• Nenhum resultado encontrado

5.1 Levantamento das Coleções Fúngicas do Herbário JPB

5.2.7 Amanita crebresulcata Bas, Persoonia 10(1): 18 (1978) – Figura 19

AMANITACEAE R. Heim ex Pouzar

Gênero tipo: Amanita Pers. ex S.F. Gray.

Os integrantes de Amanitaceae apresentam hábito pluteóide, com píleo e estipe carnosos; himenóforo formado por lamelas, em geral, livres, podendo ser sublivres, próximas ou relativamente afastadas, brancas a beges; esporada branca; volva ausente ou presente, nem sempre bem desenvolvida na base do estipe; anel presente ou ausente (raro). A maioria dos representantes da família cresce em solo arenoso ou húmus em áreas arborizadas, sendo ectomicorrizas obrigatórias (SINGER, 1986).

Embora Amanitaceae compreenda os gêneros Amanita, Catatrama e Limacella (KIRK et al., 2008), tradicionalmente ainda é adotada a delimitação de família como proposta por Singer (1986), onde a família compreendia apenas os gêneros Amanita e Limacella.

Com base em estudos morfológicos e moleculares, Amanitaceae apresenta origem monofilética, e está estreitamente relacionada a Pluteaceae Kolt. & Pouzar (MONCALVO et al., 2002). Esta relação entre as duas famílias já foi responsável pela inclusão do gênero

Pluteus (Pluteaceae) na família Amanitaceae (SINGER, 1949), ou ainda pela classificação de

alguns membros de Amanitaceae em Pluteaceae (KIRK et al., 2001).

5.2.7 Amanita crebresulcata Bas, Persoonia 10(1): 18 (1978) – Figura 19

Pileus 6,5cm de diâmetro, plano-convexo a plano, umbonado, superfície víscida, brilhante, eventualmente exibindo fibrilas, castanho acinzentado escuro (OAC 783) no umbo e bege (OAC 816) em torno deste, nas zonas sulcadas, com estrias marrons (OAC 800) em direção à margem; margem estriada e sulcada. Himenóforo formado por lamelas, livres, próximas, brancas; lamélulas escassas. Estipe 10cm de altura por 0,6cm de espessura, cilíndrico, central, oco, creme (OAC 816), levemente fibriloso. Volva saculiforme, membranosa, creme (OAC 816). Basidiósporos 8,0 – 10 x 7,0 – 9,0µm (Q = 1,42), elipsóides, hialinos, parede delgada, lisa; inamilóides em Melzer; apêndice hilar de difícil visualização. Basídios 34 – 43 x 11 - 15µm, clavados, bi a tetraesporados. Cistídio ausentes. Trama da lamela bilateral, com hifas oleíferas; inamilóide em Melzer. Fíbulas ausentes (Figura 20).

60 Hábito: Solitário, crescendo em solo.

Espécimes examinados: BRASIL, Paraíba, João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba,

Campus I, 7º08’S e 34º53’O, 23/julho/2010, Magnago, A.C. 256 (JPB 50676).

Distribuição geográfica: Existem apenas dois registros para o mundo, ambos para o Brasil: Amazonas (BAS, 1978), Pernambuco (WARTCHOW & MAIA, 2007).

Comentários: Amanita crebresulcata foi originalmente descrita a partir de uma coleta feita em uma área de floresta secundária em Manaus (AM) pelo Dr. Rolf Singer, e é uma espécie bastante semelhante a Amanita dunicola Gúzman, ambas pertencendo a um pequeno grupo de amanitas tropicais da seção Vaginatae, diferindo, porém, pelo comprimento do estipe.

Embora existam registros de associações micorrízicas de A. crebresulcata (BAS, 1978; GRANDI et al., 1984; WARTCHOW & MAIA, 2007), neste trabalho não foram observadas tais associações.

61 Figura 18 - Amanita crebresulcata Bas. Hábito. Foto: Altielys C. Magnago.

62 ENTOLOMATACEAE Kotlaba & Pouzar

Gênero tipo: Entoloma “(Fr.) Kummer” [= Entoloma Kummer].

