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CAPÍTULO 3. GEOLOGIA LOCAL E PETROGRAFIA

3.3. Amarantina

As metaultramáficas se localizam na região de Amarantina, no município de Ouro Preto (Figura 3.1). Estes litotipos possuem olivina, ortopiroxênio e espinélio preservados e são uma ocorrência impar no Complexo do Bação, QF (Figura 3.2). Segundo Martins (1999) as

 

metaultramáficas estão rodeadas pelo Gnaisse Amarantina, entretanto sua relação de contato não foi observada em campo.

Lamim

Itaverava

Lagoa Dourada

Queluzito

Entre Rios de Minas

Casa Grande Ouro Preto Mariana Barra Longa Piranga Ouro Branco Itabirito

Santa Bárbara Catas Altas

Alvinópolis 0 1 2 4 km 0 1 2 4 km 0 1 2 4 km 44°30’W 44°20’W 20°10’S 20°10’S GB-RM-1 SPF Rio Manso Itaguara Itatiaiuçu Brumadinho Bonfim Crucilândia 0 1 2 4 km 43°40’W 43°20’W 20°30’S 20°10’S

Catas Altas da Noruega

44°00’W 44°50’W 20°50’S 43°28’W 43°26’W 20°46’S 20°44’S N Convenções Cartográficas

Localização amostras Limite dos municípios Sede dos municípios

GB-AM-6 GB-AM-3 GB-AM-2 GB-AM-1 TG-37 PAC GB-QE-4 GB-QE-1A GB-QE-5 GB-LD-60 GB-LD-62 HJ-LAM2HJ-LAM1 HJ-SO GB-LA-33 GB-LA-32 GB-LA-25 GB-LA-24 GB-LA-37 GB-LA-39A GB-LA-38B GB-LA-39B GB-LA-38A

Figura 3.1- Mapa de localização dos litotipos estudados.

Os corpos metaultramáficos foram encontrados em 4 pontos, fora da área urbana de Amarantina, são eles o metaperidotito (GB-AM-1), tremolita-clorita-serpentina granofels (GB-AM-2), espinélio metaperidotito (GB-AM-3) e metaperidotido (GB-AM-6). Os dois primeiros pontos, (GB- AM-1 e GB-AM-2) estão a sudoeste da BR-356, enquanto que os afloramentos (GB-AM-3 e GB-AM-

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6) estão a nordeste da BR-356 e são acessados por estradas de chão. A distância entre os corpos é de cerca de 2 km. GB-AM-6 GB-AM-3 GB-AM-1 GB-AM-2 Convenções Cartográficas Rio Maracujá Corrego do Riacho BR-356 43°43’W 43°42’W 20°19’S Localização amostras Corpo metaultramáfico Rodovia Federal Estradas sem pavimentação Drenagens

Área Urbana Amarantina

500 m 250 0 GB-AM-6 GB-AM-3 GB-AM-1 GB-AM-2 10 km 5 0 N 43°50’W 43°40’W 43°40’S BR-356

Figura 3.2- Localização dos afloramentos na região de Amarantina. GB-AM-1 e GB-AM-6: metaperidotito; GB-AM-2: tremolita-clorita-serpentina granofels; GB-AM-3: espinélio metaperidotito.

Os afloramentos são formados por blocos de metros a decâmetros (Figura 3.3 A, C e D), possuem coloração em tons de verde e cinza, granulação variando de fina a média, são maciços e alguns estão dobrados (Figura 3.3 E e F). Pela distribuição dos afloramentos na área estima-se que este corpo tenha uma dimensão de pelo menos 500m2.

Além de metaultramáficas parcialmente preservadas do metamorfismo, nesta área existem ocorrências de esteatitos, serpentinitos e gnaisses (Figura 3.3 B) que se encontram em estágio avançado de alteração intempérica, impossibilitando a coleta de amostras para estudo. A composição modal das amostras estudadas encontra-se na Tabela 3.1.

Metaperidotito (GB-AM-1)

O metaperidotito (GB-AM-1) possui até 20% em volume de olivina que ocorre em grãos maiores distribuídos em matriz fina composta por clinoanfibólio, serpentina, clorita, talco, magnetita e ilmenita. Os grãos de olivina, são arredondados e anédricos, medem cerca de 0,8mm e possuem alteração nas fraturas e bordas para serpentina e talco. A fórmula estrutural média da olivina, obtida

 

por meio de análises de microssonda, é Mg1,6Fe0,4Si0,99 O4 (ver capítulo 4), com 80% do componente

forsterita.

