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4. RESULTADOS

4.1 SUMÁRIO ESTATÍSTICO

4.1.2 Ambiente de Praia/Ilha-Barreira

Para o ambiente de praia/ilha-barreira, os parâmetros estatísticos descritivos das 16 variáveis escolhidas para análise dos dados estão contidos na tabela 4.3.

As variáveis granulométricas (Tabela 4.3) no geral não mostram grande variação de valores no que tange suas medianas, com exceção de cascalho (%), e, em alguns casos, lama (%), que exibem variação alta. O CV exibe baixa variabilidade dos valores nas variáveis granulométricas, com a maioria dos dados figurando entre variabilidade homogênea e intermediária, ao passo que cascalho (%) e alguns valores de lama (%) têm alta heterogeneidade. No caso da assimetria, os trechos com maior número de valores situados fora da faixa entre -0,5 e +0,5 são CPrI1 e CPrI2, cada qual com quatro ocorrências fora desse intervalo. Além disso, a variável mais assimétrica é o cascalho (%), que possui em todos os trechos assimetrias acima de +0,5, indicando preferencialmente assimetria positiva, e, portanto, predominância de valores altos na distribuição de dados.

No tocante às variáveis composicionais (Tabela 4.3), todas se encontram num intervalo de variação aceitável no que diz respeito às suas respectivas medianas, sem valores muito destoantes do grupo geral. O CV das variáveis composicionais mostra variabilidade homogênea de sedimentos siliciclásticos (%), quartzo (%) e minerais pesados (%), ao passo que acusa variabilidade intermediária a heterogênea nas demais variáveis. Com relação à assimetria, as variáveis composicionais apresentam-se mais simétricas do que as granulométricas. Os trechos CPrI2 e CPrI3 apresentam dois valores de assimetria fora da faixa cada uma, e constituem as distribuições com maior número de ocorrências deste comportamento. Sedimentos siliciclásticos (%) e carbonáticos (%), além de matéria orgânica (%), são as variáveis que possuem o maior número de ocorrências de valores fora da faixa -0,5 e +0,5.

Abordando as variáveis geoquímicas (Tabela 4.3), em virtude da natureza dos elementos U, Th e K que apresentam baixa concentração nos sedimentos, as medianas exibidas por essas variáveis são similares nos quatro trechos, sem grande variação em relação ao grupo geral na maioria dos casos. Entretanto, o CV mostra um padrão diferente nos trechos amostrados, comumente exibindo variabilidade heterogênea a intermediária em todas as variáveis. Além disso, as variáveis geoquímicas em todos os trechos amostrados são preferencialmente assimétricas, com a maioria dos valores apresentados estando fora da faixa entre -0,5 e +0,5, indicando uma assimetria positiva forte, com exceção de Th em ARPrI e da unidade coregama em CPrI3 que exibem valores dentro desse intervalo de simetria.

Tabela 4. 3 – Sumário estatístico das variáveis granulométricas, composicionais e geoquímicas referentes ao ambiente de praia/ilha-barreira. Legenda: ARPrI = Área de Referência de Praia/Ilha-Barreira; CPrI1, CPrI2 e CPrI3 = Campo Praia/Ilha-Barreira 1, 2 e 3; Amostras (n) = número de amostras na área; M. Aritmética = média aritmética; V. Mín = valor mínimo; V. Máx = valor máximo; Desv Pad = Desvio Padrão; CV = coeficiente de variação (Fonte: Autor).

4.2 DIAGRAMAS DE CAIXA

4.2.1 Ambiente de Mangue

Inicialmente, os primeiros diagramas de caixa analisados serão os referentes às variáveis granulométricas, iniciando-se pelo grau de selecionamento, seguindo-se por mediana granulométrica e pelas quatro frações granulométricas: cascalho (%), areia MGGM (%), areia MFF (%) e lama (%).