Entolomataceae abrange o grupo com a maior diversidade de hábitos, podendo variar de micenóide, colibióide, clitocibóide, tricolomatóide a pleurotóide, mas nunca amanitóide ou lepiotóide (SINGER, 1986). Os basidiomas podem apresentar o píleo com a superfície lisa, estriada, sedosa a escamosa, textura frágil a carnosa; himenóforo formado por lamelas aderidas, sinuadas ou decurrentes, raramente livres, de coloração branca ou acinzentada a rosada; podem ainda ser espaçadas ou próximas e abundantes; esporada rosada, com basidiósporos que variam de rugoso-angulados, longitudinalmente sulcados a angulados. O estipe geralmente é cilíndrico, central; raramente ausente (KOTLABA & POUZAR, 1972; SINGER, 1986). A maioria das espécies é saprofítica em solo, musgos e madeira, mas algumas são parasitas de outros fungos (NOORDELOOS, 2004), de plantas ou ectomicorrizas (MONTECCHIO et al., 2006).

A família Entolomataceae é tradicionalmente aceita como sendo monofilética (PEGLER & YOUNG, 1979; SINGER, 1986), devido aos basidiósporos angulares bem característicos.

Alguns autores não aceitam que basidiósporos angulados sirvam como carácter suficiente para separação de espécies em mais de um gênero (NOORDELOOS, 1992; SINGER, 1986; KIRK et al., 2008), tratando assim todas espécies como pertencentes a

Entoloma sensu lato. Kirk et al. (2008) sugerem que a família comporta apenas 4 gêneros,

embora não existam evidências com grande suporte (Co-DAVID et al., 2009).

Análises moleculares feitas por Moncalvo et al. (2002) e Matheny et al. (2006) sugerem que Entolomataceae forma um grupo monofilético dentro de Agaricales, embora estes estudos não demonstrem claramente a monofilia proposta para a família, devido a falta de suporte filogenético.

Co-David et al. (2009) fizeram um estudo detalhado de Entolomataceae, onde foi analisada a relação filogenética de 70 espécies utilizando os genes rpb2, LSU e mtSSU. Os resultados demonstraram que a família é monofilética, formando, como nos estudos anteriores (MONCALVO et al., 2002), apenas dois clados, Rhodocybe-Clitopilus e Entoloma. Ainda neste trabalho, foi proposto que o gênero Entoloma s.l. incluisse espécies gasteróides e secotióides de basidiósporos angulados e desta forma, Entoloma (Fr.) P. Kumm. é monofilético.

63 5.2.8 Entoloma bloxamii (Berk. & Broome) Sacc. [as 'bloxami'], Syll. fung. (Abellini) 5: 684 (1887) – Figura 25

= Agaricus bloxamii Berk. & Broome, Ann. Mag. nat. Hist., Ser. 2 13: 399 (1854)

= Entoloma bloxamii var. triste Boud. [as 'bloxami'], Icon. Mycol. (Paris) 1: tab. 92 (1906) = Entoloma madidum var. bloxamii (Berk. & Broome) Largent, Madroño 22(7): 368 (1974)

Píleo 4,2 – 5,5cm de diâmetro, convexo a aplanado, umbonado, pruinoso a velutíneo no centro, cinza azulado (OAC 217); margem lisa, involuta quando jovem e reta quando maduro, com pruina acinzentada (OAC 219). Himenóforo formado por lamelas, próximas, unsinadas, crenadas, levemente rosadas (OAC 795); lamélulas presentes. Estipe 4,0 – 7,0cm de altura por 0,6 – 1,0cm de diâmetro, central, cilíndrico, fundo creme (OAC 816) com fibrilas azuladas (OAC 182), superfície fibrilosa. Anel ausente. Basidiósporos 9,2 – 10,4 x 9,8 – 10,4μm (Q = 1,06), subglobosos, lisos, levemente rosados a hialinos, angulosos, com apêndie hilar evidente, inamilóides em Melzer. Basídios 37,1 – 40,6 x 9,2 – 12,7μm, claviformes, tetrasporados. Cistídios 33,6 x 12,7μm, hialinos, utriformes. Trama da lamela regular divergente, inamilóide em Melzer. Fíbulas não observadas (Figura 26).

Hábito: Solitário, próximos, em solo pobre.

Espécimes examinados: BRASIL, Paraíba, João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba,

Campus I, 7º08’S e 34º53’O, 28/Junho/2010, Magnago, A.C. 245 (JPB 50671).

