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st e é o quint o art igo da série “ Os Prim órdios da Met eorologia no Brasil” . Nest a oport unidade vam os falar da obra de um dos m ais com pet ent es e dedicados hom ens da Met eorologia, pert encent e à Marinha do Brasil. Est am os falando de Am érico Brazílio Silvado Filho, que t eve grande im port ância para a Met eorologia em nosso país no início do século 20.

Am érico Silvado Filho nasceu em 02 de out ubro de 1863 na Bahia, e veio a falecer em 03 de m arço de 1950. Filho de Am érico Brazílio Silvado e Urânia Adelaide de Argolo Silvado.

Teve t oda sua vida dedicada a Marinha do Brasil. I ngressou no serviço m ilit ar ainda adolescent e com o Praça de Aspirant e a Guarda- Marinha em 13 de m arço de 1879, com apenas 16 anos. Três anos depois se t ornava m em bro efet ivo da Guarda- Marinha. Em 15 de dezem bro de 1883 se tornou Segundo- Tenent e e em 1890 t ornou- se Prim eiro- Tenente. Quat ro anos depois virou Capit ão- Tenent e. A partir daí foi ascendendo de nível at é chegar, em 07 de fevereiro de 1919, a Vice- Alm irant e, últ im o cargo que ocupou na Marinha. Em 1923 foi t ransferido para a Reserva.

Dirigiu por longa dat a a Diretoria de Met eorologia da Marinha. Além disso, foi Superint endent e de Navegação, do órgão at ualm ent e denom inado de Diret oria de Hidrografia e Navegação ( DH N ) .

Ao longo dest e período dedicou part e do seu t em po e t rabalho em prol da

Met eorologia brasileira int egrando a Repart ição Cent ral Met eorológica e depois sendo Represent ant e do Brasil na Conferência I nt ernacional dos Diret ores de Met eorologia.

Durant e o t em po dedicado a Marinha recebeu diversos elogios e louvores por seus zelosos e dedicados t rabalhos. Na área de Met eorologia dest acam - se:

• Em 11/ 04/ 1892, recebeu louvor pelo zelo e int eligência que revelou no t rabalho apresent ado e int it ulado “ Rápida Mem ória sobre o Serviço Met eorológico do Cruzador Alm irant e

Barroso” ( Figura 1) .

• Em 30/ 12/ 1905, foi louvado em ordem do dia pelo bom desem penho que deu à com issão que lhe foi confiada relat iva à det erm inação do valor dos elem ent os m agnét icos na Cost a do Brasil e a inspeção das est ações m et eorológicas.

• Da t erceira seção da Secret aria da Marinha de 16/ 07/ 1906 foi louvado

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pelo bom desem penho que deu à com issão represent ando o Brasil na Conferência I nt ernacional dos Diretores de Meteorologia e a publicação de um art igo na Revist a Marít im a Brasileira do relat ório que apresent ou na volt a da referida com issão.

• Em 06/ 06/ 1907 foi elogiado pelo Cont ra- Alm irant e Affonso Graça, Chefe da Cart a Marít im a em 06/ 11/ 1906 pelo m odo com o reorganizou a seção de Met eorologia de que era Chefe e dirigiu com inexcedível dedicação, zelo e com petência, durant e longo tem po, desenvolvendo seus serviços a pont o de honrar a Marinha.

Figura 1 - Foto do Cruzador Alm irante Barroso, 1888, a cam inho de sua segunda viagem de circunavegação. Foto de Marc Ferrez (Franco, 2006)1.

Um dos m om entos profissionais m ais int eressant es ocorridos na vida do alm irant e Am érico Brazilio Silvado, ant igo aluno de Pereira Reis ( engenheiro e crít ico ferrenho do I m perial Observatório e seus diret ores, por nunca t er sido nom eado diretor do Observat ório) , foi quando ele polem izou com Henrique Morize em 1904 sobre a organização de um serviço m eteorológico nacional, t om ando as dores de seu m est re onde em um a cart a escrit a ao Jornal do

Com m er cio, cit ou: “ Não havendo sido nunca

nom eado diret or do Observat ório do Rio de Janeiro, pelo qual m e disse um a vez com lágrim as nos olhos, que m orreria sem deixar um sucessor...” ( Oliveira & Videira, 2003) .

