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63O ambiente físico deveria possuir um quadro permanente que exibisse graficamente a organiza-

ção do grupo. Nele, cada vertente estaria exposta e relacionada às outras, que a complementam. [...] O objetivo deste infográfico é exibir a todos as possibilidades que cada um tem e que podem ser alteradas a qualquer momento. (Participante F).

Em um segundo momento, solicitamos que os participantes sintetizassem os resultados mais significati- vos, identificados por eles próprios, em seus estudos. Com este pedido, ao mesmo tempo em que almeja- mos uma compreensão geral do universo de estudo do grupo, também tivemos o objetivo de estimular a reflexão, por parte do pesquisador, para os questionamentos seguintes. Ao estabelecerem esta relação de síntese de seus resultados mais significativos, acreditamos que estimularíamos o exercício de pensar nas colaborações possíveis para uma estrutura virtual e em rede do grupo.

Conforme esperado, percebemos importantes trabalhos de estudos exploratórios, reconhecimentos e identificações - constituindo mapeamentos, relações, e apontando dificuldades e importâncias de estudos, em cada área. Em meio às reflexões, um aspecto relevante que gostaríamos de levantar é que, sempre que foi feita a referência da participação de professores, quando inseridos nesses estudos (através de mini-cursos, experimentos, grupos focais, entre outros), foi enfatizado o aspecto positivo dessa participação - em especial, os importantes reconhecimentos advindos do professor. Para o Par- ticipante E, por exemplo:

Os professores se distanciaram da LGE (Linguagem Gráfica Esquemática), seja no conceito ou nas tarefas de identificação e uso; mas todos perceberam o potencial e entenderam a importân- cia de se explorar essa linguagem nos artefatos educacionais. (Participante E).

E ainda, para o Participante C:

Entrevistar os professores e perceber que eles conseguiam reconhecer o design presente nos artefatos didáticos e que se interessavam em aprender sobre a relação Design e Educação foram os pontos que eu considerei mais importantes da pesquisa. [...] Também foi possível perceber que quando informados e incentivados, os professores tendem a atuar de forma dinâmica, tra- zendo sempre novos planos de aula, abordagens e experiências para seus alunos e assim aca- bam por promover a criatividade. (Participante C).

Após esse convite para que os pesquisadores refletissem sobre seus principais resultados, questionamos, na prática, como eles acreditavam que estes poderiam ser revertidos em benefício da escola/do ensino/da edu- cação e para os professores. Investigamos assim, também, quais seriam as maneiras ideais e/ou as possíveis, vislumbradas pelos pesquisadores do nosso universo, de aproximar o professor dos conhecimentos gerados pelas pesquisas.

Essa exploração, além de fomentar a autoreflexão - uma constante necessária para o funcionamento do gru- po em uma estrutura de rede -, nos serviu como um levantamento inicial quanto às potencialidades e expec- tativas destes agentes em relação ao dispositivo pretendido. Afinal, é muito importante que os pesquisadores reconheçam a sua relevância, suas necessidades, e o seu papel - e se sintam motivados a participar, colaborar e estabelecer as trocas necessárias para o funcionamento do projeto.

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Como resultado, tivemos mais uma vez enfatizando o papel do professor. Um aspecto interessante levantado foi o papel de colaboração e protagonismo no qual este agente foi colocado: além da indicação de instruções e conceitos próprios do design e da linguagem gráfica - como conhecimentos relevantes e passíveis de serem revertidos para a educação -, foram levantados pontos que colocam o professor atuando colaborativamente com os designers. Temos na fala do Participante F o seguinte exemplo:

Em colaboração com os professores, o conteúdo didático pode se tornar mais eficiente do ponto de vista do designer, e estimulante em ambiente virtual, do ponto de vista didático. [...] Pro- fessores podem ajudar os designers na construção da informação (organização de conteúdo) e também desenvolver em si próprios a noção de organização virtual da mensagem, [...] em um processo bidirecional onde o professor ajuda na construção de um conteúdo ao mesmo tempo que aprende a utilizá-lo com os alunos (Participante F).

Essa colaboração mútua pode ser exemplificada também pela fala do Participante A, que coloca que, além da relevâcia dos conhecimentos gerados serem postos em prática, é importante atentar para a geração de feedbacks por parte dos docentes na pós-aplicação do conhecimento - a fim de comprovar (ou refutar) as inferências e hipóteses.