No geral as variáveis granulométricas não apresentam diferenças nos quatro trechos de amostragem, observando-se os diagramas de caixa na figura 4.1, uma vez que, levando-se em conta os quatro grupos separadamente, nota-se uma sobreposição entre estes, o que a princípio indica similaridade entre os trechos amostrados apesar de algumas diferenças notáveis de variabilidade mostradas nas amplitudes interquartis. É o caso por exemplo da proporção de cascalho (Figura 4.1), na qual CM2 mostra variabilidade diferente de ARM, e em um caso mais extremo, em areia MGGM, CM2 apresenta uma amplitude interquartil e uma mediana que destoa significativamente dos três outros trechos de amostragem. Contudo, apesar dessas diferenças, ocorre sobreposição entre os grupos, não só os quatro separadamente, mas também entre ARM e CM-T, indicando a semelhança existente entre os trechos sob avaliação e o de referência no que tange as variáveis granulométricas. Através de CM-T também é possível afirmar que dentre todas as variáveis granulométricas, lama (%) é a que apresenta maior variabilidade nos trechos sob avaliação no ambiente de mangue (Figura 4.1).

A proporção de lama é um caso à parte nas variáveis granulométricas, pois é claramente observável a ausência de sobreposição entre os dados de todos os trechos de amostragem, já que CM3 apresenta um comportamento atípico e não se sobrepõe aos demais trechos, indicando portanto a existência de uma diferença entre a distribuição de CM3 e os demais trechos com relação a esta fração granulométrica (Figura 4.1).

Em sequência, vêm as variáveis composicionais das quais fazem parte da figura 4.1 as proporções de sedimentos siliciclásticos e de sedimentos carbonáticos, enquanto as demais proporções de quartzo, fragmentos de rocha, minerais pesados e matéria orgânica estão representadas na figura 4.2. Diferentemente das variáveis granulométricas, as variáveis composicionais já indicam inicialmente que alguns dos trechos apresentam diferenças entre si, seja em relação apenas a ARM ou em relação aos outros trechos sob avaliação. Tal interpretação pode ser feita observando-se a ausência de sobreposição entre os dados de alguns dos trechos em determinadas variáveis composicionais.

Figura 4. 1 - Diagramas de caixa referentes as proporções de grau de selecionamento (phi), mediana granulométrica (phi), cascalho (%), areia MGGM (%), areia MFF (%), lama (%), sedimentos siliciclásticos (%) e sedimentos carbonáticos (%) no ambiente de mangue. M-T: Mangue Total, ARM: Área de Referência de Mangue, CM-T: Campos Mangue Total, CM1: Campo Mangue 1, CM2: Campo Mangue 2, CM3: Campo Mangue 3 (Fonte: Autor).

É o caso por exemplo das proporções de sedimentos siliciclásticos e carbonáticos (Figura 4.1), nas quais se verifica a ausência de sobreposição entre CM2 e os demais trechos de amostragem, indicando que existe diferença na distribuição de dados dessas duas variáveis entre CM2 e os outros trechos analisados. Esse comportamento acontece pelo fato de CM2 possuir uma homogeneidade nos seus dados, ao apresentar uma amplitude interquartil pequena, com seus valores limitados a uma faixa alta no caso dos sedimentos siliciclásticos e uma faixa baixa no caso dos sedimentos carbonáticos (Figura 4.1). Neste caso também se enquadram as proporções de quartzo, minerais pesados e matéria orgânica (Figura 4.2) que mostram trechos de amostragem sem sobreposição de dados. A exceção são os fragmentos de rocha cujo diagrama de caixas (Figura 4.2) exibe sobreposição de dados entre todos os trechos de amostragem, além do fato de suas medianas serem também iguais, indicando similaridade na distribuição de dados desta variável para todos os trechos analisados.

Com relação às variáveis geoquímicas que também estão representadas na figura 4.2, tem-se alguns dos comportamentos mais homogêneos observados nos diagramas de caixa com relação aos dados do ambiente de mangue. Inicialmente, a concentração dos três elementos químicos U, Th e K (Figura 4.2) não manifesta nenhum tipo de diferença com relação aos trechos amostrados.

No caso dos elementos U, Th e K (Figura 4.2), todos os trechos apresentam sobreposição de dados entre si, indicando afinidade entre os mesmos, apesar de nos casos de U e K haverem diferenças claras na variabilidade indicadas pelos tamanhos das amplitudes interquartis dos respectivos trechos amostrados. Esse comportamento não ocorre em Th, onde todos os trechos apresentam-se próximos no que diz respeito ao tamanho das suas amplitudes interquartis.

