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2 O CORPO HUMANO

2.6 ALTERAÇÕES POSTURAIS NA INFÂNCIA

Conforme mencionado anteriormente, é preciso compreender melhor as manifestações que nosso corpo apresenta no decorrer de nossa vida, a falta de cuidados com a saúde postural pode acarretar lesões, isto é, levar o indivíduo a desenvolver alterações posturais. Por isso, a postura corporal da população atualmente tem sido motivo de forte preocupação, principalmente, quando se leva em conta o estilo de vida adotado. De acordo com Schimidt (2000, p.142), a população escolar merece atenção especial. Os escolares, normalmente, são submetidos às condições das salas de aula, e muitas vezes permanecem em posições incômodas e inadequadas por longos períodos no decorrer dia, passando a repetir essas posturas por semanas, meses e até anos, sujeitos ao desenvolvimento de padrões posturais não saudáveis.

Se fizermos uma retrospectiva em relação à postura de crianças, em seus primeiros anos, percebemos que elas normalmente adotam posturas naturalmente saudáveis, principalmente pelos posicionamentos que estão expostas, mas antes da adolescência, conforme Rego e Scartoni (2008, p.12), essas posturas habituais começam a acarretar alterações estruturais no esqueleto e nos tecidos moles. Para Correa et al ( 2005, p.177), a idade é um fator importantíssimo na morfologia da coluna vertebral, sendo a adolescência, marcada por alterações repentinas e desordenadas do corpo, o que pode facilitar o aparecimento, ou mesmo acentuar, aqueles desvios posturais já instalados.

As alterações posturais que ocorrem com as crianças, na fase de crescimento, podem aumentar durante a fase escolar. E, de acordo com o autor, não existe conhecimento específico sobre esse assunto por parte dos educadores. Além disso, os familiares e responsáveis pelos alunos não dão a devida importância para as posturas assumidas por eles em atividades domésticas. Fernandes (2003, p.18) alerta ainda que padrões assumidos na fase escolar tornam-se permanentes na fase adulta. As posturas inadequadas desenvolvidas

por crianças no período escolar, em razão da vulnerabilidade corporal em que se encontram, fazem com que a incidência de deformidades na fase adulta seja bastante significativa. Pinho (1995, p.49) argumenta que, como a criança em seu desenvolvimento corporal se adapta às novas situações posturais, o diagnóstico precoce de patologias da coluna se tornando importantíssimo para readaptação da postura. Nessa fase, se demonstram indispensáveis a observação e a detecção de desvios posturais.

Uma má postura, ou seja, o desvio do alinhamento normal pode ser comum estre os estudantes. De acordo com Kisner e Colb (2005, p.599), essas afecções podem ocorrer, mas sem comprometimentos à estrutura corporal. Porém, os autores conceituam a Síndrome da Dor Postural, como a dor recorrente da sobrecarga biomecânica que um aluno mantém, ao adotar uma má postura por um período prolongado, normalmente é aliviada com alguma atividade. Não há, nesse caso, uma anormalidade de força ou flexibilidade muscular, mas, se esta má postura se tornar comum, poderão ser desenvolvidos desequilíbrios de força e de flexibilidade. Já a Disfunção Postural é diferente das dores descritas acima, neste caso, estão envolvidos encurtamentos e fraqueza muscular. A causa principal é a adoção de maus hábitos posturais prolongados ou resultado de contraturas e aderências após algum trauma. A sobrecarga dessas estruturas causa dor e podem levar a alterações posturais.

A falta de cuidado com a postura, segundo Rego e Scartoni (2008, p.13) causa desvios nas curvaturas normais da coluna vertebral. Esses ainda estão vulneráveis às tensões mecânicas. São descritas algumas das alterações mais importantes: Hiperlordose – é o aumento da inclinação anterior do quadril, pode ser causada ou intensificada pela má postura, musculatura abdominal fraca e/ou abdômen protuberante. Hipercifose – caracterizada pelo aumento anormal da concavidade posterior da coluna torácica. Escoliose

– é uma patologia da coluna também conhecida como desvio lateral da coluna vertebral,

pode ser estrutural ou não estrutural. A progressão da escoliose depende da idade da pessoa em que ela se inicia, e da magnitude do ângulo de curvatura, a adolescência é o período em que o aumento da escoliose ocorre com maior velocidade. A patologia é identificada em graus onde a postura escoliótica ou pré-escoliose é a mais simples e fácil de reverter, quanto maior o grau, que pode variar entre 01 a 03, mais complicado o caso.

