6 DEMANDAS DE QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL E MERCADO DE
8.3 Aliança estratégica Estado x Empresa
Tem sido uma prática comum em muitos países, a adoção de alianças estratégicas I envolvendo o Estado e as Empresas, como forma de adaptar os sistemas nacionais de capacitação às mudanças próprias dos tempos atuais. Em países com forte experiência em
I capacitação como os EUA, França e Japão, estas alianças podem ser consideradas marginais ou de ajustes quanto ao papel do Estado e da empresa. Em outros casos, trata-se de reformas profundas, onde este tipo de aliança visa reconstruir totalmente os sistemas nacionais de capacitação, com base em novos princípios. Incluem-se neste modelo a Austrália, Espanha, índia, Irlanda, Reino Unido e Malásia (Espinoza, 1998, p. 32-34).
Tais Alianças assumem geralmente a forma de incentivos tributários e subsídios dc> Estado, divisão de custos entre o Estado e as empresas em atividades de capacitação; obrigatórias e, por fim, reembolso de gastos e subsídios em contribuições específicas para a capacitação a cargo das empresas. O argumento principal para a formação destes tipos de
alianças é que fortalecem o papel decisivo da demanda nos sistemas nacionais de i capacitação, garantindo a articulação entre a oferta e a.s necessidades do setor produtivo.
A crítica geralmente dirigida para este tipo de aliança é que atendem preferencialmente à capacitação daqueles trabalhadores que se encontram empregados, não cobrindo assim os
I jovens e adultos que estão desempregados e, ainda, que a capacitação proveniente das
empresas, tende a ser muito específica, não auxiliando assim na mobilidade dos trabalhadores no mercado de trabalho.
I No Brasil, a política de qualificação profissional configura-se como sendo uma aliança deste tipo. Esta aliança tem como representantes do Estado o MTe e as Secretarias Estaduais de Trabalho e pelo lado da Empresa, as entidades de formação profissional
I empresariais (SENAI, SEBRAE, SENAC, SEN AT, SEN AR). Tais entidades têm como objetivo levar a formação para os empregados dos segmentos empresariais em que atuam.
Assim, o caso brasileiro constitui-se indiretamente também em um tipo de aliança I Estado x Empresa, que apresenta dificuldades em atender aos trabalhadores desempregados, no sentido de capacitá-los para a inserção no mercado formal de trabalho.
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Ao contrário, privilegia somente os trabalhadores empregados. Isto ocorre porque o modelo de aliança estabelecido não possibilita o envolvimento direto entre a Empresa e o Estado.
A Aliança Estratégica Estado x Empresa que aqui está sendo proposta, é no sentido de permitir a articulação entre o Estado e as Empresas diretamente, de forma a criar um compromisso conjunto pela empregabilidade. Com este tipo de aliança o diálogo
envolveria o Estado e as entidades (Sindicatos Patronais) ou Federações Empresariais, Q
não mais os Serviços de Formação Profissional destas Federações, que passariam a sér meros executores dos programas de qualificação.
Esta aliança deveria ter como ponto de partida, em decorrência do diálogo Estado x Empresa, a elaboração conjunta de um Protocolo de Cooperação ou de uma Carta de
Competências, que estabeleceria com clareza quais são as habilidades e as competências
que estão sendo exigidas pelo mercado formal de trabalho no presente, ou em futuró próximo. A partir destas definições, apresentariam de que forma iria ocorrer (áreas de atuação conjunta e separada) as participações do Estado e das Empresas, com vistas à preparação da força de trabalho para o atendimento destas necessidades.
Para os gestores do mercado de trabalho e formuladores de política de qualificação é fundamental a existência deste quadro referencial derivado da Aliança Estado x Empresa,
i sinalizando claramente qual o papel de cada uma das partes neste processo quantp ao empenho que empreenderão, com vistas a garantir a melhoria da empregabilidade dos trabalhadores desempregados.
A adoção desta Aliança Estratégica e as definições sugeridas anteriormente, trariam indicadores importantes para a formulação e a implantação da política de qualificação, tais como:
> Direcionamento quanto à aplicação dos recursos públicos destinados à qualificação, priorizando habilidades e competências específicas das demandas do sétor
I empresarial;
> Definição das contrapartidas do setor empresarial para a política de qualificação, tais como:
• Concessão de estágio aliado à política pública de qualificação;
• Obrigatoriedade de consultar o serviço público de emprego antes da contratação; • Divulgação dos investimentos e programas realizados em qualificação pelo setor; • Contrapartida financeira em programas da política pública de qualificação;
A viabilização desta aliança estratégica depende em grande parte do Estado, que deve tomar a iniciativa promovendo o diálogo e a articulação com o setor empresarial. Os cincos anos de experiência em política pública de qualificação profissional já desenvolvida pelo Brasil, e o modelo implantado até o presente, aumentam as possibilidades para que uma aliança desta natureza se viabilize e obtenha sucesso nos seus objetivos. As bases políticas, técnicas e burocráticas necessárias para tanto já se encontram solidificadas.
Uma outra estratégia que vem sendo adotada em relação ao mercado formal, e qué I poderia ser adaptada para a nossa realidade, está em implantação na União Européia. Ela foi proposta por um Conselho Europeu extraordinário, encarregado de analisar as relações laborais e as mutações industriais que vêm ocorrendo nos países que fazem parte daquela Comunidade Comum. Este Conselho propôs a criação de um Observatório Europeu da Mutação Industrial, com o objetivo de funcionar como um centro de recursos no que diz
respeito a dados e estudos avançados sobre previsões de tendências européias relativas ao mercado e mão-de-obra industrial (Comissão Européia, 1998).
Deste modo, uma segunda estratégia destinada ao mercado formal baseia-se numa adaptação para o Brasil, que poderia ser implantada nos Estados da Federação, e que consiste na criação de Observatórios da Mutação do Mercado de Trabalho.
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