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CAPÍTULO 2. GEOLOGIA REGIONAL

2.2. Unidades Geólogicas

2.2.1. Unidades Geológicas da Província do São Francisco

Complexo do Bação

O Complexo do Bação forma uma estrutura dômica e se encontra no interior do QF (Figura 2.1). É constituído por gnaisses migmatíticos TTG e rochas básicas subordinadas, sendo embasamento do greenstone belt Rio das Velhas (Figueiredo & Barbosa 1993). Gomes (1985) efetuou um estudo petrológico e geoquímico dessas rochas e identificou gnaisses, metabasitos, ortoanfibolitos, para- anfibolitos que gradam para cálcio-silicáticas e metapelitos. Com base em datações U/Pb em titanitas e monazitas Machado et al. (1989) consideraram que a fase final de remobilização de rochas mais antigas, provavelmente arqueanas, se deu a cerca de 2,0 Ga, na parte sudoeste do Complexo do Bação.

Contribuições às Ciências da Terra Série M, vol.68, 87p.

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Com exceção da geração mais jovem de granitóides, todos os componentes arqueanos foram deformados e metamorfizados no Evento Rio das Velhas com idade de 2,78 e 2,7 Ga (Carneiro et al. 1998; Teixeira et al. 2000).

Complexo do Bonfim

O Complexo do Bonfim situa-se a oeste do QF, entre as serras da Moeda e do Curral. De acordo com Carneiro (1992) encontram-se nele as seguintes unidades: gnaisse Alberto Flores, anfibolito Paraopeba, gnaisse Souza Noschese, tonalito Samambaia, anfibolito Candeias, granito Brumadinho, metadiabásio Conceição do Itaguá e diabásio Santa Cruz.

Datações de zircão para os litotipos do Complexo do Bonfim indicaram uma complexa evolução arqueana do QF. Segundo Machado & Carneiro (1992) primeiro houve vulcanismo há 2,78 Ga no SGRV, acompanhado pela colocação de intrusões cálcio-alcalinas no Complexo do Bonfim, posteriormente a crosta pré-existente (3,2-2,8 Ga) foi metamorfizada, gerando o gnaisse Alberto Flores. Por último ocorreu um magmatismo tardio de 2,7 Ga, sendo representado pela presença de diques graníticos.

Complexo Campo Belo

O Complexo Campo Belo aflora a sul do Quadrilátero Ferrífero e do Complexo Bonfim (Carneiro 1992). Este complexo foi primeiro reconhecido por Machado Filho et al. (1983) e posteriormente denominado Complexo Metamórfico Campo Belo de idade arqueana por Teixeira et

al. (1996).

É constituído essencialmente por suítes de alto grau metamórfico de composição TTG (tonalito-trondhjemito-granodiorito) e charno-enderbíticas (Carneiro et al. 2006), estando sua evolução tectônica relacionada a vários eventos de acresção ocorridos entre o Paleo e o Mesoarqueano, a partir de primitivos arcos vulcânicos (Teixeira 1985; Teixeira et al. 2000; Fernandes 2001; Oliveira 2004a).

Complexo Ressaquinha

O Complexo Ressaquinha é formado, segundo Raposo (1991) por um conjunto de granitóides que se encontram em contato com as litologias do Complexo Santo Antonio do Pirapetinga. Estes granitóides estão correlacionados ao batólito Alto Maranhão (Grossi Sad et al. 1983). De acordo com Raposo (1991) o Complexo Ressaquinha é formado por um grande batólito, gerado por anatexia de

material crustal, preservando em seu interior porções de gnaisses bandados. O conjunto de rochas desse complexo apresenta metamorfismo nas fácies xisto verde a anfibolito.

Suíte Alto Maranhão

A suíte Alto Maranhão encontra-se na porção meridional do Cráton São Francisco. Heineck et

al. (2003) apresentam uma subdivisão dos terrenos plutônicos e ortognáissicos, intermediários a félsicos, paleoproterozóicos, do Cinturão Mineiro, em três unidades maiores. Estas unidades são separadas com base na área de ocorrência, na composição e na idade de cristalizacão. A primeira unidade é formada por metagabros e metadioritos de 2,2 Ga. A segunda unidade é composta por granitóides, divididos em três suítes, Suíte Alto Maranhão (2,16 – 2,12 Ga), Suíte Brás Pires, sem indicação de idade, e Suíte Alcalina, 2,03 Ga. E por último há os Complexos Gnáissicos como o Complexo Piedade (2,15 – 2,20 Ga).