1 Disponível em

ht t ps: / / www.m ar.m il.br/ m enu_h/ fot os/ hist or icas/ hist or ic as-p.ht m

Out ro fat o int rigant e em sua vida se passou em 1922, quando o ent ão Alm irant e Am érico Brazílio Silvado, há 8 anos Superint endent e e responsável pela m udança da Superint endência de Navegação do Rio de Janeiro, localizada no edifício do Alm irant ado, na rua D. Manoel nº 15, e por

sua inst alação na I lha Fiscal, dirige aviso ao Minist ro da Marinha, inconform ado com a cessão da I lha Fiscal para a realização da Exposição do Cent enário e a posterior ut ilização dela com o post o aduaneiro,

"se vê na t rist e cont ingência de

abrir m ão de t odos os t rabalhos cient íficos e t écnicos em andam ent o sob m inha dir eção super ior e de pedir que digneis solicit ar do Sr. President e da República ( Ar t hur da Silva Bernardes) a m inha exoner ação do cargo de Super int endent e de Navegação, par a o qual fui nom eado por decr et o nº 532 de 25 de m ar ço de 1914, e em cuj o exer cício t enho est ado desde 2 de abr il do dit o ano”

( CAMR, 2006) .

De acordo com CAMR ( 2006) o pedido de exoneração foi aceito, e o bravo Alm irant e Silvado deixou a Superintendência em 28 de abril de 1922, e a Exposição do Cent enário, com m ost ra de inst rum ent os náut icos se realiza na I lha Fiscal. Mas não foi em vão o apelo do ex- Superint endent e, pois no m esm o ano de 1922, "os serviços de hidrografia, navegação, Met eorologia e faróis volt aram à ant iga sede".

Sua dedicação à Meteorologia o levou a ser represent ant e do Brasil na Conferência I nt ernacional dos Diretores de Met eorologia. Porém , o fato que m ais orgulha a t odos nós da Meteorologia foi o excelent e t rabalho na reorganização da seção de Met eorologia da Marinha, a qual t inha um observat ório m et eorológico, que na época era um dos poucos órgãos que se dedicava com m aest ria a prest ar inform ações m et eorológicas no Brasil.

Assim , pode- se concluir que o Vice- Alm irant e Am érico Brazilio Silvado Filho dedicou e realizou diversas at ividades à Met eorologia brasileira quando era int egrant e e chefe da seção de Met eorologia ( Figura 2) .

Além disso, soube represent ar a Met eorologia brasileira de m aneira dedicada nas Com issões que part icipou em nível m undial.

Figura 2 – Foto do Vice-Alm irant e Am érico Silvado Filho.

Am érico Silvado not iciou seus feit os at ravés de diversas publicações, com o podem ser vistos abaixo:

• SI LVADO, A B. Descripção e Manej o dos Reparos Hydraulicos- Aut om át icos. Rio de Janeiro: H. Lom baert s, 1889.

• SI LVADO, A B. Diversas Applicações dos Regim entos: Rio de Janeiro: I m prensa Nacional, 1894.

• SI LVADO, A B. Est udos de um a Organização Geral para a Marinha Brasileira. 1894.

• SI LVADO, A B. I nst ruções Met eorológicas Organizadas. Rio de Janeiro: Tipografia Leuzinger, 1900.

• SI LVADO, A B. I nst ruções Met eorológicas. Rio de Janeiro: [ s.n.] , 1900.

• SI LVADO, A B. Docum ent os para a Hist ória da Marinha. Rio de Janeiro: I m prensa Naval, 1917.

• SI LVADO, A B. Fuzão das Funções do Oficial de Marinha, 1917.

• SI LVADO, A B. I nt rodução ao I Livro de um a Ordenança Geral. Rio de Janeiro: Correa Bast os, 1923.

• SI LVADO, A B. Nova Marinha. Respost a a “ Marinha D” . Rio de Janeiro: C. Schim idt , 1897

• SI LVADO, A B. Proj et o de um Manual para o Serviço. Rio de Janeiro: I m prensa Nacional, 1896.

• SI LVADO, A B. Relat ório Geral da Prim eira Com issão Magnét ica Brasileira. Rio de Janeiro: I m prensa Nacional, 1909.

• SI LVADO, A B. Táboas

Met eorológicas. Rio de Janeiro: Tipografia Leuzinger, 1900.

O apreço, zelo, caráter e dedicação à ciência m et eorológica foram m uito im port ant es em um período da hist ória da Met eorologia que pouco se sabia acerca dest a Ciência. Assim , esperam os que a vida e obra dest e dedicado est udioso da Met eorologia brasileira sej am sem pre lem bradas e sirva de exem plo para t odos que buscam conhecer a ciência m et eorológica.

O Conselho Edit orial gost aria de agradecer im ensam ent e a MÔN I CA HARTZ O. MOI TREL ( Capit ão- de- Fragat a e Chefe do Dept o. de Hist ória Marít im a e N aval) e CARLOS AN DRÉ LOPES DA SI LVA ( Capit ão- Tenent e e Encarregado da Divisão de Hist ória M arít im a e N aval) pelas excelent es inform ações e fot os.