Distribuição geográfica: América: EUA; Europa: Áustria, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Estônia, Irlanda do Sul, Noruega, Reino Unido e Suécia (GBIF, http://data.gbif.org/species/2539763/). No Brasil, existe registro apenas para o Estado do Paraná (MEIJER, 2006).

Comentários: Entoloma bloxamii exibe um píleo de coloração enegrecida a azul e violeta acizentados, além de um estipe robusto. Esta espécie compartilha esses aspectos com espécies dos gêneros Tricholoma ou Russula, mas pode ser facilmente distinguida pela coloração rosa-salmão de seus esporos e por ter um basidioma mais resistente. E. bloxamii é mais robusto que as espécies preto-azuladas de Leptonia (p.ex. L. parva), e não é tão roxa como Lepista

64

Entoloma nitidium e de Leptonia carnea, que exibem uma coloração mais viva. Tricholoma portensus também é muito similar, mas apresenta esporos e estipe brancos.

Apesar de E. bloxamii ser uma espécie comestível e de excelente sabor, deve atentar-se, pois muitas espécies do gênero são tóxicas (ARORA, 1986).

65 Figura 20 – Entoloma bloxamii (Berk. & Broome) Sacc. Hábito. Foto: Altielys C. Magnago.

Figura 21 - Entoloma bloxamii (Berk. & Broome) Sacc. a. Basidiósporos. b. Basídios. (escala = 10µm).

66 HYGROPHORACEAE Roze 1876

Gênero tipo: Hygrophorus Fr.

A família Hygrophoraceae reúne espécies que apresentam píleo frequentemente liso, viscoso a glutinoso, com cores brilhantes; himenóforo formado por lamelas serosas, distantes, adnatas, sub-decurrentes ou decurrentes; esporada branca, com basidiósporos frequentemente com tamanhos inconstantes, podendo ser di ou trimórficos, parede fina, ovóide a elipsóide, inamilóide, raramente amilóide; estipe central, sub-cartilaginoso a carnoso, algumas vezes viscoso a glutinoso, às vezes com véu, liso ou furfuráceo-fibriloso ou longitudinalmente estriado-fibriloso. A maioria de Hygrophoraceae é saprofítica, crescendo em solo, entre musgos, e muito raro sobre madeira em decomposição, podendo ser encontrados em áreas florestais, desérticas, arenosas e polares; mas formando micorrizas apenas em Hygrophorus

sensu stricto. Muitas espécies de Hygrocybe sensu lato são importantes indicadores da

qualidade do hábitat e são sensíveis a aplicação de fertilizantes (BOERTMANN, 1996)

Singer (1949) aceitou Hygrophoraceae, excluindo de sua classificação os gêneros

Gomphidius e Nyctalis da classificação de Losty (1907), incluindo, porém, Neohygrophorus.

Kirk et al. (2008) assumem que a família é possivelmente polifilética, colocando gêneros higroforóides dentro de Tricholomataceae, embora dados moleculares recentes sugiram a monofilia do grupo, com Hygrophoraceae distinto de Tricholomataceae. Os gêneros

Camarophyllopsis e Neohygrophorus , no entanto, não pertenceriam mais a família

(MANTHENY et al., 2006). Hygrophoraceae exibe, então, 9 gêneros com cerca de 325 espécies.

5.2.9 Hygrocybe acutoconica var. acutoconica (Clem.) Singer, Lilloa 22: 153 (1951) [1949] – Figura 27

= Hygrocybe acutoconica (Clem.) Singer, Lilloa 22: 153 (1951) [1949] f. acutoconica

= Hygrocybe acutoconica var. aurantiolutescens (P.D. Orton) Migl. & Camboni, Micol. Ital. 30(2): 36 (2001)

= Hygrocybe aurantiolutescens P.D. Orton, Notes R. bot. Gdn Edinb. 29(1): 103 (1969) = Hygrocybe aurantiolutescens f. pseudoconica Bon, Docums Mycol. 6(no. 24): 42 (1976)

67 = Hygrocybe aurantiolutescens var. parapersistens Bon, Docums Mycol. 19(no. 75): 55 (1989)

= Hygrocybe aurantiolutescens var. subconica Bon, Docums Mycol. 19(no. 75): 55 (1989) = Hygrocybe constans J.E. Lange, Dansk bot. Ark. 4(no. 4): 23 (1923)

