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CAPÍTULO III O TERRORISMO NO AMBIENTE OPERACIONAL

3.2. Tipos de Operações

No que concerne as missões típicas de defesa contra o terrorismo, iremos seguir a tipologia de missões propostas pela OTAN. Em resposta aos atentados realizados a 11 de Setembro de 2001, a OTAN elaborou, em Dezembro de 2002, um documento decorrente de uma análise às suas estruturas e capacidades, onde é identificado um conjunto de vulnerabilidades e ameaças32a que a organização se encontra sujeita. Consequentemente, propôs uma tipologia de missões de defesa contra o terrorismo: missões de Anti-terrorismo, missões de Contra-terrorismo, Gestão de Consequências, Cooperação Militar. Neste documento, é referida a protecção da força como missão transversal e presente em todas as tipologias citadas anteriormente. O Conceito Militar em questão surge como resposta a estas ameaças e como tentativa de colmatar as vulnerabilidades (NATO, 2002).

A Protecção da Força, segundo este documento, deve ser uma parte integrante de todo o tipo de missões, capaz de fornecer defesa e protecção contra todo o tipo de ameaças33e, também, deter possíveis agressores, nomeadamente terroristas. É da responsabilidade de todos os Comandantes, no sentido em que estes devem ser capazes de identificar possíveis ameaças e tomar as devidas medidas, para garantir a sobrevivência da sua força.

No MC-472 é ainda feita referência à importância das Operações de Informação (INFO OPS) e Operações Psicológicas (PSYOPS). A aplicação deste tipo de missões facilita as operações da OTAN no terreno, uma vez que visam melhorar o consentimento da força e procuram obter informações que auxiliam o processo de decisão por parte do Comandante. O nível de ameaça presente neste tipo de operações desempenha uma função relevante,

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- Neste documento este tipo de estados são denominados Estados Falhados ou em vias de falhar.

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podendo ser utilizado para influenciar os grupos terroristas, assim como as populações que os apoiam.

O Anti-terrorismo34 é definido como o uso de medidas defensivas para reduzir a vulnerabilidade das forças, indivíduos e bens relativamente ao terrorismo (NATO, 2002, p.6). É da responsabilidade de um determinado Estado ou Comandante de força a defesa dos seus bens e população contra qualquer tipo de ameaça; a OTAN limita a sua actuação ao apoio aos Estados que requeiram tais valências. As medidas adoptadas pelo Estado ou Comandante em questão são essencialmente medidas passivas, podendo ou não ser de natureza preventiva35. A OTAN contribui com capacidades que o Estado não possui e colabora para o esforço de identificação de vulnerabilidades.

O Contra-terrorismo consiste no uso de medidas ofensivas que visam reduzir a vulnerabilidade das forças, indivíduos e bens, relativamente ao terrorismo, podendo incluir operações contra-ofensivas e de contenção da expansão desta ameaça, por forças militares e agências civis. Os grupos terroristas quando realizam estas operações (como já referimos em capítulos anteriores) evitam o empenhamento dos seus elementos em combate próximo, caracterizando-se os seus métodos de ataque mais comuns pela assimetria e pelo impedimento da auto-defesa imediata (o que coloca a população civil sob riscos acrescidos). Devido à sua estrutura organizacional, é difícil atingir os responsáveis pelo planeamento dos atentados. A OTAN realiza este tipo de operações integrado em forças conjuntas, podendo desempenhar o seu papel enquanto se encontra no comando (NATO in lead) e quando presta apoio (NATO in support). Em ambas as situações, a OTAN, por experiência anterior, recorre a unidades com especialização nesta área, nomeadamente Forças de Operações Especiais36(FOEsp) (NATO, 2002, p. 9). Na situação específica de a OTAN se encontrar no comando da operação, a força conjunta deverá possuir um conjunto de capacidades, a saber: sistemas de comando e controlo flexíveis, interoperáveis e com capacidade de serem projectados; estruturas de recolha de informações; e, ainda, forças treinadas, com elevado nível de prontidão. A OTAN considera situações pontuais as operações em que se encontra no apoio de outras forças, nomeadamente apoios materiais e de capacidades para apoiar determinadas operações. Estas operações serão efectuadas em apoio de Organizações Internacionais, como a UE, ou coligações que envolvam membros da OTAN. Neste tipo de missões a necessidade de obtenção de informações ocupa um lugar de destaque.

A Gestão de Consequências é um tipo de missão que se aplica após a realização de um atentado terrorista, tendo por isso uma natureza reactiva, com o objectivo de minimizar os

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- Segundo Nance (2008), as medidas anti-terroristas podem incluir instalar sistemas de segurança física; fornecer e analisar informação referente aos grupos terroristas; e treinar para a resposta em situações de actos terroristas.

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- A doutrina empregue pelos EUA considera que as operações de Anti-terrorismo possuem duas fases: uma proactiva e outra reactiva (Joint Publication 3-7-02, 1998).

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- Segundo Nance (2008), as operações de Contra-Terrorismo podem incluir o uso de forças clandestinas para neutralizar terroristas e a sua logística, resgatar reféns e recolher dados e informações dos terroristas.

efeitos provocados pelo atentado. No que concerne a este tipo de missões, a OTAN salienta que há uma elevada probabilidade de ocorrência de ataques de natureza NBQR. Surge, então, a necessidade de possuir capacidades que reduzam o impacto deste tipo de ataques como: estruturas de comando e controlo, meios logísticos, meios de engenharia, capacidades médicas, capacidades de descontaminação, EOD e polícia militar. A responsabilidade de prover uma resposta adequada aos efeitos de um atentado terrorista, recai mais uma vez sobre o Estado afectado; a OTAN só intervém nestas situações com apoios em áreas que estes Estados não consigam assegurar.

As missões de cooperação militar encontram-se relacionadas com a necessidade de se complementarem com outras, como iniciativas diplomáticas sociais e do foro legal. Nestas missões, a OTAN tem como objectivo o desenvolvimento e implementação de medidas que complementem outras já existentes, de modo a harmonizar a prevenção e combate à ameaça terrorista. Para tal, a OTAN deve procurar interagir com Organizações Internacionais e Estados, no sentido de complementar os esforços destes na protecção da sua população, embora a responsabilidade de garantir a segurança dos cidadãos, dependa primariamente das autoridades civis.

As Operações de Combate ao Terrorismo são referidas em termos da doutrina Nacional, uma vez que a possibilidade de ameaça terrorista, segundo o Regulamento de Campanha (2005), é especialmente iminente na Área da Retaguarda37e está incluída nas ameaças de Nível I. Devido a esta ameaça, é referido o Combate ao Terrorismo como parte integrante das Operações de Protecção da Área da Retaguarda38 (PAR), especificamente nas operações de Segurança da Área da Retaguarda39 (SAR). O Combate ao Terrorismo, na doutrina Nacional, inclui dois tipos de resposta: Antiterrorismo (medidas defensivas) e Contra-terrorismo (medidas ofensivas), sendo que estas operações na Área da Retaguarda são remetidas, em casos excepcionais, para as FOEsp. (Regulamento de Campanha, 2005, Parte IV, p.9-21). O recurso a PSYOPS é igualmente incluído no Combate ao Terrorismo.

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