Referência Bibliografia

CAMR, 2006. A Ocupação da I lha

Fiscal. Cent ro de Sinalização Náut ica e Reparos Alm irant e Moraes Rego ( CAMR) .

Disponível em

ht t p: / / www.m ar.m il.br/ cam r/ ocupacao_da_ ilha_fiscal.ht m. Acesso em 25/ fev./ 2006.

Oliveira, J.T., Videira, A.A.P., 2003.

As Polêm icas ent re Manoel Pereira Reis, Em m anuel Liais e Luiz Cruls na Passagem do Século XI X para o Século XX. Revist a da SBHS, No I / 2003, pp. 42- 52.

Sugest ões de Leit ura:

BRASI L, Serviço de Docum ent ação da

Marinha. Hist ória Naval Brasileira. Terceiro Volum e, Tom o I . Rio de Janeiro: SDM, 2002

Silvado, A B., 1890. Rápida Mem ória

sobre o Serviço Meteorológico.

Silvado, A B., 1902. Subsídios para a

Hist ória da Met eorologia no Brasil. Rio de Janeiro: I m prensa Nacional.

Silvado, A B., 1908. I nst ruções

Met eorológicas. Rio de Janeiro: I m prensa naval.

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Font e: I nst it ut o e Museu de Hist ória da Ciência – I t ália

noção de t em perat ura é algo bast ant e int uitivo, ao longo de um ano passam os por quat ros est ações dist int as cada qual com sua peculiaridade, principalm ent e no que t ange as variações de t em perat ura.

A necessidade de se est abelecer crit érios e m étodos para a aferição dest e fenôm eno físico é bast ant e ant iga e os prim eiros relat os dat am do século I I e I I I da era Crist ã.

O responsável pelas prim eiras t ent ativas de aferir a tem perat ura foi o m édico grego Cláudio Galeno ( 129- 199) , onde é at ribuída a ele vast a pesquisa em anat om ia, t ant o que hoj e é conhecido com o o “ pai da anat om ia” cuj as pesquisas perduraram com o a base da m edicina at é o final do século XVI .

Galeno sugeriu que as sensações de quent e e frio fossem m edidas por um a escala dividida em quat ro part es acim a e abaixo de um pont o neut ro, a qual nest a escala foi at ribuído a quat ro graus de calor a t em perat ura que a água ferveria e a t em perat ura de quat ro graus de frio ao pont o de congelam ento da água e a escala

neut ra à um a m ist ura de part es iguais de quent e e frio.

É at ribuído a Galileo Galilei ( 1564- 1642) o desenvolvim ent o do prim eiro t erm ôm et ro ( t erm oscópio de ar) . O seu inst rum ent o era com posto por um reservat ório abert o cheio de álcool, e um t ubo est reit o de vidro com um a bola oca de vidro na part e superior ( Figura 1a) .

Quando aquecido o ar dent ro da esfera expandia- se e borbulhava at ravés do álcool. Arrefecendo a esfera o álcool penet rava dent ro do t ubo, dest a m aneira as flut uações de t em perat ura poderiam ser verificadas anot ando a posição do líquido dent ro do t ubo.

Devido à abert ura do recipiente, a alt ura na coluna do líquido poderia sofrer alt erações decorrentes das variações de pressão at m osférica o que im put ava erro as suas m edições.

C

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Em 1654 Fernando I I ( 1610- 1670) , Duque de Toscana ( região da I t ália) , desenvolveu o t erm ôm et ro a álcool com o capilar selado ( Figura 1b) , sendo o prim eiro t erm ôm et ro de líquido em vidro, m uito parecido com os at uais, e est abeleceu um a escala arbit rária dividida em 50 graus. Nest e caso a pressão at m osférica não provocava alt erações na aferição, pois o líquido encont ra- se t ot alm ent e encerrado dent ro do vidro.

(a)

(b)

Figura 1 – ( a) réplica do t erm ôm et ro desenvolvido por Galileo; ( b) réplica do t erm ôm et ro desenvolvido por Fernando I I . Fonte: I nstituto Museu de História da Ciêcia, I t ália.

Durant e o século XVI I foram criadas várias escalas t ant o que em 1778 foram cat alogadas 26 escalas dist int as.

Em 1714 Daniel Gabriel Fahrenheit ( 1686- 1736) , alem ão de Danzig, cidade hoj e em dia conhecida por Gdansk, dedicou a m aior parte da sua vida envolvido com a fabricação de inst rum ent os de precisão, especialm ent e inst rum ent os m et eorológicos. Const ruiu o prim eiro t erm ôm et ro de m ercúrio com bulbo.

