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Alterações provenientes da introdução das redes sociais nas redações

II PARTE – ESTUDO EMPÍRICO

4. Metodologia e Procedimentos

5.3. Alterações provenientes da introdução das redes sociais nas redações

A introdução das redes sociais nas redações trouxe aos jornalistas um maior número de vantagens do que de desvantagens como podemos verificar com a análise das entrevistas. As vantagens mais referidas quanto a este cenário são a promoção e divulgação do próprio órgão de comunicação social, como foi mencionado pelos jornalistas de ambas as regiões do país. A maior facilidade de entrar em contacto com possíveis fontes de informação é tida pelos jornalistas como uma das vantagens mais proeminentes, uma vez que, a rapidez com que se estabelece uma ligação com alguém é essencial para os jornalistas, e as redes sociais têm esse benefício, principalmente o Facebook. Para além disso, as próprias redes sociais e o seu desempenho, com páginas repletas de informação dada pelas mais variadas fontes podem também tornar-se numa possível fonte de informação, mas sempre tendo em conta a pouca credibilidade que pode ter, e que por isso mesmo, a informação encontrada nestas plataformas deve mesmo ser verificada e confirmada pelo jornalista. E esta situação de pouca credibilidade é encarada pelos jornalistas, tanto da Beira Interior como da Zona Oeste, como uma possível desvantagem. Outra possível desvantagem mencionado por dois jornalistas, um do Notícias da Covilhã e outro do Reconquista é o comodismo que a utilização das redes sociais nas redações pode trazer ao jornalismo, isto é, a utilização desta plataforma pode levar a que o jornalista se acomode ao facto de poder receber um grande número de informação com apenas um simples trabalho de pesquisa, ou mesmo sem qualquer trabalho.

Todavia, estas podem sempre ser uma base, um começo para a realização ou construção de uma peça jornalística, tendo sempre em conta a confirmação essencial da informação. Um dos jornalistas do Reconquista (Beira Interior) indicou que o facto de as redes sociais serem gratuitas é outra das suas vantagens, e para além disso, os jornalistas conseguem agora uma maior rapidez no acesso a documentos e fotografias, por exemplo. Por outro lado, um jornalista do Região de Cister (Zona Oeste) refere também os baixos custos associados a estas plataformas e também a maior interação com os leitores, com a possibilidade de numa página de Facebook de um órgão de comunicação se poder ter acesso a dados estatísticos referentes a todos este processo, algo que anteriormente levaria muito mais tempo a concluir. Portanto, a

desvantagem mais referida pelos jornalistas de ambas as regiões é a pouca credibilidade e rigor da informação disponível nas redes sociais, mas para isso é o jornalista que tem de trabalhar, como refere um jornalista do Notícias da Covilhã (Beira Interior): “As redes sociais devem ser utilizadas com a consciência de que os caminhos tradicionais têm de continuar a ser percorridos, a informação tem de ser confirmada, não podemos ficar apenas por uma única fonte”.

Em relação à utilização mais diversificada de fontes de informação, através das entrevistas, conseguiu apurar-se que as redes sociais foram, sem dúvida, uma ajuda para a diferente forma como se contactam as fontes, e um pouco menos em relação à diversificação das mesmas, como já foi referido. Há alguma diversificação, mas ainda não é significativa.

De todos os jornais, sejam de uma zona ou outra, apenas um, o Fórum Covilhã, referiu não sentir que tivesse havido uma grande alteração quanto à utilização de fontes de informação ao longo deste processo, muito devido ao facto de ter iniciado a sua atividade já em plena era das redes sociais.

De certa forma, pode dizer-se que não ocorreu uma significativa diversificação de fontes de informação, mas sim uma mudança considerável na maneira como os jornalistas contactam as suas fontes. Isto é, se antes era utilizado, principalmente o telefone, e depois o correio eletrónico, agora, as redes sociais trouxeram uma realidade completamente diferente, e permitem aos jornalistas contactar com as suas fontes através destas plataformas, e até recolher informação através das mesmas. Alguns jornalistas da Zona Oeste referiram exemplos concretos da diversificação existente no contacto com as fontes de informação através da utilização das redes sociais.