Figura 3.3- A- Afloramento do metaperidotito (GB-AM-6). B- Afloramento do gnaisse intemperizado próximo ao ponto (GB-AM1). C- Afloramento do espinélio metaperidotito (GB-AM-3) D- Afloramento do tremolita- clorita-serpentina granofels (GB-AM-2). E- Amostra de mão do metaperidotito (GB-AM-6) dobrado. F- Amostra de mão do metaperidotito (GB-AM-1).

O clinoanfibólio apresenta-se em cristais prismáticos e incolores, constitui cerca de 50%, foi identificado por MSE e MEV-EDS como magnésio-hornblenda.

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O restante da rocha é formado por clorita, talco e opacos, que foram identificados por MVE/EDS como magnetita.

Tremolita-clorita-serpentina granofels (GB-AM-2)

O tremolita-clorita-serpentina granofels (GB-AM-2), encontra-se acerca de 200m do metaperidotito (GB-AM-1). Embora não apresente minerais ígneos preservados, é provável, pela proximidade, que seja produto do metamorfismo do metaperidotito.

A microestrutura é decussada decorrente das palhetas desorientadas de serpentina, clorita e talco. A tremolita (15%) ocorre em cristais incolores e prismáticos. Serpentina é o mineral mais abundante (55%), ocorre em palhetas finas sem orientação preferencial. Clorita (20%), ocorre em palhetas incolores, com cor de polarização baixa. Talco (5%) e Cr-magnetita (5%) compõe o restante da rocha.

Espinélio metaperidotito (GB-AM-3)

O espinélio metaperidotito(GB-AM-3) possui minerais ígneos como olivina, ortopiroxênio e espinélio, que somam até 30% do volume da rocha, e proporções variáveis de minerais metamórficos como tremolita, serpentina, clorita, talco e opacos que juntos constituem os restantes 70% da rocha.

Olivina aparece em cristais anédricos de até 0,8mm, com alteração para talco e serpentina. A fórmula estrutural média da olivina, obtida por meio de análises de MSE é Mg1,7Fe0,3 Si0,99 O4 (Ver

capítulo 4) correspondente a cerca de 85% do componente forsterita.

Ortopiroxênio é incolor, raramente é observada a sua clivagem, o que torna difícil a separação de olivina. A fórmula estrutural é Ca0,33(Mg1,71Fe0,29)Si1,97O6, isto é, com En 85 (ver capítulo 4),

encontra-se substituído parcialmente por talco, serpentina e tremolita, gerados por reações metamórficas em condições da fácies xisto verde.

Espinélio ocorre em grãos anédricos medindo cerca de 0,2mm, de cor verde-escura e encontra- se sempre rodeado por clorita. A sua fórmula estrutural média é (Mg0,65Fe0,35)Cr0,1Al1,9O4 (ver capítulo

4), o que corresponde a uma composição intermediária entre espinélio s.s. e hercinita, sendo, portanto, classificado como pleonasto.

O clinoanfibólio é incolor e foi classificado como tremolita. Apresenta cores de polarização até início da 2a ordem, ocorre em cristais prismáticos delgados de até 0,5mm. As seções basais apresentam típica clivagem dos anfibólios.

 

Serpentina, clorita e talco são incolores, ocorrem disseminados pela lâmina e apresentam granulação fina a média. Os opacos encontrados são ilmenita, Cr-magnetita e os raros antimonietos e antimonioarsenietos breithauptita e arita, identificados por MEV-EDS e MSE (ver capítulo 4).

Metaperidotito (GB-AM-6)

O metaperidotito(GB-AM-6) apresenta cerca de 30% de olivina, que ocorre em grãos maiores distribuídos em matriz fina composta por tremolita, serpentina, clorita, talco e opacos.

Olivina apresenta-se parcialmente alterada, em geral os grãos estão envoltos por massa fibrosa formada por serpentina, menos frequente observa-se clorita e talco. Os grãos chegam a 0,5mm. A porcentagem de Fo é 87% e sua fórmula estrutural é Mg1,7Fe0,3Si0,99O4 (ver capítulo 4).