A situação da unidade coregama é atípica (Figura 4.2), na qual não se tem sobreposição de dados entre quatro ou mesmo três trechos de amostragem, seja entre ARM e os demais, seja entre os três trechos sob avaliação. Verifica-se que ARM exibe sobreposição com CM2, ao passo que não apresenta esse comportamento em relação a CM1 e CM3 e vice-versa, revelando que esta variável não mostra um padrão homogêneo de ocorrência nestes trechos avaliados, sempre ostentando um comportamento irregular.

Numa abordagem mais geral, tendo como base ARM e CM-T, este englobando todos os trechos sob avaliação, há sobreposição entre os dados em todos os casos, mesmo com relação à unidade coregama. No entanto, através de CM-T verifica-se a alta variabilidade desta última variável (Figura 4.2) no ambiente de mangue.

Figura 4. 2 - Diagramas de caixa referentes as proporções de quartzo (%), fragmentos de rocha (%), minerais pesados (%), matéria orgânica (%), u (API), U (ppm), Th (ppm) e K (ppm) no ambiente de mangue. M-T: Mangue Total, ARM: Área de Referência de Mangue, CM-T: Campos Mangue Total, CM1: Campo Mangue 1, CM2: Campo Mangue 2, CM3: Campo Mangue 3 (Fonte: Autor).

4.2.2 Ambiente de Praia/Ilha-Barreira

De início, os primeiros diagramas de caixa analisados serão aqueles referentes às variáveis granulométricas, começando pelo grau de selecionamento (phi), seguindo-se por mediana granulométrica (phi), além de cascalho (%), areia MGGM (%), areia MFF (%) e lama (%), todos presentes na figura 4.3.

Em relação as variáveis granulométricas, os diagramas de caixa representados na figura 4.3 mostram que, para o ambiente de praia/ilha-barreira, apenas o grau de selecionamento apresenta-se similar em todos os trechos amostrados através da sobreposição dos dados, enquanto as demais variáveis granulométricas não mostram sobreposição total entre ARPrI e os trechos sob avaliação. É o caso por exemplo da mediana granulométrica (Figura 4.3), cujo diagrama de caixas mostra CPrI2 exibindo sobreposição junto aos outros trechos sob avaliação. No entanto, não mostra esse comportamento com relação a ARPrI, dessa forma evidenciando a existência de uma discrepância com relação a esses dois trechos. Também se encaixam nesse quadro as proporções de cascalho, areia MGGM, areia MFF e lama (Figura 4.3), tendo esta última fração granulométrica um pouco menos conclusiva em mostrar a ausência de sobreposição entre os trechos de campo. No entanto, observa-se mesmo que ligeiramente a falta de sobreposição de CPrI2 e CPrI3 com CPrI1.

Ainda sobre as variáveis granulométricas, comparando ARPrI e CPrI-T (Figura 4.3), observa-se que no caso da mediana granulométrica, areia MGGM e areia MFF, a variabilidade dos trechos sob avaliação é similar àquela de ARPrI, notadamente porque suas amplitudes interquartis têm tamanhos similares. Já considerando o grau de selecionamento e a proporção de cascalho (Figura 4.3), visualiza-se que estas possuem uma variabilidade maior em comparação a ARPrI. E por fim, a porcentagem de lama (Figura 4.3) possui uma variabilidade menor comparativamente a ARPrI, tendo muitos valores afastados e extremos presentes em CPrI-T, os quais são contribuição de CPrI1.

Para as variáveis composicionais, os diagramas de caixa apontam ocorrência de sobreposição evidente entre todos os trechos de amostragem apenas em relação à proporção de fragmentos de rocha (Figura 4.4), enquanto as demais variáveis não apresentam sobreposição entre os dados de todos os trechos, mas em apenas alguns. É o caso por exemplo das proporções de sedimentos siliciclásticos e carbonáticos (Figura 4.3), cujos diagramas de caixa mostram ausência de sobreposição de ARPrI com CPrI3, e, aparentemente, CPrI1, nas duas variáveis, apontando diferenças entre esses três trechos de amostragem.