Ainda em relação aos docentes, foi levantada, pelo Participante C, a importância de um conjunto de ações que fo- quem no trabalho com o professor, onde também se possa entender melhor as dificuldades atuais dos docentes. O objetivo seria conseguir, principalmente, que o docente se veja como criador e gerador de artefatos didáticos, para que, com isso, ele se sinta mais confortável em buscar conhecimentos que o ajudem nessas tarefas. Foram indicados, ainda, estudos no sentido de fornecer competências dos tipos: análise e elaboração de arte- fatos para educação; a importância do bom uso dos artefatos disponíveis - explicando suas potencialidades; e melhores formas de configuração da informação:

Perceber, identificar e entender os tipos de esquemas gráficos que podem ser explorados nas diversas disciplinas, em diferentes situações, despertando novas possibilidades de exploração de conteúdos (Participante E).

De forma objetiva, também foram apontadas como maneiras relevantes de se passar os conhecimentos os formatos: de cursos; de disciplinas nos cursos de formação; e plataformas de interação online. Foi levantada, in- clusive, a questão da formação sobre linguagem gráfica ser estendida para outros profissionais que elaboram ou avaliam artefatos educacionais (agentes de produção), assim como uma ação e política inclusiva junto ao MEC. Em relação à reflexão de como seria um ambiente ideal de trocas e compartilhamentos para um grupo de pesquisa em Design/Educação, a ideia era investigar o que faria com que o pesquisador se sentisse motivado a utilizar o dispositivo (sem achar que “Poderia estar usando o Facebook”, por exemplo).

O curioso foi que alguns pesquisadores visualizaram realmente um espaço físico, descrevendo o que ele de- veria ser/ter. Este aspecto não deixa de ser interessante, visto que é uma referência análoga de um ambiente - e a construção da imagem física de um espaço é uma alusão que pode ser levada para a realidade virtual, fornecendo indícios de necessidades interessantes a serem atendidas por este ambiente.

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Uma elucubração usual sobre o ambiente ideal, por exemplo, seria a de um laboratório com uma biblioteca própria e espaço para experimentos e pesquisas - bem como um lugar de reuniões, seminários e discussões, tendo como base o diálogo. Tomando esse ponto como consideração, o Participante F reflete que o ambiente deveria comportar, além do espaço físico (para a interação e discussão presencial), um espaço virtual (para troca mais rápida de informação entre os membros). O Participante G acrescenta que, nessa complementação online - correlacionando ao espaço físico -, poderia haver uma área aberta a todos e uma área restrita, apenas para os integrantes.

Como um ambiente virtual, assim como percebido na fase do mapeamento, em outros grupos de pesquisa, foi identificada a necessidade de exibição de linhas de pesquisa, aspirações e objetivos do grupo. Para a pesqui- sadora que levantou esta questão, a organização do grupo no ambiente virtual pode ajudar os pesquisadores, inclusive, a mostrar aos professores, participantes de pesquisas ou experimentos, que o grupo é ativo e faz parte de um projeto real, apoiado por uma instituição de ensino real, com objetivos claros e compromisso acadêmico - creditando confiabilidade.

Foram levantadas ainda questões de integração de serviços auxiliares já disponíveis na internet (como o uso de Dropbox64 ou da plataforma Mendeley65) e integração com redes sociais como o Facebook - que ajudariam

a divulgar o grupo de estudo e talvez aproximá-lo dos participantes das pesquisas.

Em relação formato de redes sociais, o Participante E coloca o problema da informação não relevante, com postagens que muitas vezes não interessam a todos. Para ele, um grupo de pesquisa não deveria estar estru- turado neste formato, sendo que o ideal seria um ambiente com login e senha, onde pudessem ser disponibi- lizadas pesquisas, artigos, imagens, vídeos - tudo relacionado ao campo Design/Educação -, e onde também pudessem ser compartilhadas ações e experiências relativas ao assunto. Fica ressaltada, aqui ,a preocupação com a qualidade da informação compartilhada e a relevância do acesso fácil a informação de qualidade. Uma outra opinião contrária ao formato de rede social foi a do Participante H, que reforçou que usar o Fa- cebook (ou plataformas relacionadas) como único meio de compartilhamento de materiais e informações do grupo é excludente; uma imposição. O adequado, em sua opinião, seriam trocas de email ou um site particular - onde se pudessem acessar e trocar materiais e informações sem se prender a uma rede social.