Localmente verifica-se que a rocha apresenta-se bandada e dobrada, conforme mostram as figuras 3.3, 3.4 C, 3.5 e 3.6. O bandamento mineralógico é dado pela alternância de bandas onde olivina está preservada com bandas ricas em minerais metamórficos como serpentinas, cloritas, talco ou tremolita. É provável que as bandas ricas nestes minerais metamórficos ricos em oxidrila tenham sido formadas no processo metamórfico de grau baixo em consequência da infiltração do fluido aquoso em descontinuidades como fraturas ou falhas em arranjos paralelos. Na figura 3.5 tem-se a impressão de que os cristais de olivina estão dobrados, o que, no entanto, só ocorreria em altas condições de pressão e temperatura. A ausência de extinção ondulante mostra que os grãos de olivina não estão deformados. Interpreta-se esta estrutura dobrada como sendo resultante da deformação da rocha que já possuía o bandamento. Como filossilicatos são muito dúcteis, o deslizamento para gerar a dobra concentrou-se nas bandas ricas nestes minerais.

Os opacos foram classificados por MSE e MEV-EDS como ilmenita, magnetita, Cr-magnetita, pirita, pentlandita, breithauptita e arita.

Tabela 3.1- Composição modal dos litotipos de Amarantina (% volumétrica). Esp espinélio, Ol

olivina, Opx ortopiroxênio, Tr tremolita, Srp serpentina, Chl clorita, Tlc talco, Op opacos.

Amostra Litotipo Esp Ol Opx Tr Hbl Srp Chl Tlc Op

GB-AM-1 Metaperidotito - 20 - - 50 15 10 2 3

GB-AM-2 Tremolita-clorita-serpentina

granofels - - - 15 - 55 20 5 5

GB-AM-3 Espinélio metaperidotito 7 15 5 33 - 10 5 20 5

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Figura 3.4- Fotomicrografias dos litotipos de Amarantina. A – Espinélio metaperidotito (GB-AM-3) luz polarizada plana. B- Idem, luz polarizada cruzada. C – Metaperidotito (GB-AM-6) mostrando bandamento dobrado. D - Espinélio metaperidotito (GB-AM-3) luz polarizada cruzada. Chl clorita, Spl espinélio, ol olivina.

 

 

Fotomicrografia

Fotomicrografia

A

C

B

500 µm

A

500 µm 500 µm

B

C

Figura 3.6– Fotomicrografias do metaperidotito (GB-AM-6) em diferentes cortes conforme

mostrados no desenho esquemático.

3.4 LAMIM

Na região de Lamim, Silva (1997) descreveu três litotipos, a saber, ortognaisses com composição granítica, metamáficas anfibolíticas e metaultramáficas incluindo metalherzolitos, serpentinitos e esteatitos. As rochas metamáficas e metaultramáficas são consideradas como pertencentes ao Grupo Nova Lima, base do greenstone belt Rio das Velhas (Jordt-Evangelista & Silva 2005).

As rochas metaultramáficas ocorrem na porção norte e centro-leste do município de Lamim (Figura 3.1). Foram descritos sete litotipos: metaperidotito, antofilita-tremolita-clorita granofels ± serpentina, tremolitito, clorita xisto, serpentinito e esteatito que se encontram localizados em três regiões de lamim, sendo a mais ao sul (Figura 3.7) composta apenas por metaperidotito, constituindo um corpo de aproximadamente 1km. Os outros dois corpos são formados por litotipos variados.

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Os afloramentos apresentam-se em grande parte na forma de blocos maciços, as relações de contato com as encaixantes não puderam ser observadas (Fig. 3.8-A e B).

A composição modal dos litotipos amostrados encontra-se na Tabela 3.2.