= Hygrocybe langei Kühner, Botaniste 18: 174 (1927)

= Hygrocybe persistens (Britzelm.) Singer, Revue Mycol., Paris 5: 8 (1940)

= Hygrocybe persistens (Britzelm.) Singer, Revue Mycol., Paris 5: 8 (1940) f. persistens = Hygrocybe persistens var. langei (Kühner) Bon, Docums Mycol. 18(no. 69): 35 (1987) = Hygrocybe persistens (Britzelm.) Singer, Revue Mycol., Paris 5: 8 (1940) var. persistens = Hygrophorus acutoconicus (Clem.) A.H. Sm., North Amer. Species of Mycena: 472 (1947) = Hygrophorus acutoconicus (Clem.) A.H. Sm., North Amer. Species of Mycena: 472 (1947) f. acutoconicus

= Hygrophorus acutoconicus (Clem.) A.H. Sm., North Amer. Species of Mycena: 472 (1947) var. acutoconicus

= Hygrophorus aurantiolutescens (P.D. Orton) Dennis, Fungi of the Hebrides (Kew): 47 (1986)

= Hygrophorus conicus var. persistens Britzelm., Ber. naturw. Ver. Schwaben 30: 30 (1890) = Hygrophorus langei (Kühner) A. Pearson, Trans. Br. mycol. Soc. 35(2): 105 (1952) = Hygrophorus persistens (Britzelm.) Britzelm., Bot. Cbl. 54(4): 98 (1893)

= Hygrophorus rickenii Maire, Bull. trimest. Soc. mycol. Fr. 46: 220 (1930) = Mycena acutoconica Clem., Botanical Survey of Nebraska 2: 38 (1893)

= Prunulus acutoconicus (Clem.) Murrill, N. Amer. Fl. (New York) 9(5): 330 (1916)

Píleo 1,8 – 3,0cm de diâmetro, cônico, superfície lisa ou com poucas fibrilas, viscosa, brilhante, alaranjado (OAC 789); margem incurvada. Himenóforo formado por lamelas próximas, livres, 0,2cm de largura, creme (OAC 900) a branco; lamélulas presentes. Estipe 5,0 – 10cm de altura por 0,5 – 0,7cm de diâmetro, cilíndrico, fibriloso, de fácil separação, liso, laranja amarelado (OAC 852), geralmente branco na base. Anel ausente. Contexto membranoso, branco. Basidiósporos 11,6 – 12,7 x 5,8 – 8,1μm (Q = 1,63), elipsoide a oblongos, liso, hialino, parede levemente espessa; inamilóides em Melzer; apêndice hilar visível. Basídios 38,2 – 54,5 x 10,4 – 11,6μm, clavados, bi ou tetrasporados. Cistídios ausentes. Trama da lamela regular, levemente dextrinóide em Melzer. Fíbulas não observadas (Figura 28).

68 Hábito: Solitário, em solo arenoso e gramado.

Espécimes examinados: BRASIL, Paraíba, João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba,

Campus I, 7º08’S e 34º53’O, 11/Março/2011, Magnago, A.C. 266 (JPB 50678).

Distribuição geográfica: América: EUA, Grandes Antilhas e Martinique (CANTRELL & LODGED, 2000); Europa: Alemanha, Áustria, Dinamarca, Eslovênia, Espanha, Estônia, Finlândia, França, Irlanda do Sul, Islândia, Noruega, Reino Unido e Suécia (GBIF, http://data.gbif.org/species/3345237/). Este é o primeiro registro de Hygrocybe acutoconica var. acutoconica para o Brasil.

Comentários: Inicialmente, neste estudo, esse espécime foi identificado como H. conica, levando em consideração, principalmente, a coloração do basidioma e a forma dos esporos. Porém, baseado em Boertmann (1995), foi visto que, ao contrário do que acontece com H.

conica, os basidiomas desse táxon não reagiam tornando-se pretos.

Segundo Arora (1986), Hygrocybe acutoconica var. acutoconica assemelha-se ainda

H. lagei e H. aurantiolutescens. Atualmente, esses nomes são sinônimos do primeiro. H. cuspidata, antes conhecida como H. persistens, também é similar a H. acutoconica, mas tem

69 Figura 22 – Hygrocybe acutoconica var. acutoconica (Clem.) Singer. Hábito. Foto: Ariadne Furtado.

Figura 23 – Hygrocybe acutoconica var. acutoconica (Clem.) Singer. a. Basidiósporos. b. Basídios. (Escalas = 10µm).