Figura 4. 3 - Diagramas de caixa referentes as proporções de grau de selecionamento (phi), mediana granulométrica (phi), cascalho (%), areia MGGM (%), areia MFF (%), lama (%), sedimentos siliciclásticos (%) e sedimentos carbonáticos (%) no ambiente de praia/ilha-barreira. PrI-T: Praia/Ilha-Barreira Total, ARPrI: Área de Referência de Praia/Ilha-Barreira, CPrI-T: Campos Praia/Ilha-Barreira Total, CPrI1: Campo Praia/Ilha-Barreira 1, CPrI2: Campo Praia/Ilha-Barreira 2, CPrI3: Campo Praia/Ilha-Barreira 3 (Fonte: Autor).

Também é o caso da proporção de matéria orgânica (Figura 4.4), cujo diagrama de caixas não apresenta sobreposição entre os dados dos trechos ARPrI e CPrI3. Em outro caso, a ausência de sobreposição entre os trechos amostrados é mais discreta, por exemplo, com as proporções de quartzo e minerais pesados (Figura 4.4). No caso do quartzo, os dados de ARPrI e CPrI1 não se sobrepõem aos de CPrI3, ao passo que no caso dos minerais pesados, os dados de CPrI1 não se sobrepõem aos de ARPrI e CPrI3 (Figura 4.4), o que pode indicar a existência de uma discrepância entre estes trechos.

Comparando-se ARPrI e CPrI-T é possível observar o comportamento das variáveis na totalidade dos trechos sob avaliação em relação ao trecho de referência. No caso das proporções de sedimentos siliciclásticos e carbonáticos (Figura 4.3) e de matéria orgânica (Figura 4.4), os trechos sob avaliação apresentam uma variabilidade significativamente maior se comparados a ARPrI. Já para quartzo, fragmentos de rocha e minerais pesados (Figura 4.4), a variabilidade nos trechos sob avaliação segue aproximadamente o padrão mostrado por ARPrI.

Considerando as variáveis geoquímicas (Figura 4.4), os diagramas de caixa mostram discrepâncias entre os trechos sob avaliação e ARPrI com relação, possivelmente, à concentração de Th. Quanto à concentração dos elementos U e K (Figura 4.4), os diagramas de caixa correspondentes a essas duas variáveis denotam similaridade entre todos os trechos de amostragem, uma vez que ocorre a sobreposição de dados entre todos os trechos avaliados.

Considerando o caso da unidade coregama (Figura 4.4), CPrI1 apresenta-se limitado a uma faixa de valores alta comparativamente aos demais trechos avaliados, o que inviabiliza a sobreposição de dados. Deste modo, o diagrama indica a presença de significativa diferença entre este trecho, ARPrI e os outros trechos sob avaliação. Já para o caso da concentração de Th (Figura 4.4), não há diferenças claramente observáveis no diagrama de caixas desta variável. É possível que não haja sobreposição entre CPrI2 e CPrI3, devido à diferença entre suas respectivas medianas, diferentemente de outros casos nos quais a ausência de sobreposição se dava pela falta de intersecção entre as amplitudes interquartis dos trechos amostrados. Contudo, tal diferença ainda não é clara entre os dois trechos, sendo necessária uma posterior confirmação através dos perfis verticais ou mesmo através dos testes estatísticos que serão posteriormente abordados neste relatório.

Numa comparação mais ampla, considerando ARPrI e CPrI-T (Figura 4.4), constata-se que dentre as variáveis geoquímicas, a unidade coregama é a única que exibe uma alta variabilidade nos trechos sob avaliação em relação a ARPrI, na medida em que as concentrações de U, Th e K não diferem dos trechos sob avaliação em comparação com ARPrI.

Figura 4. 4 - Diagramas de caixa referentes ao conteúdo de quartzo (%), fragmentos de rocha (%), minerais pesados (%), matéria orgânica (%), u (API), U (ppm), Th (ppm) e K (ppm) no ambiente de praia/ilha-barreira. PrI- T: Praia/Ilha-Barreira Total, ARPrI: Área de Referência de Praia/Ilha-Barreira, CPrI-T: Campos Praia/Ilha- Barreira Total, CPrI1: Campo Praia/Ilha-Barreira 1, CPrI2: Campo Praia/Ilha-Barreira 2, CPrI3: Campo Praia/Ilha- Barreira 3 (Fonte: Autor).

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