BR-482GB-LA-49AGB-LA-49B GB-LA-44 GB-LA-47 GB-LA-48 GB-LA-37 GB-LA-39A GB-LA-39B GB-LA-33 GB-LA-32 Convenções Cartográficas Localização amostras Rodovia Federal Estradas sem pavimentação Drenagens

N

2 km 1 0 43°28’W 43°26’W 20°44’S 20°46’S ME-14 HJ-LAM1 HJ-LAM2 HJ-SO GB-LA-38A GB-LA-38B GB-LA-25 GB-LA-24 MG-132 Rodovia Estadual Rio Piranga

Figura 3.7– Localização dos afloramentos amostrados na região de Lamim. GB-LA-24, GB-LA-25, GB-LA-32, GB-LA-33, HJ-LAM1, HJ-LAM2 e HJ-SO: metaperidotito. GB-LA-39A: antofilita-clorita-tremolita granofels. GB-LA-49A: antofilita-serpentina-tremolita-clorita granofels. GB-LA-37, GB-LA-47: tremolitito. GB-LA-38A e GB-LA-39B: clorita xisto. GB-LA-38B e GB-LA-48: serpentinito. GB-LA-44, GB-LA-49B e ME-14: esteatito.

Metaperidotito

Afloramentos de metaperidotito ocorrem na parte centro-leste do município de Lamim (Figura 3.1). A rocha é composta essencialmente por anfibólios (30 a 70% em volume), olivina (15 a 25%) e o restante de clorita, serpentina e talco, que são secundários.

Olivina ocorre em grãos anédricos a subédricos de até 5 mm de diâmetro, com alteração de em serpentina e clorita nas fraturas irregulares. Cristais relativamente grandes de tremolita envolvem diversos grãos menores de olivina de modo poiquilítico (Fig.3.9 A e B). A fórmula estrutural

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apresentada pela amostra GB-LA-33 é (Mg 1,5 Fe 0,5) Si1,0 O4 com 77% de forsterita (capítulo 4).

Figura 3.8– A - Vista geral dos afloramentos de rochas metaultramáficas na região central de Lamim. B – Metaperidotito (GB-LA-33). C – Metaperidotito (GB-LA-24). D – Serpentinito (GB-LA-48) E – Pedreira de esteatito (GB-LA-44). F – Amostra de mão de clorita xisto (GB-LA-39A).

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cristais com inclusões de olivina, também aparece intercrescida com antofilita ou com envoltório fibroso desta (Fig. 3.9-C), como já havia sido descrito por Jordt-Evangelista & Silva (2005).

Clorita apresenta-se em palhetas finas e de cor verde muito pálido, com cor de polarização cinza-acastanhada e alto teor de Mg.

Serpentina ocorre em palhetas finas e incolores (5 a 40% em volume) preenchendo fraturas de olivina.

Os minerais opacos foram identificados como Cr-magnetita, ilmenita e pentlandita, caracterizados por MEV-EDS e MSE (capítulo 4).

A textura do olivina-antofilita-tremolita granofels é semelhante à cumulus, com inclusão de vários grãos de olivina em um único cristal de tremolita. Como tremolita não se forma primariamente em magmas ultramáficos, é possível que se trate de pseudomorfoses sobre o piroxênio intercumulus original. Como tremolita é calciomagnesiana, é provável que o piroxênio original também fosse rico em Ca e Mg, isto é tratava-se de um clinopiroxênio do tipo diopsídio/augita. Este litotipo é o mais preservado da região de Lamim e sugere-se que ele seja o protólito das metaultramáficas como serpentinitos e esteatitos. Como originalmente a rocha possuía olivina e, provavelmente, clinopiroxênio, o ultramafito original se classifica como lherzolito, conforme já discutido por Jordt- Evangelista & Silva (2005).

Antofilita-tremolita-clorita granofels ± serpentina

O antofilita-clorita-tremolita granofels (GB-LA-39A) é composto essencialmente por clinoanfibólio tremolita (40% em volume), ortoanfibólio antofilita (15%) e clorita (20%). Serpentina (10%), talco (10%) e opaco (5%) perfazem o restante.

Os anfibólios apresentam-se em grãos finos, incolores e com textura decussada. A clorita ocorre disseminada e em veios, apresenta-se incolor a fracamente esverdeada.

O opaco que foi identificado como magnetita (5%), ocorre em grãos xenoblásticos e disseminados na lâmina.

O antofilita-serpentina-tremolita-clorita granofels (GB-LA-49B) é constituído por clorita (40%), tremolita (15%), serpentina (15%) e antofilita (15%).

Os anfibólios (Figura 3.9 D) apresentam-se em grãos finos, incolores e com textura decussada. A serpentina é incolor e possui cor de interferência baixa. A clorita aparece incolor a fracamente esverdeada, em palhetas finas com cor de polarização baixa.