70 MARASMICACEAE Roze ex Kühner 1980

Gênero tipo: Marasmius Fr.

Os representantes de Marasmiaceae apresentam um basidioma geralmente resistente a desidratação; píleo convexo a campanulado, frequentemente sulcados, vilosos ou com cerdas; himenóforo formado por lamelas geralmente livre, adnexas ou adnatas, até mesmo decurrentes; esporada branca, com basidiósporos elipsóides, cilíndricos ou clavados, hialinos, parede delgada, geralmente lisos, inamilóide em Melzer; estipe central ou excêntrico (raro), fino, flexível, resistente, cartilaginoso ou filamentoso (CANNON & KIRK, 2007). A família é considerada cosmopolita, com sua maior diversidade de espécies observada para os trópicos. Apresentam grande importância na ciclagem de nutrientes nos ecossistemas, são geralmente encontrados sobre a serrapilheira e galhos em diferentes graus de decomposição (ARORA, 1986).

Estudo moleculares utilizando regiões de seis genes, rpb1, rpb1-intron2, rpb2, 18S, 25S and 5.8S rRNA, demonstraram a monofilia de Marasmiaceae, com um suporte de valor significante (MANTHENY et al., 2006). Através de análises Bayesianas, Marasmiaceae aparece junta de Omphalotaceae, Cyphellaceae, Physalacriaceae, Lachnellaceae.

De acordo com estimativas de 2008, a família contém 1590 espécies distribuídas em 54 gênero (KIRK et al., 2008). Nesta classificação, a família Omphalotaceae, segregada de Tricholomataceae, encontra-se na circunscrição de Marasmiaceae, sendo considerada sinônimo. Gêneros antes inclusos em Omphalotaceae (Anthracophyllum, Gymnopus,

Lentinula, Marasmiellus, Mycetinis, Rhodocollybia e Omphalotus) agora são classificados em

Marasmiaceae.

Chave dicotômica para espécies da família Marasmiaceae da Mata Atlântica paraibana

1. Basidioma mais resistente, de porte médio, com píleo marrom, lamelas adnexas, brancas com margem enegrecida; basidiósporos com ornamentação equinulada...Dactylorporina steffenii 1’. Basidioma frágil, de pequeno porte, com píleo vináceo, lamelas livres, roxo

71 5.2.10 Dactylosporina steffenii (Rick) Dörfelt, Feddes Repert. Spec. Nov. Regni Veg. 96(3): 237 (1985) – Figura 29

= Oudemansiella steffenii (Rick) Singer, Lilloa 26: 66 (1954) [1953] = Tricholoma steffenii Rick, Brotéria, sér. bot. 24: 99 (1930)

= Xerula steffenii (Rick) Boekhout & Bas, Persoonia 13(1): 55 (1986)

Píleo 3,5 – 6,0cm de diâmetro, aplanado, depresso no centro, superfície lisa, marrom (OAC 730) no centro e (OAC 702) próximo à margem; margem involuta levemente sulcada. Himenóforo formado por lamelas próximas, adnexas, margem inteira, branca e escura na margem; lamélulas presentes. Estipe de 7,0 – 13cm de altura por 0,5cm de diâmetro, fibriloso, branco próximo ao himênio e marrom (OAC 752) próximo à base. Aproximadamente 5,0 - 6,0cm do estipe se encontra subterrâneo. Anel ausente. Basidiósporos 15,4 – 17,6 x 13,2 – 18,7µm com ornamentação (Q = 1,07), subglobosos, ornamentação equinulada, hialinos, parede espessa, inamilóides em Melzer. Basídio 48,3 – 53,9 x 12,1 – 14,3µm com esterigma, clavados, hialinos, parede ligeiramente espessada, bi a tetraesporados. Pleurocistídios 107,8 – 115,5 x 27,5 – 41,8µm, com ápice arredondado, fusóides a langeniformas, hialinos, parede levemente espessada, inamilóides em Melzer. Queilocistídios 47,3 – 73,7 x 12,2 – 19,8µm, clavados, hialinos, parede delgada, inamilóides em Melzer. Trama da lamela paralela a levemente irregular, hialina, com hifas de parede delgada (Figura 30).