Webb et al (2003, p.1197) descrevem que as dores lombares (lombalgias) estão cada vez mais prevalentes em seus estudos, porém, esta enfermidade acomete além da população adulta, adolescentes e crianças. Essa condição está cada vez mais relacionanda com alterações corporais. As posições inadequadas, praticadas no dia-a-dia, se tornam

inadequadas para as estruturas anatômicas, pois aumentam o estresse total sobre os elementos do corpo, especiamente sobre a coluna vertebral, podendo gerar desconfortos, dores ou incapacidades funcionais.

Problemas posturais, especialmente os relacionados com a coluna vertebral, têm sua origem no período de crescimento e desenvolvimento corporais, ou seja, estão relacionados diretamente com a fase de crescimento do indivíduo, a infância. Nesta fase, para Brunnell (2005, p.574) e Destsch et al. (2001, p.45), as crianças estão sujeitas a comportamentos de risco para a coluna, principamente na utilização de mochilas pesadas, permanência, por períodos prolongados, na posição sentada, entre outros. Essas atitudes posturais podem acarretar alterações anatômicas laterais ou ântero-posteriores.

A identificação dos padrões posturais de crianças e adolescentes tem se mostrado de fundamental importancia para a prevenção de alterações na postura corporal, sejam elas estruturais ou funcionais.8 E em caso de patologias já istaladas, o diagnóstico precoce pode favorecer um tratamento mais eficaz e diminuir riscos de complicações futuras. (Brunnell, 2005, p.573).

Detsch et al. (2007, p. 236) obtêm, com base no resultado de seus estudos, a ideia de que adolescentes com índice de massa corpórea normal apresentam maior prevalência de alterações posturais, quando comparados a adolescentes com sobrepeso ou obesidade. A morfologia e a velocidade do crescimento, também, são apontadas como fatores de influência no aparecimento destas afecções. Alunos que que permanecem mais de 10 horas assistindo à televisão tem probabilidade de apresentar alterações posturais, pois, provavelmente, o alto tempo de permanência favorece posturas incorretas. Bolsa e mochilas carregadas de forma incorretas, também podem desenvolver associação à alterações posturais e dores corporais. Outros dados relacionados a este estudo levam a conclusão que estudantes de escolas públicas tem maior incidência de problemas posturais, quando relacionados a alunos de escolas privadas, e alunos, cujos responsáveis estudaram até o nível fundamental apresentaram maior índice de alterações posturais, quando comparados aos que os responsáveis estudaram além do nível superior. Estes dados, relacionam os fatores socieconômicos, como de grande importância para auxilio na manutenção da postura correta de adolescentes

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Alterações funcionais ou estruturais: No texto acima as alterações funcionais referem-se ao comprometimento na funcionalidade da articulação, ou seja, dificuldade na execução de alguma tarefa, e alterações estruturais comprometem, como o próprio nome diz a estrutura da articulação.

3 EDUCAÇÃO E SAÚDE

A contribuição da direção e dos professores, para o integral desenvolvimento global da criança durante o período escolar, é uma das responsabilidades da escola. Receber as crianças das mãos de seus familiares para proporcionar a elas situações favoráveis à aprendizagem, e ainda devolvê-las com uma bagagem de experiências positivas, depois de uma jornada vivida num mesmo ambiente, é um dos objetivos da escola. Por isso, neste capítulo, abordaremos a escola de um modo geral, porém com vistas à prevenção em saúde, fazendo menção à formação docente, pensando no professor como mediador do processo de educação voltado também para a saúde. A integração de profissionais de saúde dentro do contexto educativo também terá espaço na discussão deste estudo, além das modificações que a escola poderá apresentar, para melhor adaptação de conhecimentos dessa área, à saúde postural na escola.