26 O restante da rocha é constituído por talco e magnetita.

Tremolitito

O tremolitito (GB-LA-37, GB-LA-47) é composto por tremolita (90 a 95%) e clorita (9 a 4%), com a presença de finos opacos (1%). A tremolita é incolor, apresenta granulação fina e textura decussada.

Tabela 3.2- Composição modal dos litotipos de Lamim (% volumétrica). Ol olivina, Ant antofilita, Tr

tremolita, Srp serpentina, Chl clorita, Tlc talco, Op opacos.

Amostra Litotipo Ol Ant Tr Srp Chl Tlc Cb Op

GB-LA-24 Metaperidotito 15 15 25 15 27 1 1 1 GB-LA-25 Metaperidotito 10 15 18 34 20 1 1 1 GB-LA-32 Metaperidotito 10 15 20 30 20 1 3 1 GB-LA-33 Metaperidotito 15 20 48 5 8 1 2 1 HJ-LAM1 Metaperidotito 15 25 30 5 15 4 5 1 HJ-LAM2 Metaperidotito 20 15 25 5 20 6 8 1 HJ-SO Metaperidotito 25 15 15 15 20 4 4 2

GB-LA-39A Antofilita- clorita-

tremolita granofels - 15 40 10 20 10 - 5 GB-LA-49A Antofilita-serpentina-

tremolita-clorita granofels - 15 15 15 40 10 - 5

GB-LA-37 Tremolitito - - 90 - 9 - - 1

GB-LA-47 Tremolitito - - 95 - 4 - - 1

GB-LA-38A Clorita xisto - - - - 94 - - 6

GB-LA-39B Clorita xisto - - - - 90 - - 10

GB-LA-38B Serpentinito - - - 80 - 19 - 1

GB-LA-48 Serpentinito - - - 75 - 24 - 1

GB-LA-44 Esteatito - - - 13 7 75 4 1

GB-LA-49B Esteatito - - - 5 7 82 3 3

ME-14 Esteatito - - - 15 4 75 5 1

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composição mineralógica não muda muito nas diferentes amostras, variando apenas as proporções de seus constituintes.

Clorita Xisto

O clorita xisto (GB-LA-38A, GB-LA-49A) possui granulação fina a média com textura lepidoblástica e é composto principalmente por clorita (90 a 94%). A clorita é incolor com aspecto feltroso e cor de polarização cinza. Os minerais opacos são ilmenita e magnetita. A última ocorre em grãos idioblásticos a subidioblásticos, apresentando seções quadradas e triangulares e chama atenção pela quantidade (6 a 10%) e pelo tamanho dos grãos, com até 1,5mm.

Figura 3.9- Fotomicrografias dos litotipos de Lamim. A – Metaperidotito GB-LA-33: grãos de olivina (Ol) inclusos de modo poiquilítico em tremolita (Tr), luz polarizada plana. B - Idem, luz polarizada cruzada. C - Antofilita-clorita-tremolita granofels (GB-LA-39A): tremolita com sobrecrescimento de antofilita, luz polarizada cruzada. D - Antofilita-serpentina-tremolita-clorita granofels (GB-LA-49B): grãos de antofilita (Ant) e tremolita (Tr), luz polarizada cruzada.

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O serpentinito (GB-LA-38B, GB-LA-48) é composto principalmente por serpentina (75 a 80%), esse litotipo apresenta textura decussada e granulação fina a média. A serpentina é incolor, com cor de polarização cinza de 1a ordem, suas finas palhetas ocorrem sem orientação preferencial. O talco

perfaz cerca de 20 a 25% e possui granulação média.

Esteatito

O esteatito (GB-LA-44, GB-LA-49B, ME-14) aparece associado ao serpentinito e ocorrem transições entre estes dois tipos petrográficos. Este litotipo apresenta textura decussada e granulação fina a média. É composto predominantemente por talco (75 a 82%), em proporções menores ocorrem serpentina (5 a 15%), clorita (4 a 7%), carbonato (3 a 5%), e opacos (1 a 3%).

3.5 QUELUZITO

Segundo Braga (2006) as rochas metaultramáficas do município de Queluzito estão rodeadas pelo tonalito Campo Belo, entretanto a relação de contato dessas rochas não foi observada em campo.