Hábito: Solitário a gregário, terrestre.

Espécimes examinados: BRASIL, Paraíba, João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba,

Campus I, 7º08’S e 34º53’O, 29/Abril/2010, Furtado, A.N.M. 11 (JPB 50667); BRASIL,

Paraíba, João Pessoa, Jardim Botânico Benjamin Maranhão (Mata do Buraquinho), 12/Junho/2010, Magnago, A.C. 225 (JPB 50667).

Distribuição geográfica: Argentina, Bolivia, Costa Rica, Colombia, Mexico, Panamá e Venezuela. Para o Brasil, existem registros para Amazonas, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia e São Paulo (WARTCHOW et al., 2010). Este é

72 mais um registro de Dactylosporina steffenii para o Brasil e o primeiro para o Estado da Paraíba.

Comentários: Dactylosporina steffenii e D. macracantha são espécies muito próximas e Singer (1964) destaca que o caráter diferencial entre as duas é o comprimento dos espinhos que ornamentam seus basidiósporos, variando de 1,4 – 3,5μm na primeira, e 3,5 – 5,5μm em

D. macracantha. Neste trabalho, Singer enfatiza ainda a distribuição geográfica na separação

das duas espécies, com ambas ocorrendo na faixa tropical, mas com D. steffenii ocupando sozinha a zona subtropical em direção ao sul.

Ambas as espécies se diferenciam ainda pelo o tamanho do píleo, menor em D.

macracantha (< 1,5cm de diâmetro), e o estipe mais delgado e alongado do que em D. steffenii.

73 Figura 24 – Dactylosporina steffenii (Rick) Dörfelt. Hábito. Foto: Maria Alice Neves.

Figura 25 – Dactylosporina steffenii (Rick) Dörfelt. a. Basidiósporos. b. Queiloscistídios. c. Basídios. d. Pleurocistídios. (Escala = 10µm).

74 5.2.11 Marasmius haematocephalus (Mont.) Fr., Epicr. syst. mycol. (Upsaliae): 382 (1838) [1836-1838] – Figura 31

= Agaricus haematocephalus Mont., Annls Sci. Nat., Bot., sér. 2 8: 369 (1837)

= Chamaeceras haematocephalus (Mont.) Kuntze, Revis. gen. pl. (Leipzig) 3(2): 456 (1898)

Píleo 0,4 – 1,5cm de diâmetro, convexo a campanulado, centro liso a levemente umbonado, borda inteira a ondulada, superfície glabra, lisa, com aspecto velutino, não higrófana, vinácea (OAC 523); margem incurvada, sulcada. Himenóforo formado por lamelas livres, distantes (15 - 16 lamelas), roxo esbranquiçado (OAC 564); lamélulas ausentes. Estipe 3,0 - 5,0 x 0,1 – 0,2cm, central, circular, cilíndrico, oco, delgado, superfície lustrosa, glabra, lisa, consistência cartilaginosa, flexível, ápice amarelo esbranquiçado (OAC 816), meio roxo (OAC 503), base vinácea (OAC 523); micélio basal estrigoso, amarelo esbranquiçado (OAC 815), sem rizomorfos. Anel ausente. Contexto fino. Basidiósporos 13 – 20 x 3,5 – 5μm (Q = 3,7), fusóide, clavado, parede delgada, hialinos, lisos, inamilóides em Melzer. Basídio 28 – 33 x 7 – 8μm, tetrasporados, calvados. Queilocistídios 11 – 21 x 6 – 9μm em forma de vassouras, clavado, cilíndricos, parede levemente espessa. Pleurocistídio 35 – 63 x 7 – 13μm, subfusóide, clavado, subcilíndrico, muitas vezes rostrado, parede delgada, com conteúdo refratário. Pileipelis com equinídios do tipo Siccus, 9 – 18 x 5 – 10μm, clavado, piriforme, raramente cilíndricos, parede levemente espessada, projeções de 15 – 30μm, digitadas, estritamente cônico, parede espessada, até 8 x 1 (–1.5)μm de largura. Fíbulas presentes em todos os tecidos (Figura 32).

Hábito: Próximos, crescendo em serrapilheira.