Neste percurso de respostas, um desafio que pudemos perceber foi o olhar, por parte dos pesquisadores, muito voltado para as trocas entre si próprios, enquanto grupo. Apesar dos estímulos potencializados pelos questionamentos, na prática, não tivemos muitas contribuições em relação a como integrar os professores, neste dispositivo. Diante da realidade de suas pesquisas, os participantes do questionário, apesar de identifi- carem a relevância de trazer os professores para um lugar mais próximo, relataram, muitas vezes, dificulda- des de imaginar como isso seria possível.

Uma exceção a esta visão pode ser percebida na contrinuição do Participante B, que destacou que o impor- tante seria que o espaço fosse um lugar onde o professor tivesse liberdade para sentir dúvidas e que elas fossem tiradas de forma simples - como uma plataforma de interação online e um ambiente presencial que

64 Serviço de armazenamento e compartilhamento de arquivos: https://www.dropbox.com/pt_BR/. 65 Serviço de gerenciamento de bibliografias e referências compartilháveis: https://www.mendeley.com/.

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contribuíssem para sua formação pedagógica. Para este participante, pontanto, o que o ambiente teria que ter para se diferenciar do que já existe, seria um espaço de interação professor-designer e um espaço em que o professor possa acessar arquivos (vídeos, aulas, aplicativos, etc) que permitam o aprendizado independente. O Participante C, com o olhar também voltado para os professores, alertou para a importância de que os con- teúdos em si devam ser interessantes não só para os pesquisadores, mas também para eles/os visitantes. Apesar do olhar voltado para os professores, no entanto, ao relacioná-los como visitantes, percebemos uma falha no estabelecimento do sentido de conexão entre os agentes, pretendido pelo dispositivo.

Em relação aos maiores benefícios de um espaço virtual para um grupo de pesquisa, conceitos como com- partilhamento de experiências, construções coletivas e conjuntas e aprimoramento de práticas apareceram como mais relevantes que a simples troca de conteúdos (apesar desta também aparecer como consideração relevante). Em relação aos maiores desafios, foi uníssona a questão da participação e do engajamento, con- forme relatado pelo Participante H:

Motivar os pesquisadores a estarem sempre alimentando o sistema com contribuições, conteú- dos e discussões, mantendo em constante atualização as produções e os resultados gerados e discutidos (Participante H)

E ampliado pelo Participante E:

Manter e motivar novos pesquisadores, instigar novas formas de compartilhamento, de expe- riências, de como dividir com a comunidade, com os usuários de design… criar um ambiente de pesquisa e troca, porém convidativo, estimulante (Participante E).

Também foi levantado o desafio de estimular o interesse dos docentes, fazendo com que seja algo contínuo (Participante A); já os participantes B e J demonstraram preocupação com a dificuldade da integração entre os diferentes profissionais em uma única plataforma - sendo um espaço virtual que tanto pudesse servir aos docentes quanto aos pesquisadores.

Finalizamos nossa abordagem com a busca por entendimentos e apreensões, dos pesquisadores, em relação ao papel do uso de recursos da internet e de aplicativos para atualização de conhecimentos, aprimoramento de práticas e compartilhamento de experiências - em um contexto acadêmido de um grupo de pesquisa. A ideia foi checar a aceitação e interesse por esse tipo de recurso, através de uma questão de múltipla escolha. Das possibilidades de respostas mais negativas, não tivemos nenhuma representação (eram elas: “Não sinto necessidade”; “não tenho costume com esses usos nem interesse”; e “não tenho esse costume por acreditar mais em outras formas de atualização e compartilhamento”). Ao contrário, entre as possíveis respostas apre- sentadas, todas tiveram um viés positivo (foram identificadas: “Como um interessante recurso complemen- tar”; “Essencial”; e “Gostaria de fazer mais uso desses tipos de recursos). Entendemos que estas respostas sugerem, ao menos, um reconhecimento e uma pré-disposição inicial para o uso.

Aliada a esta pergunta, concluímos com percepções de como os pesquisadores se sentiam em relação à aprendizagem online. Também consideramos as respostas muito positivas, enfatizando a importância da au- tonomia em relação à busca por conhecimento e informação - e à crença do seu potencial para o aprendizado.

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