Os diversos litotipos metaultramáficos se localizam a sudoeste e nordeste da cidade de Queluzito (Figura 3.10) e ocorrem afloramentos, blocos soltos e in situ que se distribuem, no ponto GB-QE-4, por área de cerca de 300m (Figura 3.11). As rochas são maciças, não apresentam foliação, possuem granulação fina a média e coloração em tons de cinza.

A composição modal dos litotipos amostrados encontra-se na Tabela 3.3.

Antofilita-actinolita-clorita granofels

O antofilita-actinolita-clorita granofels (GB-QE-1A) é composto principalmente por ortoanfibólio e clinoanfibólio identificados por MEV-EDS como antofilita (15%) e actinolita (35%). A antofilita é incolor e os cristais são prismáticos. A actinolita é fracamente esverdeada a incolor, ocorre em cristais prismáticos, aparece intercrescida com antofilita ou com envoltório fibroso desta (Figura 3.12 A e B). Em menores proporções aparecem clorita, serpentina, carbonatos e opacos identificados como magnetita, que juntos, perfazem cerca de 50% em volume da rocha.

Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.68, 87p. 29 GB-QE-4 GB-QE-1A GB-QE-5 Rio Paraopeba Rio da Prata Convenções Cartográficas Localização amostras Estradas sem pavimentação Drenagens

Área Urbana Queluzito N 1 km 0,5 0 43°55’W 43°54’W 20°44’S 20°43’S Estradas pavimentadas

Figura 3.10– Localização dos afloramentos na região de Queluzito. GB-QE-1A: antofilia-actinolita-clorita granofels. GB-QE-4: antofilita-clorita-hornblenda granofels, GB-QE-5: metaperidotito.

Antofilita-clorita-hornblenda granofels

O antofilita-clorita-hornblenda granofels (GB-QE-4) é constituído principalmente por hornblenda (30%), clorita (25%) e antofilita (20%). A hornblenda é fracamente colorida a incolor e foi caracterizada por MEV-EDS (capítulo 4) como magnésio hornblenda.

O talco (15%) constitui pseudomorfos provavelmente de olivina e aparecem rodeados por hornblenda (Figura 3.12 C e D).

O restante da rocha é formado por carbonatos, serpentina e opacos caracterizados como magnetita.

Metaperidotido

O metaperidotito (GB-QE-5) é composto principalmente por ortoanfibólio e olivina. A rocha apresenta porfiroblastos de olivina em matriz fina com textura decussada.

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também se observa que houve crescimento da antofilita à custa de olivina (Figura 3.12 E e F).

O ortonfibólio (57%) encontrado foi identificado por MSE como antofilita. Esta é incolor, ocorre em cristais prismáticos e delgados e com granulação fina.

O restante da rocha é formado por talco, clorita, serpentina e opacos. Os minerais opacos formam uma poeira e estão disseminados. Por MSE foram identificados como ilmenita, magnetita, cromita e pentlandita.

D A

C

B

Figura 3.11– A – Blocos de antofilita-clorita-hornblenda granofels (GB-QE-4). B – Idem. C – Afloramento de antofilita-actinolita-clorita granofels (GB-QE-1A). D – Afloramento de metaperidotito (GB-QE-5).

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Figura 3.12– Fotomicrografias dos litotipos de Queluzito. A – Actinolita intercrescida com antofilita no antofilita-actinolita-clorita granofels (GB-QE-1A), luz polarizada plana. B – Idem A luz polarizada cruzada. C – Pseudomorfos de olivina substituídos por talco e rodeados por hornblenda no antofilita-clorita-hornblenda granofels (GB-QE-4), luz polarizada plana. D – Idem C, luz polarizada cruzada. E – Olivina no metaperidotito (GB-QE-5), luz polarizada plana. F – Idem E, luz polarizada cruzada. Act actinolita, Ant antofilita, Hbl hornblenda, Ol olivina.

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Tabela 3.3- Composição modal dos litotipos de Queluzito (% volumétrica) Ol olivina, Ant antofilita,

Act actinolita, Hbl hornblenda, Srp serpentina, Chl clorita, Tlc talco, Op opacos.