A Suíte Alto Maranhão reúne um grande número de corpos plutônicos intermediários a ácidos e interpretados como resultantes da evolução de um orógeno acrescionário paleoproterozóico relacionado ao Ciclo Transamazônico da porção meridional do Cráton São Francisco (Teixeira et al. 2000). Esta unidade possui rochas félsicas plutônicas de composição quartzo-diorítica a granodiorítica, intrusivas em terrenos vulcanossedimentares e no embasamento ortognáissico arqueano (Guild 1957; Pires 1977; Grossi Sad et al. 1983; Noce 1995; Seixas 2000; Martins 2008).

Supergrupo Rio das Velhas

O Supergrupo Rio das Velhas (SGRV) constitui um greenstone belt arqueano (Almeida 1976; Schorscher 1978; Ladeira 1980a; Roeser et al. 1980; Ladeira & Roeser 1983) e situa-se na porção centro-meridional do estado de Minas Gerais. Constitui-se em uma das principais unidades geológicas do QF. O SGRV foi definido originalmente como Série Rio das Velhas por Dorr (1969), sendo sua elevação a supergrupo proposta por Menezes Filho et al. (1977).

O SGRV ocupa cerca de 4.000 km2 no QF, sendo envolto por rochas gnáissicas, graníticas e migmatíticas. As relações de contato da base do SGRV com gnaisses graníticos, segundo Ladeira (1980a), são geralmente obscurecidas por severa granitização e tectonismo. De fato, Dorr (1969) e Herz (1978) mostram a existência, em certas áreas em torno do Complexo do Bação, de uma auréola termo-metamórfica, acompanhada por mobilizados pegmatóides que intrudem ao longo dos contatos e se injetam em ambos, Complexo do Bação e Rio das Velhas.

Dorr (1969) subdividiu o SGRV em Grupo Nova Lima (inferior) e Maquiné (superior). Schorscher (1978, 1979) e Schorscher et al. (1982) adicionaram uma nova unidade ultramáfica basal

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denominada Grupo Quebra Osso. Ladeira (1980a, 1980b) mantém a proposta feita por Dorr (1969), mas divide o Grupo Nova Lima em três unidades, que da base para o topo são: Unidade Metavulcânica, Unidade Metassedimentar Química, e por último uma Unidade Superior Clástica. A idade de vulcânicas félsicas da Unidade Metavulcânica é de 2,776 Ga (Machado et al. 1992).

A Unidade Metavulcânica é constituída por derrames ultramáficos-máficos e associações félsicas e apresenta komatiitos com textura spinifex, serpentinitos, esteatitos, talco xistos, clorita xistos, formação ferrífera bandada, quartzo-carbonato xisto e filitos. Na Unidade Metassedimentar Química encontram-se metacherts, formação ferrífera bandada e quartzo-carbonato xistos e filitos. A Unidade Superior Clástica compreende quartzo-mica xistos, quartzo filitos e quartzitos com níveis conglomeráticos.

O Grupo Maquiné é subdividido em Formação Palmital, inferior, e Formação Casa Forte, superior (Dorr 1969). A formação Palmital é constituída essencialmente por filitos quartzosos, quartzitos homogêneos e lentes conglomeráticas, e a Formação Casa Forte por lentes de conglomerados e quartzitos (Ladeira & Roeser 1983).

Supergrupo Minas

O Supergrupo Minas (SGM) constitui uma sequência de rochas metassedimentares supracrustais de idade paleoproterozóica sobreposta ao SGVR (Dorr 1969; Babinski et al. 1995; Machado et al. 1996). O SGM engloba quatro unidades principais sendo da base para o topo, os sedimentos clásticos do Grupo Caraça, os sedimentos químicos do Grupo Itabira, unidades clásticas e químicas do Grupo Piracicaba e sedimentos do tipo flysh do Grupo Sabará.

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