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SUMÁRIO Pag.

3. ASPECTOS GEOAMBIENTAIS DA ÁREA

3.2. Geologia, geomorfologia e aspectos ambientais

3.2.2. Ambiente marinho

A plataforma continental é a zona marginal dos continentes caracterizada por suave declividade, que se estende da praia até a profundidade máxima de cerca de 200m. O relevo local da plataforma continental é inferior a 18m e sua largura é variável até mais de 300 km.

Os sedimentos da plataforma são formados predominantemente de material arenoso, sendo freqüente a ocorrência de seixos e rochas aflorantes nas suas bordas externas. Os sedimentos terrígenos se estendem da linha de baixa-mar até a profundidade de 10 a 20 metros, em uma faixa bastante estreita. Em seguida, estão as algas calcárias que ocorrem em manchas esparsas na profundidade de 10 a 20 metros e, daí em diante, em bancos contínuos até a borda da plataforma continental (Morais, 1981, p. 20).

A plataforma continental do nordeste oriental do Brasil apresenta pouca declividade e largura variando entre 100 km no extremo oeste a 40 km no extremo leste. Podemos distinguir dois setores reconhecidos por marcadores sedimentares ao longo de sua maior parte. Até a isóbata de 20m, areias quartzosas e sedimentos clásticos são dominantes. Esta faixa é seguida por uma mais larga até cerca de 70m de profundidade na plataforma externa, dominada por algas calcáreas (Summerhayes et al., 1975). Os dois setores podem ser caracterizados por diferentes fácies sedimentares (Organogênica e Terrígena). A fácie organogênica é formada por areias e cascalho constituídos por biodetritos de algas calcárias, dos gêneros Halimeda spp. (Clorophyta) e Lithothaminium spp. (Rodophyta). A fácie terrígena por sua vez é caracterizada por sedimentos siliclásticos.

A plataforma continental do estado do Ceará é formada por sedimentos carbonáticos constituídos por algas coralíneas ramificadas ou maciças, associadas a marcantes quantidades de halimedas (Coutinho, 1995, Freire & Cavalcante, 1998). É constituída por uma considerável espessura de estratos sedimentares de idade mesozóica e cenozóica, coberta por camadas de sedimentos inconsolidados, de espessura variando de 15 a 20 metros (Smith & Morais,1984, p. 87), recebe sedimentos retrabalhados da Formação Barreiras e do embasamento cristalino, através de drenagens de pequeno a médio porte (Freire, 1985). As rochas do

embasamento cristalino são predominantemente félsicas e essa estrutura é recoberta por sedimentos neogênicos da Formação Barreiras na faixa litorânea.

As algas calcárias ou depósitos de calcário biogênico/biodetrítico são os componentes principais de formação do fundo da plataforma continental e constituem a base de sustentação dos estoques pesqueiros, característicos dos fundos duros como os da região nordeste do Brasil, sobre a qual cresce uma grande biomassa rica em algas marinhas.

3.2.3. Sedimentologia

O litoral do município de Fortaleza é constituído de material geológico da idade terciária (Formação Barreiras) e recoberto por material do Quaternário (areias praiais, eólicas, flúvio-marinhas e dunas) (Mapa 3). O material arenoso é encontrado em espessuras diferentes, constituído por areia grossa, muito permeável, facilitando a percolação da água, que é detida no perfil ao encontrar a camada impermeável (IPLANCE, 1993, p. 9).

O arcabouço geológico/geomorfológico da área de estudo encontra-se representado por Tabuleiros Pré-Litorâneos sustentados pelos sedimentos da Formação Barreiras, de dunas e da faixa praial (Souza,1988) (Mapa 4).

No decorrer da extensão da costa norte e nordeste do município de Fortaleza, há predominância de rochas de praia (beachrocks) em níveis descontínuos, inseridas nos sedimentos de praia, observadas desde o nível das marés baixas até ligeiramente acima das marés altas. Em menor escala há presença de afloramento de rochas da Formação Barreiras, assentando-se diretamente sobre o embasamento cristalino (pré-cambriano), nas proximidades do setor portuário.

As rochas que afloram na faixa de praia (plataformas de abrasão marinha) compõem-se de arenitos argilosos, de tons avermelhados, creme ou amarelados com granulação variando de fina a média, com grãos mal selecionados e subarredondados. Exibe matriz argilosa caulínica, com cimento argiloso ou silicoso, desenvolvendo os horizontes mosqueados e concrecionários do perfil laterítico e apresentando-se às vezes sob forma de crostas ferruginosas (DNPM, 1998).

Mapa 3 - Mapa geológico da área de estudo.

Fonte: Adaptado de CPRM, 2003.

Mapa 4 - Mapa geomorfológico da área de estudo.

A planície litorânea de Fortaleza concentra elevado estoque de sedimentos quaternários, modelados por processos eólicos, marinhos, fluviais e mistos. As faixas de praias estendem-se por toda a extensão da costa, com larguras irregulares, desde a linha de maré baixa até a base das dunas móveis (DNPM, 1998).

3.3. Variáveis climáticas e oceanográficas

3.3.1. Clima

O conhecimento das condições climáticas é de fundamental importância para a análise do comportamento dos agentes da dinâmica costeira, participando efetivamente nos processos modificadores da morfologia e fisiografia litorânea. Os dados meteorológicos sistematizados nesta pesquisa foram oriundos da estação meteorológica do Campus do Pici, da Universidade Federal do Ceará.

De acordo com a classificação de Koppen, o clima de Fortaleza é do tipo AW’, que equivale ao macroclima da faixa costeira de clima tropical chuvoso, quente e úmido, com chuvas distribuídas no verão e no outono.

As características climáticas da área estudada apresentaram oscilações e caracterizaram regimes sazonais. Constatou-se que a pluviosidade apresenta variabilidade ao longo do ano, caracterizando-se por um período de elevada precipitação e irregular, e um longo período seco.

As condições meteorológicas, principalmente as precipitações, ventos e ondas na região mantêm uma estreita relação com o processo de deslocamento ou migração da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e com as condições meteorológicas no Hemisfério Norte. Nas latitudes tropicais, as maiores variações climáticas estão associadas com as mudanças sazonais da zona de convergência intertropical (ZCIT).

A faixa de movimentação da ZCIT é marcada pela convergência dos ventos alísios de nordeste e de sudeste. Durante os meses de dezembro a abril seu deslocamento ocorre na direção sul. Neste período, verifica-se a presença dos alísios de NE, que também se aproximam da costa. A ocorrência de ondas provenientes de NE da mesma forma é verificada