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CAPÍTULO III O TERRORISMO NO AMBIENTE OPERACIONAL

3.1. O Ambiente Operacional

O ambiente operacional contemporâneo é considerado pelos EUA (2008) como “O conjunto de condições, circunstâncias e influências que afectam o emprego das capacidades e são parte integrante nas decisões do comandante” (Departament of the US Army, 2008, p. 1-1). Este conceito deve integrar as preocupações do Comandante, no sentido em que esta noção irá influir no local onde este emprega os seus meios. O Regulamento de Campanha (2005) refere que este ambiente se caracteriza por

“…ameaças e riscos difusos, multi-facetados e multi-direccionais, apresenta como tendências principais a globalização, a proliferação de manifestações regionais associadas a alastramento de nacionalismos, radicalismos e a crescente vulnerabilidade dos Estados”.

As constantes mutações das características do ambiente operacional implicam uma doutrina que acompanhe estas mudanças. O Regulamento de Campanha (2005) especifica vários factores que influenciam e condicionam o ambiente operacional, como: os objectivos militares, a ameaça, a Área De Operações (AOO), a tecnologia, a unidade de esforço e a informação.

Os objectivos militares são determinados pela estratégia e enquadrados pela doutrina. O espectro da guerra, onde se inserem as operações militares, encerra três categorias: a paz, a crise e a guerra. Considerando cada uma destas categorias, a forma de emprego das forças será executada de diferente maneira, uma vez que os objectivos que procura atingir e a coacção decorrente da situação diferem entre si. Actualmente, e face à nossa participação na OTAN29, adoptámos uma tipologia de operações, criada no tratado de Washington; referimo-nos aqui às operações que se realizam no âmbito da defesa colectiva (Artigo 5º) e às operações de Resposta à Crise (Não Artigo 5º).

A ameaça é entendida como o conjunto de Estados, organizações, pessoas, grupos, condições ou até fenómenos naturais com a capacidade de ferir ou destruir populações, recursos vitais ou instituições (Departament of the US Army, 2008, pp. 1-4). De modo a contrariar esta ameaça, torna-se essencial o empenhamento de todas as vertentes da estratégia nacional30. A ameaça pode enquadrar-se em quatro categorias: tradicional, irregular, catastrófica e perturbadora (id, p. 1-4). A ameaça tradicional é aquela que é

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- Que como já foi referido em capítulos anteriores é aquela que maior relevância tem em termos militares.

aplicada por Estados que empregam forças e capacidades militares sob formas convencionais de conflito militar. A ameaça irregular constitui-se quando um oponente utiliza métodos e tácticas não convencionais e assimétricos, podendo incluir o terrorismo e técnicas de guerrilha, de modo a inutilizar os métodos empregues por forças regulares. Uma ameaça passa a ser catastrófica a partir do momento que o oponente esteja na posse, adquira ou use armas de natureza biológica, química, radiológica ou de destruição maciça. Por fim, as ameaças perturbadoras implicam a utilização de tecnologias que reduzam as capacidades e nítidas vantagens das nossas forças. Os conflitos, onde se manifestam estas ameaças, podem ser de dois tipos: simétricos e assimétricos. O primeiro ocorre quando a forças que se opõem possuem uma natureza similar, quer em termos de capacidades militares, quer doutrinários; no segundo, podem opor-se forças, convencionais ou não e cujas capacidades militares e doutrina difiram substancialmente.

A AOO onde se pretende que a força actue é um factor que influencia de forma bastante vincada o Ambiente Operacional. Se até aqui tratámos do que se pretende atingir e o que podemos esperar por parte do oponente, este factor vai definir a melhor forma de aplicar as Nossas Forças (NF) e meios, especificamente, qual o tipo de força a empregar e onde a aplicar melhor.

As informações constituem o factor que desde sempre se encontrou presente nas operações militares, relevando-se influentes na decisão do comandante. São o produto de notícias presentes no campo de batalha, decorrentes do nosso conhecimento e compreensão das actividades, capacidades e intenções do inimigo (Exército Português, 2005, p. Parte III). Somente depois de devidamente processadas, podem ser incluídas no Processo de tomada de Decisão. Segundo o Regulamento de Campanha (2005), a importância da informação pode advir de três níveis de capacidade: capacidade de acedermos a esta; capacidade de a negar ao adversário; capacidade em disponibilizar ao adversário a informação que nos interessa que ele obtenha.

Outro dos factores que influenciam e condicionam o ambiente operacional é o actual desafio da tecnologia, que pode ser compreendido, simultaneamente, como uma vantagem e uma desvantagem. Vantagem, no sentido em que o constante evoluir da tecnologia permite melhorar a qualidade de vida das sociedades, assim como, a nível militar, dotar os sistemas operacionais de capacidades que os beneficiem, especificamente ao nível do Comando e Controlo. Contudo, também se estabelece como desvantagem, uma vez que o adversário pode tirar partido da dependência criada pela tecnologia nas nossas sociedades (Departament of the US Army, 2008, p. 1-1). A tecnologia torna-se importante no processo de tomada de decisão, pelo que requer uma avaliação da dimensão da tecnologia utilizada por ambos os contendores (Exército Português, 2005, Parte I).

A unidade de esforço torna-se uma necessidade face ao actual ambiente operacional, que implica que as forças sejam empregues privilegiando a conjugação de esforços. Daí a

importância da integração em Organizações Internacionais e consequentes operações conjuntas em determinados TO.

É ainda referido no FM3-0 (2008) que no ambiente operacional contemporâneo existe um conjunto de tendências que poderão influenciar as operações das forças terrestres, nomeadamente: a globalização; as alterações demográficas; a crescente urbanização; a procura de recursos básicos; as alterações do clima e desastres naturais; a proliferação das ADM; e os Estados Falhados31ou em risco. Estas tendências, ao evoluírem no rumo que até agora tomaram, podem levar a um aumento de conflitos, degradação das condições de vida, situações onde as populações poderão recorrer a radicalismos. Os Estados Falhados, ou que se encontram em risco, são os locais onde pelas suas condições sociais, económicas, políticas existe uma maior probabilidade de estas tendências se manifestarem.

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