Espécimes examinados: BRASIL, Paraíba, João Pessoa, Jardim Botânico Benjamin Maranhão (Mata do Buraquinho), 07º06’S e 34º52’O, 29/Abril/2010, Falcão, A.F. (JPB 48184).

Distribuição geográfica: África (SINGER, 1964; 1965); Argentina (SINGER, 1976; WRIGHT & WRIGHT, 2005); Austrália (SACCARDO, 1887); Bolívia (SINGER, 1965); Cuba (BERKELEY & CURTIS, 1868; SACCARDO, 1887); Indonésia (DESJARDIN et al., 2000); Madagascar (ANTONÍN & BUYCK, 2006); Malasia (TAN et al., 2007); Suriname

75 (BERKELEY & CURTIS, 1868); Thailândia (WANNATHES et al., 2009). Para o Brasil, temos registro para Amazonas (BERKELEY & CURTIS 1868), Bahia (CAPELARI et al., 2012), Minas Gerais (PEGLER, 1997), Rio Grande do Norte (OLIVEIRA, 2009), Paraíba (FALCÃO, 2011), Rio de Janeiro (CAPELARI et al., 2012), Rio Grande do Sul (SINGER, 1976; DRECHSLER-SANTOS et al., 2007), Rondonia (CAPELARI et al., 2012) e São Paulo (ROSA & CAPELARI, 2009).

Comentários: Marasmius haematocephalus é uma espécie facilmente identificável por ter o píleo sulcado com várias colorações de roxo (vermelho vináceo a vermelho amarronzado), lamelas distantes, estipe marrom a cor de fuligem na base, basidiósporos longos e delgados e pleurocistídios bem desenvolvidos. Espécie de distribuição pantropical a cosmopolita, sendo encontrada sobre folhas e gravetos (OLIVEIRA, 2009). Abundantes nos períodos chuvosos são de alta recorrência nas trilhas da área em estudo sendo encontrado todos os anos e sempre com grande quantidade de basidiomas.

Marasmius pallescens Murril é similar a M. haematocephalus, diferindo por possuir

76 Figura 26 - Marasmius haematocephalus (Mont.) Fr. Hábito. Foto: Ariadne Furtado.

Figura 27 - Marasmius haematocephalus (Mont.) Fr. a. Basidiósporos. b. Queilocistídios tipo

77 PHYSALACRIACEAE Corner 1970

Gênero tipo: Physalacria Peck

A família Physalacriaceae é caracterizada por apresentar basidiomas com estipe oco, central e curto, com superfície glabra ou pruinosa; basidiósporos com tamanhos variados, elipsóides, fusóides, cilíndricos, hialinos, parede delgada, lisos e inamilóides em Melzer. Sistema hifal monomítico, com fíbulas presentes, hifas gelatinizadas ou não. Os integrantes dessa família são colonizadores primários de madeira em decomposição e serrapilheira, e não apresentam habilidade competitiva em se proliferar em substratos fortemente colonizados ou apodrecidos.

As espécies de Physalacriaceae apresentam-se bem distribuídas no globo, embora sejam frequentemente encontradas na região dos trópicos, como no sudeste da Ásia e Australásia (Austrália e Nova Zelândia) (CANNON & KIRK, 2007).

Estudos moleculares feitos por Moncalvo et al. (2002) e Wilson & Desjardin (2005) sugeriram que Physalacria, anteriormente o único gênero, esteja relacionada com

Flammulina, Xerula, e possivelmente com Armillaria. Recentemente, Physalacriaceae, que

foi segregada de Tricholomataceae, é composta por 11 gêneros e 169 espécies (KIRK et al., 2008).

5.2.12 Oudemansiella cubensis (Berk. & M.A Curtis) R. H. Petersen. Nova Hedw. 137-283 (2010) – Figura 33

=Agaricus platensis Speg., Anal. Soc. cient. argent. 9: 161 (1880)

=Psalliota platensis (Speg.) Herter, Estudios Botanicos Region Uruguaya, III Florula

Uruguayensis Plantae Avasculares (Montevideo): 43 (1933)

