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Indicador: Impacte ambiental associado ao ciclo de vida dos edifícios

P.1. Valor agregado das categorias de impacte ambiental de ciclo de vida de área útil de pavimento por

ano

É por todos sabido, e já várias vezes mencionado na presente dissertação que qualquer edifício ao longo do seu ciclo de vida é promotor de vários impactes sobre o ambiente, quer directa quer indirectamente, Ilustração 3.1. Os problemas ambientais causados pela indústria da construção podem ser referidos em termos de „poluição energética‟ e „poluição material‟. A poluição energética relaciona-se essencialmente com o consumo de energia primária (PEC) e com a sua fonte. Já a poluição material prende-se maioritariamente com a emissão de poluentes atmosféricos, de cursos de água e do solo, quer pelos materiais em si, quer por todos os processos e elementos envolvidos na elaboração, transporte, uso e decomposição dos materiais. A quantificação de todos os impactes torna-se difícil considerando que o sector da construção consome cerca de 80 000 compostos químicos diferentes e que, os problemas a estes associados quadruplicaram desde 1971, como refere (Berge 2001).

Ilustração 3.1. Fontes de impactes ambientais em cada fase do ciclo de vida dos edifícios (adaptado de (WBCSD

Portugal). Utilização Fim de vida Produção Construção emissões poluição segurança energia consumo de água saúde segurança matérias-primas fabrico especificações reciclagem resíduos

A afectação dos sistemas de água subterrânea e dos ecossistemas locais deve-se às escavações necessárias à extracção de matérias-primas; a poluição resultante da fase de produção consiste em emissões gasosas, líquidas ou sólidas ou ainda em radiações, quando os materiais são expostos a variações de pressão e temperatura acentuadas ou por problemas no processo. Embora os impactes sejam mais reduzidos na fase de utilização, alguns materiais são responsáveis pela emissão de gases e poeiras mesmo depois de aplicados, para além disso, o consumo de água e energia também conduzem à depleção dos recursos e à emissão de poluentes. Desta forma, e tendo em consideração os estudos realizados pela EPA, o presente parâmetro avalia seis categorias de impacte que se consideram como principais indicadores do efeito da construção sobre o ambiente (Quadro 3.1); Potencial de aquecimento global (GWP), resultante da emissão de gases com efeito de estufa (GEE), como o CO2, principalmente consequente da queima de combustíveis fosseis e outros materiais orgânicos; Depleção da camada de ozono estratosférico (ODP), consequência da emissão de substâncias como os clorofluocarbonetos (CFC), entre muitos outros; Potencial de Acidificação (AP) resultante da emissão de substâncias como o dióxido sulfúrico (SO2) e óxidos de azoto (NOx) derivados da queima de combustíveis fósseis e de outros processos industriais; Formação de ozono troposférico (POCP) consequente da oxidação fotoquímica de poeiras, (COV e NOx), usualmente denominados por “precursores do ozono”; Potencial de eutrofização (EP) que resulta na formação excessiva de algas nos cursos de água, é consequência da emissão de azoto e outras substâncias azotadas para os cursos de água; Potencial de esgotamento das reservas de combustíveis fósseis (FFDP) consequência do excessivo uso destes materiais.

Como tal, o presente parâmetro tem como objectivo avaliar o impacte ambiental provocado pelos edifícios ao longo de todo o seu ciclo de vida (PLCA), contabilizando para isso as fases de construção,

utilização e desmantelamento. No entanto, como o presente caso de estudo foca um edifício de serviços e não uma habitação, serão apenas contabilizadas as fases de construção e demolição, facto explicado de seguida.

A contribuição da fase de utilização de um edifício centra-se essencialmente na quantificação dos impactes associados ao consumo energético, quer na preparação de AQS, quer para climatização, sendo a sua determinação executada através da legislação vigente, que para edifícios residenciais obedece ao RCCTE (Portugal 2006a) e para a maioria dos edifícios de serviços obedece ao RSECE (Portugal 2006b). Como já referido, a SBToolPT faz-se valer de soluções de referência – melhor prática e prática comum – como forma de avaliação comparativa da sustentabilidade. Assim sendo, seria também necessário contabilizar as necessidades energéticas parcelares destas soluções. Ora, seguindo o guia (Departamento de Engenharia Civil 2009), os valores dessas soluções são obtidos através das necessidades máximas legais, valores que só se encontram regulamentados para edifícios cujo RCCTE se adequa. Assim, para edifícios que sejam regulamentados pelo RSECE, não existem impostos legalmente valores limite discriminados em consumos para climatização e preparação de AQS, não sendo então possível aplicar esta etapa da metodologia a esta tipologia de edifícios, como é o caso do edifício do presente caso de estudo.

O processo de cálculo pode ser dividido em 3 etapas principais, que por sua vez de subdividem, como apresentado seguidamente.

Etapa 1. – Quantificação das categorias de impacte ambiental do edifício em estudo

A execução desta primeira etapa encontra-se subdividida em três fases:

Fase I – enumeração e determinação dos elementos construtivos utilizados e respectivas

quantidades.

Fase II – quantificação das categorias relativas às fases de montagem e desmantelamento, tendo

em consideração as soluções de suporte, revestimento e estrutura do edifício. Devido à inexistência de valores dos impactes para as soluções utilizadas nos vãos, embora quantificados no ponto anterior, não são contabilizados para o impacte global.

Fase III – obtenção do valor total das categorias de impacte ambiental.

Etapa 2 - Quantificação das categorias de impacte ambiental dos benchmarks

Esta etapa demonstra-se em tudo idêntica à anteriormente descrita, embora seja aplicada para as situações de referência - benchmarks (melhor prática e prática convencional). A prática convencional contabilizou os impactes das soluções correntemente utilizadas, aplicadas em igual área do presente caso de estudo; já a melhor prática representa uma redução de 75% no impacte da prática convencional.

Etapa 3 – Normalização e agregação das categorias de impacte ambiental

Esta última etapa permite normalizar e agregar num único valor as várias categorias sobre análise, recorrendo às expressões de (1) e (2), e aos factores de ponderação apresentados no Quadro 3.1. Possibilita ainda a avaliação do nível de desempenho ambiental de acordo com o Quadro 3.3.