sobre o mundo, ele é somente um usurpador que ocupou o mundo pela força. Quando o Senhor Jesus morreu na cruz, lançou fora o príncipe deste mundo. Em sua morte ele “despojou os principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz” (Cl 2:15). Embora o mundo ainda esteja no maligno, e totalmente ilegal. E Deus já determinou um dia quando o reino será retomado e seu Filho será o Rei deste mundo por mil anos, e daí para frente,

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então para a eternidade. Mas antes que este tempo chegue, Deus somente permite que Satanás permaneça ativo, enquanto Deus mesmo detém as rédeas do governo deste mundo. Satanás pode governar sobre tudo o que pertence a si mesmo, e pode até perseguir todos os que pertencem a Deus; entretanto, tudo isto é só por pouco tempo. E mesmo neste curto período, Satanás está inteiramente restrito por Deus. Ele pode perturbara os santos, mas somente dentro de certos limites. À parte do que Deus permite, o inimigo não tem autoridade alguma. Podemos perceber isto claramente na história de Jó. Assim como este juiz governa uma cidade inteira, também Deus reina sobre o mundo todo. E assim como é altamente impróprio que as pessoas que estejam sob a jurisdição de um juiz perturbem os outros, desta forma tornando-se adversários, também é extraordinário, até mesmo monstruoso, que Satanás, que esta sob o governo de Deus, persiga os santos.

O caráter deste juiz é revelado por suas próprias palavras: “Bem que eu não temo a Deus, nem respeito a homem algum.” Deve ser uma pessoa verdadeiramente imoral, pois não tem respeito por Deus nem pelos homens. Mas por causa das vindas incessantes da viúva pedindo justiça, ele fica tão perturbado e cansado de suas petições que finalmente lhe concede vingança. O Senhor Jesus emprega esse juiz em termos negativos para sublinhar a bondade de Deus: pois Deus não é igual ao juiz iníquo da parábola; pelo contrário, ele é o nosso Pai gracioso e nos protege; como ele gosta de dar-nos as melhores coisas; e não é como o juiz da parábola que não se relaciona com a viúva.

Ora, se um juiz como o da parábola está disposto a julgar a causa da viúva para livrar-se de sua incessante importunação, quanto mais Deus, que é todo virtude e bondade, e que se relaciona tão intimamente conosco, julgará a causa de seus filhos que orem a ele incessantemente! Se um juiz imoral julga a causa de uma mulher por seu contínuo clamor, não operará Deus por seu próprio povo? O motivo de a viúva finalmente obter o consentimento do juiz

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de julgar sua causa deve ser encontrado em sua petição incessante. Ela não pode ter esperança no próprio juiz, pois sabe que ele é imoral e sem virtude. Entretanto, devemos reconhecer que a resposta à nossa oração a Deus não vem somente por causa de nosso orar sem cessar – o que em si mesmo deve ser suficiente para obter o que pedirmos – mas também por causa da bondade de Deus. É por isso que o Senhor Jesus termina a parábola dizendo: “Não fará Deus justiça aos seus escolhidos?” Estas palavras: “não fará Deus”, implicam uma comparação. Assim como a viúva depende inteiramente de sua petição incessante como meio de conseguir o que pede, não receberemos também o que pedimos por causa de nossa oração constante a Deus e por causa de sua bondade?

A Viúva

A viúva não tem a quem recorrer. A própria palavra “viúva” trai o fato de seu isolamento. O marido de quem ela sempre dependeu está morto. Agora está viúva. Ela verdadeiramente serve como um tipo para nós, os cristãos, no mundo. Nosso Senhor Jesus já subiu aos céus; de modo que, falando simplesmente do ponto de vista físico, os cristãos estão sem amparo como qualquer viúva. O ensina-mento de Mateus 5 revela as condições dolorosas dos cristãos. Devemos ser os mais mansos de todos, e não devemos oferecer resistência de qualquer à tipo; e, portanto, sofremos perseguição e até humilhação em todos os lugares. O Senhor, Jésus seus apóstolos nunca instruíram os crentes a procurar poder e posição neste mundo; em vez disso, ensinam-nos a ser humildes, e mansos, aceitando o desprezo e a perturbação deste mundo e recusando-nos a reivindicar qualquer coisa segundo o direito ou, a lei. Tal é a posição dos cristãos e o caminho que nosso Senhor mesmo delineou para nós. Da mesma forma que o Filho Deus deve morrer na cruz sem nenhuma resistência ou murmuração, podem seus discípulos esperar tratamento melhor da parte do mundo? A

Referências

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