Amostra Litotipo Ol Ant Act Hbl Srp Chl Tlc Cb Op

GB-QE-1A Antofilita-actinolita-clorita

granofels - 15 35 - 2 45 - 1 2

GB-QE-4 Antofilita-clorita -hornblenda

granofels - 20 - 30 2 25 15 5 3

GB-QE-5 Metaperidotito 20 45 - - 2 20 12 - 1

3.6 MARIANA

No município de Mariana há inúmeras pedreiras de pedra sabão em explotação, mas somente duas ocorrências foram selecionadas para estudo. São elas o metaperidotito (TG-37) e o antofilita- clotita-carbonato-talco xisto (OPMR-4), a primeira foi escolhida por ser a única até então encontrada que ainda preserva olivina e a segunda foi escolhida para comparação.

O metaperidotito ocorre no município de Mariana, acerca de 10 km a sudeste de Padre Viegas, próximo ao reservatório da Usina Hidroelétrica da Fumaça. De acordo com Santos e Mota (2010), nesta região há inúmeros corpos de metaultramáficas do tipo esteatito, no entanto somente no corpo estudado ainda se encontra olivina parcialmente preservada do metamorfismo. O antofilita-clorita- carbonato-talco xisto ocorre em corte na rodovia MG-262 entre Mariana e Ponte Nova, acerca de 7 km da entrada de Padre Viegas.

As metaultramáficas estão rodeadas por gnaisse que pertence ao Complexo Mantiqueira. O corpo de antofilita-clorita-carbonato-talco xisto tem aproximadamente 50 metros de largura observa-se alternância de gnaisse bandado saprolitizado, anfibolito e antofilita-clotita-carbonato-talco xisto. O gnaisse pertence ao Complexo Mantiqueira e as litologias metaultramáfica e máfica, ao Supergrupo Rio das Velhas.

A composição modal dos litotipos amostrados encontra-se na Tabela 3.4.

Metaperidotito

Este metaperidotito tem granulação média, é composto por olivina (10%), ortoanfibólio (10%) e clinoanfibólio (15%), o restante compõe uma matriz fina formada por talco, clorita, carbonato e opacos. Olivina aparece em cristais subédricos a anédricos, fraturados e parcialmente alterados para

Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.68, 87p.

33 anfibólios e clorita (Fig. 3.13 A e B).

Os anfibólios são incolores, ocorrem em prismas delgados que não possuem orientação preferencial e seu relevo é menor que a da olivina. Orto- e clinoanfibólios são separados pelos diferentes ângulos de extinção.

Clorita (20%) é levemente esverdeada, com cores de polarização baixas. Talco (30%) é incolor e apresenta-se em palhetas finas sem orientação preferencial. Carbonato (5%) e opacos (5%) compõe o restante. Os opacos são xenoblásticos a subidioblásticos e inequigranulares.

Antofilita-clorita-carbonato-talco xisto

O antofilita-clorita-carbonato-talco xisto (OPMR-4) é inequigranular, observa-se textura porfiroblástica e matriz lepidoblástica.

Antofilita (10%) ocorre na forma de porfiroblastos sem orientação preferencial, em uma matriz fina foliada, composta por talco, clorita, carbonatos e opacos. Os cristais de antofilita aparecem na forma de prismas delgados a aciculares, são discordantes da foliação e, portanto pós-cinemáticos (Figura 3.13 C e D).

A matriz é composta por finos grãos de clorita, talco carbonato e opacos. Clorita (15%) é incolor, possui cores de polarização baixas, acinzentadas, as palhetas estão orientadas segundo a foliação assim como as palhetas de talco (40%). Os opacos são finos e estão disseminados.

500 µm Ol Ol Ant Ant 500 µm 500 µm 500 µm A B C D

Figura 3.13– Fotomicrografias dos litotipos de Mariana. A – Metaperidotito (TG-37) com olivina rodeada por anfibólios e clorita, luz polarizada plana. B – Idem A, luz polarizada cruzada. C - Antofilita-clorita-carbonato- talco xisto (OPMR-4) com porfiroblastos pós-cinemáticos de antofilita em matriz fina formada por clorita, talco e carbonato, luz polarizada plana. D – Idem C, luz polarizada cruzada.

Tabela 3.4- Composição modal dos litotipos de Mariana (% volumétrica). Ol olivina, Oam

ortoanfibólio, Ant antofilita, Cam clinoanfibólio, Tr tremolita, Srp serpentina, Chl clorita, Tlc talco,

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