Em seus t est es para determ inar os lim it es de sua escala, inicialm ent e colocou o seu t erm ôm et ro, ainda sem nenhum a escala, dent ro de um a m ist ura de água, gelo e sal, e quando o m ercúrio ficou est acionado em determ inada posição, ele m arcou e at ribuiu o valor de 32 graus.

Depois colocou est e m esm o t erm ôm et ro para determ inar um segundo pont o, a t em perat ura do corpo hum ano, a qual ele at ribui 96 graus. Est a escala se t ornou bast ant e adot ada devido a qualidade dos inst rum ent os produzidos.

Figura 2 – Anders Celsius.

Na m et ade do século XVI I , Anders Celsius ( 1701- 1744) ( Figura 2) , nascido em Upssala, na Suécia, t ornou- se ast rônom o na Universidade de Upssala, local onde desenvolveu diversos est udos em ast ronom ia, no ent ant o, o t rabalho dele que m ais t om ou not oriedade foi desenvolvido e publicado em 1742 na Royal Academ ia Sueca.

Ele propôs os pontos de fusão e ebulição da água adot ados para definir um a escala de t em perat uras. Adot ando o zero com o o ponto de ebulição e 100 o ponto de fusão.

Após algum t em po, o bot ânico sueco Carolus Linneu ( 1707- 1778) inverteu a escala que se t ornou conhecida por escala cent ígrada, por ser dividida em 100 partes. Apenas em 1948 o nom e da escala finalm ent e passou a se cham ar oficialm ent e de “ Escala Celsius” .

Figura 3 – William Thom son.

William Thom son ( 1824- 1907) , m ais t arde conhecido com o Lord Kelvin ( Figura 3) , nascido em 26 de j ulho de 1824 em Belfast , I rlanda, dedicou 53 anos da sua vida na Universidade Escocesa de Glasgow, onde as propriedades do calor foram um dos tem as preferidos de Kelvin.

Analisou com profundidade as descobert as de Jacques Charles ( 1746-1823) sobre a variação de volum e dos gases em função da variação de t em perat ura.

Charles concluíra, com base em experim entos e cálculos, que para a t em perat ura de - 273.15º C t odos os gases t eriam volum e igual a zero.

Em seus est udos, Lord Kelvin concluiu que na verdade não era o volum e da m at éria que se anularia a essa t em perat ura, m as a energia cinét ica de suas m oléculas. Sugeriu ent ão que essa t em perat ura deveria ser considerada a m ais baixa possível e cham ou- a de zero absolut o.

A part ir dest a hipót ese, propôs um a nova escala t erm om ét rica, que post eriorm ent e recebeu o nom e de escala Kelvin, a qual perm itiria m aior sim plicidade para a expressão m atem át ica das relações ent re grandezas t erm odinâm icas.

Relação ent re as escala Celsius, Fahrenheit e Kelvin

Cada um a das t rês escalas foi definida de m aneira dist inta.

A part ir da Figura 4 é possível ent ender a relação exist ent e ent re elas levando- se em cont a o pont o de ebulição da água e fusão do gelo.

Observem que est es pontos m udam dependendo da escala adot ada. Se você quiser saber qual a t em perat ura de fusão do gelo é possível t er t rês respost as: 0º C, 32º F ou 273.15 K, o m esm o para a t em perat ura de ebulição. Ou sej a, t odas represent am a m esm a t em perat ura.

Figura 4 – Relação ent re as principais escalas t erm om ét ricas.

Para saber m ais:

CABRAL, P., 2005. Breve Hist ória da

Medição de Tem perat uras. Disponível em

http: / / www.help-

tem perat ura.com .br/ htm l/ interesse/ files/ Historia MedicaoTem peratura.PDF.

CI N DRA, J.L., TEXEI RA, O.P.B, 2004.

Calor e Tem perat ura e suas Explicações por I nt erm édio de um Enfoque Hist órico. I n: Mart ins, L.A.C.P., Silva, C.C.; Ferreira, J.M.H. ( eds.) . Filosofia e Hist ória da Ciência no Cone Sul. 3º Encont ro, Cam pinas, AFI H, pp. 240-

248. Disponível em

http: / / ghtc.ifi.unicam p.br/ AFHI C3/ Trabalhos/ 32- Jose- Lourenco- Cindra- Odete- Teixeira.pdf.

Museu de H ist ória da Ciência da I t ália:

www.im ss.fi.it

www.t heram onit or.com

ht t p: / / www.aj c.pt / cienciaj / n19/ hciencia.php

www.ut c.fr

www.physicsweb.org

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