No Jornal das Caldas, um dos jornalistas indicou que já existem, por exemplo, corporações de bombeiros que colocam na sua página de Facebook, o rol diário das suas atividades, e o que os jornalistas fazem é “efetuar um rastreio, escolher as que interessam noticiar e depois contactar com a corporação caso sejam necessários mais pormenores”. Neste caso em particular, não existe diversidade de fonte de informação, pois a página oficial das corporações de bombeiros são encardas como fontes de informação públicas (oficiais), só muda o facto de serem contactadas de outra maneira, o que pode trazer diversidade ao meio jornalístico, na medida em que, esta nova plataforma pode trazer maior rapidez no contacto entre jornalista e fonte. Por outro lado, um jornalista do Região de Cister mencionou que neste órgão de comunicação, todas as semanas são publicadas listas com os melhores marcadores das equipas de futebol, hóquei e futsal dos concelhos de Alcobaça e Nazaré, e que antes da introdução das redes sociais nas redações, o contacto era realizado telefonicamente, contudo, agora fazem todo este processo de recolher esta informação através das redes sociais, mais propriamente do

Essencialmente, a mudança está relacionada com a forma como se contactam as fontes, pois a informação recolhida e analisada acaba por ser a mesma, que seria transmitida através do telefone, do correio eletrónico ou até pessoalmente.

Na Beira Interior, o caso do Jornal de Belmonte mostra-se diferente dos anteriores, e apresenta uma diversidade de fontes de informação que surge com a utilização das redes sociais. Pois, um dos seus jornalistas indicou que existem agora no Facebook vários grupos de partilha de acidentes e incêndios florestais, que podem ser considerados como novas fontes de informação, sendo que as podemos denominar de, por exemplo, fontes colectivas, isto é, é através das redes sociais que um conjunto de pessoas compõe um grupo destinado a produzir e partilhar informação a que o jornalista pode ter acesso

O jornalista revelou já ter acontecido que nesses mesmos grupos costumam surgir as mais variadas informações sobre um incêndio, por exemplo e são partilhadas fotografias, vídeos ou apenas relatos do acontecimento. Este é um dos exemplos de que o Facebook pode começar a levar à diversificação de fontes de informação.

Por outro lado, na mesma notícia, o jornalista acaba por recorrer a uma fonte de rotina, uma fonte de informação pública (oficial), ao entrar na página do Facebook da Autoridade Nacional da Proteção Civil, isto é, mais uma vez é o caso da diversidade de contacto, o jornalista está a utilizar a mesma fonte de informação mas contacta-a e obtém a informação de maneira diferente (sem ser pelo telefone ou pelo correio eletrónico ou até pessoalmente).

Na página do Facebook desta fonte de informação oficial, o jornalista revela que pôde recolher informações (localização, número de meios utilizados, hora do início, etc.) para poder fazer uma peça jornalística, que ao ter sido noticiada em primeira mão por eles, fez com que o movimento na sua página web e na página do Facebook tivesse disparado.

Outro dos aspetos a focar é o da possível alteração que as redes sociais tenham trazido aos jornalistas regionais no que toca às suas fontes de informação e a rotina com as mesmas, isto é, será que o aparecimento destas plataformas fez com que os jornalistas mudassem por completo o tipo de fontes que costumavam utilizar?

Para os jornalistas da região da Beira Interior, a rotina quanto às fontes de informação manteve- se, pois as redes sociais são vistas como apenas mais uma ferramenta de trabalho, mais uma janela para a informação, mas o facto de apresentarem pouca credibilidade faz com que os jornalistas continuem a optar pelas fontes de informação com quem mantém uma maior ligação de confiança, principalmente a nível regional, em que esse processo é mais facilitado seja através do contacto pessoal, cara-a-cara, através do telefone, ou agora mais em voga, através das redes sociais. Como referiu um jornalista do Reconquista: “A rotina manteve-se, mas passamos a ter mais um meio para fazer o nosso trabalho jornalístico”.

Para os jornalistas da região Oeste a rotina de trabalho é um pouco alterada, pois as redes sociais são incluídas na pesquisa de informação e no estabelecimento de contactos, mas a rotina na escolha de fontes de informação manteve-se, pois estes jornalistas encaram as redes sociais, como os seus colegas da Beira Interior, como mais uma ferramenta de trabalho, como refere um jornalista da Gazeta das Caldas: “Somos um jornal regional com grande proximidade à comunidade, pelo que as alterações não foram muito grandes, mas verificam-se algumas. Sobretudo, conseguimos, através de algumas redes sociais ter sempre acesso ao que se está a passar com mais facilidade e imediatismo”.