Píleo 4,5 – 10cm de diâmetro, parabólico quando jovem a aplanado quando maduro, superfície viscosa, fundo liso com escamas marrons (OAC 841). Himenóforo formado por lamelas, adnexas, próximas (1,0cm de largura), branca; lamélulas presentes. Estipe 6,0 – 7,0cm de altura por 0,6 – 1,0cm de diâmetro, central, cilíndrico, base levemente bulbosa, superfície fibrilosa, branco brilhante. Anel ausente. Basidiósporos 17,4 – 19,72 x 16,24 – 19,72μm (Q = 1,01), lisos, hialinos, globosos, com apêndie hilar evidente, inamilóides em

78 Melzer. Basídios 37,1 – 40,6 x 9,2 – 12,7μm, claviformes, tetrasporados. Pleurocistídios 44 – 46,4 x 23,2 - 29μm, utriformes, inamilóide em Melzer. Queilocistídios não observados. Trama da lamela irregular, inamilóide em Melzer. Fíbulas não observadas (Figura 34).

Hábito: Sapróbio, crescendo em madeira em decomposição.

Espécimes examinados: BRASIL, Paraíba, João Pessoa, Universidade Federal da Paraíba,

Campus I, 7º08’S e 34º53’O, 12/Junho/2010, Magnago, A.C. 220 (JPB 50666); BRASIL,

Paraíba, João Pessoa, Jardim Botânico Benjamin Maranhão (Mata do Buraquinho), 07º06’S e 34º52’O, 1°/Maio/2010, Furtado, A.N.M. 160 (JPB 50654), Furtado, A.N.M 161 (JPB 50654).

Distribuição geográfica: Américas: Argentina, Equador (PETERSEN et al., 2008). Brasil: Goiás, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo (SOBESTIANSKY, 2005). O primeiro registro para o Estado da Paraíba foi feito por Magnago (2011), para região semiárida do estado.

Comentários: Apesar de ser conhecida como Oudemansiella platensis, esta espécie apresenta como epíteto mais antigo o “cubensis”, que foi adotado para se referir às espécies Neotropicais (PETERSEN et al., 2008).

Embora existam detalhes que auxiliam na identificação desta espécie, O. cubensis é muito semelhante a Oudemansiella canarii, distinguindo-se, principalmente, por sua distribuição geográfica, cuja a primeira é uma espécie tropical e subtropical do Novo Mundo, enquanto a segunda ocorre com frequência no Velho Mundo (PETERSEN et al., 2008).

79 Figura 28 – Oudemansiella cubensis (Berk. & M.A Curtis) R. H. Petersen. Hábito. Foto: Altielys C. Magnago.

Figura 29 – Oudemansiella cubensis (Berk. & M.A Curtis) R. H. Petersen. a. Basidiósporos. b. Pleurocistídios. c. Basídios. (Escala = 10µm).

80 PLUTEACEAE Roze 1876

Gênero tipo: Pluteus Fr.

Segundo Singer (1986), os representantes de Pluteaceae apresentam basidioma pluteóide, carnoso ou membranoso, com ampla diversidade de tamanhos; esporada rosada a rosa castanho-rosada; basidióporos lisos, cianofílicos, globosos a elipsóides ou subcilíndricos (raro), inamilóides em Melzer; himenóforo formado por lamelas livres ou raramente sublivres, rosadas; estipe central, bem desenvolvido; volva e anel presentes ou ausentes. Apresentam ampla distribuição mundial, podendo se desenvolver em solo, sobre madeira em decomposição, em húmus, raramente são micoparasitas, mas, nunca ectomicorrízicos (MENOLLI, 2009).

The Dictionary of the Fungi (KIRK et al., 2008) estima que existam cerca de 364

espécies nesta família. Singer (1986), e mais recentemente, Justo et al. (2011) tratam nesta família, além dos gêneros Volvariella, Pluteus e Chamaeota, Volvopluteus Vizzini, Contu & Justo.

Singer (1986) afirma que Pluteaceae é similar à Amanitaceae, diferindo principalmente por possuir basidiósporos com estrutura, forma e parede mais complexas, além de não ser ectomirrízica. Estudos moleculares têm demonstrado essa relação, que, apesar do baixo suporte, mostra essas famílias como grupo-irmãos e com origem monofilética (MONCALVO et al. 2000, 2002; MATHENY et al. 2006).

5.2.13 Volvariella gloiocephala (DC.) Boekhout & Enderle, Beitr. Kenntn. Pilze Mitteleur. 2: 78 (1986) – Figura 35

Documentos relacionados