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Para coleta dos espécimes fúngicos foram realizadas 16 expedições tanto ao JBBM como aos fragmentos de mata da UFPB, durante o período de agosto/2009 a março/2011. As saídas tiveram uma duração de duas a três horas por dia; após esse período foram realizados os estudos dos materiais em laboratório, como: análise sob microscópio óptico, identificação e entrada dos resultados em banco de dados. As coletas foram realizadas de acordo com metodologia modificada de Muller et al. (2004), cuja coleta foi feita com a utilização de um canivete para a retirada do material do substrato. Os fungos que cresciam em substratos mais rígidos foram retirados juntamente com parte do substrato para evitar danos na estrutura do fungo. No caso de fungos crescendo no solo, o substrato foi cavado ao redor do fungo para evitar que a base fosse cortada ou danificada. Os espécimes, quando coletados, foram acondicionados em caixas compartimentalizadas a fim de evitar o contato entre os basidiomas, e o desgaste dos mesmos. De cada basidioma foi retirada uma porção do contexto que foi acondicionada em tubos de polietileno/polipropileno de 2ml contendo sílica, para desidratação lenta, permitindo sua utilização em estudos futuros de biologa molecular. A amostragem foi feita com coletas aleatórias pelas trilhas que apresentavam condições favoráveis ao desenvolvimento dos basidiomas. Foi feito o registro das coordenadas geográficas através de um Global Position System (GPS). Os dados sobre a pluviosidade (Tabela 1) foram obtidos através da AESA.

34 Tabela 1 – Índice pluviométrico da cidade de João Pessoa durante os meses de coleta.

Mês/Ano Índice Pluviométrico (mm) Cidade Estado

Agosto - Dezembro/2009 268,86 João Pessoa Paraíba

Janeiro - Dezembro/2010 1.142,92 João Pessoa Paraíba

Janeiro - Março/2011 141,66 João Pessoa Paraíba

Depois de descritos macroscopicamente, os espécimes foram desidratados em uma secadora de frutas (Total Chef TCFD-05 Deluxe), que permite a circulação do ar, a uma temperatura de aproximandamente 50°C, onde permaneceram cerca de 24 horas, até sua completa desidratação. Depois de desidratados, os espécimes foram acondicionados em sacos plásticos com etiquetas que continham dados do coletor, e foram levados ao freezer, onde passaram o período de sete dias, até completa eliminação de eventuais larvas e ovo que resistiram à desidratação. Passado esse período, os basidiomas foram analisados, identificados e incorporados à coleção do Herbário Lauro Pires Xavier (JPB), na Universidade Federal da Paraíba.

4.4 Taxonomia

4.4.1 Características Macroscópicas

As descrições macroscópicas dos espécimes foram feitas com o basidioma ainda fresco, logo após as coletas, seguindo as metodologias tradicionais em micologia (LARGENT, 1986). As observações foram feitas com auxílio de lupas e/ou a olho nu. As anotações sobre coloração das estruturas foram feitas a partir do guia de cores Online Auction

Color Chart (KRAMER, 2004) e Atlas de los Colores (KÜPPERS, 1979).

Foram feitas anotações sobre dados ecológicos, como o hábito (solitário, gregário, cespitoso), o substrato (solo, madeira, húmus, serrapilheira), a altitude e umidade do local de

35 coleta, dados florísticos relacionados às espécies de plantas perto do local de coleta. Sobre os espécimes, foram feitas observações que incluíram: a) Píleo: forma, tamanho (diâmetro), superfície, coloração e contexto; b) Himenóforo: tamanho (diâmetro), tipo (poróide ou lamelar), inserção e distância entre as lamelas (quando presentes), presença ou ausência de lamélulas, coloração; c) Estipe: tamanho (comprimento x largura), superfície, contexto, coloração, presença ou não de rizomorfas; d) Apresenta anel ou cortina: duração, forma, superfície, coloração, localização; e) Apresenta volva: forma e coloração; f) Esporada: coloração (Figura 6); g) Alteração de cor.

Figura 5 - Esporada de Leucopaxillus gracillimus. Foto: Ariadne Furtado.

4.4.2 Características Microscópicas

As descrições microscópicas foram feitas utilizando a metodologia de Largent et al. (1977), para a qual foi feita a retirada de uma lamela ou poro de cada basidioma, dos quais foram feitos cortes transversais à mão livre, com auxílio de lâminas de aço para barbear descartáveis e estereomicroscópios. A partir disto foi feita a montagem de lâminas de curta duração. Os cortes foram tratados com uma solução aquosa de hidróxido de potássio (KOH) a 3%, para reidratar as microestruturas, e com reagente de Melzer, cuja base é iodo, e permite observar a reação da parede celular das microestruturas – caso a parede adquira tons azulados

36 ou enegrecidos, reação amilóide; caso adquira a coloração castanha avermelha, dextrinóide; e caso não haja algumas modificação na tonalidade, é caracterizado como inamilóide (não houve reação) (LARGENT et al., 1977).

As estruturas microscópicas foram observadas e medidas ao microscópico óptico (OLYMPUS BX41), com auxílio de uma régua micrométrica acoplada a ocular, na objetiva de imersão (100x), alcançando o aumento total de 1000 vezes, e com o fator de correção de 1,16. Foram feitas observações que incluíram: a) Trama da lamela: tipo; b) Basídios: tamanho, forma, posição e reação ao Melzer; c) Cistídios: tamanho, forma, posição (pleuro ou queilocistídios) e reação ao Melzer; d) Basidiósporos: tamanho, forma, superfície, espessura da parede, reação ao Melzer, coloração, presença de poro de germinação apical, presença de

plage, presença de apêndice hilar. Para cada estrutura, foram feitas até 20 medições, a

depender da abundância dos elementos. Foi ainda feito, para os basidiósporos, a razão do comprimento pela largura destes, gerando o quociente (Q), que pode, muitas vezes, indicar a forma dos esporos (LARGENT et al., 1977).

As ilustrações das microestruturas foram feitas no programa CorelDraw X7, a partir de fotografias realizadas ao microscópio óptico, sempre respeitando a escala de tamanho das estruturas.

4.4.3 Identificação Taxonômica

A identificação taxonômica dos espécimes coletados durante a realização deste trabalho foi feita a partir da utilização de chaves dicotômicas e literatura especializada para os diversos grupos, seguindo a nomeclatura mais atual dentro do Reino Fungi, e que encontra-se disponível no Index Fungorum (www.indexfungorum.org).

37 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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